Fanfics Brasil - 6 O Magnata Grego - Kim Lawrence

Fanfic: O Magnata Grego - Kim Lawrence | Tema: livro original, hot


Capítulo: 6

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CAPÍTULO SEIS


 


O herói estava claramente desconfortável com o momento de fama.


— Eu estou bem. — A tosse que sucedeu ao pronunciamento impaciente não deu consistência à afirmação de Nik. Ignorando a recomendação para respirar profundamente, Nik arrancou a máscara de oxigênio que tentavam deslizar sobre a sua cabeça.


— Não preciso disso!


— Você inalou um bocado de fumaça — explicou o paramédico.


Nik deu um sorriso magro e resistiu ao impulso de deixar claro para o indivíduo bem intencionado que, como a pessoa que inalou a fumaça, não precisava de qualquer lembrete. Após uns parcos momentos de argumentação infrutífera, alcançaram um acordo, por etapas.


— Embora seja uma precaução desnecessária, irei com você se me der alguns instantes para conversar com minha esposa. -Nik acenou na direção do vulto solitário no gramado, e imediatamente arrependeu-se disso porque, sem nenhum esforço mental, Katie aparentava necessitar de consolo. De fato, parecia extraordinariamente composta. — Acho que entrou em estado de choque — improvisou Nik.


Com sorte, isso explicaria adequadamente o fato da esposa ter sido capaz de conter a alegria pela sua escapada milagrosa. Os lábios curvaram-se num sorriso cínico, então deu de ombros: pelo menos, Katie não era hipócrita.


— Bem, só alguns minutos...


Todo mundo, refletiu Nik, cai como trouxa por um casal apaixonado.


Será que os profissionais acharam estranho que a esposa não tomasse parte no comitê de recepção? Que não corresse para atirar os braços em volta do pescoço dele, com lágrimas de alegria escorrendo pelo rosto? Nik não ponderou sobre a questão por muito tempo. Raramente preocupava-se sobre como seus atos eram vistos por terceiros. Contudo, a imagem forte ainda permanecia na sua mente, não porque pensasse no impacto sobre os outros. Não, foi o impacto sobre si mesmo que ocupou-lhe os pensamentos.


Braços macios cingidos em torno do seu pescoço, um corpo dócil pressionado contra o dele, uma cabeça sedosa perto do seu coração. Na medida em que diminuísse a distância entre eles, quem reparasse concluiria erroneamente que as faixas escuras de cor, realçando a curva talhada dos pômulos altos, fossem produto do inferno ao qual acabara de escapar, e estaria enganado.


O panorama na mente de Nik não era desagradável, por isso a resposta primitiva do seu corpo não era para se pensar a respeito, raciocinou. Foi uma explicação com a qual ficou satisfeito, mas a relutância para abandonar aquela imagem foi racionalizada menos facilmente.


Katie levantou as costas do tronco da árvore e retirou uma pesada meada de cabelo do rosto.


— Você me encontrou, afinal...


Nik anuiu. A pergunta fez com que percebesse que apesar de não ter feito qualquer esforço para atrair a atenção dele, algum radar interior localizou-a assim que emergiu do prédio.


Se você ignorasse a película de fuligem que cobria a pele e as roupas, Nik pareceria um tanto admiravelmente incólume do flerte recente com a morte. De fato, irradiava uma quantidade quase indecente de vitalidade irascível. Ocorreu a Katie que isso foi, provavelmente, o modo mais natural em que o viu. Experiências no limiar da morte obviamente faziam por Nik o que uma caixa de bombons, um romance piegas e um copo de vinho faziam por ela.


Um dos cantos da boca de Nik ergueu-se quando os olhos tocaram-se. Katie sentiu um rompante de indignação. Claramente, nem lhe ocorreu que ela havia passado o diabo durante os últimos minutos por causa daquela ridícula proeza machista.


Não sabia se queria espancá-lo ou beijá-lo. Não beijar literalmente, claro, porque isso envolveria... o estômago deu uma guinada aguda e o fluxo dos pensamentos derrapou numa pausa abrupta. Os grandes olhos foram dragados por uma força invisível, porém irresistível, até a curva sensual dos lábios de Nik.


