Fanfics Brasil - 3 Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll

Fanfic: Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll | Tema: livro original


Capítulo: 3

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CAPÍTULO III


 


Mac estava em pé à porta do banheiro da suíte, enxugando os cabelos úmidos com uma toalha, encantado com as três pessoas que ocupavam sua cama. Nunca lhe parecera pequena até a última noite, embora nunca a tivesse dividido com pessoa alguma antes. Fora a única coisa que comprara nova quando todos os seus móveis desapareceram com a ex-noiva.


A cama parecia cheia agora, com Paris quase sobre a beirada, o mais longe possível de seu lado, e os dois bebês praticamente em cima dela. Seus lindos cabelos dourados estavam espalhados sobre o travesseiro, escondendo-lhe o rosto. Apenas o queixo aparecia, como se a conduzisse no sono da mesma forma que ela avan­çava pela vida. Mac a conhecera havia menos de vinte e quatro horas, mas logo se convencera de que não gostaria de estar no fim do caminho quando aquele queixo investisse para a frente.


O que chamou sua atenção de novo, e de novo, con­tudo, foram os cabelos. Não podia tirar os olhos deles, daquelas ondas de um louro-avermelhado contra a fro­nha alva, como se alguém tivesse aprisionado os raios do sol ali.


Raios do sol aprisionados? Quando começara a ser poético? Aborrecido consigo mesmo, fechou a porta do banheiro e terminou de se aprontar para o trabalho. Os lindos cabelos da sra. Barbour eram a última coisa na qual ele necessitava pensar naquele momento. Não iria pensar nela de jeito nenhum além de como gover­nanta das crianças. Fora grato por Paris tê-las aco­modado, e a ele, na última noite, aceitando dormir na mesma cama. Custara um pouco, mas enfim cedera.


Mac ignorava se a solução que encontrara para re­solver o problema de crianças inquietas à noite era a convencional. Mas não sabia muito sobre a profissão de papai, e Paris não sabia muito sobre a de babá. Qualquer que tivesse sido o método, as crianças dor­miram a noite toda, e isso era o que interessava. Ao menos ele dormira sete horas em seguida, mais do que conseguira desde que Elly e Simon chegaram a sua casa.


Vestiu-se.


Perguntava-se se as crianças haviam dormido com alguém antes. Não podia imaginar Sheila permitindo que os filhos dividissem a cama com ela. Não era a mais afetuosa das mães. Na verdade, a melhor palavra seria "desinteressada". Mac preocupava-se em pensar no dia em que os bebês voltassem para a mãe. Sem dúvida, Sheila não estaria mais interessada neles no futuro do que o fora no passado. Também não podiam ficar com ele, pois seria ainda pior do que Sheila que, embora descuidada, ainda era a mãe.


Mac afastou da mente esse pensamento. Sheila era o que todos fizeram dela. Porém agora havia duas crianças em jogo. Era diferente quando fora sozinha, sem carregar consigo a responsabilidade sobre Elly e Simon. Uma vez a irmã de volta, Mac pensou, ele não veria as crianças tão cedo, quem sabe durante meses, ou até a próxima viagem dela. Talvez isso não acon­tecesse, talvez sua irmãzinha criasse juízo, pegasse o "fundo" que os pais lhe deixaram para terminar os estudos, escolhesse uma profissão e cuidasse bem dos filhos.


Ele saiu do banheiro e chegou perto da cama. Pro­curou se concentrar na procura das chaves e em pôr a carteira no bolso. Mas sua atenção mudou-se para a mulher em sua cama. Ela tivera filhos? Mac achava que não, pois não constava do currículo, e Paris dissera que sua experiência limitara-se a cuidar de crianças por uma noite, e não em criar os próprios filhos.


Mac não entendia por que a contratara. Mas Paris apaixonara-se pelos bebês imediatamente. E ele achou que podia confiar nela em relação às crianças.


