Fanfics Brasil - 1 Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll

Fanfic: Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll | Tema: livro original


Capítulo: 1

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CAPÍTULO I


 


Mackenzie Mac Weston, um rapaz de um metro e setenta de altura, cabelos cas­tanhos e crespos, enormes olhos verdes, sentiu-se como se tivesse sido apanhado por um furacão. Um furacão de nome Paris Katharine Barbour que o acordara às oito horas naquela manhã.


Mais tarde, ele passara meia hora em pé no mesmo lugar, tentando imaginar como aquilo acontecera.


Rememorava com cuidado a conversa que tivera com Paris quando ela chegara a sua porta, mala na mão e um sorriso luminoso nos lábios.


Esfregou o rosto que não barbeava havia dois dias e tentava recordar como tudo começara.


Colocou as mãos nos bolsos da calça e olhou a es­curidão. Ficou frustrado ao constatar que sua calça começava a escorregar pelos quadris. Puxou-a e colocou-a no lugar. Devia ter posto um cinto. Todas as suas calças estavam folgadas ultimamente, e tudo o que ele fazia era apertar um pouco mais o cinto. Não queria comprar outras, e nem tinha dinheiro para isso. De qualquer maneira, preferia ser chicoteado a ir à cidade com o fim de comprá-las.


A calça não era seu problema imediato, contudo. A sra. Paris Katharine era um dilema mais urgente.


—   Sr. Weston? — ela perguntara, esgueirando-se pela porta tão logo ele a abrira. Sorriu, exibindo os dentes alvos, maravilhosos. — Sou Paris Barbour. O anúncio do jornal pedia uma governanta de crianças. E eu me perguntei, por que não ir logo lá?


—   O anúncio? Mac ficou parado, com a porta aberta, olhando para a saia que ela usava, colorida em vários tons de vermelho, lilás e amarelo.


Paris, com gentileza, tirou a mão dele da porta e fechou-a, como se dissesse que, agora que estava den­tro, não seria desalojada. Colocou sua mala no chão.


—   Paris...


—   Barbour — ela terminou, olhando ao redor. — Paris Katharine Hepburn. Nome diferente. Mas é que um dos filmes preferidos de minha mãe era Summer-time, com Katharine Hepburn e Rossano Brazzi. O filme passa-se em Veneza e minha mãe queria que meu nome fosse Veneza Katharine. Porém meu pai meteu-se no meio disso e exigiu que se pusesse Paris em vez de Veneza. Pensando bem, ficou melhor do que Zurique ou Detroit, não acha?


Mac não conseguia dizer nada. Estava mergulhado na torrente das palavras dela. Levou alguns segundos para voltar à superfície. Jamais imaginara que uma pessoa pudesse enunciar tantas palavras em tão pouco tempo. Enfim, ele falou:


—   Por que... por que mesmo você disse que veio aqui?


—   Por causa do anúncio, lembra-se? Estou dando uma resposta ao anúncio.


—   Em pessoa?


—   Sim — ela respondeu. — Seu anúncio parecia tão urgente, por isso pensei que o melhor seria começar imediatamente. — Ela tirou do bolso o recorte do jornal e leu-o. — Governanta para duas crianças pequenas. Bom salário e benefícios. Certo? É você, não é?


—   Mas eu só pus esse anúncio no jornal esta manhã...


—   Ótimo, quer dizer então quesou a primeira a vir.


—  Como me achou? Apenas dei o número de meu telefone.


Talvez alguém na pequena cidade a tivesse infor­mado onde era sua casa, ele pensou.


— Oh, não importa. Estou aqui agora, isso é só o que interessa. — Paris virava a cabeça de um lado para o outro e seus incríveis cabelos moviam-se sua­vemente, captando a fraca luz da manhã. — Onde estão as crianças? — perguntou.


Mac desviou o olhar dos cabelos de Paris e começou a abotoar a camisa. Ele saíra do chuveiro para abrir-lhe a porta. Demorou para se lembrar, tão estonteado estava.


