Fanfics Brasil - 1 O Magnata Grego - Kim Lawrence

Fanfic: O Magnata Grego - Kim Lawrence | Tema: livro original, hot


Capítulo: 1

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CAPÍTULO UM 


Apenas uma minoria privilegiada conhecia o terraço da soberba construção de vidro que era o edifício Lakis, porém, o acesso à sala do conselho era mais restrito. Por esse motivo, quando as largas portas escancararam-se no meio de uma reunião, foi como um choque para a nata da elite que ali se encontrava.


Nikos Lakis, com faíscas de contrariedade trespassando os olhos amendoados, abriu a boca para proferir uma repreensão devastadora, mas fechou-a novamente assim que a identidade do intruso se revelou.


A ruiva atraente caminhou pela sala, plantando as mãos nos quadris curvilíneos logo que a esbaforida secretária particular de Nik apareceu por trás dela. A jovem mulher voltou os olhos na direção do chefe e encolheu os ombros, antes de bater em retirada a todo vapor.


— Bem! — Houve uma longa pausa dramática, cronometrada à perfeição, antes que Caitlin Lakis pronunciasse a conclusão do mote.


Que foi digno do suspense.


— É verdade, Nik? Você está realmente planejando se casar com aquela mulher? Você perdeu a cabeça...?


Caitlin não esperava realmente que o enteado se defendesse dos seus atos ou da falta deles. Na sua experiência, os homens gregos em geral não eram propensos a explicações, em especialmente, os homens da família Lakis.


O indivíduo a quem as sarcásticas acusações se dirigiam parecia a única pessoa ao redor da mesa que não ficou embaraçada pelo ataque. Durante o silêncio que sucedeu ao sermão inflamado da madrasta, Nikos permaneceu sentado, girando calmamente a caneta que segurava entre os dedos compridos.


— Caso ninguém tenha qualquer objeção...?


As figuras de terno às quais dirigiu-se não demonstraram nenhuma inclinação para contestar, quase todos prefeririam saltar da janela do vigésimo andar, que desvelava a cidade lá embaixo, do que discordar dele. Há dois anos, todos foram relutantemente preparados para aceitar a presença de Nikos unicamente em função de quem era o seu pai, porém a maioria não imaginou que ele pudesse permanecer por muito tempo.


Agora o respeito que devotavam a Nikos se baseava no fato de que sabiam que ele dava conta do recado. O playboy demonstrou ter um cérebro que se assemelhava a uma arapuca de aço, e nervos do mesmo material. Nikos deu-lhes tudo e não esperava menos daqueles à sua volta.


   — Então, imagino que seja tudo por hoje. Obrigado, cavalheiros.


Os membros do conselho levantaram-se com pretesza.


— Como vai papai?


— Seu pai está bem. Não mude de assunto — respondeu Caitlin. — Estou esperando.


Apesar de mostrar-se irritada, Caitlin conseguiu dominar-se até que a porta se fechasse atrás do último membro do conselho. Até respondeu gentilmente aos vários interrogatórios dissimulados sobre a saúde dela.


Uma fagulha de divertimento resvalou nos olhos acinzentados de Nikos, conforme observava os esforços de Caitlin para conter a frustração. A mulher que se casara com seu pai há cerca de dezoito anos possuía muitas virtudes, mas a paciência não era uma delas. Embora admitisse que Caitlin fora paciente o bastante no que se referiu a ganhar a confiança dos enteados arredios.


Nikos podia se lembrar do momento exato em que ela o conquistara. Ainda não podia decidir se, quando Caitlin se viu diante da mesa abarrotada com a prataria antiga e a porcelana de valor inestimável, a demonstração de pânico fora genuína ou simplesmente para dar-lhe alguma vantagem.


— Realmente não importa que garfo você usa — explicou Nikos. — Apenas aja como se soubesse o que faz e as pessoas vão pensar que são elas que estão erradas.


