Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

   — Favor negado, ahn, valeu... tipo de verdade! Mas eu não consigo passar mais de cinco minutos perto da sem graça e muito menos da amiga dela, a “sem graça dois”, sem vomitar, tá? Já tenho que aturá-la durante os treinos. Alô-ou! Qualquer coisa, menos isso.

   — Vou reformular o meu “pedido” para você: eu estou mandando você ficar de olho nela, você queria ou não. E se você por acaso achar que pode ser mais esperta do que eu, vou mostrar ao Oliver algumas provas que tenho sobre os meus jogos idiotas e como você “tragicamente” não conseguiu resistir a eles.

   Meu coração apertou.

   — Não! Você não pode fazer isso — rugi.

   Saltei do sofá e estava mais que na cara que continuasse sentada ali, o encarando, eu ia pular no pescoço dele!

   Maldito!

   E sim, tenho fetiches assassinos por pescoços.

   — Então acho que você vai me obedecer, sim? — ele supôs supercalmo.

   Superirritante, também.

   Armei uma carranca.

   — O que você quer que faça? Que eu a persiga? Relate as coisas idiotas que a sem graça dois faz? É isso? Por que não contrata sei lá, um detetive. Ou algum amigo seu! Por que eu? Você tá ligado que não as suporto. Isso vai muito além da minha futilidade e do meu ego. Tá? — busquei ar, me sentindo um pouco melhor. Mais leve. Até tonta.

   Seu olhar endureceu, senti uma pontada de “eu não estou de brincadeira” no seu olhar e o meu corpo todo estremeceu.

   Inferno.

   — Oliver não vai gostar nada, nada, do que eu tenho para mostrar a ele — juro que vi uma maldade arder nos olhos dele.

   Droga, eu podia sentir repulsa por chegar perto da sem graça dois, mas cá entre nós, não ia perder Oliver por tão pouco. E muito menos queria que ele soubesse daquele jeito sobre minhas escapulidas.

   Viram? Tô merecendo mesmo, eu sei.

   Inferno.

   Limpei da garganta e fiz merda:

   — Inferno, tá! Eu... eu fico de olho na sem graça dois. Mas só se você destruir essas provas “comprometedoras” e me mostrar elas também, vai que você está blefando — arqueei as minhas sobrancelhas do meu jeito mais sacanamente irritante.

   Acho que ele ficou avaliando a minha proposta por um tempo. E hesitou antes de levantar do sofá e caminhar em direção à porta e sumir. Tá, certamente ele foi buscar as provas, ele não ia simplesmente me deixar o vacou assim. Eu acho, enfim. Só acho. Felizmente, ele reapareceu em menos de cinco minutos, com um envelope grande e amarelo nas mãos e me entregou. Tinha algo escrito da capa, que fez meu estomago doer.

PARA MEU NAMORADO OLLIE

COM AMOR, J

   Olhei com cara feia para ele, antes de abrir o envelope sem lacre. E para minha detestável “sorte”, era pior do que pensava... inferno. Não eram somente “provas”, eram... imagem. Merda. Tipo merda mesmo. Não tinha como dizer que não era a gente. Suspiro. Tinha mais ou menos umas dez fotografias. Todas nossas. E de dias diferentes. Ah, é isso que eu chamo de in-fer-no. Eu estava definitivamente ferrada. Demais. Estava praticamente nas mãos dele, tá e sem malicias, droga!

   Uma das fotos me chamou atenção. Christopher estava me apertando contra uma parede, da escola, ah que ótimo e estava me olhando com intensidade, bem safado mesmo. Tipo nada demais. Mas só pensar no Oliver vendo aquelas fotos, meu peito doía. Ah e tinha a fotografia da continuação, nos já estávamos nos beijando. E por incrível que pareça, eu lembrava direitinho de tudo que ele fazia para me seduzir, como tinha sido tola. Não estava parecendo tão divertido agora, aquela situação. Peraí! Peraí! Ei, alô-ou eu sou a Justine Moore e eu ia dar um jeito naquela merda toda! Nem que eu tivesse que bancar a babá da sem graça dois. Oliver é muito mais importante. Ponto. E eu tinha que enfiar juízo da minha cabeça de uma vez por todas. Ponto final.