Saiu do quarto, fechou a porta com cuidado para que Simon não acordasse. Surpreendeu-se por ter se preocupado com isso. Depois que os sobrinhos fossem embora, ele voltaria aos velhos hábitos. Aprendera a duras penas o que era melhor para si.


Apanhou o paletó e foi pegar o carro, fechando a casa antes de sair.


Paris acordou sobressaltada, com uma pequena mão encostada em seu rosto. Abriu os olhos assustada mas relaxou quando viu que era apenas Simon que estava em cima das cobertas, a cabeça junto à dela e os braços esparramados. Ao menos não fizera como a irmã que lhe apertara as narinas.


Em todos os meses desde que saíra de Hadley, Paris adquirira o hábito de ficar de olhos fechados por alguns minutos até se lembrar exatamente de onde estava.


Não precisara fazer isso naquela manhã por causa das crianças na cama ao lado dela, e por causa do cheiro espalhado no ar. A loção pós-barba de Mac. Nun­ca sentira aquele aroma, mas não podia ser outra coisa.


Ele já devia ter tomado banho e ido para o trabalho. Paris sentiu um quê de serenidade ao pensar que ele talvez os observara, mesmo depois de ter dito que não tinha intenção de se envolver com os sobrinhos.


Mesmo sabendo que não encontraria mais Mac na casa, Paris levantou-se da cama com cuidado para não perturbar o sono de Simon. Com sorte teria tempo de tomar banho no outro banheiro do corredor e de se vestir antes de as crianças acordarem.


Dez minutos mais tarde descobriu que a sorte não estava de seu lado, quando a porta do banheiro se abriu. Ela tirou o xampu dos olhos e viu através da cortina do chuveiro Elly levando Simon pela mão.


—  Pris? — Elly perguntou assustada. — É aí que você está?


—  É. Esperem no corredor que estarei com vocês em poucos minutos.


Elly sacudiu a cabeça.


— Nós esperamos aqui. — Ela sentou-se no tapete do banheiro e arrastou o irmão consigo.


Espantada, Paris observou-os. Pareciam decididos a ficar lá. Nua e pingando água, ela não teve outro remédio senão tomar um banho rápido e sair do chuveiro.


Pronta, começou a vestir as crianças e percebeu que uma menina de quatro anos tinha mais opiniões sobre moda do que se poderia esperar. As roupas dela tinham de combinar com os sapatos que por sua vez precisa­vam ser amarrados com dois nós para não saírem dos pés. Depois Elly supervisionou Paris o tempo todo en­quanto ela vestia Simon.


Quando terminou, Paris deu um suspiro. Não tivera tempo de passar um batom, tampouco de secar os ca­belos. Foi à cozinha a fim de preparar o café da manhã dos dois. Olhando ao redor, não enxergou evidência de que Mac comera antes de sair, e ficou triste com isso. Mas não falaria com ele sobre o caso. Para o próximo dia, assaria alguns pãezinhos e os deixaria em lugar onde ele pudesse encontrá-las. Não que Mac lhe agradecesse pelo esforço, ela pensou ao sentar-se à mesa para tomar seu café. Mac parecia determinado a não aceitar nada vindo dela.


—  Onde está tio Mac? — Elly perguntou de repente, enquanto tentava espetar com o garfo um pedaço de panqueca.


—  Ele foi trabalhar — Paris respondeu.


—  Como papai?


—  Sim, como papai.


—  É o que fazem todos os papais — disse a menina, com ares de perita. — Eles vão trabalhar e as mamães e os filhos ficam em casa.


—  Você tem assistido tevê? — Paris perguntou, rindo.


—  Como?


—  Onde ouviu que os papais vão trabalhar e o resto da família fica em casa?


—  Sarah me contou. Ela tem sete anos. Era minha amiga na outra casa onde eu morava com minha ma­mãe. Minha mamãe foi ver os elefantes, e quando ela voltar vai me levar e também Simon para ver os elefantes. — E a menina continuou: — Sarah disse que os papais trabalham. E o que tio Mac está fazendo, mas ele não é na verdade um papai.


