Fanfics Brasil - 9 Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll

Fanfic: Aprendendo a ser pai! - Patrícia Knoll | Tema: livro original


Capítulo: 9

207 visualizações Denunciar


CAPÍTULO IX


 


Não sei se foi uma boa idéia ter­mos vindo aqui — disse Mac, parando o carro no pequeno estacionamento e olhando para os balanços e aparelhos de ginástica.


— Por que não? — Paris lhe perguntou.


Mac olhou para fora e passou o polegar ao longo do queixo.


—  Alguma coisa pode acontecer.


—  O que poderia acontecer? — Paris observou o calmo parque vendo mais pessoas do que quando ela, Elly e Simon, estiveram lá antes. Mas ainda não muita gente.


Havia algumas famílias com crianças pequenas e um senhor idoso sentado em um banco. Seu chapéu cobria os olhos e as mãos moviam-se lentamente dentro e fora de um saco de papel enquanto ele atirava pe­dacinhos de pão e nozes aos esquilos. Um enorme cão negro deitava-se a seus pés, os olhos fixos nos pequenos esquilos beneficiados pela generosidade de seu dono. Gania cada vez que um dos animaizinhos passava por perto dele, mas não o perseguia.


Várias crianças mais velhas brincavam nos apare­lhos de ginástica. Duas jovens mães conversavam ale­gremente, sempre de olho nos filhos.


— Não gosto de surpresas — comentou Mac.


Paris, por outro lado, não se importava com surpre­sas. Pensara haver tensão entre eles depois dos ar­dentes beijos da véspera e do modo como se afastara de Mac. Para seu alívio, no entanto, Mac a tratava com calor e ternura, o que lhe dava prazer embora a intrigasse. Excetuando-se os poucos dias em que ele brincara com Elly e Simon, Paris não conhecia esse lado de Mac. E amava-o ainda mais por isso.


—  Bem, você não precisa olhar com essa cara, como se temesse haver aqui dinossauros devoradores de crianças prontos a devorar Elly e Simon. Além disso, como Elly repetiu uma dúzia de vezes esta manhã, você prometeu trazê-los ao parque.


—  Não precisa me contar — Mac resmungou. — Meus ouvidos estão ainda tinindo com esses lembretes.


E por causa dos lembretes eles estavam lá, dois adul­tos, sentados no assento dianteiro, "exatamente como papai e mamãe", na linguagem de Elly, e com duas crianças atrás.


Elly e Simon quiseram descer do carro.


Após alguns segundos de hesitação, e outra olhadela pelo parque, Mac apeou e fez o que as crianças pediam. Fora do carro, Elly saiu correndo para os balanços enquanto Simon seguia atrás, caindo uma vez na fofa areia mas levantando-se logo em seguida e continuan­do, a atenção fixa na meta.


Paris notou que o velho senhor parara de alimentar os esquilos e concentrara o olhar nas crianças. Franziu a testa para Paris como se desaprovasse o fato de ela haver levado crianças ao parque.


Paris se perguntou por que o velho senhor estaria naquele lugar, se não gostava de crianças. Correu atrás de Simon que parara de súbito quando o cachorro negro levantou a cabeça. Simon foi ao encontro de Paris que o levou até um balanço com cordas de segurança.


Ao passar por perto de Elly, a menina insistiu que não precisava de ajuda.


Achando que Elly talvez aceitasse ajuda de seu adorado tio, Paris olhou para Mac e notou que ele tinha uma feição estranha. O velho senhor fitava-o com olhar maldoso. Aí Paris ficou desconfiada. Nunca ouvira falar que homens excêntricos frequentassem parques infantis.


Talvez o homem não tivesse nada de excêntrico. Tal­vez fosse um dos inimigos de Mac.


O velho senhor levantou-se do banco, pronunciou algumas palavras ininteligíveis, e foi embora puxando o cachorro.


Mac foi então para perto de Elly e empurrou-a com tanta força que ela deu gritos de alegria por ter subido tão alto. Paris morria de vontade de perguntar quem era o tal homem, mas a expressão do rosto de Mac não era muito convidativa. Resolveu então cuidar das crianças. Estava um pouco preocupada com Elly, mas acalmou-se quando viu que o tio a observava com cuidado.