Engoliu em seco agitada, incapaz de evitar a imagem que se formava na sua mente, aquela boca sexy clamando pela sua, partindo-lhe os lábios, a língua invadindo a sua boca, saboreando... tocando.


As pálpebras fremiram, conforme o jato de uma candura fluida, ligeiramente, abriu caminho pelos joelhos trêmulos até que todo o corpo estivesse banhado naquele brilho dourado. Prendeu a respiração e desejou que as chamas que a consumiam amainassem.


Katie não podia negar que queria experimentar aquele beijo de verdade, por alguns momentos, foi consumida pelo desejo. Agora mesmo, os ossos doíam de puro desejo, o qual varreu-a com a força impiedosa de um incêndio florestal.


Estava pesarosamente consciente de que nunca se sentira dessa forma em antecipação a um beijo de Tom. Lutou para entender o que acontecia e, mais importante, por que acontecia. Deviam ser os hormônios. Isto era uma espécie de vingança por tê-los negligenciado.


Ou talvez não fossem apenas os hormônios. Era plausível que estivesse de fato sofrendo de alguma crise pós-traumática? As lembranças simplesmente aparentavam pertencer a algo que não acontecera ainda, ainda! Um erro gramatical, nada mais, e Katie odiava gente que martelava sobre os lapsos freudianos.


Quanto mais considerasse isso, tanto mais tomava-se convencida de que as coisas extraordinárias que sentia eram resultado daquele negócio de limiar da morte. Aquela sorte de coisa como "podíamos ter morrido, agora vamos dormir", aparentemente acontecia o tempo todo em situações de guerra. Os olhos se arregalaram alarmados assim que notou que pulara do beijo para a cama!


Percebeu que Nik esperava que lhe dissesse algo.


— Você não está morto — disse estupidamente. Pode ter sido estúpido, mas foi uma opção bem mais segura do que implorar que a beijasse.


— Desculpe. Eu estou um bocado chamuscado, se isso ajuda.


Katie respirou fundo, ofendida.


— Não banque o engraçadinho!


Nik inclinou a cabeça, em dócil reconhecimento pela censura.


— É verdade, veja os meus cílios.


— Não quero olhar para eles — irrompeu Katie, virando a cabeça para o outro lado. De fato, olhar para qualquer parte dele seria má idéia, embora não restasse outra opção, a menos que desejasse parecer extremamente esquisita. — Isso deve ser uma piada para você — admoestou severamente — mas como acha que me sentiria se tivesse a sua morte na minha consciência? Hum, não creio que você sequer tenha pensado nisso, não é? — As palavras veementes saíram aos trambolhões. — Não, é claro que não, você estava ocupado demais bancando o Super-Homem. Pense em quem ficou na platéia! — Katie bufou aborrecida.


Se Tom algum dia desejasse fazer algo precipitado e arriscado, ela iria junto. Não era plausível que essa resolução viesse a ser testada. Se alguma coisa assim procedesse de Tom, ele mais provavelmente indicaria alguém para cuidar do assunto. O que era a coisa mais sensata a ser feita. Você não pegaria Tom correndo para dentro de um prédio em chamas por causa de um gato. Ele teria, um tanto corretamente, deixado a tarefa para uma pessoa apropriadamente qualificada.


Na verdade, pensando a respeito, ser um herói aleatório é uma responsabilidade e tanto.


Katie perturbou-se ao notar que Nik a fitava concentrado.


— Você ficou assustada por minha causa? — disse ele, com a atitude chocada de alguém que acabara de fazer uma descoberta extraordinária.


Ela empenhou-se em acalmar a respiração alterada.


— Eu fiquei... preocupada, como ficaria com qualquer um naquelas circunstâncias. Embora pareça que os meus temores foram infundados. Você deve levar uma vida fascinante — observou enfaticamente.


Com o olhar ressentido, Katie examinou grande parte do aspecto exterior de Nik e não pôde ver nenhum sinal de ferimento, além de um corte ensangüentado na têmpora. Mesmo se houvesse escapado ileso, Katie teria considerado aquela compostura anormal, depois de um incidente do gênero. O que custaria para abalar esse homem? Exigir ser beijada, provavelmente, serviria. Quase valia a pena colocar a teoria à prova... quase!


