Fanfic:  Confissões de uma Adolescente ⋆ {vondy}⋆

Hoje quando
fui chamada à sala da sra. Rodriguez um dia depois de Christian Chavez  seqüestrar a boneca, achei que tinha alguma
coisa a ver com uma carta de Estefania ou que, alternativamente, teria a ver
com Betty.

Porque, mesmo que a sra. Gárcia tenha se comportado de seu modo tópico,
fingindo não ligar, dava pra ver que o negócio realmente a incomodava. Tipo: eu
notei que o olhar dela costumava ir até o lugar da mesa onde Betty costumava
ficar sentada.

E ela fazia um anúncio entre risinhos antes de cada aula, dizendo que se os
seqüetradores de Betty a devolvessem não haveria ressentimentos nem perguntas.
Até cheguei perto do Chris na fila do almoço e perguntei se ele ia fazer um
bilhete pedindo resgate ou algo assim, porque achava que, se a sra. Gárcia visse
aquilo como uma pegadinha, talvez se sentisse melhor.
Mas Chris perguntou:

Christian:  O quê? Um bilhete de quê?

Então tive de explicar a ele, com todo o cuidado, o que era um bilhete pedindo
resgate e como a pegadinha, já que era isso que eu presumia que ele estava
fazendo ao seqüestrar Betty e tipo assim, seria mais engraçada se ele mandasse
um bilhete instruindo-a, por exemplo, a não passar dever para o fim de semana
ou distribuir chocotate pra todo mundo na sala, com o objetivo de garantir o
retorno seguro de Betty.

Christian pareceu gostar realmente da idéia. Foi como se ela nunca tivesse lhe
ocorrido antes. Ele e seus amigos ficaram dizendo: “Uau. Gênio, cara!”  E comemorando como se tivessem feito um gol.
O que me deixou meio nervosa. Quero dizer, aqueles caras não eram exatamente
uns Einsteins.

Assim, só
pra ter certeza de que eles ainda estavam com Betty, falei:

Dulce: Chris, vocês não fizeram nada de idiota, fizeram? Tipo jogar Betty numa
pedreira ou algo assim. Fizeram?

Ele me olhou como se eu fosse maluca.

Christian: Claro
que não. Ainda estou com ela. É uma pegadinha, sacou? A pegadinha do último
ano. Já ouviu falar?

Eu não queria o Christian pensando que eu não achava sua piadinha hilária. Por
isso, falei:

Dulce: É, é engraçada. (Em seguida peguei meus tacos e dei no pé).

Então dá pra você entender por que quando fui chamada tive a sensação de que,
se Estefania não havia se trancado num cubículo do banheiro chorando de novo,
eu provavelmente estaria diante de um interrogatório pesado sobre o paradeiro
da boneca Betty.

O que, como
qualquer um pode ver, me colocaria numa situação bastante desconfortável. Puxa,
eu não podia ficar do lado da administração no caso Betty, mesmo achando idiota
e errado o Chris pegá-la. Mas a pegadinha do último ano, mesmo se for
terrivelmente capenga, como a do Christian, é a pegadinha do último ano, e como
um monte de coisas do ensino médio, as provas, o baile e pegar no pé dos
otários, a gente não pode estragar, não importando o quanto possa achar sem
sentido e idiota.

Por isso, enquanto me arrastava para a sala da sra. Rodriguez, estava fazendo
um monte de promessas tão grandes a mim mesma, que nem notei que a sra. Rodriguez
não era a única pessoa presente.

Não, o diretor Lewis também estava. E a vice-diretora Lucille Thompson – Doce
Lucy, como todo mundo chama, o que é bem maldoso, mas a verdade é que meio que
se encaixa, de modo irônico, porque você nunca poderia imaginar uma
administradora mais azeda e mais rígida que Lucille Thompson. E havia outro cara
também. Um cara usando terno cinza brilhante. Eu deveria tê-lo notado na
hora  e também o fato de que ele
obviamente não era de Monterrey, já que embaixo do paletó usava camiseta preta,
em vez de camisa abotoada, que é como as pessoas da Cidade do México, e não de
Monterrey, se vestem, mas estava preocupada demais pensando em encrenca.

Dulce: Escute, sra. Rodriguez (falei imediatamente para tentar acabar logo).  Se for sobre a boneca da Sr. Gárcia, não posso contar.
Bom, eu sei quem foi, claro. Vi a coisa toda. Mas não posso dizer. Não posso
mesmo. Mas ele me prometeu que ela está bem e vou trabalhar para que ela seja
devolvida inteira. É só isso que posso fazer. Desculpe...

