Fanfics Brasil - 8 Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll

Fanfic: Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll | Tema: livro original


Capítulo: 8

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CAPÍTULO VIII


 


Para surpresa de Paris, Grey Taggart lhe telefonou naquela mesma noite e convidou-a a sair.


— Há um bom clube aqui na cidade de Alban — ele disse. — É chamado The Lucky Spur. Você sabe dançar quadrilha?


Paris procurou por Mac com o olhar. Ele estava na cozinha acompanhando um desenho de Elly e lhe di­zendo que ela prometia muito como arquiteta. Depois teve de lhe explicar o que era ser uma boa arquiteta na linguagem que uma menina de quatro anos pudesse entender. E ele ainda explicava isso enquanto Paris falava no telefone.


—  Bem, Grey... é muita amabilidade sua me convi­dar para o The Lucky Spur... — Paris gaguejou. — Mas confesso que não sei dançar quadrilha.


—  Ora, tudo bem. Pode aprender.


Olhando para trás ela viu a cabeça de Mac e repetiu sua ridícula experiência dos últimos tempos, de ficar vermelha. Enrolava o fio do telefone nos dedos mesmo enquanto se perguntava por que estaria tão tensa.


—  E que acha de sexta-feira à noite? — ele perguntou.


—  Esta sexta-feira?


—  Sim. Não tem outros planos, tem?


—  Bem, não, mas preciso trabalhar, tenho certeza, e...


—  Não, não precisa — Mac interrompeu-a. Tirou o fone da mão dela. — Grey? — Ele falou no telefone sem tirar os olhos de Paris. — Paris vai ficar muito contente de ir. É sua noite de folga.


Paris quis tirar o fone da mão de Mac, mas não conseguiu. Pôs as mãos na cintura e ficou olhando para ele. Sua surpresa e embaraço sumiram do rosto dando lugar ao aborrecimento.


— Certo, amigo — Mac respondeu. — Direi a ela. Até amanhã, então. — Ele colocou o fone no gancho e comunicou: — Grey apanhará você às sete. Use san­dálias boas para dançar.


Paris teve vontade de agredi-lo, de quebrar-lhe a cabeça com o pau de macarrão.


— Sr. Weston? — ela chamou-o com a voz mais doce do mundo.


Ele virou-se, preocupado. Nunca ouvira aquele tom de voz vindo de Paris e esperava que algo desabasse em sua cabeça.


—  Sim?


—  Desde quando sexta-feira à noite ficou sendo meu dia de folga?


—  De repente me dei conta de que nunca falamos sobre suas folgas. Você não é uma prisioneira aqui. Apenas uma empregada.


Sem dúvida, essa explicação machucou-a. Depois da alegria que tivera naquele dia, da experiência de es­tarem juntos, acreditara haver mais entre eles do que apenas um relacionamento entre patrão e empregada.


Claro, estivera errada o tempo todo.


Tinha mais a dizer a Mac, porém devido à presença de Elly, com os grandes olhos fixos neles, e lembrando-se de como a menina reagira na última vez em que discutiram, Paris sorriu friamente e foi preparar o jantar. Logo que as crianças fossem para a cama iria ter uma conversa com Mac.


Naquela noite Elly e Simon demoraram mais do queo habitual para dormir. Estavam excitados por causa do piquenique e da presença do tio, que resolvera ler as histórias para eles antes que adormecessem.


Quando leu a sétima história, Mac fechou o livro beijou os dois rapidamente e correu para o próprio quarto.


Paris cobriu Elly, jogou um cobertor sobre Simon e foi atrás de Mac.


Abriu a porta do quarto dele e entrou.


—   Eu gostaria de falar com você, Mac.


—   Sim? — Ele lhe lançou um olhar inocente. — Sobre o quê?


—   Sobre você ter marcado um encontro com Grey Taggart para mim.


—   Não gosta de Grey? — Ele fingiu mostrar-se surpreso.


—   Não conheço Grey.