Mac virou-se para Paris e sorriu, pois percebeu que ela ficara apreensiva por causa do estranho visitante do parque. Paris devolveu-lhe o sorriso.


Ela vira Mac sorrir mais nos últimos dois dias do que em todos os outros dias desde que chegara naquela casa. E teve certeza de que isso se devia à presença dos sobrinhos.


Eles passaram uma hora no parque seguindo Elly e Simon dos balanços aos escorregadores, e aos apa­relhos de ginástica. Quando Elly e Simon foram final­mente à caixa de areia, Paris e Mac sentaram-se num banco de uma mesa de piquenique. Mac esticou as pernas numa pose relaxada que Paris nunca o vira assumir antes.


De fato, apesar da discussão que tiveram sobre a prometida visita ao parque, e da momentânea tensão à vista do homem idoso, Mac foi se acalmando aos poucos. Paris esperava que pudessem fazer coisas des­se tipo mais vezes. Ela achava que era uma prova do amor que nutria por Mac pensar tanto na vida dele, no temperamento, no que o fazia feliz, no que o fazia triste. Sentia-se perdidamente apaixonada.


Sorrindo, disse a Mac:


—  Viu? Não foi tão mau assim, certo? Você está vivendo um dia relaxado, seus sobrinhos estão felizes...


—  Você conseguiu me trazer aqui, portanto pare de me amolar agora — ele interrompeu-a com voz seca. — Agora sei com quem Elly aprendeu a agir assim.


—  Não estava amolando você, mas apenas dando-lhe sugestões.


—  De novo, de novo, de novo. 


—  Tive receio de que não me tivesse ouvido.


—  Ouvi-a uma centena de vezes.


—  De qualquer maneira, não acho que isso seja amolar.


—  O que é então?


— É dar mais força a uma idéia... a uma opção.


Mac deu uma gargalhada e foi cuidar das crianças.


Um sorriso suavizava seus lábios em geral tensos. Pa­ris esperava que ele sentisse que Elly e Simon haviam enchido um vazio em sua vida como encheram um vazio na dela. Mac também enchera um enorme vazio em sua vida, mas isso por enquanto era segredo.


A aceitação das crianças à nova vida foi uma lição para Paris. Pois, embora sabendo que Elly tinha sau­dade da mãe, considerava-a uma menina feliz.


Paris observava Elly fazendo um castelo de areia, concentrando-se em sua obra artística.


— Tio Mac, é assim que um arquiteto faz um castelo?


— É assim mesmo, Elly — Mac respondeu. Paris surpreendia-se como uma menina de quatro anos podia ter expressão tão tranquila em face das mudanças que sofrera na vida, tendo sido praticamente abandonada pela mãe que correra atrás de uma aven­tura amorosa quando a maior aventura da vida dela poderia ter sido encontrada cuidando de duas crianças maravilhosas.


Paris reconhecia, contudo, que não podia ser juiz de Sheila. Ela mesma se enfurecera por causa das mudanças e circunstâncias de sua própria vida.


E o que dizer de Mac?, ela se questionou. Como agira ele ante a queda em espiral de sua vida? Estaria ele pronto, tal qual ela, a deixar o passado para trás e a construir um futuro? Gostaria de ter coragem de lhe fazer essa pergunta.


— Algo errado? — Mac lhe perguntou, fitando-a in­trigado.


Rubra de vergonha ao se dar conta de que ficara olhan­do para ele durante muito tempo, Paris respondeu:


— Não... não. Acho que vou ver se Simon precisa trocar de fralda.


Mac sorriu a essa desculpa. Afinal, que bebê poderia ser tão ansioso em trocar de fralda? Paris foi ao en­contro de Simon que escapou dos braços dela quando agarrado. Ele não gostou de ser interrompido em seu brinquedo, e Paris decidiu que a fralda poderia esperar mais um pouco.


Voltando ao banco, Paris viu que Mac estava de pé falando com o velho senhor que haviam visto antes. Não parecia ser uma conversa amistosa.


Lembrando-se de que era apenas uma babá e não um juiz, hesitou em aproximar-se dos dois homens. No entanto, quando Mac ergueu o dedo apontando na direção do nariz do senhor idoso, ela deu uns passos à frente. Não tinha ainda idéia do que iria fazer.