—   Bem, não, ele não é — Paris confirmou, se per­guntando para onde esse assunto as levaria.


—   Ele podia aprender a ser um papai. Porque ele sabe ler.


—   O que você quer dizer com isso, Elly?


—   Sarah falou que a professora dela disse que, se você sabe ler, pode aprender qualquer coisa. E tio Mac sabe ler — ela repetiu.


— Sim, ele sabe — Paris confirmou, rindo. Satisfeita, Elly sentou-se melhor na cadeira e ter­minou de comer.


Lembrando-se de sua conversa com Mac na noite da véspera, Paris concluiu que seria necessário algo mais do que a habilidade de ler para fazer dele um bom papai, mesmo sendo um papai temporário.


Contudo, valia a pena pensar no caso. Ela fora criada acreditando que era errado tentar mudar uma pessoa, que era improdutivo e que seria um caso de intromissão na vida alheia. Não tentara mudar Keith, de certo deveria. E as fraquezas dele o arruinaram.


Se ela nem ao menos tentara mudar um homem acomodado como Keith, Paris caçoou de si mesma, como poderia ter esperanças de mudar um como Mac? Pensou em como ele a olhava, como a assediava, como pusera barreiras de teimosia quando ela sugerira que precisava passar algum tempo com a sobrinha e o so­brinho. Observando os solenes olhos de Elly e o suave sorriso de Simon, desejou que Mac procurasse ficar um pouco mais perto deles. Se o que dissera sobre a irmã era verdade, e Paris não tinha razão para duvidar, então o tio seria a única influência estável na vida daquelas crianças. Precisavam dele em suas vidas da mesma forma como Mac precisava dos sobrinhos. Mac telefonou e surpreendeu-a. Quando Paris ouviu a voz dele, seu coração palpitou mais rápido. Atribuin­do essa sua reação à ansiedade por causa do emprego, ignorou o sucedido.


— Como vai tudo por aí? — Mac perguntou e fez uma pausa, como se ele próprio achasse esquisito estar telefonando.


O que deveria ela responder?, Paris refletiu. Talvez dizer que estamos andando por uma casa vazia como três grãos de ervilha? Ou talvez: Que estamos de mãos dadas andando pelos cômodos na ponta dos pés para impedir que se formem ecos? Não, nenhuma dessas respostas daria uma idéia do que ela pensava.


—  Sra. Barbour? — Mac disse com preocupação. — Paris?


—  Tudo bem — ela finalmente respondeu. — Tudo vai bem. As crianças estão ótimas e eu...


—  Deixe-me adivinhar — Mac interrompeu-a. — Você também está ótima.


—  Sim, estou. Estou muito bem.


—  Que bom. Nada de problemas?


Paris ainda não sabia o que dizer, por isso descreveu tudo o que acontecera naquela manhã, o que a fez parecer uma idiota obsessiva.


—  E agora os dois estão assistindo a um programa educativo na tevê — ela enfim terminou. — Mas ape­nas por uma hora pois não acho que televisão seja bom divertimento para crianças.


—  Muito bem. Parece-me que você tem tudo sob controle.


—  Sim, tenho — Paris respondeu com mais confian­ça do que realmente possuía. — Tem alguma instrução especial para me dar?


—  Não, não, faça o que achar melhor.


—  Sim, farei — Paris respondeu.


— Muito bem. Voltarei ao trabalho agora. Até logo.


Paris desligou o telefone sentindo que tiveram uma conversa que começara e terminara sem muito sentido, mas que de qualquer modo a deixara com a sensação de que se iniciava um elo entre ele e os sobrinhos.


Paris não podia se lembrar de ter sido objeto de tanta curiosidade, ela pensou, enquanto olhava para as pessoas do pequeno supermercado.


Hostilidade talvez, não curiosidade.


Quando entrou com as crianças, algumas pessoas a olharam mas não disseram nada. Então, talvez por invisível comunicação, todos no lugar fizeram o mesmo e todos viraram a cabeça para vê-los melhor.