—   Bem, mas para isso existem os encontros, con­corda? Virá a conhecê-lo. Mas, se precisar de uma re­comendação, eu o conheci durante toda a vida dele e posso lhe garantir que é um bom rapaz, para quem gosta do tipo.


Cruzando os braços no peito, ela perguntou:


—   Que tipo é esse?


—   Acomodado. Não quer saber de compromissos. Grey gosta de mulheres, mas sua última namorada, Mônica Barris, abandonou-o no mês passado porque ele não estava interessado em casamento.


Bem, e não será essa uma coincidência? Somos então. Para sua informação, contudo, não marco encontros com homens que acabei de conhecer. — Com que tipo de homens você marca encontros? Mac perguntou, parecendo muito curioso. Nenhum tipo. Ela nunca saíra com nenhum homem exceto Keith, e não tivera interesse por homem algum desde a morte dele. Até conhecer Mac. Vendo que ela não respondia, Mac continuou:


Saia com Grey, vai se divertir. Ele é muito bom para fazer a pessoa rir.


Diferente de algumas pessoas que conheço — ela sussurrou.


— Como?


— Nada. Vamos voltar ao assunto de nossa conversa.


— E qual era?


—  Não preciso de você para marcar os encontros por mim. Posso fazer isso sozinha.


—  Com quem? Com Floyd ou Benny Lyte? São os únicos outros homens que você conheceu desde que chegou a Cliffside.


—  Bem, nesse caso não desejo me encontrar com ninguém.


—  E como vai encontrar outro marido se não se encontra com homens? — Mac perguntou.


—  Não estou interessada em casamento. — Talvez não fosse estritamente verdade, mas Paris irritava-se com ele. — Quando lhe dei a impressão de que estava interessada em outro marido?


—  Precisa de um — Mac insistia. — É boa para crianças, daria uma ótima mãe.


Atônita, Paris não sabia o que dizer. Abriu a boca e fehou-a em seguida. Mac a enxergava apenas como uma governanta de crianças. Mas talvez estivesse en­ganada. Estaria mesmo?


—  Dê uma chance a Grey — Mac prosseguiu, igno­rando a fúria de Paris. — Vai gostar dele. É um rapaz atlético, joga no time de futebol local. Você pode ir ao clube alguma noite para vê-lo exercitar os músculos.


—  Não me importo se ele é um membro das olim­píadas, não quero... — De repente ocorreu-lhe uma idéia. Mac nunca dava ponto sem nó, portanto devia haver uma boa razão para tanta insistência. Quereria que ela se ausentasse um pouco da casa para ficar sozinho com as crianças? Não, ele estava cada vez mais apegado aos sobrinhos mas não desejava fazer todo o trabalho necessário no trato com crianças. Talvez qui­sesse evitá-la um pouco, arrependido das horas que passaram juntos na praia não a vendo como uma em­pregada. Talvez sim. Talvez não.


—  Não se esqueça — ele disse. — Sete horas, na sexta-feira à noite. Grey é muito pontual. — Conduzindo-a ao corredor, ele fechou a porta de seu quarto.


Paris levou alguns segundos para conseguir racio­cinar. Entrou no próprio quarto. Não adiantava, não convenceria Mac. O homem simplesmente tentava em­purrá-la para o amigo. Bom. Sairia com Grey e se divertiria a valer.


O que Paris estaria pensando?, Mac se perguntou enquanto observava as luzes do carro de Grey desa­parecerem na rua. No fundo, não queria que Paris saísse com ele. Grey era um bom rapaz, todos gostavam dele e tudo o que dissera a Paris era verdade, ele era divertido, atlético. E disponível.


Disponível demais, Mac pensava enquanto se dirigia à próxima janela para ver os últimos reflexos das luzes dos faróis.


Grey dirigia o carro de luxo que raramente tirava da garagem, engraxara as botas, escovara os cabelos usando tanta colônia que daria a Paris um ataque de alergia, se ela sofresse de alergia. E se não sofresse, estaria tonta antes do fim da noite.