— Isso já foi dito a meu respeito — concedeu Nik, com um daqueles sorrisos encantadores de alta-voltagem. — Estou comovido com a sua preocupação, mas ela é desnecessária, eu não corri nenhum perigo grave.


Katie teve uma lembrança repentina do momento terrível quando a vidraça explodiu. Sentiu o gosto metálico do medo forte na boca, mais uma vez, como se experimentasse de novo a paralisia rastejante do pavor.


-Você está bem?


— O que poderia estar errado? — Katie começava a pensar que talvez Nik fosse um desses homens peculiares que se comprazem em esportes extremos, o tipo que fica excitado arriscando a vida e os membros.


— Eu consegui localizar a saída de emergência — continuou explicando — graças a Alexander que miava sentado bem no alto dela. Quer dizer, presumo que esse seja Alexander. — Nik abriu a camisa, revelando um bom pedaço de peito nu, e entregou a Katie um gato sujo que, diante da perspectiva de ser apertado contra o busto da dona afetuosa, parou de ronronar como um motor a vapor e debateu-se furiosamente, antes de saltar no espaço e desaparecer entre os arbustos.


Katie desatou a rir histericamente.


— Oh, esse é Alexander, sim senhor, ele é ímpar. Estou surpresa que tenha deixado que você o carregasse.


— Ele não apreciou muito a idéia de início — admitiu. — Mas por fim se acostumou. — Nik esfregou a face, revelando um arranhão brutal.


— E que início, Alexander não é um animal muito... Dócil. O veterinário disse que se tornaria um pouco menos agressivo caso eu mandasse operá-lo, mas não consegui me convencer a fazer isso. — Os olhos penetrantes de Nik sustentavam uma expressão que levou Katie a suspeitar se ele mesmo não teria um problema hormonal? A introdução dessa possibilidade fez com que perdesse o meado por um segundo. Achou difícil concentrar-se enquanto vibrações ilícitas efervesciam pelo seu corpo.


— Operar? — repetiu Nik, mostrando-se confuso.


Katie conteve a respiração e disse a si mesma que um homem que acabou de escapar das mandíbulas da morte não deveria, supostamente, ter sexo em mente. Imitou uma tesoura com os dedos, um gesto que garante um jato de água fria no fogo da mais persistente luxúria masculina, e Nik deu um previsível gole em seco masculino como resposta.


— Eu não quero ser responsável por uma explosão da população felina local, por isso o mantenho dentro de casa à noite -contou.


Pela expressão vidrada de Nik, Katie sentiu que aquilo foi mais informação do que ele desejava. Não que parecesse entediado, precisamente, mais... Um tremor ligeiro serpenteou caminho abaixo até a espinha. Talvez estivesse atordoada demais, talvez os pensamentos acerca de um beijo ardente ainda lhe rondassem a mente. Mas enquanto permaneceram ali, conversando sobre gatos, Katie sentiu como se houvesse uma conversa silente em curso, que não tinha nada a ver com palavras e tudo a ver com o jeito como os olhos escuros de Nik a devoravam.


— Você não acha que devia fechar a camisa? Você pode pegar um resfriado — sugeriu enrouquecida, assim que os olhos retomaram pela enésima vez à extensão do torso musculoso. A carne tom de bronze aparentava uma suavidade aveludada, borrifada por um fino salpico de pêlos escuros ao longo da parte mais ampla do peitoril, e que rareava quanto mais próximo à cintura. O estômago deu um preguiçoso salto mortal quando Katie seguiu as setas indicativas.


Nik colocou uma das mãos contra o diafragma rigidamente musculoso.


— De fato me sinto bastante aquecido. — Por um momento agonizante, Katie achou que ele a convidaria para sentir por si mesma. Um convite o qual obviamente teria rejeitado? — E você?


Katie roçou a língua de leve nas contas pequeninas de suor acima do lábio superior, e deu um suspiro tremulo. Agora não restava mais a menor dúvida quanto às entrelinhas desse inquérito inocente. Acaso Katie se sentisse mais como ela própria, e menos como uma lasciva desconhecida, o teria confrontado devido ao flerte inapropriado...e, com toda aquela tonalidade frívola, era na verdade um termo muito leve para os jogos eróticos verbais que Nik utilizava.