Por dezesseis longos segundos Caitlin olhou fixamente para o garoto de 12 anos, antes de balançar a cabeça e exclamar:


— Parece até que é o seu pai falando.


Nikos sentiu um brilho morno com aquelas palavras.


— Você deve estar pensando em Dimitri. — Dimitri, o irmão mais velho, o favorito que estava sendo preparado para suceder o pai.


— Dimitri parece com Spyros — admitiu Caitlin. — Mas você... — ela apontou para a cabeça do menino -...pensa como ele.


Hoje dona do próprio e bem-sucedido negócio no mundo da moda, extremamente atraente aos 45 anos, Caitlin não parecia muito diferente daquela época.


— Pronto, eles se foram — disse Caitlin enérgica, no momento em que as portas largas se fecharam. — Embora eu ache que é um pouco tarde para discrição. Desde que cheguei em Atenas, é tudo o que tenho ouvido... “Quando vai ser o casamento!” — Ela bufou. — Você não pode me dizer que ama Lívia Nikolaidis.


— O que é o amor?


Caitlin revirou os olhos e estalou a língua mediante essa fatia escandalosa de provocação.


— Então você teve algumas experiências ruins... quem não teve? — irrompeu ela, indiferente. — Por isso, faça a gentileza de me poupar desse cinismo tedioso e pare de fugir do assunto, Nik.


Nik aceitou a reprimenda com um forçado sorriso arrependido.


Caitlin podia ser sua madrasta, mas era uma mulher e sua expressão severa, por um instante, atenuou-se perceptivelmente.


Mesmo quando observou com acidez:


— Você deveria sorrir mais. — Intimamente Caitlin compreendia que talvez Nik não tivesse muito tempo, ou razão, para sorrir desde que as responsabilidades de todo o império Lakis desabaram-lhe sobre os ombros. Não importa o quanto os ombros fossem largos. No caso de Nikos, o suficiente para dois homens de estatura mediana.


— Eu não amo Lívia — admitiu.


Amar Lívia teria sido um obstáculo a uma união bem-sucedida porque, caso a amasse, Nik não seria capaz de enxergar que apesar de bonita, Lívia também era terminantemente fútil. Desse jeito, Nik não alimentava nenhuma expectativa irracional em relação à moça, que viesse a desapontá-lo mais tarde. E Lívia, por ser o produto de um meio muito similar ao seu próprio, não faria nenhuma exigência irracional em relação a ele e aos seus horários.


Caitlin deu um profundo suspiro de alívio.


— Então não é verdade, você não tem saído com ela...


— Eu disse isso? Muitas mulheres fantasiam sobre casar com um homem rico...


— Minha nossa, você tem uma opinião elevada a respeito do meu sexo.


Nik deu de ombros, reconhecendo a espetadela da madrasta.


— Só posso falar com base na minha própria experiência.


— Que é ampla e variada... — A despeito da reprovação no tom de voz, Caitlin não achou particularmente surpreendente que o enteado houvesse adquirido uma perspectiva tendenciosa sobre as mulheres. Desde o momento em que atingira a puberdade, garotas e mulheres eram impelidas na direção de Nik como imãs, e fazia pouco de si mesmo se achava que a riqueza era a única coisa pela qual ansiavam.


— A realidade do casamento com o homem responsável pelo funcionamento do dia-a-dia dos negócios da família Lakis é algo com que muitas mulheres não conseguiriam lidar.


— Eu consegui — lembrou Caitlin. A gravidade na expressão amenizou. — Com uma pequena ajuda dos amigos.


— Você é uma mulher excepcional. Lívia não é excepcional, mas nasceu para esta vida. Acredito que eu e Lívia poderemos combinar muito bem.


Caitlin encarou Nik horrorizada, pareceu que não havia nada mais sem graça do que playboy regenerado.


— Percebo que você não gosta de Lívia — ponderou Nik, sorrindo de maneira indulgente, o que a madrasta considerou desafiador.