A noite? Seria muito bom que Paris voltasse antes que a noite se adiantasse muito. Às dez horas o mais tardar ou iria procurá-la. Uma mulher responsável por duas crianças não deveria ficar fora até muito tarde. Precisava descansar para o trabalho do dia seguinte.


— Oh, diabos! — Mac exclamou em voz alta, depois olhou ao redor para ver se Simon o ouvira. Nos últimos dois dias o menino começara a repetir tudo que ele dizia, o que fazia Paris repreendê-lo constantemente. Aliviado, constatou que os dois se divertiam com os livros e brinquedos espalhados pelo chão da sala, e não ouviram sua blasfêmia.


Mac só podia culpar a si mesmo pelo fato de Paris ter saído. No instante em que a escutara no telefone com Grey uma onda de ciúme se apoderara dele. Pa­radoxalmente, reagira da maneira oposta. Propusera-se a arranjar-lhe um encontro com Grey. Não se podia condená-la por ter ficado furiosa e mal falara com Mac desde aquele dia, excetuando-se pedir-lhe que passasse o sal no jantar ou que limpasse a boca de Simon antes de o menino se levantar da mesa.


Então à noite, quando Paris saíra do quarto para o encontro, ele surpreendeu-se emudecido ao vê-la descer a escada.


Paris não usava o costumeiro jeans ou saias folga­das. Oh, não! Em homenagem à ocasião pusera um vestido preto de saia bem curta e um cinto prateado que marcava a cintura, bem mais fina do que ele sus­peitara. Atravessara o corredor com sapatos de salto bem alto, os cabelos caídos nos ombros, e se apresen­tara a Elly para que a inspecionasse. Sua sobrinha traiçoeira dissera que ela era a babá mais linda do mundo. De fato, Mac concordou que Paris era qualquer coisa mais linda do mundo.


Infelizmente, não podia deixar de concordar com a sobrinha, e os olhos de Grey quase saltaram das órbitas quando Paris lhe abriu a porta.


Resmungando, Mac espiou em todas as janelas da sala na esperança de ainda ver os dois. Depois parou a fim de ler alguns livros para Elly e Simon antes de eles se deitarem. Quando dormiram voltou a espiar na direção da estrada, pela janela da cozinha, da sala, e de volta pela da cozinha, na esperança de que já estivessem voltando.


Mac passara a maior parte do tempo pensando em Paris, depois do passeio da praia. Concluiu quão im­portante Paris se tornara em sua vida.


Precisava manter distância, pensou, lançando um olhar amuado para a estrada. Sem dúvida as crianças a adoravam, sua casa nunca tivera mais calor, nunca fora tão convidativa e confortável como desde o dia em que ela chegara. Tampouco ele comera tão bem.


Mas ainda precisava ficar bem claro que ela era uma empregada, de que tinha uma vida privada toda sua, que a informação que lhe dera sobre Grey sig­nificava simplesmente que se preocupava com uma empregada.


Decidido isso, olhou o relógio e esqueceu-se de todo o sermão que mentalmente pregara a si mesmo.


Oito horas. O que estariam fazendo Paris e Grey? E que tipo de lugar era o The Lucky Spur, afinal? Ele nunca estivera lá. Sua noiva, Judith, jamais iria a um lugar daqueles, a um bar de cowboys, como diria ela.


As luzes seriam suaves demais? As bebidas fortes demais? Grey carinhoso demais para uma solitária viú­va? Mac se torturava com as imagens que se repro­duziam em sua imaginação.


Voltou à janela da sala e lá ficou com as mãos nos bolsos, notando, não pela primeira vez nos últimos tem­pos, que sua calça não mais escorregava da cintura.


Engordara quase cinco quilos desde que Paris come­çara a trabalhar para ele. Verdade, tivera dúvidas no início, mas Paris trabalhara exatamente conforme pro­metera. Era ótima cozinheira e uma babá conscienciosa.


E ele, estava sendo um patrão consciencioso? Mac endireitou o corpo e ficou olhando para a escuridão. Que tipo de homem, que tipo de empregador era? Sabia que Grey era um bom rapaz apesar de sua atitude irresponsável em relação à vida a dois. Mas, o que dizer acerca dos outros homens do The Lucky Spur? Quando vissem Paris com aquele vestido preto, bem curto, reagiriam como se tivessem ganho na loteria?


