Fanfic: O Magnata Grego - Kim Lawrence | Tema: livro original, hot
CAPITULO TRÊS
— O QUE você está olhando? — irrompeu Katie irritada. Havia compreensão demais nos olhos perturbadores de Nik para o seu gosto.
— A dinâmica de um relacionamento amoroso.
A resposta não a acalmou. Katie não queria esses olhos frios dissecando sua relação com Tom.
Talvez você esteja com medo que ele lhe faça ver algo que não quer?
Katie voltou a atenção para a comida no prato, foi difícil simular interesse na refeição caprichosamente preparada.
— Ele vai ligar para você... então, não estão morando juntos ainda... — Do alto da borda do copo, contemplativamente, Nik notou a cabeça baixa de Katie.
— Não, não estamos.
— Bela e sagaz? — falou Nik devagar. — Sem dúvida, as suas táticas têm tudo a ver com um solteirão convicto como Tom fazer o pedido. Morar juntos, inevitavelmente, toma um homem menos ansioso para se entregar ao casamento.
Com uma barbárie injustificada, Katie fisgou com o garfo uma inocente batata coberta de manteiga.
— Encontrar a amada como a primeira coisa do dia raramente combina com a fantasia romântica de um homem — observou Nik, num divertido tom de superioridade.
— Como se você entendesse muita coisa sobre fantasias românticas!
— Oh, eu não estava me referindo a mim mesmo. Você está certa, não sou nenhum romântico. Eu não quero ou espero, particularmente, perfeição de uma mulher, e eu tinha 17 anos da última vez em que coloquei uma sobre um pedestal. Tom, ao contrário... — As sobrancelhas ergueram-se.
Katie despertou da prolongada contemplação da comida,
— Tom não me coloca em um pedestal! — redargüiu desconfortavelmente. — Isso é uma coisa infame de se dizer! — O nariz franziu de aversão pela idéia.
— Infame...? -Os ombros largos de Nik empertigaram-se. -Que escolha interessante de adjetivo. — O lábio superior curvou-se num sorrisinho cínico. — Eu pensava que ser adorada fosse o sonho da maioria das mulheres.
— Ser amada é o sonho da maioria das mulheres. — Por Deus, estou falando como uma adolescente. Por que deveria ficar embaraçada por algo em que acreditava? Não permitiria que algum cínico experiente a fizesse sentir-se envergonhada.
Seus olhos tocaram-se, os dela desafiadores, os dele... Katie engoliu em seco. Bem, talvez Nik tenha entendido mais do que imaginou. Inquieta, observou a mudança súbita na expressão dele, conforme Nik registrava aquele contra-argumento carregado.
Sem dizer nada, Nik fez a moça sentir que acabara de fazer um comentário notavelmente revelador.
— Tom me ama — disse. — E ele não se importa como eu possa parecer pela manhã. Imagino que você pareça maravilhoso depois de uma noitada — rosnou Katie.
No instante em que as palavras escaparam-lhe da língua, Katie percebeu que fora uma péssima idéia. Foi como abrir as comportas da imaginação. Imagens indesejáveis espocaram na mente indisciplinada, cabelos desalinhados, sensuais olhos lânguidos e carne bronzeada sem qualquer tipo de roupa. Nikos Lakis definitivamente dormia nu. Katie tragou o ar pelas narinas chamejantes e então exalou com força pelos lábios entreabertos.
Pensativamente, Nik observava o colorido suave assomar os contornos delicados das faces.
— Na verdade, até agora não recebi nenhuma reclamação -revelou serenamente.
O colorido na face de Katie aprofundou-se.
— É incrível o que algumas mulheres conseguem tolerar, se pensam que com isso têm a chance de agarrar um homem rico -grunhiu, indelicadamente.
— Eu me curvo diante da sua experiência superior em tais assuntos.
Isso foi o mais perto que Nik chegou de ouvir uma acusação direta de caça-dotes.
— Eu não beijaria um homem, antes que ele escovasse os dentes de manhã, por nenhuma quantia em dinheiro! — declarou Katie, alto o suficiente para atrair a atenção cativa dos comensais próximos que ouviram aquelas palavras enérgicas.
Pela primeira vez, Katie teve a impressão de que sua resposta deixara Nik perplexo. O olhar dele deslizou pelas ondulações do busto arquejante, antes de retornar para o rosto zangado de Katie.