— Eu estou bem — replicou, lançando-lhe um olhar de aviso caso ousasse discordar dela. — Realmente lamento pelo seu rosto. — Realmente lamento que seja desgraçadamente tão bonito, pensou Katie, timidamente.


— Eu vou sobreviver. — Subitamente, Nik estendeu uma das mãos e arrancou uma pétala de flor dos cabelos dela.


Como um cervo acuado, sendo caçado por um lobo, Katie recuou contra a árvore. O coração batia como um tambor de guerra quando Nik apoiou a mão no tronco liso, acima da cabeça dela. Acaso se inclinasse um pouco mais para perto, os corpos se tocariam. A pressão esmagadora atingiu o ponto no qual a respiração dolorosa era claramente audível.


— Você não está ferido ou algo assim? — Não importava realmente o que dizia, Katie apenas precisava falar, não só para demonstrar que ele não a perturbava, mas para banir as imagens eróticas da cabeça.


Nem uma coisa, nem outra. A voz fina soou como se ecoasse há uma grande distância. Quanto a permanecer imperturbável, estava claramente insana! Literalmente, custou-lhe toda a força de vontade para não enfiar a face sob a palma da mão que remanescia próxima ao seu rosto.


— Senhor Lakis, realmente devo insistir que venha conosco agora. O senhor precisa ser examinado. Sua esposa também. — O paramédico voltou-se para Katie, que tentava recuperar o juízo. -Sua amiga me contou que ambos estiveram dentro do prédio mais cedo.


Katie demorou alguns segundos para registrar o que o sujeito dizia, e para quem dizia.


— Oh, sim, mas eu estou bem. — Esposa, definitivamente ele disse esposa. Os olhos azuis alarmados dardejaram acusadoramente para o rosto de Nik. Ele devolveu um sorriso despreocupado. — Estou perfeitamente bem — disse ela.


A tensão sexual deveria haver se dissipado, mas Katie percebeu que ainda estava lá, espreitando sob a superfície para borbulhar dadas as condições certas... Katie resolveu jamais permitir que isso acontecesse.


Com os olhos fúlgidos de ironia, Nik sorriu, obstante a feição irada de Katie.


— Vamos permitir que os médicos decidam isso, vamos, yineka mou.


— Seu marido está certo, é sempre melhor ficar do lado certo, e aquele foi um tombo e tanto que você levou. Você sofreu algum ferimento?


— Você caiu? — inseriu Nik, para o mundo todo ouvir, como se de falo fosse um marido preocupado.


Ela desabou como uma pedra. O outro confirmou.


— Entrar num prédio em chamas não é exatamente uma boa idéia — acrescentou.


— Você voltou para o prédio?


Distraída pela raiva de Nik, Katie balançou a cabeça.


— Não, eu não voltei.


— Ela caiu antes de conseguir entrar lá. É uma arrancada e tanto que a senhora tem, senhora Lakis. Eu não apostaria contra a senhora nos 100 metros rasos.


Nik, que a observava com total perplexidade, não parecia compartilhar do senso de humor.


— Foi sem pensar — Katie disse, sem voz.


— Não se preocupe com isso — o paramédico aconselhou. -As pessoas raramente pensam quando sabem que um ser amado está preso num prédio em chamas. Pergunte a qualquer um dos bombeiros da equipe.


Katie não sabia para onde olhar, exceto para Nik!


— Katerina sempre foi uma criatura impulsiva, não é, yineka mou.


A pitada de mofa na voz dele fez Katie encolher. Fez o melhor que pôde para disfarçar que mancava, porém, evidentemente, não bem o bastante.


— Você se feriu! — exclamou o paramédico, apreensivo antes que Katie desse alguns passos. — Ei — chamou ele — a moça aqui precisa da maca.


A mão tranqüilizadora de Katie pousou no ombro do rapaz.


— Por favor, sem maca — apelou. — Eu preferiria muito mais andar, e não foi nada sério.


Para a sua intensa aflição, ele olhou na direção de Nik, que presumivelmente concedeu ao pedido de Katie o selo de aprovação marital, já que o sujeito foi embora, deixando-os à vontade para ir até a ambulância.