Mac sentia-se constrangido ao pensar na pouco con­fortável situação em que colocara Paris. Devia ser chi­coteado por isso.


Tampouco uma rápida decisão e agarrou o telefone. Discou um número e falou:


— Becky, preciso de um favor seu.


A banda do local tocava alto demais. Paris tinha a impressão de que tocava dentro de sua cabeça.


— Formidável, não? — Grey lhe perguntou, encostando-se nela para lhe mostrar o próximo passo da dança que procurava lhe ensinar.


Para a frente, para o lado, para trás. Não, aquilo não podia estar certo, Paris pensou, confusa, ao colidir com a montanha de um homem que dançava atrás dela. Gaguejando uma desculpa, seguiu para a frente e pisou no pé de uma senhora. Tudo seria mais fácil se o lugar não estivesse tão cheio, e se ela pudesse respirar. Mas, entre o acúmulo das pessoas no salão e a nuvem de colônia proveniente de Grey, não havia muito oxigênio no ar.


—   Paris? E formidável, não é? — ele repetiu.


—   É, sim — ela confirmou, esboçando um sorriso um pouco menos vacilante que seus pés naqueles mal­ditos saltos altos.


Grey segurou-a pela cintura e a fez dar o próximo passo. Paris achava que sua cabeça ia se desligar do corpo para depois voltar ao lugar. O que fizera, afinal? Usava um vestido que guardara para arrancar das órbitas os olhos de um homem, mas eram os olhos de Mac, naturalmente, que ela queria ver rolando no chão, não os de Grey. Mac era a pessoa que desejava im­pressionar com suas pernas expostas naquele vestido curto, não Grey.


Para Grey devia ter usado botas e jeans, como a maioria das mulheres do lugar. Crescera numa cidade cheia de bares de cowboys. Não havia outro tipo de gente em Hadley. Portanto, sabia o que deveria usar, mas o aborrecimento e a vaidade venceram, e desejou punir Mac por haver marcado aquele encontro não desejado. E pensar que Mac pouco se importava... A indiferença no olhar dele quando a viu emergir do quarto confirmou isso.


E o que ganhara com sua vaidade? Tornozelos in­seguros e pés doloridos, precisando de alívio.


Grey sorriu para ela e Paris retribuiu-lhe o sorriso. Na verdade, Grey era um bom rapaz e muito divertido. Não era culpa de Grey ela ter sido tão idiota na escolha do sapato.


— Você vai indo muito bem — ele elogiou-a, embora Paris tivesse pisado nos pés dele seis vezes em poucos minutos. — Na próxima vez em que sairmos juntos, você saberá o que fazer.


Sim, ela pensou, que é bem melhor ficar em casa e ler um bom livro. Mas não queria ofendê-lo e, quando a música parou de tocar, disse:


—   Com certeza, Grey. Obrigada por toda sua pa­ciência comigo.


—   Ora, apenas tentei proporcionar a uma lady al­gumas horas de prazer.


Ele fez esforço para não mancar quando voltou à mesa. Ao se sentarem, viu que sua cerveja estava quen­te e o refrigerante de Paris era só água, pois o gelo derretera. Foi até o bar encomendar bebidas.


Aproveitando a oportunidade da ausência dele, Paris esfregou a testa e se perguntou por que não levara alguns comprimidos de aspirina.


—  Divertindo-se ainda? — Ouviu uma voz atrás de si. Virou a cabeça e deparou com seu patrão.


—  Mac? O que faz aqui? Onde estão Elly e Simon?


— Calma — ele disse, sentando-se ao lado de Paris. — Não os deixei sozinhos. Becky está cuidando deles. Quis ver se tudo ia bem com você, pois, afinal de contas, sou responsável por esse encontro. Como vai indo?


—  Está me fiscalizando? Exatamente o que pensa que vou fazer? Tem receio de que o embarace de al­guma maneira?