— Se realmente pensa dessa maneira, acho que você tem passado a noite com o homem errado.
Com os cotovelos plantados na mesa, Nik inclinou-se para perto, e pareceu à mente febril de Katie que a proximidade separou-os do resto da sala. Os sentidos foram instigados pela indistinta fragrância masculina que ele usava, e mesmo indistinta, era a mais naturalmente familiar essência tênue de almíscar que desprendia-se da pele morna de Nik.
— Há uma espécie de prazer especial em beijar alguém e provar a essência do próprio corpo nos lábios do outro... — A cada sílaba sucessiva, a voz ficava mais grave até tomar-se só um ronronado rouco. A fala mansa hipnótica fez pequenos calafrios correrem pelo corpo dela. — A intimidade desperta lembranças de prazeres da noite anterior — arranhou ele.
Katie desviou os olhos dos de seu algoz. Fingir que isso não aconteceu seria bem menos humilhante... que, com uma pitada de insinuação sexual grosseira, Nikos Lakis não a deixara num emaranhado inconsciente de desejos lascivos, mas ele o fez.
Cautela é cautela, admoestou a si mesma, sem nenhuma convicção em particular — havia algumas coisas nas quais até Katie, a eterna otimista, achava difícil encontrar um viés positivo.
— Me dê fluoreto, qualquer dia desses — disse tenazmente Katie.
Por um momento, Nik pareceu estupefato com a resposta de Katie. Então, um sorriso abriu-se lentamente no rosto enxuto. Katie flagrou os próprios olhos atraídos pela carne morena da garganta quando Nik riu, com a cabeça pendendo para trás. Presumivelmente, a pele seria tão firme e dourada nas outras partes?
— E você, Katerina...
— Eu...? — chiou ela, erguendo uma das mãos para encobrir a coloração mortificada das faces. Ser pega babando era ruim o bastante, mas ser pega babando em Nikos Lakis certamente faria dela uma estúpida!
— Estou errado em pensar que sente alguma simpatia por aquelas pequenas flores que Tom vai cobrir de concreto? -Recostou-se no assento e repôs sobre a mesa o copo quase completamente cheio de vinho.
— O quê? — perguntou Katie. Expressar suas dúvidas sobre o assunto para qualquer um seria desleal, ainda mais para esse homem. — Estou plenamente do lado de Tom.
— Mesmo quando acha que ele está errado. Que leal.
— Tom jamais faria nada ilícito.
— Legalmente, tenho certeza de que não faria nada errado.
Todas as idéias de enfrentar Nik e lembrá-lo de honrar a sua parte no acordo há muito desapareceram da cabeça dela. Katie só sabia que explodiria ou faria qualquer coisa socialmente inaceitável, caso permanecesse por mais tempo na companhia daquele homem detestável!
— Como você ousa? Não vou sentar aqui e debater a moral do meu noivo com alguém como você — disparou Katie vacilante, enquanto se punha de pé.
— Você não é nenhum bibelô, então? — A observação preguiçosamente debochada se dirigiu às costas esbeltas de Katie. Nos parcos momentos seguintes, Nik admirou a linha elegante da coluna aprumada e o balanço gentil do traseiro empinado de Katie, conforme ela desaparecia de vista.
Não foi fácil, uma vez que cada célula do seu corpo estava agonizantemente a par de Nik, mas Katie recusou-se obstinadamente a reconhecer a figura alta ao seu lado, enquanto estavam no saguão, ninguém mais se sentiria tão particularmente inibido. Katie nunca se sentira tão séria quanto ao lado de alguém a quem todos pareciam inclinados a olhar arregalados, demais para a boa e velha fleuma britânica! De sua parte, Nik parecia genuinamente alheio à curiosidade intensa que suscitava.
Foi só quando o grego cancelou o pedido de táxi que a garota notou o vulto uniformizado que chegara, todo ele era desculpas efusivas pela ausência no balcão da recepção, e Katie não pôde mais fingir que Nik não estava lá.
— Vá embora — fuzilou ela. — Ou vou chamar a Segurança. -A fúria foi alimentada pelo fato de que o recepcionista obedeceu Nik automaticamente, a despeito dos seus protestos veementes.
— Vou levar você para casa. É isso o que Tom esperaria de mim.
Isso soou a Katie como os píncaros da hipocrisia.