— Sr. Weston, as crianças estão cansadas — ela disse apenas, tentando parecer o mais doméstica pos­sível. — Se o senhor estiver pronto, penso que é melhor irmos para casa.


Os dois homens olharam para ela como se pergun­tassem quem era aquela mulher e o que fazia lá. Mac levou alguns segundos para reconhecê-la, e depois par­te de sua fúria sumiu. Mas a serenidade que ele ex­perimentara momentos antes, desaparecera por com­pleto.


O velho senhor respirava ofegante, o que fez Paris compará-lo a uma máquina prestes a explodir. E ele perguntou a Mac:


—   Escondendo-se atrás das saias de uma mulher agora, Weston?


—   Burt, pare com isso. Não funciona — Mac res­pondeu.


Embora não sabendo qual era o problema, Paris teve pena de ambos. O mais velho estava furioso e abor­recido, enquanto Mac parecia irritado.


Examinando cuidadosamente os dois, Paris se per­guntou por que interferira, mas resolveu ir adiante:


—   Está na hora do almoço. As crianças estão com fome e uma hora de sono lhes fará bem.


—   É verdade — Mac concordou enfim. — Vamos. — Ele começou a andar mas o velho senhor segurou-o pelo braço.


—   Não acabei ainda, Weston — disse.


—  Sim, Burt, você acabou. Teve um enfarte há dois anos e não pode se aborrecer desse jeito.


—  Então é melhor eu não o ver aqui nunca mais — Burt respondeu. — Vê-lo solto enquanto meu filho está...


— Enquanto seu filho está pagando pelo que fez — Mac terminou por ele, com voz muito calma. — Está na hora de você aceitar isso, Burt, e parar de se queixar.


Os olhos de Burt encheram-se de lágrimas.


— Saia daqui — ele ordenou com voz embargada.


— Saia!


—   Burt, este parque não é seu, tampouco esta cidade. Tremendo, Burt virou-se e insistiu:


—   Não se esqueça do que lhe falei.


—   O que o homem falou a você? — Paris perguntou, assim que se afastaram.


—   Basicamente, que esta cidade não é suficiente­mente grande para abrigar nós dois — Mac resmungou. — E não preciso que você interfira num argu­mento como este.


—   Oh, sim — Paris retrucou com ironia —, seria melhor que Elly e Simon apreciassem vocês dois bri­gando fisicamente.


—   Não haveria uma briga. Trata-se de um senhor, pai de um de meus melhores antigos amigos. — Mac parou junto à caixa de areia e acrescentou: — Venham, vamos para casa.


As crianças relutaram em deixar o playground. Mas quando Elly viu o rosto carrancudo do tio seu argu­mento morreu e ela pegou na mão de Simon.


Sem dúvida pensaram que Mac estava zangado com eles, Paris admitiu. Ela apanhou a sacola de fraldas e os brinquedos e foi para o carro. Mac parecia não prestar atenção nela e nem nos sobrinhos.


O trajeto da volta foi feito em silêncio. Em casa, Paris preparou depressa o almoço. As crianças come­ram muito pouco, pois estavam exaustas. Ela colocou-os na cama para uma sesta e foi à procura de Mac.


Ele não almoçara e ocupava-se arrancando ervas daninhas que cresciam em volta da casa.


Tão logo Mac a ouviu se aproximando, retesou o corpo e comunicou:


—  Nunca mais irei à cidade.


—  Por causa do que aquele homem disse?


—  Aquele homem era Burt Dexter.


—  Dexter... — Paris repetiu, franzindo a testa. Onde ouvira esse nome antes? — Oh, ele é parente de Marva Dexter? Conheci-a na loja de Becky.


—  Eu sei. O marido dela, Pete, era irmão de Burt. O filho deles, Fred, e o filho de Burt, Steve, eram meus melhores amigos. Estávamos sempre juntos, nós três. Trabalhamos juntos, eu fazendo plantas de edi­fícios e contratando-os. Fred ocupava-se da parte de concreto, Steve inspecionava.


—  Parece-me um bom arranjo — Paris opinou.


—  E foi até Fred começar a jogar e a arrastar Steve com ele. As famílias dos dois me culparam por tudo o que houve.


—  Por quê? Você não tinha nada a ver com isso.