—  Na cozinha — disse enfim —, Elly e Simon estão tomando a refeição da manhã.


—  Oh, acho que vim muito cedo. Quis ter certeza de ser a primeira a chegar.


—  Acredite-me, de fato foi. Mas, uma vez aqui, venha à cozinha.


Ele a conduziu através da sala. Mac nunca se in­comodara antes que pessoas entrassem e vissem o lu­gar pouco convidativo onde morava. Mas havia qual­quer coisa naquela mulher de olhos brilhantes e saia colorida que o fez compará-la a uma borboleta presa numa sala acinzentada. Isso o perturbou.


Ela não disse nada quanto ao lugar vazio, quase nu. Após segundos Mac entendeu o porquê. Paris não tirava os olhos da enorme janela.


— Que vista encantadora! — exclamou, evidente­ mente atônita com a vasta expansão do oceano visível através do vidro. — Sempre quis morar perto do mar.


Irritado, Mac disse:


—   Se essa foi a única razão para desejar este em­prego, está no lugar errado.


—   Não é minha única razão. Na realidade, não foi razão de maneira alguma. Eu não sabia sobre a vista, concorda? Estou aqui porque precisava de um emprego e esse é um no qual sei que sou boa.


Mac fitou-a com uma ruga na testa, com uma ex­pressão que alguém já lhe dissera que ele ficava pa­recido a um urso com indigestão. A borboleta não se intimidou. Inclinou a cabeça para o lado e fitou-o como se lhe perguntasse se ele tinha outros comentários a fazer.


E ele tinha.


— Bem, vamos ver o resto depois. Entre.


Virando-se, conduziu-a à sala de jantar vazia, ape­nas com um aparador empoeirado jogado em um canto. Através de um arco, passaram para a cozinha.


Era bastante completa. A direita havia um fogão de excelente qualidade e uma geladeira. A esquerda, uma pia dupla e longos balcões brancos, ladrilhados. Todos os armários eram brancos e as panelas de aço inox. No meio da cozinha havia uma mesa com tampo de már­more, que mais parecia uma mesa de sala cirúrgica.


— Quando o grupo dos cirurgiões vai chegar? — Paris perguntou, irônica.


Mac franziu a testa de novo, embora concordasse com o comentário dela. Contudo, não fora ele quem escolhera a decoração, e, na realidade, não se impor­tava com esse problema. Era uma cozinha, onde podia comer depois do trabalho. Apenas isso o interessava, até alguns dias atrás. Agora, que passava mais tempo ali, o aspecto desolador começava a enervá-lo.


Fez um gesto para que Paris o seguisse até a janela. Num recanto havia um conjunto de mesa e cadeiras de vinil vermelho que tinham sido trazidas da casa de seus pais. A única coisa na casa com um quê de personalidade. Paris devia ter notado isso, porque apreciou as peças demoradamente antes de ver a so­brinha e o sobrinho de Mac.


Elly, de quatro anos, ajoelhava-se em uma das ca­deiras onde o tio a colocara antes de ele e Simon irem ao chuveiro. Elly tinha uma tigela a sua frente, e co­mia. Seus cabelos encaracolados, de um louro averme­lhado, pareciam não ter sido penteados desde que che­gara à casa de tio Mac. Simon, de um ano e meio, que também tinha cabelos crespos e avermelhados, sentava-se sobre uma pilha de livros e estava amarrado na cadeira com uma gravata que passava por baixo de seus braços e era atada nas costas. Ambas as crianças levantaram a cabeça quando os adultos entraram. Ti­nham o rosto sujo de chocolate e nenhum dos dois sorriu. Reagindo à vista de outro estranho, Elly desceu de sua cadeira e correu para perto do irmão, em atitude protetora.


Mac ficou um pouco sem jeito ao notar os preocu­pados olhos azuis da sobrinha e do sobrinho, mas não sabia o que fazer. Raramente os vira antes da chegada deles a sua casa, dois dias atrás. E não sabia nada sobre crianças. Vagamente lembrava-se de sua própria infância.


