As luzes iluminavam todo o jardim, Anahí e Paul, ambos com suas máscaras, desfilaram pela grama até entrarem na grande mansão. Depois de subirem as escadas da varanda, eles chegaram ao salão lotado. Eram, de longe, o casal mais bonito daquele baile. Ela com o seu vestido vermelho, ele com um impecável terno preto. 

Paul: Vamos nos divertir um pouco.

Anahí: Claro. – Disse sorrindo, enquanto Paul lhe entregava uma taça de champagne. 

Os dois conversaram com algumas pessoas, beberam um pouco e dançaram. A festa estava realmente boa.

Anahí: Vou ao banheiro, já volto. 

Paul: Estarei aqui te esperando. 

No caminho para o banheiro, Anahí trombou com alguém que, com um gritinho histérico, quase derrubou a taça de champagne que segurava.

Anahí: Deus, olhe por onde anda! 

– Foi você quem surgiu do nada! – A outra respondeu.

Anahí: Que seja, me desculpe. – Cuspiu as palavras, impaciente. A ruiva do vestido azul marinho deu de ombros, afastando-se de Anahí. Ela a acompanhou com os olhos, até que desaparecesse na multidão. Tirando a máscara ela entrou no banheiro, retocou a maquiagem, ajeitou o vestido e voltou até o lugar onde Paul estava.

Paul: O grande momento do baile... – Cantarolou.

Anahí: Vai falar com Charles agora?

Paul: Com a mulher dele. Hora da grande dança, Any.

Um corredor se abriu no meio do salão. Homens à esquerda, mulheres à direita.

Anahí: O que? – Ela olhou Paul, confusa.

.

Paul: Vamos, você sabe dançar. – Ela rolou os olhos, vendo Paul e todos os outros homens prostrarem-se cordialmente em frente às suas parceiras. 

Anahí, assim como as outras mulheres, ergueu a mão direita. Paul fez o mesmo, colocando-se na frente dela. 
Com os rostos virados um para o outro, os olhos fixos, e as mãos espalmadas a poucos centímetros uma da outra, eles começaram a dançar. Rodando no mesmo lugar, com passos leves, sem qualquer tipo de contato físico. O gesto foi repetido no sentido inverso, e mais uma vez, e outra. Então Paul alcançou a mão direita de Anahí, e envolveu sutilmente a sua cintura, guiando-a. 

Fazendo-a girar, ele a entregou para o homem que dançava ao lado dos dois, trocando de pares. Alguns passos depois, o outro homem fez o mesmo, girando Anahí e entregando-a ao próximo parceiro. 

Quando os olhos dela encontraram os do homem que a segurava nos braços, sua boca secou. Ela reconheceria aqueles olhos verdes mesmo com a máscara que cobria metade do seu rosto. E ele, ainda que acreditasse não pensar nela, sentiu o corpo inteiro responder à intensidade do azul daquele olhar. Tão profundo. Ambos de máscaras, calados, obedecendo ao ritmo da música, presos naquela mirada. A mirada com a mesma conexão de antes, impossibilitando-os de desviar os olhos por um segundo sequer. 
Mas foi a vez de Alfonso girá-la e entregá-la ao parceiro seguinte, e ele o fez. Hesitando ao soltá-la. Sentindo-se vazio quando ela se foi de seus braços.

Anahí não conseguiu manter-se atenta ao homem com quem dançava. Aquele mesmo magnetismo fez com que ela virasse o rosto, procurando Alfonso. E ela o encontrou, ao seu lado, correspondendo ao seu olhar. Outra troca de pares, e ela foi entregue para Alfonso outra vez. Seu coração respondia àquele momento com fortes marteladas, alterando sua respiração, desordenando seus sentidos. As mãos dele apertavam-lhe a cintura com um pouco mais de força do que da vez anterior. Saudade talvez? 

A coreografia obrigou Anahí a virar-se de costas para ele, ficando quase ao seu lado. A mão esquerda segurando a mão direita dele, e vice-versa. 
Foi quando o hálito de Alfonso tocou a sua nuca. De olhos fechados, ele deixou-se inebriar com o perfume dela. E foi tomado por uma estranha sensação. As mãos pequenas segurando às suas, o corpo perfeito e delicado... Ele se lembrou da fragilidade que um dia vira nela. E se queria protegê-la, não fizera nada para não machucá-la quando Dulce voltou para a sua vida. 

Hora de Anahí voltar para os braços do outro homem. Foi ainda mais difícil deixá-la ir agora. Mais um giro, e ela estava outra vez na frente de Paul.