— Do mesmo jeito que ele esperaria que você me insultasse sempre que tivesse a chance. — Se Nik pensava que entraria no carro com ele, estava fora de si — ou eu estaria, se o fizesse, Katie pensou, relembrando irrequietamente as coisas estranhas que lhe aconteceram quando estava fisicamente muito próxima dele...
— Foi isso que eu fiz?
Katie ergueu os olhos confusos até os de Nik.
— Não sei o que você fez — revelou trêmula, acrescentando numa voz insolente — eu devia saber que você é o tipo de homem que dirige depois de beber.
— Se você fosse metade tão observadora quanto gosta de pensar que é, teria notado que, ao contrário de você, eu mal tomei um gole de vinho — avisou Nik, austeramente.
— Você está me chamando de bêbada? — respondeu Katie, acirradamente.
Nik resmungou alguma coisa incompreensível a plenos pulmões, porém, definitivamente não foi em inglês, nem educado.
— Isso ao menos seria alguma desculpa. Mas creio que o seu comportamento irracional é resultante de uma disposição intratável, e não de embriaguez.
— Eu odeio decepcioná-lo, mas discordar de você não é de fato a prova de teimosia universalmente aceita. Só porque as mulheres cedem aos seus caprichos não significa que concordem de fato com você, ou mesmo que achem que pérolas de sabedoria caem da sua língua. — Katie deu uma gargalhada maliciosa.— Isso só significa que você tem mais dinheiro do que elas. Por dentro, devem achar você tão chato quanto eu.
A perplexidade — talvez as pessoas não falassem assim com ele? — metamorfoseou-se em ira flamejante nos olhos dramáticos de Nik, e Katie meditou, com um estranho senso de objetividade, acaso não teria ido longe demais.
— Eu só posso presumir — replicou Nik, com a voz gelada -que Tom tem sido mantido em ignorância quanto a esse aspecto encantador da sua personalidade — ele nunca me deu a impressão de ser um homem estúpido, no entanto, suponho que um rosto bonito pode fazer um tolo do homem mais sábio — concluiu, cinicamente.
Não foi o ataque por si que fez os olhos de Katie arregalarem-se de pasmo, mas a interferência sobre Nik achar que tinha um rosto bonito... A preocupação com esta descoberta soou-lhe doentia.
— Agora seja uma boa garota e deixe que a leve para casa.
Aquela fala mansa autoritária atiçou as brasas do mau humor da garota até tornarem-se labaredas flamejantes.
— Vá plantar batatas — berrou Katie, infantilmente para Nik. Como era alta Katie não estava acostumada a ser forçada a baixar a cabeça para encarar um homem. Silenciosamente, fervilhava de insatisfação. Não era justo, refletiu ressentida, que Nik possuísse uma vantagem imediata em qualquer discussão, simplesmente porque a carga genética o fez tão alto...
— Caso ainda esteja preocupada que eu tenha bebido, não fique — continuou sobriamente. — Tenho muita consciência de que os carros podem se tomar armas letais — meu irmão mais velho foi morto por um motorista bêbado.
Aqueles modos frígidos não eram do tipo que convidam à compaixão; a despeito disso, a propensão de Katie desmoronou abruptamente da hostilidade extrema à piedade dolorida. Sem suportar o tom contido de Nik, Katie convenceu-se de que deveria estar magoado por trás da fachada de pedra.
Sabia, é claro, que o fator Peter tinha algo a ver com sua reação. Até esse ponto, os dois não tinham nada em comum, mas agora Katie sabia que ambos perderam os irmãos em acidentes de carro. Embora as circunstâncias fossem muito diferentes, sentiu, um tanto ilogicamente, que algum elo tênue nascera entre eles. Não o suficiente para torná-los amigos inseparáveis, mas que talvez o fizesse parecer mais humano, mais frágil. Frágil...? Elevou o olhar para o perfil rude de Nik e balançou a cabeça. Talvez já estivesse exagerando.
Era irônico, considerando que passara a noite toda tentando descobrir um ponto fraco nas defesas dele, agora de fato Katie encontrara um, tudo p que quisesse fazer era consolá-lo com um beijo. Beijo... não pense nisso, Katie. Mas é claro que pensou.
A imaginação ativa progredira rapidamente para além da cena do beijo. No momento as coisas já tinham avançado bem mais! Katie deteve-se. Tinha certeza de que Nikos Lakis era a pessoa menos provável no universo a precisar de um beijo de consolo.