Nervosa, ela segurou a mão das crianças e começou a cumprimentar com um sorriso os que os olhavam.


— Bom dia — chegou a falar, mas não houve res­posta.


Enfim, uma senhora de meia-idade respondeu ao cumprimento e olhou-a da cabeça aos pés, com curio­sidade.


— Bom dia — respondeu. — Meu nome é Marva Dexter, e o seu?


Paris sorriu para a mulher, achando que ela era ex­cepcionalmente sociável ou incrivelmente intrometida.


— Como vai? — disse Paris, ignorando a sugestão para que ela dissesse o próprio nome.


Paris crescera numa cidade pequena. Conhecera pessoas curiosas e amigas, mas havia algo esquisito na atmosfera daquele mercado.


Afastando-se da curiosidade das demais freguesas, ela pegou um carrinho, colocou Simon e Elly dentro, e começou a procurar as fraldas descartáveis que es­quecera de comprar quando fora a Alban, na véspera.


Apesar do que Mac dissera, aquele lugar devia ter fraldas em estoque, mesmo que os fregueses nunca tivessem visto uma pessoa desconhecida antes.


Havia dois homens no estacionamento, conversando. Paris concluiu ser esse o modo como passavam o dia. Fitaram-na com insistência, e Paris achou que ela seria a novidade do dia para muitos.


Esqueceu-se depressa dos dois homens e das mu­lheres e pôs-se a observar tudo com interesse. Sentiu-se como se tivesse voltado cinquenta anos atrás no tempo. O assoalho do mercado era de madeira, gasto pela in­finidade de pés que passavam sobre ele. Os balcões tinham tampo de ardósia com arremates em cromo, que brilhava como se houvesse sido polido na véspera. Divertindo-se, Paris se perguntava se o proprietário usava avental de açougueiro e chapéu de papel.


Ela empurrava o carrinho procurando lugares inte­ressantes para as crianças. Quando fez a curva se­guinte, surpreendeu-se ao descobrir que o grupo de compradoras que a perturbara continuava no mesmo lugar, observando-a com interesse.


Achando que aquele comportamento era estranho, Paris resolveu comprar as fraldas e ir embora.


Ela devia ter dado sinal de que ia se retirar porque um dos homens do estacionamento foi ao encontro dela, bloqueando-lhe a passagem.


—  A senhora é a nova esposa? — ele perguntou.


—  Como? — Paris perguntou.


—  Esposa do rei da colina lá em cima? — ele disse, apontando na direção da casa de Mac. — É a nova mulher dele? Esses são os filhos?


Rei da colina?


Paris não tinha idéia do que aquele homem falava, e não tinha interesse em saber. Ficou entre ele e as crianças, para protegê-las. Com os olhos arregalados de apreensão, Elly não desviava o olhar do rosto ver­melho do homem.


—  Com licença — Paris sussurrou. O homem estendeu a mão, dizendo:


—  Por que tanta pressa?


—  Floyd, você vai se arrepender do que está fazendo.


— Uma voz furiosa se fez ouvir.


Uma mulher apareceu.


Paris ficou boquiaberta. Aquela era uma mulher com M maiúsculo. Alta, porte de estátua, tinha cabelos ne­gros, ondulados, e rosto de traços firmes. Usava jeans e camiseta vermelha de mangas compridas. Parou diante do homem que chamara de Floyd e colocou a mão na cintura numa pose desafiadora.


Floyd com certeza esquecera-se do que iria dizer a Paris, porque cumprimentou a recém-chegada:


— Alô, Becky.


— Está aqui para fazer compras? — ela perguntou a Floyd. E, dirigindo-se à multidão que se aglomerava:


— Fico muito contente em saber que pretendem com­prar em minha loja, se é o que vieram fazer, mas não bloqueiem a passagem.


A multidão afastou-se porém os dois homens conti­nuaram lá. Irritada, Becky prosseguiu:


—  Floyd, você e Benny não têm um carro que precisa ser polido com suas barrigas cheias de cerveja?


—  Nós estamos apenas... — Floyd ia dizendo.