—  Não, claro que não. Só quis ter certeza de que Grey a está tratando bem. E também saber se está gostando de dançar quadrilha.


—  Veio ver se estou gostando de dançar quadrilha?


—  Bem, sabe como me sinto responsável — ele re­petiu. — E... — Olhou para a pista de dança como se nunca tivesse visto coisa tão fascinante.


Paris encarou-o. Ele chamara Becky para cuidar das crianças, se banhara, escovara os cabelos, barbeara-se, espalhara loção pelo corpo, vestira calça limpa e a ca­misa que ela passara na véspera, e engraxara os sa­patos, só para ver se ela gostava de dançar quadrilha?


Não. De forma alguma, não.


Pela primeira vez desde que Grey telefonara e Mac insistira no encontro, Paris teve vontade de gargalhar. E riu muito.


—  Essa é a desculpa mais esfarrapada que ouvi em minha vida, Mac Weston. Por que, realmente, está aqui? — Paris achava que sabia, mas queria ouvi-lo dizer.


—  Já lhe disse, desejava ver se...


—  Conte-me por que está aqui. Sem mentir.


Ele olhou para Paris, desviou o olhar, fitou-a de novo. Levantou-se e a fez se levantar.


— Vamos dançar — pediu.


Paris levantou-se mas não saiu de perto da mesa. Pôs uma das mãos no quadril e ergueu o queixo, em atitude de desafio.


—  Não, não vou — ela respondeu. — Não até você me contar por que motivo está aqui. — Paris estava adorando aquilo.


—  Fiquei com ciúmes — ele murmurou, num tom de voz furioso.— Não queria que você dançasse com ninguém mais, além de mim. Não com essas suas pernas.


—  São as únicas pernas que tenho.


—  E especialmente não com este vestido.


—  Acho que eu poderia dançar sem vestido, isso eu poderia — disse ela com olhar malicioso e deixando que Mac a levasse para a pista de dança. A orquestra começava a executar uma música lenta.


—  Nem mesmo em seus sonhos mais loucos, menina, dançará sem vestido — ele sussurrou-lhe ao ouvido, trazendo-a mais para perto de si.


A felicidade tomou conta de Paris e lágrimas bro­taram em seus olhos. Ele estava com ciúme. Paris não podia acreditar. O homem que não a queria por perto, que não a achava competente para cuidar dos sobri­nhos, tinha ciúme por ela estar com outro homem. Paris nunca considerara o ciúme uma qualidade atraente em homens, mas num homem como Mac, que não se abria facilmente, era lisonjeiro. Mais do que lisonjeiro. Dançando com o rosto encostado no peito dele, pôde enfim reconhecer algo que crescia nela por dias já. Amava Mac.


Amava Mac Weston mesmo quando desejou espan­cá-lo por sua teimosia. Mesmo quando não podia en­tendê-lo e entender as razões que o faziam agir como agia, amava-o.


Desde o dia em que fora àquela casa, admirara a integridade moral dele em receber as duas crianças, em trabalhar duro para salvar sua reputação, para começar sua vida de novo. Essa admiração crescera e se transformara num amor que enchia sua vida de delícias, de alegria, de medo. Amara apenas um homem em sua vida, que preferira se lamentar em vez de lutar para fazer de si um sucesso, como Mac fizera.


Mesmo feliz, Paris sentia um pouco de tristeza. Per­dera Keith, e não queria perder Mac. Achava que Mac não gostaria que ela declarasse seu amor. Para ele, seria outra responsabilidade a carregar nas costas, tal­vez até um peso.


Suspirando fundo, se prometeu guardar segredo de seu amor pelo menos no momento.


—  Algo errado? — Mac lhe perguntou, afastando-a um pouco para vê-la melhor.


—  Não. Tudo vai bem. Agora, tenho uma pergunta a lhe fazer.


—  Que pergunta?


—  Está vendo aquele homem com uma camisa verde de cowboy?


— Aquele que está usando uma quantidade de co­lônia cujo perfume chega até aqui? O que há com ele?