Inacreditável! Se fosse esposa de Nik, no sentido real da palavra, sem dúvida um cenário quase tão plausível quanto um bando de porcos voando no céu, mas se o fosse, definitivamente teria desafiado essa presunção sexista ultrajante de que precisava de permissão... de que não era apta a tomar as próprias decisões.


Obedecendo a outro daqueles impulsos irrefletidos, Katie ergueu a cabeça e, por uma fração de segundo, os olhos enredaram-se nas orbes negras de Nik. Foi tempo suficiente para revelar que o grego aparentava realmente estar sob pressão. Isso soou particularmente perverso a Katie. Foi ela quem foi levada a sentir-se uma tola completa. Como Nik ousava sair contando para todo mundo que era esposa dele? Quanto à imagem que o rapaz descrevera tão vivamente, da mulher impelida para além da razão por uma absoluta compulsão de salvar o seu homem, bem, Katie achou que morreria de puro embaraço!


— Se apóie em mim. — Nik queria estrangular a mulher, mas sentia-se obrigado a deixar as inclinações naturais de lado e oferecer assistência, após tê-la visto mancando alguns passos penosamente, enquanto sustentava o fingimento de que cada um deles não doía como o diabo.


— Eu preferiria rastejar sobre as mãos e os joelhos.


O ar sibilou através dos dentes trincados quando Nik exalou.


— Como queira.


Não abriu concessões ao ferimento dela conforme caminhava, não que Katie esperasse ou quisesse alguma, mas o sorriso cruel espetado nos lábios dela tornou-se mais difícil de manter a cada passo.


— Então, você ficou tão apavorada por minha causa que desejou arriscar a sua vida numa tentativa fútil de me resgatar? — observou a voz sardônica e sombria de Nik.


Os ânimos de Katie, já severamente desgastados, afundaram até a altura dos joelhos. Seus piores receios se confirmaram. Era exatamente isso que temia. Nik pensava sobre a oferta do resgate maluco e chegara à conclusão de que ela nutria alguma paixão ardente por ele. Talvez, Nik meio que já esperava que as mulheres se apaixonassem por ele? E talvez essa expectativa geralmente fosse justificada, uma voz irônica no seu crânio sugeria.


Apesar de reconhecer o potencial humorístico da situação, Katie flagrou-se incapaz de gargalhar ou mesmo de esboçar um leve sorriso. Estava, contudo, presa a uma necessidade desesperada de estabelecer que não era mais uma da massa de adoradoras.


— Não foi bem assim... — Pausou e deu um suspiro frustrado. Como se pode explicar por que se fez algo, quando nem você mesmo sabe? — Eu não acho... — revelou Katie, vacilante.


— Disso eu nunca duvidei — cortou Nik. — Durante os últimos sete anos, quando por acaso pensava em você, era como uma jovem mulher de cabeça dura, que, a despeito de uma aparência extraordinariamente inocente, era capaz de envergar as regras impiedosamente para conseguir o quer. Resumindo, uma mulher bastante apta a cuidar de si própria.


Nik exalou e passou uma das mãos rudemente pelos cabelos negros.


— Foi o que eu esperava, você me entende? Uma mulher como você deveria saber negociar. Mas o que eu ganho? — O olhar revoltado veio repousar sobre o alto da cabeça dela, a qual bateria na altura dos ombros de Nik, caso Katie pudesse ficar ereta. — Você..,! — Meneou a cabeça e, com uma expressão de exaspero rompante, começou a listar os traços os quais descobrira que Katie possuía. — Você é não só dogmática a ponto da loucura... — engasgou.


Minha nossa, pensou ela, elevando os olhos atônitos à face furiosa de Nik. Eu nem precisava me preocupar. Nik não acha que estou apaixonada, ele só pensa que eu sou louca! Pode ser que não esteja enganado, pensou Katie, contemplando os contornos firmes da boca de Nik com uma expressão de devaneio sonhador.


— Não interrompa! — esbravejou ele, sustentando a mão no ar. — Você é sentimental e não possui nenhum senso qualquer de autopreservação. Eu sou um homem paciente... — revelou, sem o menor traço de ironia.