— Meus sentimentos por ela não têm, de modo algum, nada a ver com isto.


— Bem, talvez um pouquinho — admitiu a madrasta, pensando na morena perfeitamente talhada, com o sorriso calculado e os olhos insensíveis. Na medida em que estudava apreensivamente a bela face do enteado, a animosidade de Caitlin resvalou para longe, cedendo a uma expressão de profunda preocupação. — Nik, querido, ela é completamente errada para você. Você não pode se casar com ela.


— É verdade, não posso. Não enquanto eu ainda for casado.


Graciosamente, a madrasta caiu da cadeira.


 


 


— Uau, que rocha! — Sadie tomou fôlego, agarrando a mão pequenina antes que a amiga pudesse escondê-la debaixo da mesa. Piscava conforme o diamante, que simplesmente parecia pesado demais para o dedo da outra garota, refletia a luz. — É deslumbrante — disse invejosamente. — Embora deva admitir -meditou, erguendo os olhos para o rosto enrubescido de Katie. -Imaginei que você tivesse escolhido alguma coisa menos...


— Ofuscante...? — respondeu Katie. Franziu a testa ao ouvir o fio melancólico na própria voz. Não há como agradar certas pessoas simplesmente ralhou irritada consigo mesma.


— Menos... convencional — replicou Sadie diplomaticamente. — Algo que combinasse com as suas barganhas nos bazares de caridade. E tão injusto, gasto mais em roupas numa semana do que você em um ano, e olhe para mim! — disse desanimada. -Talvez se eu não comesse durante um mês as roupas ficassem assim em mim... — Com um suspiro invejoso, examinou a figura alta e naturalmente esguia da amiga. — Não, isso não daria certo. Eu acabaria com peitos ainda menores do que já tenho!


Sadie espiou o busto bem definido da moça mais nova com um ressentimento de bom coração e, então, filosoficamente, abocanhou a última torta de creme no prato.


Os pensamentos de Katie divagaram, enquanto sentava-se ali olhando para o próprio dedo, pensando meio tristonha no anel de rubi com pérolas que vira na vitrine de uma pequena loja de antiguidades. O mesmo que Tom parecia ter apreciado bastante, até dar uma espiada no preço modesto da etiqueta. Então dispensou-o como se fosse uma quinquilharias engraçadinha, porém nada merecedora de consideração.


— Você paga pela qualidade — Tom explicou, pacientemente, quando saíram da loja de mãos vazias. — Que garota peculiar você é — acrescentou, com uma expressão perplexa no rosto bonito. — Diga à maioria das garotas que preço não é problema e elas vão direto para as joalherias mais caras da cidade. Eu não sou um homem mesquinho, meu bem.


— Sei disso. De fato, você é generoso demais, Tom. — Uma ruga pregueou a testa lisa de Katie. Simplesmente, ele não era capaz de aceitar o fato de que ficaria tão feliz com uma lembrança barata quanto com os presentes extravagantes que derramava sobre ela.


— Bem, quando formos casados você terá que se acostumar com isso — declarou Tom. — Você é uma bela mulher, merece coisas belas e eu cuidarei para que as tenha. Goste você ou não — acrescentou sorrindo.


— Mas tudo o que eu quero é você, Tom — contou-lhe, honestamente.


Tom mostrou-se sobressaltado e depois satisfeito.


— Sério?!


— Claro que é sério. — Katie soara como alguém que tentava convencer a si mesma. — Acho que só não sou uma pessoa muito... efusiva — admitiu ressentida.


— Já disse que não me importo em esperar — retorquiu Tom, tranqüilamente. — Eu admiro os seus princípios, querida.


Princípios ou apenas uma libido preguiçosa...?


Katie ignorou a voz humilhante na sua cabeça e lembrou-se do quanto era incrivelmente afortunada por ter descoberto um homem tão compreensivo, que a amava tão irrefletidamente.