—  Ele pensa que é meu flerte desta noite.


—  Não brinque! Vou me entender com ele.


—Mac, não sou o tipo de mulher que sai com um homem e volta para casa com outro — ela disse se­riamente.


—  Mesmo que o outro homem more na mesma casa com você?


—  Mesmo.


—  Como sabe que não é esse tipo de mulher? Nunca teve problema idêntico antes.


—   Apenas sei. Sinto isso. — Paris olhou para Grey que finalmente voltava do bar onde fora buscar os drin­ques e abria caminho no meio da multidão.


—   Está bem. Grey leva você para casa mas eu ficarei esperando na porta. — Com essas palavras Mac sumiu entre os pares que dançavam.


Paris voltou para a mesa.


—   Oh, apareceu enfim — disse Grey, colocando as bebidas na mesa e puxando a cadeira para ela. — Beba e vamos dançar um pouco mais. Você está apren­dendo depressa — ele falou com entusiasmo. Paris sor­riu. Ela não queria dançar mais, queria voltar para casa, para Mac.


—   Foi Mac que eu vi há um minuto atrás? — Grey lhe perguntou.


—   Foi.


—   Veio para vigiá-la?


—   Sim. — O que poderia ela dizer?


—   Acho que Mac está demonstrando um pouco mais de interesse do que normalmente demonstra por uma funcionária. — Grey sacudiu os ombros. — Afinal, tra­balhei com ele durante anos e nunca me pareceu in­teressado sobre o lugar onde eu ia dançar nas sextas-feiras à noite. Falo sério. Mac é um bom rapaz porém severo demais consigo mesmo, desejoso demais em as­sumir responsabilidades que não são dele, como no caso dos filhos de Sheila. E... bem, em outros casos. — Acomodando-se melhor na cadeira, Grey tomou um gole de cerveja.


—   Que outros casos, Grey? Você se refere ao edifício da escola que ruiu?


—   Sim, e a tudo que se seguiu. Há mais, porém ele mesmo lhe contará. Vamos dançar. Estou com a impressão de que esta é a única vez que sairei com você, por isso quero aproveitar bem. Se Mac veio fiscalizá-la, imagino que não a deixará ficar longe de seus olhos outra vez.


Paris riu, esperando que fosse verdade, enquanto voltava à pista de dança.


Depois de mais ou menos meia hora, voltaram para a casa de Mac. Paris mal podia conter sua excitação, pois sabia que Mac a aguardava. Grey acompanhou-a à porta, desejou-lhe boa-noite e disse que desejava poder dançar com ela mais uma vez. Porém que es­perava que Mac não jogasse na cabeça dele uma viga do telhado.


— Eu detestaria que isso acontecesse — sussurrou Paris, ficando na ponta dos pés para beijá-lo no rosto.


Grey se foi, assobiando até o portão, e Paris pôs a mão no trinco da porta.


Antes mesmo de girá-lo, a porta se abriu e um braço agarrou-a pela cintura. O braço de Mac. Ele beijou-a.


—   Pensei que ele nunca fosse embora — murmurou.


—   Grey ficou aqui apenas dez segundos — Paris protestou.


—   Nove segundos a mais. Tempo longo demais para você beijá-lo.


—   Foi um beijo de agradecimento pela linda noite que me proporcionou.


—   Bem, está em casa agora — ele resmungou. — E a melhor parte da noite nos espera.


Mac beijou-a como se fosse um homem faminto, e Paris correspondeu ao beijo com a mesma paixão. Ele a fez ficar na ponta dos pés para que pudesse alcançá-la com mais facilidade. Devorou-lhe os lábios e depois as faces, as pálpebras.


—   Achei que eu ia ficar louco esta noite quando você saiu com Grey — Mac confessou, entre beijos.


—   Eu não queria ir com Grey, queria ir com você.


— Impossível, não sei dançar quadrilha.


Sorrindo, Paris segurou-lhe a face entre as mãos, agradecendo ao bom Deus por ele ter se barbeado com cuidado. Mac enchia a solidão que a torturara havia muito, desde bem antes da morte de Keith. Ela teve vontade de confessar-lhe que o amava, mas não con­seguiu. Seus lábios tremiam.


