Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

  Não tinha o habito de beber com frequência, mas todas as vezes que me embebei, minha memória era anormalmente perfeita. Lembrava de cada passo, cada tropeço, cada palavra e por um momento quis de verdade, não ter aquela capacidade tão desprezível. Cada vez que a minha mente silenciava, a cena me vinha à cabeça, junto com um cobertor quente que envolvia a minha pele. As suas mãos me tocando... a boca quase na minha... NÃO! Não faça isso, implorei a minha mesma.  Meu corpo parecia queimar, de repente. Peguei desesperadamente um livro em baixo da cama e meus fones, li o primeiro capítulo ainda ofegando.    

Cassandra Vandenburg

Fazia exatamente trinta minutos que Regina havia se enfiado no banheiro do meu quarto com lágrimas grossas escorrendo pelo rosto. Estava ficando nervosa, sabia dos maus hábitos de Reggie... Mas parei de pensar o pior, bati de leve na porta. Chamei seu nome delicadamente, sabia o quanto estava sofrendo, sentia tanto por ela, mas finalmente a ficha tinha caído. Não era nem a primeiro nem a última vez que Eric a trairia.

    Escutei soluços frenéticos.

    — Re, abre a porta... por favor, deixa te ajudar — murmurei.

    Mais soluços. Percebi que ela não estava trancada e abri cautelosamente. Regina estava encolhida perto da banheira de hidromassagem, ao seu lado uma poça de sangue perturbadora, arregalei os olhos assustada, procurei a fonte do sangue. Seus pulsos... tinham cortes profundos e extensos, meu coração apertou. Sentei ao seu lado e peguei um pouco aflita a navalha que lhe cortara. Ela chorava tanto que pouco acreditava que Regina tivesse percebido o ato. Escondi a lâmina dentro do meu casaco.

    — Cassie... — outro soluço — Cass, por quê? Me diz, meu Deus? Logo  ela?

    Afaguei seu cabelo ruivo e a apertei contra o corpo, ela tremia compulsivamente.

    — Minha querida... eu não sei. Eric é um completo canalha! Ele merecia outra surra isso sim! — falei sem pensar.

    — Surra? O que?

    Ótimo, ela não sabia. Eu era uma boca aberta mesmo.

    — Nada, nada, me expressei mal — concertei rapidamente.

    — Eu a odeio, Cass! Queria que ela morresse... que deixasse de existir! Eu o amo tanto que doí...

    Tudo isso por um cara? Perguntei-me mentalmente.

    — Regina não diga isso! Dulce é sua irmã e sabe que não foi ela que quis...

    Ela me encarou raivosamente.

    — Não quis?! Como você pode saber? Você não estava lá.

    Reprimi a vontade bufar.

    — Muito menos você! Você simplesmente leu uma publicação imbecil e resolveu achar que ela é uma vagabunda a ponto de beijar o seu namorado, para todo mundo ver? Posso não ser amiga dela, mas eu a conheço e não, Dulce não faria isso — afirmei com toda minha convicção.

    Com o choro já cessado, sua expressão tornou-se absurdamente fria.