Mas não tão irrefletidamente a ponto de não poder tirar as mãos de você... resmungou consigo mesma.


Com uma ternura extra, imprimiu um beijo suave nos lábios de Tom.


Afinal, por que alguém iria querer ficar com um homem incapaz, de controlar os instintos primitivos...? Aquela voz irônica na sua cabeça tinha que dar a última palavra.


— Tom realmente gostou deste — contou para a amiga.


— Isso explica tudo. — Sadie mordiscou o lábio e pareceu compungida. — Sinto muito, meu bem, mas você tem que admitir que ele opera numa política estrita do tipo "se você possui, tem que exibir".


Katie suspirou.


— Eu sei, mas Tom não faz por mal, Sadie, e realmente é o homem mais generoso que já conheci — disse.


E monótono como água parada!


— Então, agora é oficial.


Durante seis meses Tom Percival perseguiu Katie com uma determinação obstinada.


Sadie equilibrou o queixo sobre os dedos levantados.


— E como Tom reagiu quando lhe contou?


Katie sorveu um gole do chá.


— Bem, na verdade... — começou, evitando os olhos da amiga.


Sadie engasgou.


— Você contou a ele...?


Os ombros de Katie encolheram-se na defensiva, enquanto a resposta chocada de Sadie reforçava a sua culpa.


— Ele estava tão feliz e fiquei esperando pelo momento certo. — Isto soou como uma desculpa esfarrapada, até para os seus próprios ouvidos.


Sadie gemeu tão alto que metade das pessoas na casa de chá se virou para olhar.


— Quando será uma hora melhor... no altar? — exasperou-se perplexa. — Ouça, sou a primeira a concordar que o que aconteceu antes de Tom aparecer não é da conta dele, o passado de uma garota é problema dela, porém, você ainda está casada, meu bem. Isso toma tudo relevante de certo modo.


— Eu sei... eu sei! — Katie fechou os olhos. — Mas não me sinto casada. Eu ia contar a ele... eu vou contar, mas talvez eu devesse aguardar por enquanto, até receber notícias de Harvey.


— Harvey, o advogado que negociou o acordo nupcial?— Katie assentiu.


— Ele me soa um pouco sombrio.


Ouvir o sempre muito adequado Harvey Reynolds ser descrito desse jeito fez Katie sorrir. Sentiu que devia defender o seu bom nome.


— Bem, mas não é, ele é um dos melhores advogados criminais do país, conheço Harvey desde que era uma garotinha. Não consigo acreditar que possa haver algum problema para se conseguir um divórcio rapidinho...?


— Eu provavelmente não sou a melhor pessoa para se perguntar a respeito de divórcios amigáveis — respondeu Sadie sarcasticamente.


— Não é como se fosse um casamento de verdade ou coisa parecida. — Certamente, isso fazia a diferença.


— Você realmente não o viu mais desde a cerimônia?


Katie balançou a cabeça, não estava surpresa com a descrença na voz da amiga. Quem não ficaria chocado ao saber de alguém que casou com um completo estranho? Droga, ela mesma ficou. Às vezes parecia que aquilo aconteceu com outra pessoa.


— Não, nenhuma vez em sete anos. Meu único elo é Harvey. Sempre foi. — A assistência do paciente, embora mal sucedido admirador da mãe de Katie só tornou-se disponível quando convenceu-o de que iria adiante com o plano, com ou sem a ajuda dele.


— Se você espera recrutar alguém com o visto de permanência vencido que quer continuar no país, esqueça. — Respondeu Harvey, no ambiente suntuoso do escritório no centro da cidade.


— Ao menos, se for o caso, que deseje se expor a um processo criminal. — Ele empurrou a armação metálica dos óculos em meia-lua para cima do nariz e olhou para Katie gravemente.


— Eu não tinha pensado nisso — admitiu ela, com os olhos arregalados de desânimo.