—  Que tal nos beijarmos sentados? — Mac sugeriu.


—  Não há um sofá aqui.


—  Não, mas tenho uma cama.


Paris ficou gelada. Amava-o muito, um amor que parecia gotejar pelos poros. Mas não podia fazer o que Mac sugeria a menos que ele a amasse também.


— Não posso, Mac — respondeu, afastando-o.


Ele segurou-a pela cintura e disse:


—  Você não pode me dizer que não me deseja tanto quanto a desejo. Eu não acreditaria.


—  Desejar e possuir uma mulher são duas coisas diferentes, Mac.


—  E não posso possuí-la? Por quê?


—  A coisa funciona dos dois lados. Eu também não posso possuí-lo. Não é o momento certo.


—  Que momento pode ser mais certo do que este?


—  Mac, por favor — Paris suplicou. — Isso compli­caria as coisas por demais. Não pode ver?


Ela rezou para que Mac compreendesse, porque não poderia explicar com mais clareza. Se fizesse amor com ele, não havendo verdadeiro amor entre os dois, mas apenas paixão, ela ficaria desesperada quando Mac a abandonasse, o que aconteceria com certeza, e sua so­lidão seria ainda pior.


—  Isto é um verdadeiro martírio, Paris — Mac queixou-se, segurando-lhe as mãos. — Sei que você não é uma pessoa que se diverte em provocar. E honesta, tenho certeza. Chego portanto à conclusão de que deve haver algo mais em sua vida, que desconheço. Ainda ama seu marido?


—  Sempre o amarei — ela respondeu com franqueza. — Keith foi importante para mim e de muitas manei­ras ajudou-me a ser o que sou agora, mas não morri com ele. Custou-me muito voltar à vida mas, repito, não morri com ele.


Paris quis dizer que começara a voltar à vida no dia em que Mac a contratara, mas as palavras mor­reram em sua garganta. Admitir isso o animaria a beijá-la mais e com mais paixão. E Paris não tinha certeza se podia continuar aceitando aqueles beijos.


Mac ficou silencioso durante muito tempo, seus olhos fixos nela como se quisesse memorizar-lhe os traços.


— Pois bem, não vou forçá-la a nada, mas sabe onde me encontrar se me quiser — declarou.


Oh, ela o queria muito, sobre isso não havia a menor dúvida, mas respondeu:


— Sim, Mac, eu sei.


Com um último beijo, ele saiu da sala. Observando-o, Paris sentiu uma onda de antecipação misturada a tristeza, uma emoção que não conseguia definir.


Sua nova vida começara no instante em que Mac lhe abrira a porta da casa. Cuidar de Elly e de Simon, aprender a amá-los, e com o tempo, amar o tio deles, completaram sua transformação e, para melhor ou pior, sua vida fora alterada definitivamente.


Estava pronta para relegar ao passado o amargor que havia sido seu companheiro constante por tanto tempo. E devia grande fatia dessa mudança a Mac.


Uma parte de seu coração estaria sempre com ele. A pergunta, contudo, seria, se ele a queria, ou não.


Ou melhor, se a amava.


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Autor(a): fanofbooks

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • nataliacphotmail.com Postado em 28/12/2012 - 20:41:52

    Pode deixar k Paris ta começando a mudar o Mac!

  • nataliacphotmail.com Postado em 27/12/2012 - 23:08:49

    Vamos lá, quero saber quem vai atrapalhar o casal, correção, a família.

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 21:10:32

    Elly <3 kk Mas o Mac é esperto se aproveitou que a sobrinha pediu pra ele dar um simples abraço nela e já tascou um beijão em Paris kk

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 02:06:41

    Tadinha! Afff Mac :/

  • nataliacphotmail.com Postado em 25/12/2012 - 22:32:58

    Posta maaais, pff porque será que Mac se incomodou tanto pelo fato de ela ter ido lá? hmm curiooosa


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