Foi então que notei o cara de camiseta... para não falar no dr. Lewis e em Doce
Lucy. Minha voz meio que tropeçou. A sra. Rodriguez veio me resgatar. Acho que
reconheceu que meu chi ficou todo abalado com a presença do dr. Lewis,
da Doce Lucy e de um total estranho.

Sra. Rodriguez: Não é sobre Betty, Dul.

Doce Lucy: Se a Srta. Saviñón sabe alguma coisa sobre aquela boneca, acho que
deve contar. A sra. Gárcia ficou muito perturbada essa manhã ao ver que ela
continua desaparecida.

Dr. Lewis : Esqueça a boneca, Lucille.

Ele usava
camisa de manga curta e calça daqui. Notei que havia manchas de grama nelas.
Acho que tinha sido chamado do campo de golfe. O que quer que fosse aquilo,
dava pra ver que era grande. Ninguém tirava o dr. Lewis do campo de
golfe por qualquer motivo.

Dr. Lewis : Dolce Maria, gostaríamos que você conhecesse...

Sra. Rodriguez:
É Dulce  (corrigiu).

Só que ninguém corrige o dr. Lewis, por isso ele piscou como se não soubesse do
que ela estava falando:

Dr. Lewis : Dolce (recomeçou)  Este é
John Mitchell. John, esta é Dolce Maria Saviñón.

Sr. Mitchell: Como vai, Dolce?  (E
estendeu a mão. Apertei-a) Prazer em conhecê-la.

Dulce:
Prazer em conhecer você também (respondi).

Acho que minha voz saiu bem calma, mas dentro da cabeça os pensamentos giravam
como o Chapéu Mexicano no parque de diversões. O que estava acontecendo? Quem
era aquele cara? E será que isso iria durar até a hora do almoço? Porque eu só
tenho 25 minutos para almoçar.

Dr. Lewis:
Dolce (continuou) O Sr. Mitchell aqui acaba de conseguir que a Escola Albuquerque
receba uma grande honra. Uma honra muito grande.

Doce Lucy: Tremenda honra (disse fungando).

O Dr.. Lewis
lançou-lhe um olhar de alerta, mas a Doce Lucy não sacou a deixa. Na verdade,
ficou na defensiva:

Doce Lucy: Bem, não vou ficar aqui mentindo. É completamente ridículo. Será que
deveríamos largar tudo, perturbar todos os alunos, por causa disso?

Sr. Mitchell: Nós esperamos que não haja nenhuma perturbação, Srta. Thompson.

Sra. Rodriguez: Não haverá nenhuma perturbação, Doce... quero dizer, Lucille.  (Uma vez deixara escapar para ela como todo
mundo chamava a Srta. Thompson pelas costas, e desde então a sra. Rodriguez é
incapaz de chamar a chefe por qualquer outro nome). Esse é o ponto. Eles querem
que a coisa aconteça do modo mais tranqüilo possível.

Doce Lucy: Bem, não imagino como esperam isso. (Os lábios de Doce... quero
dizer, da Srta. Thompson, praticamente desapareceram, tal a força com que os
comprimia). O garoto vai ser atacado no instante em que puser os pés no pátio.
Essas meninas... não têm a mínima capacidade de controle. Vocês viram o que Angelique
Boyer estava usando hoje? Uma frente-única. Na escola! Tive de mandar que ela
telefonasse para a mãe e pedisse para trazer algo decente para usar durante o
resto do dia.

O dr. Lewis e o Sr. Mitchell olharam para a Doce Lucy como se ela estivesse
acabado de sugar todo o oxigênio disponível na sala. De certo modo acho que
talvez tenha sugado. Sei que eu me senti meio tonta.

Sr. Mitchell:
Posso garantir que isso não vai acontecer. Porque o Sr. Herrera vai se manter
muito discreto. E vai usar disfarce.

Doce Lucy: Disfarce (revirou os olhos). Ah, isso vai ajudar.

Sr. Mitchell: A senhorita ficaria espantada ao ver o que um simples par de
óculos pode fazer.

Doce Lucy: Ah! (Exclamou, erguendo as mãos) Bem, óculos. Por que não
disse logo? Isso vai enganá-las.

Dulce: Com licença (Interrompi, porque estava realmente curiosa para descobrir
o que estava acontecendo. Na verdade, a não ser que eu fosse muito retardada,
parecia ter algo a ver com... ) - O senhor
quis dizer Alfonso, Alfonso Herrera?