— Me parece que você não pensou muito, afinal.


— Se tentar me impedir...


— Se eu achasse que tinha qualquer chance de conseguir, o faria — admitiu, com franqueza, o gênio do direito. — Em memória da sua mãe, quero ter certeza de que você vai analisar essa coisa toda apropriadamente, se é que isso é possível?


— Ela gostava muito de você também.


Pobre Harvey, sempre houve um único homem para a sua mãe, que desistiu de tudo para estar com ele. Katie imaginava se um dia encontraria um amor como aquele, que não pensasse nas conseqüências, um que durasse para sempre. Não estava bem certa se queria isso. A idéia de tomar-se vítima de uma paixão tão cega era, realmente assustadora.


— Você compreende que seria muito incomum se o homem que aceitar se casar com você, por uma cota única, se der por satisfeito com isso?


— Como assim?


— Quero dizer que há uma forte possibilidade de que um homem desse tipo tenha escrúpulos questionáveis. Ele iria querer mais — explicou Harvey asperamente. — E ainda existe a questão de você ficar vulnerável à chantagem.


— Mas não vai haver dinheiro algum, estou me livrando do resto. — Katie não podia deixar de pensar que lidar com criminosos insensíveis tornou Harvey desconfiado demais.


— Há uma outra coisa. É realmente sensato desistir de toda a sua herança também?


— Isso não é negociável — interrompeu Katie abruptamente.


— Nesse caso... — o advogado suspirou — ...como se sente a respeito de levantar a quantia que pagaria ao noivo?


— Mais ou menos quanto?


Harvey lhe contou e Katie engasgou.


— Você só pode estar brincando...?


— Pode parecer, muito, bem, de fato é muito mesmo — reconheceu. — Mas, a longo prazo, acredito que esta seja a sua aposta mais segura. Por acaso, conheço essa pessoa que precisa de uma injeção de capital e, por razões que não posso revelar, ele prefere não abordar as fontes usuais...


— Quinhentas mil libras é uma injeção e tanto — começou Katie, desconfiada.


— É verdade, mas o capital que sobraria seria mais do que suficiente para manter uma renda muito generosa para a família Grahan, e não haveria o problema deste homem vir a exigir qualquer outra coisa de você, ou de criar qualquer sorte de confusão. Eu garantiria isso pessoalmente.


— Por que esse homem precisa de tanto dinheiro? — perguntou ela, rudemente.


— Na verdade não tenho liberdade para discutir isso, a escolha é sua. Tudo o que posso dizer é que pessoalmente garantirei a idoneidade desta pessoa.


Mesmo sendo o tal homem sombrio, quais eram as suas alternativas? Katie poderia anunciar numa coluna de classificados pessoais, mas Harvey estava certo, que espécie de maluco não responderia a um anúncio de procura-se um marido?


-Está bem, então.


— Excelente. Tudo o que tenho que fazer agora é persuadir N.,.ele...


— Persuadi-lo...?


— Não se preocupe, querida, estou certo de que vai aceitar -tranqüilizou Harvey.


Ele acabou aceitando e até agora Katie não tinha nenhuma razão para arrepender-se da decisão.


— Então esse homem com quem se casou pode estar em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa... pode até estar morto. Ah, isso seria conveniente.


As palavras de troça da amiga sacudiram Katie de volta ao presente.


— Sadie!


Sadie sorriu timidamente.


— Bem, seria mesmo. Só estou sendo prática.


— Eu quero me divorciar do sujeito, e não cancelar um contrato com ele!


— Então tudo o que sabe sobre esse homem é um nome? Katie jamais entrou em pormenores, além de dizer que o casamento foi o único modo de herdar o patrimônio do avô grego.


O que implicava a pergunta: por que Katie andava tão sem dinheiro ultimamente?


Katie anuiu.


— Níkos Lakis. — Flagrou-se estranhamente relutante a proferir o nome.


— Ele é grego?


— Presumo que sim.


