Fanfic: Aconteceu Naquela Noite-AyA (Finalizada) | Tema: AyA

Na hora da saída, ele ajudou-a a levantar-se e, com gentileza, conduziu-a até a porta. Estavam quase saindo quando encontraram um grupo de três pessoas que aguardavam uma mesa.
Os olhos frios da mulher loira, que fazia parte do grupo, passaram por Anahí sem realmente vê-la. Sorriu radiante para Alfonso.
— Alfonso, que ótimo encontrá-lo. Não está indo embora, não é? E muito cedo. Acabamos de chegar. Lembra-se dos Wilson?
— Claro. — Alfonso apertou a mão do homem e cumprimentou a mulher com um movimento de cabeça.
— Por que não se junta a nós? — A loira sugeriu, olhando em volta, obrigada a incluir Anahí no convite.
— Sinto muito, não esta noite. Anahí, esta é Lisa Burton. Lisa, esta é Anahí, minha esposa.
A presença dos Wilson evitou que o encontro se tornasse um verdadeiro desastre. As duas mulheres emudeceram pela surpresa. Anahí foi quem se recuperou mais rápido do choque, respondendo à apresentação. A sra. Wilson perguntou-lhe se ela era a arquiteta de quem ouvira tanto falar.
Lisa passou por cima de todas as regras de etiqueta e foi direto ao ponto, tão logo se recuperou do choque:
— Isso não aconteceu rápido demais? — perguntou com rispidez.
Alfonso colocou os braços nos ombros de Anahí.
— Conheci Anahí no outono passado. Quase no final do outono, Anahí pensou.
— Nós nos casamos esta tarde. — Tendo divulgado toda a informação que pretendia, Alfonso, com delicadeza, empurrou Anahí para a saída. — Agora, se nos derem licença, estamos com pressa de chegar logo em casa.
Anahí corou diante da insinuação do marido de que a noite de núpcias estava prestes a começar. Ficou mais do que satisfeita em sair do restaurante.
Enquanto esperavam pelo carro, Alfonso, assobiando muito desafinado, entreteve-se verificando os anúncios de empregos e oportunidades no quadro de avisos.
Ao entrar no Corvette, Anahí cobriu o rosto com as mãos.
— Não vai vomitar todo o consommé, não é? — ele perguntou. — Porque, se for, gostaria que me avisasse para que eu possa sair para o acostamento.
— Alfonso, acabei de conhecer Lisa. Sua Lisa. Reparou na reação dela quando você disse que eu era sua esposa? Como pode mostrar tanta indiferença?
— Não quero falar dela — ele comentou com frieza.
— Está claro que não, mas penso que deveríamos.
Alfonso não respondeu, mas os músculos de sua face se retesaram.
Anahí mal olhou para a casa de Alfonso quando ele estacionou o automóvel em frente à garagem. Sentia-se perturbada demais.
Ele deu a volta no veículo para ajudá-la a descer e levou sua maleta até a porta da residência. Porém, Anahí se recusou a entrar.
— Esperando que eu a carregue nos braços?
— Não. Estou esperando que me fale de Lisa.
Alfonso largou a mala no chão e colocou ambas as mãos na parede, prendendo a cabeça de Anahí entre seus braços.
— Vamos esclarecer este assunto agora, sra. Herrera. Ela não é, e nunca foi minha Lisa. Se o fato de termos dormido juntos a torna minha, então a garota pertence a muitos outros homens também. Entendeu? Além do mais, não devo a Lisa nenhuma explicação. Foi uma coincidência termos cancelado nosso encontro na noite em que conheci você. — Alfonso baixou os braços. — Agora, a não ser que deseje ter uma segunda discussão como casados aqui na varanda, sugiro que esqueça o assunto e deixe-me carregá-la para dentro.
Anahí deixou que ele a carregasse, pois não tinha outra escolha, mas era difícil esquecer a expressão de Lisa Burton. Era evidente que, para ela, o relacionamento deles tinha mais importância do que para Alfonso.
Alfonso carregou-a não só até a sala, mas levou-a para conhecer toda a casa.
— Esta é a cozinha. — Tudo era branco, com exceção das paredes, que eram pintadas de um marrom avermelhado. — Está equipada com o que há de mais moderno.
— Poderia me colocar no chão, por favor?
— Não. Seu pés estão começando a inchar — ele comentou.
— Estão mesmo?
Assustada, Anahí ergueu a perna e examinou o tornozelo. Estava tão fino como sempre fora. Ela ergueu os olhos para Alfonso, que caiu na risada.
— Enganei você!
Anahí sentiu a risada do marido vibrar em seu peito. Continuaram fazendo comentários sobre a sala de visita, a sala de televisão e todos os outros cômodos da residência, mas no momento em que Alfonso abriu a porta do quarto de casal, Anahí sentiu seu sangue gelar.
Uma parede envidraçada descortinava uma paisagem montanhosa. O recente pôr-do-sol deixara o céu rosado, um fundo perfeito para a lua crescente que aparecia.
Apenas pelo primeiro olhar, Anahí percebeu que se casara com alguém que amava o luxo. Havia uma cama king size sobre o carpete espesso e uma lareira de mármore embutida na parede oposta. A iluminação era indireta e suave. Um vaso de tulipas brancas decorava uma das mesas-de-cabeceira. Do outro lado do leito, uma garrafa de champanhe gelava em um recipiente de prata.
Como arquiteta, ela apreciou a decoração exótica do aposento. Como mulher, sentiu-se tremer tal qual uma donzela que espreita a cabine do capitão de um navio pirata.
Alfonso colocou-a no chão devagar, mantendo as mãos sobre seus ombros como se ela pudesse escapar.
— Muito agradável — Anahí comentou. — Imagino o que os cidadãos pensariam dos luxuosos aposentos do recém-eleito prefeito.
A gargalhada de Alfonso foi alegre e espontânea, e suas mãos massageavam os braços de Anahí.
— Acho que iriam gostar mais de mim.
— Com certeza. As mulheres em especial.
— Quer dizer que gosta do quarto? Anahí o encarou.
— Isso não importa, porque não vou dormir aqui. Cruzando os braços, Alfonso colocou-se em frente à porta.
— Anahí, quando a convidei para vir morar comigo durante o tempo em que estivermos casados, talvez tenha esquecido de mencionar um pequeno detalhe.
Anahí sentiu um vazio no estômago, imaginando o que iria ouvir.
— O que é?
— Minha casa é grande, mas há apenas um quarto.
— Sem problemas. Dormirei no sofá.
— Não, de jeito nenhum. Não deixarei minha mulher grávida dormir no sofá.
Anahí ergueu a cabeça para encará-lo.
— Você me convenceu de que deveríamos viver juntos, para que este casamento parecesse verdadeiro, mas pelo que entendi não iríamos dormir juntos.
— Isso foi o que você entendeu — ele murmurou em um tom baixo que a deixou perturbada.
Anahí deu um passo atrás, afastando-se dele.
— Antes que eu decida ficar, acho que algumas regras deveriam ser estabelecidas.
— Elas já foram estabelecidas, minha querida. — Alfonso segurou a maçaneta e fechou a porta. — Dormirei do lado esquerdo da cama.