—  Porque sempre fui o líder do grupo. Quando cres­cemos, sempre dirigi todas as brincadeiras. Foi minha a idéia de pôr Fred no negócio de concreto porque que­ria alguém em quem pudesse confiar. Sabia que ele havia tido o vício do jogo mas achei que a fase passara. Também, queria ajudá-lo nos negócios. Ajudei-o, sim, até o dia em que ele foi preso.


— Como pode se culpar por isso, Mac? Becky me contou que Fred fizera a mistura errada no concreto da construção da escola que ruiu por causa disso, e que você não sabia de nada.


—   Mas eu devia ter sabido — disse Mac. — Não ignorava que Fred estava tendo problemas, ele sempre tinha problemas, mas isso nunca afetou antes a qua­lidade do trabalho em si. No momento da inspeção ele pagou a Steve para não revelar nada. Steve era seu primo, sentiu pena de Fred e a lealdade de família entrou em cena. A quantia roubada foi enorme, e va­leria o risco se o roubo não fosse descoberto.


—   Isso é horrível. O que aconteceu com eles?


—   Fred perdeu sua licença de construtor, Steve per­deu o emprego, e ambos foram condenados à prisão por algum tempo. Serão libertados logo.


—   E você, Mac? O que aconteceu com você?


—   Não fui preso, mas muito prejudicado financei­ramente — Mac respondeu com honestidade. — Perdi minha reputação, minha empresa, tudo exceto esta casa, que vou conservar para irritar meus antigos ami­gos de Cliffside, se não por outra razão.


Paris sentiu uma tristeza profunda. Já sabia de tudo mas ouvir a história contada por ele foi muito pior, porque Mac controlava as emoções que o perseguiram desde que soubera da traição dos amigos.


—   Por que Burt, o resto da família Dexter e todos em Cliffside culpam você? — Paris perguntou.


—   Porque, como já lhe disse, eu era o líder, o que resolvia todos os problemas do grupo. E agora, não quero que Elly e Simon sofram. Não lhe contei nada antes, pois imaginei que as crianças iriam embora logo, mas recebi um telefonema de Sheila esta manhã en­quanto você estava no banho.


—   Oh?


— Ela não tinha nada de novo a dizer exceto que adorava o trabalho que fazia com Roger, seu novo na­morado, o fotógrafo. Quase não pronunciou uma pa­lavra sobre os filhos.


— Oh, sinto muito, Mac. Ela não sabe o que está perdendo, e...


— Acho que ela não se importa. O ponto é o seguinte, terei de ficar com as crianças por mais algum tempo. E mesmo depois que ela voltar, continuarei presente na vida deles. Vou reconstruir minha empresa e minha reputação para que Elly e Simon não precisem crescer me defendendo. E não permitirei que alguém como Burt ou qualquer outra pessoa desta cidade os magoe.


—  Seria horrível — Paris sussurrou.


—  Você não tem idéia de como!


—  É terrível ter os próprios amigos contra — Paris continuou. — Foi o que aconteceu com meu marido.


—  O que houve com seu marido, afinal? — Mac sentou-se numa pedra e fez um gesto convidando-a a se sentar também.


Paris obedeceu e, olhando para o mar, começou a falar:


— Keith e eu nos casamos assim que saímos da universidade. É como fazem muitos jovens em lugares pequenos como Hadley. Por qualquer razão, não pen­samos que somos parte de um mundo maior e achamos que não temos outras opções. Pobres jovens apaixona­dos! Keith e eu éramos duas crianças, acostumados a ter tudo o que desejávamos, mimados pelos pais. Keith já havia herdado boa quantia em dinheiro dos avós e depois teve ainda mais quando os pais se retiraram da cidade deixando uma plantação de frutas cítricas para ele. Meus pais possuíam um pequeno sítio onde eu nasci. Tínhamos uma vida confortável, ainda que não luxuosa. Keith e eu estávamos com vinte e dois anos e nadando em dinheiro. A única coisa pior do que dois jovens tolos é dois jovens tolos com mais di­nheiro do que necessitam.


—  Gastar seu próprio dinheiro não é crime, Paris — disse Mac quando ela se calou por alguns segundos.


—  Não, mas desperdiçar é um crime contra a alma da pessoa. Keith e eu começamos a pensar que o di­nheiro estaria sempre lá, que se reproduziria por si sem necessidade de cuidado ou atenção de nossa parte. Keith negligenciou seus negócios e eu encorajei-o a fazer isso.