—  Saindo.


O homem de nome Benny enfim se deu conta de que Becky não os desejava lá. Agarrou a manga da camisa de Floyd e puxou-o para a saída, resmungando.


Quando a porta se fechou após a retirada dos dois homens, Becky dirigiu-se a Paris.


— Perdoe Floyd e Benny. Entraram enquanto o se­gurança estava distraído.


Paris riu e estendeu a mão a ela, apresentando-se:


—  Sou Paris Barbour.


—  E eu sou Becky Ronson. Soube de você porque Mac me telefonou ontem à noite dizendo que encon­trara uma governanta.


—  Quer dizer que conhece Mac? — Paris perguntou.


—  Claro, durante toda minha vida. A irmã dele Shei­la e eu fomos muito amigas até ela se mudar para San Francisco e se estabelecer lá. Eu fiquei por aqui.


Becky olhou para as crianças e sua feição suavizou-se.


—  Estas são de Sheila, não são? — ela disse. — Elly se parece muito com a mãe.


—  As pessoas dizem isso o tempo todo — Elly falou, provocando o riso em ambas as mulheres. — Pris e tio Mac estão tomando conta de nós até mamãe voltar da visita aos elefantes.


—  Isso é muito bom — comentou Becky. — Aposto que você vai se divertir muito na casa de tio Mac.


—  Pode ser — Elly respondeu, muito séria. — Não sei ainda.


Como para terminar a conversa, ela desviou o olhar das duas mulheres, passou um braço em volta do irmão, e com o outro agarrou bem junto ao peito seu coelhinho de pelúcia.


—  O que... Floyd quis dizer? Por que achou que eu era a "nova mulher" de Mac e as crianças filhos de Mac? — Paris perguntou a Becky.


—  Porque Floyd é um idiota e não cuida da própria vida. Todas essas outras pessoas são curiosas, e não vêem Mac há muito tempo. — Becky pôs as mãos na cintura. — Mas, o que veio fazer aqui hoje? Talvez eu possa ajudá-la a encontrar o que precisa.


Surpresa com a amabilidade da mulher, Paris res­pondeu após segundos que estava procurando fraldas para Simon. Becky ajudou-a a achar e, depois de pagar pelas fraldas, Paris e as crianças tomaram logo o ca­minho da saída. Olhares curiosos os acompanharam e Paris concluiu que havia mais do que simples cu­riosidade referente ao recluso vizinho. A noitinha, Elly e Simon morriam de sono mas lutavam para se manter acordados a fim de ver tio Mac. Paris leu umas his­tórias para eles e os pôs na cama. Assou alguns pães e foi à sala a fim de ler o jornal.


De lá, ouviria Mac entrar. Mas adormeceu antes disso.


Havia luzes acesas na casa, Mac notou desde a es­trada. Não podia se lembrar da última vez em que vira a casa iluminada ao chegar do trabalho. Fazendo força para não se acostumar com isso por ser apenas um hábito temporário, parou a van em frente à gara­gem e se espreguiçou antes de sair do carro. Massageou os braços, doloridos de tanto carregar tábuas e de pre­gá-las no devido lugar.


Mais alguns meses de trabalho como aquele e pa­garia quase todas as suas dívidas. Poderia recomeçar o próprio negócio, reconstruir sua reputação. Sua vida, enfim. Alegrou-se por saber que dali por diante teria de pensar apenas em si.


Abriu a porta dos fundos e sentiu um cheiro dife­rente: o dos pães há pouco assados. Ficou com a boca cheia d`água. Olhou à volta e viu a assadeira com os pães em cima do fogão. Incapaz de resistir, tirou uma faca da gaveta e pegou um pãozinho. Encheu um copo de leite e bebeu tudo quase num gole só. Nada jamais lhe parecera tão delicioso. Comeu mais um pãozinho e tomou mais um copo de leite. Jogou fora os ham­búrgueres que trouxera para seu jantar.