   — Quem tirou essas malditas fotos? Você é tão... canalha, Christopher, e... cretino. Pelo amor de Deus.

   Juro que só não pulei no seu pescoçinho superclaro e infelizmente delicioso por que ele respondeu a minha pergunta.

   — Anthony.

   Nada surpreendente.

   — Ah. Claro que o seu “amiguinho” tinha que estar metido nisso, claro! — revirei os olhos — Ah... não me diga que ele sabe? Oh, merda! Vocês planejaram tudo? Tipo, me seduzir, tirar as fotos e tudo mais? Deus, como eu sou idiota! Me da um tiro, por favor!

   Confesso que a minha vontade era de começar a chorar como uma criança, mas sua risadinha me deteve.

   — Não seja estúpida Justine. Claro que não. Eu estava interessado em você... de verdade, alias, ainda estou. Só que interesse teve alguns acréscimos, mas nada que você deva se preocupar. Apenas obedeça — e piscou.

   Na verdade queria que ele perdesse totalmente o interesse em mim. Droga. Tipo esquecesse que eu existia. E que eu pudesse ter colocado em prática a minha tentativa de me redimir, me purificando nas igrejas e sei lá... pedir perdão. Algo que acabasse com aquela culpa desgraçada. Inferno. Mas para variar nada disso ai rolar. 

   Nada surpreendente.

   — Tá. Diga logo o que eu tenho que fazer, mais especificamente, para ir embora o quanto antes, preciso vomitar.

   Ele deu de ombros.

   — É simples: quero que você fique de olho nela, só. E qualquer coisa estranha que você veja, quero que me avise imediatamente, entendeu?

   — Não sou burra, tá? — revirei os olhos, de novo, dramaticamente. — E, não me diga que está interessado na sem graça dois, ah pelo amor de Deus, Chris! Pensei que você tinha o mínimo de bom gosto. Mas já vi que não... que horror, decepcionante, viu? — fiz uma pausa. — Ei, mas o Anthony não estava saindo com...

   Ele interrompeu minha tagarelice.

   — Não estou “interessado” nela. Não desse jeito. Acho melhor você não ficar sabendo, ou me questionando os “porquês” do meu pedido. É melhor para você. E sim, Anthony estava saindo com ela. E não, isso não é da nossa conta.

   Ainda desconfiada e confusa, falei:

   — Como vou ter certeza de que você não vai mostrar mesmo assim as ”provas” para Oliver?

   Olhei feio para ele. Droga, maldita hora que eu fui deixar ele me beijar, depois de uma patética briga com Oliver, depois que eu o vi abraçado calorosamente à sem graça oficial.

   Tá, eu sei não foram apenas beijos. Mas vamos deixar isso de lado. Nada que vá fazer muita diferença agora. Humilhante, só é.

   Tô ferrada.

   — Posso ser um canalha, mas não sou nenhum mentiroso. E vou cumprir o trato se você também fizer o mesmo.

   Ainda desconfiada.

   — E cretino — o lembrei.

   — Ahn?

   — Você além de canalha, é cretino — falei na minha maior cara de pau, mesmo.

   E daí? Já estava ferrada mesmo.

   Christopher me olhou feio.

   — O quê? Apenas tô dizendo o que eu acho, hã — fechei a cara e me levantei da poltrona.

   — Realmente tenho que admirar a sua coragem de ainda ser tão sincera, sendo que posso a qualquer momento acabar com essa sua fachada de namoro perfeito que você tanto adora subestimar verdadeiro.

   Entorpeci-me.

   — Como eu sempre digo: inferno! Que seja. Tô nem aí. Se eu lhe obedecer você não tem por que me delatar. Só se você for tão canalha quanto me parece — arqueei as sobrancelhas e me virei pomposamente até a porta, numa saída triunfal.

   Estava quase dando o fora finalmente, graças aos céus, quando senti algo me segurar.

   Ah, que inferno!

   — Eu não disse que terminei.