Mac fitava-a parecendo não entender e Paris não podia culpá-lo por isso.


—  E assim o dinheiro acabou? — ele quis logo saber.


—  Sim, e com a ajuda de nossos "amigos". Não levou muito tempo para esses amigos ficarem ricos com o nosso dinheiro. Quando me dei conta do que acontecia, não consegui fazer Keith ver que jogava fora nosso futuro. O pai dele chegou a vir de San Diego, para onde se retirara, e tentou conversar com o filho. Mas Keith não o ouvia. Ele já estava tão habituado a esbanjar dinheiro durante tantos anos que era difícil demais parar. Nunca fora muito popular na escola por ser tímido, quieto. Não conhecia outro mundo fora de Hadley, e nem queria conhecer. Sabe, lá ele era um grande peixe num pequeno lago, um jovem importante no local. Na verdade, não tinha cabeça para negócios como o pai, mas podia comprar amigos. E foi o que fez.


Paris parou de falar. A tristeza ainda pesava em seu coração, em especial por sentir que deveria ter feito mais para impedi-lo de continuar jogar dinheiro fora.


— Com o passar do tempo ele perdeu tudo — Paris prosseguiu com lágrimas nos olhos. — Teve de vender a casa da família, o escritório, e a fazenda de frutas cítricas que fora deles desde o início do século. Não so­brara nada exceto os maus investimentos e as dívidas.


Como com você. As palavras não pronunciadas paira­ram no ar, entre eles. Um tremor dos lábios de Mac disseram-lhe que ele sabia o que Paris estava pensando.


—   Keith não pôde salvar nada — ela explicou —, e quando se deu conta do fato, desistiu de lutar. Es­tranho, mas acho que até ficou contente quando apa­nhou pneumonia, doença que o matou. De acordo com os médicos consultados, o tipo de pneumonia que ele teve só matava quando o doente desejava morrer.


—   Sinto muito por tudo o que aconteceu, Paris — disse Mac, penalizado. — Por isso você saiu de sua cidade natal?


—   Foi. Não sobrou nada para mim lá. Nada de fa­mília, poucos amigos. E eu não queria contato com eles. A razão de eu ter escolhido uma colega de escola, Carolyn, como referência, foi o fato de ela não ter feito parte dos que rodeavam Keith; nunca lhe pedira di­nheiro. Veja, muitas pessoas em Hadley ficaram com raiva de mim uma vez que comecei a tentar convencer meu marido a não esbanjar seu dinheiro. Nosso di­nheiro, aliás. É claro que essa gente não daria boas referências minhas.


Por que motivo Paris se sente tão culpada?, Mac se questionou, furioso. Ela foi a pessoa ferida.


— Levei algum tempo para enxergar as coisas cla­ramente — Paris disse, sorrindo com suavidade. — E irônico você ter essa enorme casa vazia, localizada na costa, enquanto eu tenho um depósito cheio de móveis em Hadley. Há coisas de minha família das quais não consegui me separar. Coisas minhas também, e de ex­celente qualidade. Devia ter vendido tudo, mas não vendi. Apatia, creio. Mas, de qualquer maneira, é o que me liga ao passado.


—   Com certeza terá suas coisas de volta um dia.


—   Suponho que sim.


Mac começou a estender-lhe a mão em forma de conforto. Mas arrependeu-se. Paris tinha a cabeça abaixada, numa atitude de perplexidade. Ele era a última pessoa no mundo a lhe oferecer conforto, pois não tinha nada para dar. Mac sabia disso, porém sentiu como se algo mudasse em seu interior. Não queria se sentir assim. Como podia ficar furioso com o mundo, continuar com a meta de pagar suas dívidas, recons­truir seu negócio e reputação, se começava a ter pie­dade dos outros?


Contudo, desejava Paris. Tivera ciúme dela quando saíra com Grey, queria fazer amor com ela, abraçá-la, confortá-la. Mas, como poderia? Essa sua habilidade não morrera quando se entregara à ambição, focali­zando sua meta de tal forma que tudo o mais referente à vida, ao romance, estava bloqueado?