Com um suspiro de satisfação debruçou-se sobre o balcão e pensou, arrependido, que provavelmente co­mera o desjejum de seus sobrinhos; mas havia bas­tante, e ele estava satisfeito demais para se sentir culpado.


Lavou as mãos, limpou o açúcar e a canela dos lábios, e pensou na mulher que fizera 05 pães.


Na verdade, ela não saíra de seus pensamentos o dia inteiro. Distraíra-se um pouco enquanto martelava e serrava, mas não gostara daquilo. Detestava precisar de distrações para não pensar na nova babá.


Entrou na sala de jantar e apurou os ouvidos. Depois se perguntou por que ficara tão desapontado ao cons­tatar que só havia silêncio. Não queria mesmo se en­volver com os sobrinhos, pois assim seria mais fácil quando Sheila chegasse e os levasse embora.


Com esse pensamento martelando em sua cabeça entrou na sala e viu Paris toda encolhida, dormindo na cadeira. Um livro sobre seus joelhos quase caía no chão. Mac apanhou-o. Paris devia ter sentido qualquer coisa pois colocou a mão sobre o livro no mesmo ins­tante em que Mac ainda o segurava.


— Oh! É você, Mac? — Sentiu-se aliviada. — Não o ouvi entrar. Que horas são?


Por estar ocupado observando o modo como Paris acordara de repente, com expressão de medo no rosto, a resposta dele demorou a vir. Quando se deu conta de que a fitava com insistência, franziu a testa e deu um passo atrás.


— Tarde —: ele enfim disse, com voz mais seca do que pretendera. — Você devia estar na cama.


Ela bocejou, levantou-se e disse:


—   Tem razão. Elly e Simon tentaram esperar por você acordados, mas estavam cansados demais. Tive­ram um dia cheio.


—   Não deixe que fiquem acordados. Nunca sei a que horas vou chegar.


Ele viu uma faísca de desafio surgir nos olhos que havia pouco estavam sonolentos, porém Paris com cer­teza reconsiderara o que ia dizer e não respondeu.


— O que fizeram hoje para eles ficarem tão cansa­dos? — Mac perguntou.


Paris pegou o livro que estivera lendo e a caneta que caíra no chão e lhe contou sobre um dia passado andando pela casa, distraindo-se com alguns brinque­dos recentemente adquiridos, e fazendo uma caminha­da da casa à estrada.


— Em seguida, depois do almoço, fomos a Cliffside comprar mais fraldas — ela continuou. — En­contramos algumas pessoas que pareciam muito... curiosas e oh!


Sem refletir, Mac agarrou-a pelo ombro. Assustada, Paris ficou fria. Os olhos dele faiscavam.


—  O que você disse? — perguntou.


—  Eu... disse que tínhamos ido a Cliffside.


—  Pensei que a tivesse prevenido para não ir lá. — As palavras dele foram cortantes como a lâmina de uma faca.


 


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Autor(a): fanofbooks

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CAPÍTULO IV   Paris fitou-o, achando que ele estava louco. — Não, você não me preveniu. Ontem me disse para ir fazer compras em Alban, mas nunca pensei que Cliffside fosse um local proibido. Esta ma­nhã, no telefone, falou-me para fazer o que eu achasse melhor. —  Isso não inclui ir a Cliffside — ele ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • nataliacphotmail.com Postado em 28/12/2012 - 20:41:52

    Pode deixar k Paris ta começando a mudar o Mac!

  • nataliacphotmail.com Postado em 27/12/2012 - 23:08:49

    Vamos lá, quero saber quem vai atrapalhar o casal, correção, a família.

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 21:10:32

    Elly <3 kk Mas o Mac é esperto se aproveitou que a sobrinha pediu pra ele dar um simples abraço nela e já tascou um beijão em Paris kk

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 02:06:41

    Tadinha! Afff Mac :/

  • nataliacphotmail.com Postado em 25/12/2012 - 22:32:58

    Posta maaais, pff porque será que Mac se incomodou tanto pelo fato de ela ter ido lá? hmm curiooosa


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