Tarde demais, Katie prendeu a mão sobre os lábios para evitar que o surto de gargalhadas escapasse.


Nik lançou-lhe um olhar trovejante, enquanto lutava visivelmente para conter o temperamento extremamente volátil.


-Eu já aborreci você demais — anunciou, forçosamente.


— Isso é hilário — começou ela. Katie soltou um grito sufocado quando Nik, sem avisar, tomou-a nos braços e caminhou em frente sem uma única palavra.


— Ponha-me no chão, nesse instante! — sibilou Katie. Os braços dele eram musculosos e extremamente fortes, mas embora Katie fosse magra, não era uma mulher pequena e Nik mal parecia registrar o fardo que carregava.


— O quê, e ver você cambalear por aí daquela maneira ridícula?


Fervendo silenciosamente e limitada a envolver os braços em torno do pescoço dele para ancorar-se, Katie permitiu ser carregada até a ambulância com tanta dignidade quanto pudesse congregar, que outra escolha ela tinha?


Sadie aguardava junto aos degraus.


— Por que disse a eles que estive no apartamento? — demandou Katie à amiga, em voz baixa e trêmula.


Sadie mostrou-se sobressaltada pela veemência de Katie e acompanhou-os na subida.


— Desculpe, mas eles perguntaram.


Katie sentiu uma onda de remorso.


— Desculpe, não quis descontar em você. Aquele homem -explicou, olhando com raiva para a orelha de Nik — é uma cobra manipuladora. — Até o cabelo se enrodilhava perfeitamente na nuca.


Manteve-se rígida enquanto, aparentemente alheio ao insulto, Nik a depositava no assento e aprumava-se com uma cautela sensata, considerando os limites do teto.


— Não confiaria nele até que o tivesse derrubado. De fato, nem assim. -declarou sonoramente.


Sadie lançou um olhar vigilante na direção de Nik, e ele, por sua vez, retribuiu com um sorriso de um charme espetacular, o qual, muito para o desgosto de Katie, surtiu um efeito imediato em Sadie. A mulher derreteu como sorvete num dia quente.


— Uma cobra sexy.


O comentário capcioso de Sadie mereceu um sorriso divertido de Nik.


— Obrigado — disse ele, inclinando a cabeça. — E devo dizer que uma autêntica rosa inglesa como você é muito admirada em meu país?


Katie balançou a cabeça quando Sadie enrubesceu.


— Que monte de m...


— Não estrague tudo, Katie — interrompeu Sadie, arremessando um olhar irritado para a amiga. — Continue — suplicou a Nik, com uma risada gutural.


Indignada, Katie deu um olhar penetrante para a amiga. Sadie estava flertando, e flertando muito bem.


— Alguém já lhe disse que você cai como uma trouxa por um rostinho bonito?


— Freqüentemente — admitiu Sadie. — Eu preciso ir — acrescentou, conforme a equipe da ambulância começou a demonstrar impaciência para sair. — Me ligue mais tarde. — Sadie sorriu para o paramédico que, depois de confirmar que nenhum dos passageiros precisava de qualquer coisa, sentou-se no lado oposto do veículo.


— Sinto-me péssima em deixar você para enfrentar toda essa bagunça — afligiu-se Katie.


— Você me conhece, eu vibro com desafios — replicou Sadie, acenando animadamente em despedida.


— Sua amiga é muito bacana.


— Ela está em plena recuperação de um divórcio complicado. Por isso deixe-a em paz, a última coisa que Sadie precisa é de algum especulador esperto manobrando-a — advertiu-o.


— Eu consigo passar o dia com uma mulher sem vislumbrar a idéia de dormir com ela, se quer saber.


Katie bufou e Nik mostrou-se encantado.


— Nunca estive numa ambulância antes — observou ele, olhando em volta com interesse assim que a porta se fechou. -Nem mesmo — acrescentou zombando — fiz amor em uma.


— Muito engraçado. — Sem dúvida, os eventos desta noite seriam regurgitados para o entretenimento dos seus amigos pretensiosos, com as devidas adições hilariantes pelas muitas semanas por vir. — Suponho que você sai por aí em limusines douradas.