Pela primeira vez achou que sua meta era algo ab­surdo. Não, impossível. Ele não poderia ter passado tanto tempo pensando numa única coisa, planejando, para nada.


Não querendo mais pensar em seu caso, perguntou a Paris:


—   Você pretende voltar para lá?


—   Não — ela respondeu com firmeza. — Não há nada para mim lá. Não seria bem recebida e isso me magoaria muito. E você, Mac? Perdoará algum dia as pessoas de Cliffside?


—  Perdoá-las? — Mac nunca pensara nas coisas nes­ses termos. — Por quê?


—  Eram seus amigos, pessoas que conheceu durante toda sua vida, mas que têm idéias errôneas sobre você.


—  E acha, por acaso, que querem meu perdão? Caia na real, Paris. Ninguém na cidade se importa comigo.


—  Não por eles, Mac, mas por você. Para seu bem.


—  Não preciso disso. Preciso, isso sim, é ser deixado em paz.


—  É verdade que o tempo se incumbe de cicatrizar feridas, ou ao menos de fazer crescer uma crosta sobre elas, mas deve haver um meio de apressar o processo. Até você perceber que precisa perdoar essas pessoas e abafar sua ira, essa cicatrização jamais terá lugar.


—  Você parece um ministro da igreja falando — ele disse.


—  Estou apenas dizendo a você o que aprendi nos últimos dois anos. Amargor não fere ninguém, exceto a pessoa amarga.


—  Oh, chega disso. Agora você soa como uma psi­cóloga.


—  Melhor do que autocomiseração.


—  Autocomiseração? — Mac fitou-a como se não pu­desse acreditar no que ouvira. — Posso lhe garantir que é a última coisa que estou sentindo.


—  Mesmo? Como chamaria o que está sentindo, en­tão? Escondeu-se na cidade até seus sobrinhos apare­cerem para ficar, e até recentemente não queria que eles chegassem perto dos moradores daqui.


— Já lhe disse por que.


Paris ignorou-o.


— Não deixa ninguém chegar perto deles, me parece, a menos que prove possuir algum valor, que valha a pena ter esse alguém por perto.


—  Bobagem. Contratei você, não contratei?


—   Bem. E acho que minha próxima pergunta será se provei ou não ser valiosa. Concorda, Mac?


Ele respondeu, com voz grave:


— Penso que provou. Quis dormir com você, não quis?


Atônita, desapontada, Paris deu um passo adiante.


Lentamente, sacudiu a cabeça de um lado para o outro, como se não tivesse podido entender bem o que ele dissera.


Com expressão triste no olhar Mac ergueu a mão a fim de reconduzi-la para perto de si.


Paris afastou-se, deu-lhe as costas, e correu para dentro da casa.


---------------------------------------------------------------------------


Precisamos saber se vocês estão gostando ou não do livro, e a única maneira de isso acontecer é se vocês comentarem. Por favor comentem!


-------------------------------------------------------------------


VISITEM TAMBÉM:


O Magnata Grego


O Playboy Apaixonado


A Lenda de um Amor


Doce Inimigo 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): fanofbooks

Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

CAPÍTULO X   Paris! — Horrorizado com o que dissera, Mac chamou-a, porém ela entrou em casa e tentou bater a porta. Ele correu e chegou a tempo de segurar a porta aberta. De quem era aquela casa, afinal? Paris não tinha direito de bater a porta em sua cara. Mas ele desistiu. Afinal, merecia aquele comporta­mento de Paris. Desgostoso con ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • nataliacphotmail.com Postado em 28/12/2012 - 20:41:52

    Pode deixar k Paris ta começando a mudar o Mac!

  • nataliacphotmail.com Postado em 27/12/2012 - 23:08:49

    Vamos lá, quero saber quem vai atrapalhar o casal, correção, a família.

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 21:10:32

    Elly <3 kk Mas o Mac é esperto se aproveitou que a sobrinha pediu pra ele dar um simples abraço nela e já tascou um beijão em Paris kk

  • nataliacphotmail.com Postado em 26/12/2012 - 02:06:41

    Tadinha! Afff Mac :/

  • nataliacphotmail.com Postado em 25/12/2012 - 22:32:58

    Posta maaais, pff porque será que Mac se incomodou tanto pelo fato de ela ter ido lá? hmm curiooosa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais