Fanfic: ~ SEGREDOS SUJOS, VONDY | Tema: Rebelde

   Os carros eram estacionados em dúzias de fileiras extensas, quase até outro lado da rua. Fileira C. Meus olhos percorreram automaticamente até a vaga que Lola sempre estacionava. Localizada bem no final da fileira. Vazia. Lola tinha ido embora e... me deixou. Sozinha. E sem carona.  

   Ah! Mas que amiga maravilhosa eu tenho, hein, eu pensei.

   Urrei feito uma demente, arranquei meu celular do bolso do meu casaco. Digitei os números do celular pré-pago de Lola com raiva, quase enfiando as teclas para dentro.

   Ela atendeu ao quinto toque.

   — Já estava para te ligar, D! Melhorou? — perguntou ela, com seu típico tom irritante e animado.

   Trinquei o maxilar contendo as palavras maldosas que estavam prontas para serem despejadas via celular aos ouvidos de Lola.    

   — Espero mesmo, de verdade, que você tenha uma ótima desculpa para ter ido embora sem mim, Lola!

   Berrei ao celular.

   — Ei, ei esperai aí! O quê? Embora... sem... você? Espera de novo! Justine me avisou que você havia pedido a ela para me mandar um recado. Contou sobre a sua indigestão... Que chegou a defecar em plena sala de aula. E foi embora mais cedo com a sua mãe. Por que não me mandou uma mensagem? Teria facilitado tudo. O treino foi cancelado hoje, só batemos um papinho sobre as coreografias e só. Justine estava “supostamente” de bom humor. Enfim... bem comida, só pode. — Lola contém uma risadinha maliciosa. — E eu não me importaria de levá-la em casa, no estado que fosse. E se não fosse eu perguntar a Melissa sobre o seu paradeiro quando ela e a Justine estavam passando pelo estacionamento, acho que Justine nem teria me repassado o seu recado. Talvez ainda estivesse a esperando na escola — finalizou bem menos animada.

   Grunhi.     

   — Vou esganar aquela vad...

   — Há! Você falou. Você disse... Eu ganhei! Há, há, sou demais... sempre ganho. Você me deve oficialmente 20 dólares, D... vou cobrar — ela festejou.

   — Não conta. Não concluí!

   — Claro que conta! Você pensou e ia dizer, tenho certeza — insistiu ela, superséria.

   — A aposta foi quem praguejar ou insultar, perde. Eu não disse. Não conta.

   Imaginei-a revirando os olhos em discordância.

   — Tanto faz. Pelos menos sei que irei dormir está noite com a consciência levíssima, pois eu faço aposta limpas — alfinetou irritada.

   Revirar os olhos, mesmo ela não podendo ver.

   — Voltando ao assunto importante. Você não entendeu... Eu não tive de indigestão nenhuma! Não pedi para Justine repassar recado algum. Lo se liga! Esqueceu? Ela é, e sempre será uma grande “vaca”. Quando que eu pediria para ela repassar um recado para mim? Tipo... nunca.

   Senti o cheiro de cérebro queimando, quer dizer, trabalhando.

    Pensando bem... acho que você pode ter razão, sempre tive meus vários motivos para pensar que a Justine é uma vaca, mas... entenda-me, eu nunca pensei que ela seria capaz de brincar com algo tão sério! Nossa, lembra-se de quando fiquei de cama, uma semana inteirinha por comer aquele maldito cheesebúrguer com... eca! Nem posso pronunciar o conteúdo que já sinto meu estomago revirar. Digo, ainda há culpo por aquela aposta ridícula.

   Uma moto ronronou e acelerou em direção à saída do estacionamento, meus olhos só tiveram tempo de dar uma piscada, para ela desaparecer rua a fora.

   Forcei um bocejo.

   — E então? Vai vir me buscar ou não?