Paris sorriu para os dois, e disse:


— Alô. Meu nome é Paris. E o de vocês?


Elly olhou para o tio esperando uma aprovação. Dois dias antes a menina tivera medo dele. Agora, fitava-o procurando segurança. Enfim, levantou um dedo sujo de chocolate e apontou para si mesma.


—  Eu sou Elly. E ele é Simon. É apenas um bebê.


—  Posso ver. — Paris foi para perto da mesa e viu as tigelas das crianças. Espantou-se. — O que estão comendo?


—  Barras de chocolate — respondeu Elly. — Muito bom.


Mac sentiu o olhar de Paris, sacudiu os ombros, e comentou:


—  Não tive tempo de ir ao supermercado.


—  Quer dizer que isso é uma coisa que devo fazer em seu lugar, certo? — Em seguida, vendo que Elly terminara, sugeriu: — Por que não lavamos suas mãos antes de você descer da cadeira?


Sem esperar pela resposta de Elly, Paris pegou uma toalha, umedeceu-a e começou a limpar as mãos da menina. Elly quis reagir mas Paris pôs-se a falar sobre o lindo dia e como eram felizes por morar perto do mar, podendo ver gaivotas voando acima de suas ca­beças naquela manhã. Elly relaxou logo, e até sorriu para Paris.


Mac sentiu-se desapontado. Elly não permitira que ele a tocasse na véspera, chamando pela mãe cada vez que o tio tentava fazer qualquer coisa para ela. Simon era mais cordato, parecia gostar de Mac.


A fim de não se sentir completamente inútil, Mac foi buscar um copo de água para cada um dos dois.


Depois levou as crianças à sala de jogos dando-lhes assim a oportunidade de ver alguns desenhos na te­levisão. Quando os dois se acomodaram no chão, Mac deu um suspiro de alívio e foi à cozinha a fim de en­trevistar a governanta. Nunca fizera isso antes, mas tinha uma básica idéia sobre o que perguntar.


Na cozinha, encontrou Paris ocupada revistando os armários e a geladeira. Tinha nas mãos um pedaço de papel, um lápis, e fazia uma lista.


—   Espere — ele disse, erguendo a mão. — Antes que faça planos, preciso saber algumas coisas sobre sua experiência de vida.


—   Certo — Paris respondeu.


A geladeira não estava vazia. Havia seis latas de cerveja, dois pães amanhecidos e diferentes tipos de mostarda. Mac geralmente não comia em casa, mas em qualquer lanchonete por onde passasse, indo ao trabalho ou voltando a casa.


—   Meu nome é Paris... oh, já lhe disse meu nome. Sou viúva. Preciso de um emprego e este me parece ser um que posso fazer bem.


—   O que exatamente quer dizer?


—   Que posso tomar conta de sua casa e de seus filhos.


—   Não são meus filhos. — Mac chegou mais perto de Paris e sentiu nela um perfume de violeta que subiu diretamente a sua cabeça. Achou que precisava de uma xícara de café. Apanhou a cafeteira elétrica e começou a preparar o café.


—   Não são seus filhos?


—   Elly e Simon são filhos de minha irmã. Sheila chegou aqui há dois dias, logo depois que eu voltei do trabalho, e disse que precisava que eu tomasse conta das crianças durante algum tempo, pois ia à Africa num safari fotográfico.


—   Ela é fotógrafa?


—   Ela nem sabe o que é uma lente. Seu novo na­morado é fotógrafo e minha irmã vai junto para lhe fazer companhia. Infelizmente, não é uma mãe muito responsável.


Mac terminou de fazer o café, com gestos impacien­tes. Estava furioso. Não se conformava por Sheila ter lhe imposto a guarda dos filhos. Ela beijara-os e se fora.


