Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

Capítulo 5

Dulce

   O bom humor da minha melhor amiga estava me deixando maluca. Tipo pé da vida! Ela não parava de falar normalmente de garotos, das novas fofocas quentes da escola, garotos e planos para próximo fim de semana, ah e como Jesse Waltz era gostoso. E isso não estava ajudando em nada com o meu momento “tô depre”. Passamos numa locadora perto da minha casa e alugamos quase todos os lançamentos da seção de terror e estávamos naquele momento atentas ao filme, jogadas na minha cama de solteiro, nos empanturrando de pipoca gordurenta. Na verdade, ela deveria estar, por que eu... bem, eu estava bem longe disso. As imagens Christopher e da treinadora Garcia pelados e se beijando se misturavam as cenas do filme. E aquilo era perturbador. E irritante. Tentei mais uma vez me concentrar no filme e parar de pensar no Christopher e a sua vidinha de pegação com mulheres mais velhas e professoras. Alô-ou, ele não era o centro do mundo, eu tinha uma vida a seguir e se ele era tão estúpido de querer me afastar dele e continuar a se atracar com treinadora eram problemas dele. Mas dizer é uma coisa fazer é outra coisa.  Também tinha que enfrentar a questão de que eu o veria todo o santo dia e teria que meter na minha cabeça que ele não era mais meu melhor amigo. E que ele não era mais ele. Christopher tinha mudado de uma maneira que não tinha muita esperança que se teria algum concerto futuro. E a única noticia boa que tive no dia foi que os meus pais “acharam” melhor irem apenas eles ao aniversario de casamento dos Sheldon, pois ia ser um jantar de adultos, nos nem íamos nos encaixar lá e blá-blá-blá, enfim, beleza.

   — D ao menos você podia fingir que está prestando atenção no filme, hein.

   Parei de me torturar mentalmente e olhei para Lola de súbito.

   — Mas eu estou prestando atenção no filme, ora — revidei, olhando para a cena que passava e não fazendo a mínima ideia do que estava acontecendo no filme.

   Ela riu divertida.

   — OK! Então voltei a ser virgem, D.

   Ri tão alto que me autoentreguei e parei de olhar o filme de vez.

   Lola revirou os olhos.

   — Eu não disse! — fez pausa e ficou tensa. — Ahn, quer conversar? Sei lá... o que aconteceu com você e senhor Gostoso Revoltado, mas pela sua cara não foi coisa muito boa.

   Suspirei.

   — Na verdade eu não tô a fim de falar sobre isso. Alias quero esquecer a existência do senhor Gos... só Revoltado. Beleza? Como você prometeu, nada de falar de C, J, O.

   Os ombros dela caíram.

   — Não acredito que você vai me privar de lhe ajudar por causa de uma promessa feita num momento de desespero!?

   Ri.

   — Eu. Não. Quero. Falar. Sobre. Isso. Lo. E não, não é por causa da sua promessa e sim por que é horrível demais para ser dito. E muito menos repetido.

   Ela me olhou desconfiada.

   — Sei. — deu de ombros, indiferente — Tudo bem, se não quer falar, que seja!

   — Obrigada, de verdade, Lola.

   De repente, me senti muito, muito esgotada.

   — Mas você sabe que não vai poder ignorá-los para sempre, não é? Um dia você vai ter que encarar essa situação por mais difícil que seja. E... — ela pareceu hesitar — e... eu quero que você saiba que aconteça o que acontecer... você, ahn, bem... pode contar comigo. — ela sorriu timidamente — Você sabe. Estarei do seu lado, nas piores e nas melhores horas. Ah, mas se bem que prefiro nos bons, sabe.

   Uma tranquilidade me nocauteou. Ignorei o fato de Lola detestar carinhos e contatos físicos melosos. E puxei-a pra mais perto e a abracei com toda minha força, segurei as lágrimas. Ela demorou um pouco para baixar a guarda e retribuir o abraço, mas eu não me importei.

   — Ah... Lo, você é a melhor amiga do mundo! Obrigada... por nunca me deixar!

   Não consegui. As lágrimas escorreram pelas minhas bochechas descontroladamente.

   Ela parecia confusa quando se afastou de mim.

   — Que papo é esse, D? Por que você tá chorando? Eu nunca te vi assim... por favor, você tá me preocupando, cara! Eu sei que eu sou demais, mas não é para tanto.

   Sequei meu rosto e sorri.

   — Ei, relaxa Lo! Tô só um pouco sensível. Nada de mais. Sabe, TPM é dureza.

   Nos duas demos risada.

   — Conheço você, não me engane. Mas tudo bem. Vou respeitar, mas quando você achar que quer falar... eu vou estar aqui, OK? Sempre! Até quando nos estivermos caducas e desdentadas. E provavelmente umas viúvas resmungonas. Não importa se brigarmos um dia, isso não vai mudar o que eu sinto!

   Funguei.

   — Bom, se você tá falando, eu acredito — disse eu, com sorriso enormo no rosto.

   Ela olhou para TV e me encarou carrancuda.