Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

   Levantei-me da cadeira determinada a acabar com aquela baixaria. Por Deus, era nossos pais saírem de casa, esses dois ficavam se engraçando, sempre. Era uma falta de respeito. De repente, meu pijama me pareceu terrivelmente curto para aparecer na frente de um garoto, ainda mais de um garoto como Eric. Um short azul cheiro de corações cobriam quase nada das minhas coxas, mas não dei à mínima. A irritação que estava transbordando não me estava permitindo tempo para colocar uma roupa mais comportadas. E para falar a verdade estava um calorão do inferno.

   Que se dane.

   Parei na frente da porta do quarto de Regina e minhas batidas na porta foram tão violentas que a porta tremeu. A agitação no quarto ficou mais evidente e depois cessou, descaradamente. Regina ainda estava ofegante e todo escabelada quando abriu a porta. Ela vestia um blusão gigante da GAP. E tinha plena certeza que deveria ser a única coisa que ela deveria estar vestindo.

   Que beleza.

   — Ah. É você — ela riu nervosamente e pareceu menos tensa.

   Sem me importar muito com que ela ia achar da minha invasão, entrei no quarto e cruzei os braços.

   — Hã — olhei para seu blusão — Ei, não acha que está muito calor para usar um blusão?

   Regina olhou pra si mesma e pareceu que ela só tinha se dado conta do que estava usando quando eu comentei sobre.

   Deus, como ela estava suada.

   Meu estomago revirou.

   — Ahn... na verdade eu estou morrendo frio... sabia?

   Revirei os olhos.

   — Eric eu estou vendo seus pés aí em baixo... da cama, pode sair — comentei o fazendo encolher os pés instantaneamente.

   Regina ficou pálida e depois carrancuda.

   — Você sabia o tempo todo? Como? Você estava espiando, não é? Tá na cara que você tinha que ter algum defeito. Pervertida... hã, quem diria, irmãzinha!

   Arregalei os olhos com a suposição absurda.

   — Ah, tá! Obvio que não Regina. Para falar bem a verdade vocês não são as pessoas mais discretas no quesito audição. E só para constar eu tenho ótimos ouvidos, beleza? — me defendi a altura.

   As bochechas de Regina ganharam um tom rosado intenso. Que contrataram belamente com os seus pesados cabelos vermelhos. Por um momento tinha me esquecido de como nossos cabelos eram parecidos.

   Eric saiu finalmente de baixo da cama.

   Ele ao contrário de Regina que estava consideravelmente vestida, ele usava nada mais do que somente uma cueca. Ah, que be-le-za. Isso não ajudou em nada com meu enjoou. Quer dizer, Eric não era feio. OK! Eu sei, ele era um tremendo gato. Gato, tipo, cabelos cheios e negros, olhos verdes com um toque amarelado e a pele do bronzeado perfeito. E o estilo bad boy charmosinho combinava com ele perfeitamente. Deveria ter um metro e noventa e poucos. Acho que pelo tamanho dele, ele daria um ótimo jogador de basquete, mas duvidava que ele usasse seus apetitosos músculos para mais do que a sua própria diversão. Mas ele era o tipo de gato que não me balançava em nada de nada. Ponto para mim, ao contrario do que Regina parecia esperar da minha reação, eu não me abalei nem um pouco.

   — Será que o casal pode ser mais silencioso? Por que eu preciso fazer o dever de geometria e não consigo me concentrar com essa barulheira toda. Tipo não precisa parar... ahn, só sejam silenciosos, por que digamos que não sou obrigada a ouvir vocês fazerem coisas, sabe.

   Regina pareceu não ter gostado muito do que disse, pois sua expressão não era das mais gentis.

   — Eu acho que isso não é da sua conta, irmãzinha. E se você está tão incomodada... acho que você deveria procurar outro lugar para fazer seu dever, nerd. Como diz o ditado: os incomodados que se retirem, então... cai fora — o seu tom sarcástico e rebelde voltaram com tudo, como um soco no meu estomago embrulhado.

   Gargalhei.

   — Bem, se você pensa assim... Nosso pai vai pensar igual também, não é? Você puxou seu temperamento, não? Ou deveria perguntar a mamãe... ela é tão compreensiva? Talvez eles gostem de saber que você anda escondendo garotinhos na nossa casa, enquanto eles estão fora e fazendo com eles mais do que apenas estudar — arqueei uma sobrancelha e coloquei as mãos sobre a cintura desafiadoramente, usando suas próprias palavras como argumentos contra a mesma.

   Eric pareceu mais insultado do que ela aparentemente com a minha resposta e se pronunciou pela primeira vez, raivoso.

   — Escute aqui Salivam eu não sou nenhum “garotinho”! Ela é minha namorada. Nós temos todo o direito de... de você sabe. E tenho nome, tá? Eric, só para constar.

   Revirei os olhos e olhei direitamente para ele.

   — Não fale comigo enquanto ainda estiver nesses trajes, por Deus.

   Fiz cara de nojo propositalmente e tapei meus olhos. Erick me olhou de cima a baixo, mas ele fez isso tão lentamente que eu tive a impressão de estar tão “nua” quanto ele.

   — Você fala como se você estivesse muito vestida, Salivam. 

   É... bem, realmente eu não podia desmentir algo tão evidente.

   — Eu tô de pijama pelo menos... na minha casa — eu disse pesarosamente.

   Ele ficou olhando paras minhas pernas, de repente, tão descaradamente que por um momento fiquei desconfortável pela própria Regina, mas para variar ela culpava as garotas por ele olhar. Ela estava morrendo de raiva, de mim, ora, que beleza.

   Eu mereço essas situações, eu merecia.

   — Enfim, to dando o fora. E acho melhor vocês serem civilizados e cooperarem, certo? — encarei Regina, depois Eric, como se eles fossem alguma espécie de crianças. — Não estou a fim de tomar medidas drásticas e ter que acabar com a festinha de vocês. Ah com certeza dele haver algum motel aqui perto! Por lá vocês podem se expressarem a vontade. Beleza então, beijinhos, fui.

   E sai do quarto, antes que Regina tivesse a chance de avançar em cima de mim pelas costas e quebrar o meu pescoço.

   Mulheres... quem as entende? Hein?

   Não querendo arriscar perder mais tempo ou arriscar a minha vida, peguei meu livro de geometria e meu Ipod da mochila e me encaminhei para sala. Enfiei os fones nos ouvidos, coloquei o volume máximo, abri o livro na página certa e comecei a ler os exercícios. Na verdade estudar sempre me ajudava a não pensar nos problemas, ou na vida chata. Mas naquele momento eu mal conseguia me concentrar em montar os cálculos. Demorei praticamente uma hora e tanto fazendo os exercícios, sendo que eles nem estavam tão difíceis, num dia normal teria terminado eles em menos de trinta minutos.

   Fiz um sanduiche suculento e o comi tomando uma lata de refrigerante de cola. Voltei para meu quarto de barriga satisfeita o mais silenciosamente possível. Abri uma janela do quarto e programei o despertador. Arrumei a mochila consideravelmente. E me joguei na cama, fechei os olhos. Senti a brisa entrar pela janela e esfriar a minha pele. Suspirei tranquilamente e... apaguei.