Mac não sabia por que estava tão surpreso. Toda sua família mimara Sheila a vida inteira. Ela se di­vorciara porque o marido, egocêntrico também, não a mimava como a família Weston fizera. Ele partira logo depois do divórcio, mal conhecendo Simon. Quando Sheila decidira ir ao safari, achara que o irmão mais velho, Mac, seria a escolha lógica para cuidar de seus filhos.


Pobres crianças, Mac pensava. Arrastados de um lugar para outro, durante toda sua curta vida. E enfim deixadas aos cuidados de uma pessoa que não sabia o que fazer com criaturas tão pequenas. Ele examinou Paris que se sentara à mesa, depois de ter certeza de que havia limpado bem o rosto de Elly e de Simon. Mac se perguntava se ela era capaz de tomar conta de seus sobrinhos. Até o presente momento, não obti­vera nenhuma informação de Paris excetuando-se a de que era viúva. Perguntava-se há quanto tempo o marido havia morrido. Paris não parecia nada sofrida com a morte do companheiro, mas ele, Mac, era a úl­tima pessoa no mundo a julgar a que ponto a desgraça afetava uma pessoa. Os bons cidadãos de Cliffside, a cidade onde morava, falavam sobre as coisas desagra­dáveis que sucederam na vida dele e que serviram apenas para transformá-lo num homem desprezível e teimoso. Pena não poder discordar de seus vizinhos, Mac admitia.


— Tem um currículo de tudo o que fez na vida? — perguntou a Paris abruptamente.


—   Claro. — Ela tirou da bolsa um envelope e entregou-o a Mac, que o abriu e começou a ler o que estava escrito num papel. Paris olhava para o céu azul, pela janela aberta. Quando notou que Mac a observava, perguntou: — Esplêndido, não?


—   Você organizava a campanha anual com o fim de angariar fundos para a Liga Júnior?


—   E este ano superei a arrecadação do ano anterior — ela explicou.


—   Foi a presidente do comitê do baile do Clube de Campo?


—   Todos que o assistiram foram unânimes em dizer que havia sido o melhor baile já visto.


—   E dirigente das aulas da cozinha escandinava?


— Meu amigo dinamarquês ficou encantado com meu trabalho.


Paris inclinou o corpo para a frente como se espe­rasse pelos aplausos de Mac.


Ele leu tudo de novo a fim de ver se perdera algum detalhe. Depois comentou:


—   Não há aqui evidência de que tenha tido um em­prego com salário.


—   Como?


—   E teve?


—   Não... Não posso dizer que tenha tido.


—   Tudo o que fez até hoje foi apenas trabalho vo­luntário?


—   E o fiz muito bem, por sinal.


—   Sra. Barbour...


—   Paris, por favor.


—   Isso tudo que li nesse resumo não tem nada a ver com o trato de crianças e cuidados na organização de uma casa.


—  Não é verdade. Se ler com mais atenção, verá que tive experiência cuidando de crianças durante todo o ano letivo. Não tinha mesada, por isso aprendi a economizar dinheiro. Também, passei um verão cui­dando de duas crianças enquanto a mãe estava doente.


—  Cuidar de crianças temporariamente é bem di­verso do que ser uma governanta.


—  As obrigações são na verdade as mesmas.


—  Porém as responsabilidades não.


—  Concordo — ela disse. — Felizmente sou versátil e posso aprender depressa. Eu nunca me vira envolvida com o trabalho de angariar fundos antes, e fiz esse trabalho para a Liga Júnior muito melhor do que se esperaria.


—  Muito bem. Mas quando foi a última vez em que cuidou de crianças?


—  Seis anos atrás, mais ou menos. Adquiri uma habilidade da qual nunca me esquecerei. E concluí que posso fazer qualquer coisa a que me propuser. Como já disse, aprendo depressa.


E fala depressa também, ele pensou.


— Já dirigiu uma casa? — Mac lhe perguntou.


— Naturalmente. Bem, supervisionei.


Passando uma última vista d`olhos pelo papel, Mac dobrou-o, colocando-o no envelope. Não sabia qual era o tipo de jogo de Paris, mas de forma alguma queria tomar parte nele.