— Sinto muito pelo seu irmão. — Suponho que realmente não tenho um instinto assassino.
As sobrancelhas bem definidas de Nik uniram-se, conforme assistia os extraordinários olhos azul-safira encherem-se, até fulgir luminosamente com as lágrimas represadas. Soou bizarro para Nik que alguém tão egoísta tivesse lágrimas para chorar por alguém que jamais conhecera.
Essa demonstração inusitada de solidariedade era totalmente incompatível com a personalidade da mulher que guardava registrada no seu arquivo mental como "Katerina Forsyihe". Nik amuou, não queria que ela fosse mais complexa do que a personagem bidimensional que imaginara.
— E estou certa de que você é um excelente motorista -acrescentou ela, generosamente. — Mas não tive a intenção...
A voz grave e estranhamente absorta de Nik interrompeu com suavidade aquela retratação reflexiva.
— Quando a vi pela primeira vez, pensei que estivesse usando lentes de contato coloridas, a cor dos seus olhos era tão... extrema. Mas a cor é real, não é? — A expressão dele assumiu um tom quase acusatório, enquanto contemplava o azul límpido dos olhos esparsos e orlados de negro.
O total imprevisto desse comentário fê-la piscar, ou talvez a intensidade do comentário tivesse algo a ver com a necessidade de romper o contato? Ficou surpresa ao saber que Nik notou até a cor dos seus olhos, quanto mais fazer qualquer especulação sobre o tom.
— Claro que é real. — Por alguma razão inexplicável, o coração começou a agir como se quisesse atravessar o saguão aos saltos.
Nik pigarreou e deslizou uma das mãos com dedos longos pelo cabelo lustroso.
— É uma cor bem incomum, quase violeta. Você herdou essa coloração da sua mãe?
A sensação de aperto no peito fez com que a voz de Katie soasse estranhamente ofegante quando respondeu
— Não, minha mãe era muito morena. Foi Peter quem herdou a coloração dela. — A expressão amenizou ao passo em que pensava nos cabelos negros e na pele dourada de Eleri. — Papai era um escocês ruivo de olhos azuis.
— Era? Ele está morto?
— Ambos estão.
— Então, só há você e... Peter? Ou você tem outros irmãos?
Katie balançou a cabeça.
— Não, éramos só nós dois... e Peter, ele morreu.
— Há muito tempo atrás?
— Sete anos.
Nik anuiu, mas não comentou mais nada sobre o que ela havia lhe contado.
Katie não estava bem certa por que contara a ele. Peter não era um assunto que discutisse com qualquer um, embora muitas vezes o peso do segredo a fizesse desejar compartilhar o fardo com alguém.
— Eu sei que a minha presença a perturba, Katerina... E agora essa!
— Você está surpreso? E eu, que não esperava que o amigo bilionário de Tom viesse a ser o sujeito falido com quem me casei há sete anos atrás?
Se Nik ouviu a insinuação ressentida na pergunta silenciosa, preferiu ignorá-la. Katie começava a ter idéia de que ele fazia isso o tempo todo.
— Se você puser a animosidade de lado...
Katie foi incapaz de refrear a gargalhada incrédula. Como se ele fosse o mestre da razão imparcial!
— Eu não acho que sou a única pessoa por aqui com um problema de animosidade, companheiro.
— Se você parasse de cuspir e rosnar por um minuto reconheceria que temos coisas sobre as quais conversar. — As sobrancelhas ergueram-se num ângulo zombeteiro. — Não concorda?
Katie mal podia negar. Alguém não pode de fato encontrar-se com o homem de quem quer divorciar-se e não conversar.
— Agora parece uma excelente oportunidade — continuou ele, os olhos observando a luta íntima muito claramente revelada no rosto expressivo de Katie.
Katie engoliu em seco e, sem olhar diretamente para Nik, consentiu.
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Autor(a): fanofbooks
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CAPÍTULO QUATRO Para alguém que queria conversar, Nik demonstrou uma parca inclinação para isso logo que entraram no carro, previsivelmente um carro esporte vulgar. No seu atual estado de espírito, Katie teria criticado o modo como Nik guiava, caso a oportunidade surgisse, mas não surgiu. Ele provou ser competente, mas ...
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