— Nikos Lakis... Hum. Ele é tão sexy quanto o nome? -Sadie deu uma risadinha debochada. — Ou é baixinho, gordo e careca?


— Não consigo me lembrar — respondeu Katie brevemente. Não tinha muita noção por que mentira. A maioria das lembranças daquele dia eram obscuras, mas não o rosto do homem de pé ao seu lado, com quem trocara os votos solenes.


Não sabia bem ao certo o que esperava, mas não era Nikos Lakis.


Harvey, observando ansiosamente a face de Katie quando o grego alto chegou, deve ter notado o espasmo do choque que assomou-lhe as feições.


— Suponho que há uma pequena semelhança com o seu irmão — murmurou, percebendo a aflição da moça. — Eu devia ter contado...


Katie sacudiu a cabeça.


— Não se parece realmente com ele.


Não disse isso apenas para fazer Harvey sentir-se melhor. O rosto de Peter fora extremamente atraente, mas, perto desse homem, teria ficado invisível. Seu irmão gêmeo não possuía a pura presença física que esse homem tinha em abundância.


Quando o estranho com quem estava pretes a casar inclinou a cabeça morena em saudação a Harvey, voltando a atenção para Katie por um instante, ela viu que não havia nada da petulância, nem um pouco da ternura de Peter naquela face austeramente bela. De fato, conforme ele se aproximou, Katie percebeu que não se parecia mesmo com Peter.


Esse homem era puro gelo.


Sete anos mais tarde, Katie sentia-se incapaz de controlar o leve tremor que escorregava-lhe pela espinha ou a excitação nervosa no estômago, quando visualizava os olhos acinzentados orlados por cílios escuros, engastados no rosto bronzeado que, de outro modo, pareceria completamente intransigente.


Mesmo se Nik não fosse aquele monumento de um metro e noventa de músculos sólidos, que se movia com a graça natural de um atleta olímpico, quem poderia esquecer aqueles olhos? Katie não. Eles até apareciam em alguns sonhos eróticos perturbadores que interrompiam o sono dela há anos.


— Ele está vivo!


Sadie ergueu a sobrancelha devido ao tom enfático da amiga.


— Na verdade, nunca vi ninguém tão vivo. — A vitalidade dele parecia uma corrente de eletricidade. Seu toque ligeiro fez a pele de Katie formigar, e ficou aliviada que Nik não tivesse prolongado o contato mais do que o absolutamente necessário.


— Pensei que não conseguia se lembrar de como ele era. -Sadie notou a expressão distante, quase sonhadora cruzar o rosto da amiga.


— Eu não consigo, foi só uma impressão — Katie respondeu apressadamente, teimosa demais para admitir o impacto que o noivo de aluguel lhe causara.


— Que coincidência vocês dois serem gregos!


— Eu sou metade grega.


Era a metade que surgia nos contornos do rosto oval e na testa nobre, no nariz clássico, nos lábios delicadamente esculpidos e no pescoço de cisne. Era também a metade a qual estava sempre pronta a renegar. A metade que expulsou, sem piedade, a filha que ofendeu a preciosa honra da família.


Nem mesmo depois que o marido morreu e viu-se sozinha para criar duas crianças com o pequeno salário que ganhava, trabalhando meio expediente como secretária num escritório de advocacia, a mãe de Katie tentou contatar a família que a rejeitou no dia do seu casamento.


Katie e o irmão gêmeo foram criados com muito pouco conhecimento sobre a cultura da mãe, o que caiu muito bem para Katie. Ela não tinha tempo para gente que pune uma mulher por se apaixonar fora da sua classe e cultura. Não, até onde estava interessada, Katie era absolutamente britânica.


 


 


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Autor(a): fanofbooks

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • nina0022 Postado em 28/12/2012 - 14:50:07

    adorei o fato de alguém finalmente dar credito aos verdadeiros autores dos livros. Total apoio!!!


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