—   Por que uma moça da sociedade como no seu caso quer esse tipo de emprego? — perguntou.


—   Não sou uma moça da sociedade. Ao menos, não mais. Preciso me manter. E este é um trabalho que sei que posso fazer bem. Não vai arriscar nada contratando-me. Há referências em meu currículo, dadas por pessoas muito honestas. Sou boa cozinheira, qualquer mulher sabe limpar uma casa, e o que não souber sobre crianças, aprenderei.


—   Não... — ele começou a falar, sacudindo a cabeça, mas Paris interrompeu-o.


— Uma experiência de duas semanas, então — ela suplicou, com tristeza nos profundos olhos verdes. — É tudo que lhe peço.


Mac sentiu-se mal ao constatar tanta necessidade nos olhos dela. Gostaria de sumir como um caranguejo rastejando pela areia. Não era suficiente ele ter aque­las duas crianças para cuidar? Não queria ninguém mais à volta, que precisasse de sua atenção. Mas antes que pudesse reagir, ela segurou-lhe a mão apertando-a com força, na intenção de convencê-lo.


Mac puxou a mão, e tomou um gole de café para encobrir a retirada da mão. Paris corou, embaraçada pelo gesto.


O que estaria acontecendo?, ele se perguntou. Nada de misterioso, concluiu após segundos. Passara muito tempo sem mulher, e isso apenas .confirmava que não precisava de nenhuma a seu redor.


—  Sinto muito, sra. Barbour. Mas quero alguém com mais experiência.


—  Sou confiável — ela declarou desesperada, apon­tando para a sala em que as crianças assistiam à tevê. — Pôde ver por si mesmo como Elly gostou de mim. Naturalmente, sei que a economia do país vai bem agora, e há muitos empregos à disposição para quem deseja um...


—  Nesse caso, por que não tenta um desses empre­gos? — Mac cortou-lhe a palavra.


—  Porque prefiro trabalhar em casa de família. É possível que o senhor tenha dificuldade em encontrar alguém que goste de trabalhar aqui. É um lugar um tanto... isolado.


As palavras ermo e esquecido por Deus, usadas por sua ex-noiva Judith, ecoaram em sua mente. Ela sem­pre desejara morar perto do mar, porém apenas onde houvesse muita vida social, de preferência um iate-clube. Não se entusiasmara quando Mac construíra a casa em Cliffside, perto do lugar onde ele sempre vi­vera com os pais, na parte rochosa da costa.


Não podia imaginar, portanto, que uma organiza­dora de bailes no Clube de Campo pudesse ser dife­rente de Judith. Por outro lado, precisava de alguém para tomar conta de Elly e de Simon. Teria de começar a trabalhar na segunda-feira, arriscando-se a perder o emprego caso não comparecesse. Porém tinha medo de contratar Paris. A moça era atraente demais, cheia de vida para morar naquele lugar repleto de emoções e más lembranças.


Mas Elly e Simon eram na verdade o que deveria ser levado em consideração, não ele. Podia se ressentir de Sheila, contudo, tinha de fazer o melhor para os sobrinhos. Apesar do que os habitantes da cidade pen­savam dele, sempre cumprira suas obrigações. Era um homem de responsabilidade.


Porém não podia contratar Paris. Ia dizer isso no­vamente quando Simon entrou na cozinha. Arrastava seu cobertor e carregava um livro embaixo do braço.


— Lê isso pra mim — Simon resmungou, mostrando o livro.


Aliviado porque poderia usar o menino como uma desculpa para terminar com a entrevista e mandar Paris embora, Mac estendeu a mão ao menino. Porém Simon ignorou-o, indo para perto de Paris que, apesar de atônita, logo colocou o garoto no colo e examinou o livro.


— Animais? — ela disse. — Meu assunto preferido.


Satisfeito, Simon acomodou-se melhor no colo dela, pôs o polegar na boca e começou a mexer nos cabelos de Paris. Mais uma vez ela se surpreendeu. Mas não o afastou, sabendo que ganhava pontos junto a Simon e a Mac.


Abriu o livro e começou a ler sobre os animais pre­feridos de Simon. Mac abrandou-se em relação a ela. Talvez fosse verdade que crianças e cachorros eram bons juízes sobre em quem confiar. Sendo assim, Simon sem dúvida confiava em Paris.


No entanto, ela não tinha experiência ou treinamen­to. Uma mulher sócia do Clube de Campo não devia ter nada a fazer naquele lugar. E por que desejava um emprego? Ele não estava satisfeito com as expli­cações e queria mais respostas. Porém, esperar por mais respostas significava conservá-la lá por mais tem­po, quando o melhor seria ficar livre dela quanto antes. E cuidaria disso logo que Paris terminasse com a lei­tura do livro.


Enquanto Mac a observava, Paris mudou de posição na cadeira para que a luz do sol iluminasse melhor o texto. Mas incidiu também em seus cabelos, transformando-os em ouro e dando-lhe à pele uma claridade luminosa. Para seu horror, Mac sentiu como se a luz estivesse chegando até ele, queimando-o. Mentalmente controlou-se, criando barreiras imaginárias. Mas quan­do Simon encarou-o e inesperadamente sorriu para o tio pela primeira vez desde a chegada dela, Mac sentiu qualquer coisa em seu interior. E embora sendo a úl­tima coisa que esperaria sair de sua boca, disse de maneira abrupta:


— Duas semanas.


Paris fitou-o com curiosidade.


— Como? — perguntou.


Considerando-se um perfeito idiota, Mac explicou:


— Você pode ter duas semanas de experiência. Depois disso, veremos. E devo preveni-la de que não sei por quanto tempo terá este trabalho. Sheila pode voltar na próxima semana ou no próximo ano, mas suspeito que ela ficará longe durante muito tempo. Começaremos com duas semanas.


Alívio e alegria tomaram conta de Paris, iluminando seu olhar.


— Não vai se arrepender, sr. Weston.


Ele já se arrependia. Então, para tornar bem claro que tinha a última palavra, repetiu:


— Experiência de duas semanas. E só. Se não fun­cionar, acabaremos com tudo imediatamente. Nada de arrependimentos de nenhum lado. Ok?


Paris sorriu como se ele lhe tivesse dado um pre­sente. Todos os outros sorrisos anteriores haviam sido de charme para conseguir o que desejava. Mac estava acostumado com o outro tipo de sorriso. Mas aquele era de puro prazer e gratidão como se ele houvesse feito uma grande coisa e fosse o mais maravilhoso dos homens.


Não podia se lembrar da última ocasião em que al­guém o olhara daquele jeito, se é que isso acontecera um dia. Mais uma vez sentiu algo em seu interior e lutou contra esse sentimento.


— Duas semanas — Paris repetiu, obviamente ten­tando esconder sua alegria e ter uma aparência pro­fissional. — Isso me soa muito justo. — Ela abraçou Simon. — Que tal acha eu começar assim que terminar com a leitura do livro, sr. Weston?


 



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Autor(a): fanofbooks

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • nataliacphotmail.com Postado em 28/12/2012 - 20:41:52

    Pode deixar k Paris ta começando a mudar o Mac!

  • nataliacphotmail.com Postado em 27/12/2012 - 23:08:49

    Vamos lá, quero saber quem vai atrapalhar o casal, correção, a família.

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 21:10:32

    Elly <3 kk Mas o Mac é esperto se aproveitou que a sobrinha pediu pra ele dar um simples abraço nela e já tascou um beijão em Paris kk

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 02:06:41

    Tadinha! Afff Mac :/

  • nataliacphotmail.com Postado em 25/12/2012 - 22:32:58

    Posta maaais, pff porque será que Mac se incomodou tanto pelo fato de ela ter ido lá? hmm curiooosa


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