— Não, a bem da verdade, eu vôo no meu helicóptero quando possível. Então você acha mesmo que eu tenho um rostinho bonito? — prosseguiu Nik.


Fale, tudo o que disser e será usada contra você!


— Foi uma figura de linguagem. — De fato ele não linha um rostinho bonito, e sim um rosto formidavelmente belo. Katie não precisa olhar para ver aquelas feições sombrias de anjo caído, ou para ser trespassada pela sensualidade solene dos olhos e da boca sexy. Tudo estava gravado na mente dela.


Como, intrigou-se Katie, algo tão elementar quanto a combinação de planos e ângulos de uma face podia fazê-la tão...? Lutou para achar um termo adequado para descrevê-la. Inesquecível era um termo casualmente reunido a outros, porém, nesta instância era totalmente merecido. A sua memória jamais se livraria da imagem, reconheceu ela, olhando cabisbaixa para as mãos cerradas em punhos sobre o colo.


— Se você continuar a respirar assim, os enfermeiros vão... — Nik espiou na direção da figura uniformizada que deixara o assento do lado oposto e agora conversava com o motorista -achar que você precisa de oxigênio.


Katie ficou desconcertada ao flagrar que os olhos dele contemplavam o rápido subir e abaixar dos seios... na verdade, desconcertada porque não disfarçou realmente as coisas que aconteciam ao seu corpo. Nik havia que ter notado ao menos uma delas, já que a atenção dele se cravara em uma das áreas em questão. Sentiu os seios tensos e macios, e os mamilos ativos de um modo prazerosamente dolorido.


Atingiu um ponto em que não poderia antecipar qual a chocante surpresa que seu corpo proveria a seguir. Mesmo as coisas que saíam-lhe da boca pareciam desviar do cérebro.


— Por que contou a eles que sou sua esposa? — perguntou Katie, na tentativa desesperada de distrair a atenção de Nik dos seios sequiosos e empinados.


— Você é minha esposa.


A inaptidão para contradizer isto fez Katie emburrar.


— Só quando é conveniente para você — argumentou seriamente.


De alguma forma, duvidava que Nik ficasse tão ansioso para revelar aquela relação, caso ela aparecesse no seu escritório, declarando para todo o mundo que ele é seu marido! O que não conseguia atinar é por que Nik negligentemente foi a público agora, desse modo reconhecidamente limitado. A última coisa que Nik lhe pareceu foi ser um homem descuidado. Muito pelo contrário, estava bem certa de que ele nunca fazia nada sem um motivo, mas que motivo?


Nos últimos sete anos Nik obteve sucesso ao conseguir esquecer que possuía uma esposa, por isso Katie podia admitir a possibilidade de que agora Nik decidiu que era a noiva perfeita para ele.


Não, ele devia estar tramando algo.


— Nós podemos ter passado pela cerimônia e assinado na linha pontilhada, mas é preciso muito mais do que uma assinatura num pedaço de papel para fazer de mim sua esposa! — afirmou Katie, desdenhosamente.


— Então, o que é preciso...?


Katie revirou-se toda para diminuir o contato da coxa grossa de Nik com a dela própria. O gesto apenas aumentou o preocupante ar de triunfo eufórico que percebeu nele.


— E preciso... Ora, em nome de Deus, você quer parar com isso?


— Parar o quê?


— Parar de olhar para... você sabe?


 -Não.


Katie bufou exasperada. O olhar inocente lhe caiu muito desconfortavelmente.


— Bem, você gostaria se eu ficasse olhando o seu...? –Satisfeita, Katie deixou tudo bem claro, e embaraçada, decidiu que afastar-se rapidamente seria adequado.


Nik, entretanto, mostrou-se sem pressa de fazer o mesmo.


— Creio que eu acharia isso um tanto estimulante — disse.


Tomando um fôlego revigorante, Katie rangeu os dentes e teimosamente recusou-se a deixar que ele a distraísse.


— É preciso... — começou.


— O que é preciso? — incitou ele, com a curiosidade atiçada pela sua expressão melancólica.


Katie não estava decidida a expor seu conceito de casamento ideal para o desprezo cínico de Nik.


— Você acha que devem deixar que compartilhemos um quarto no hospital?


— Suponho que na Grécia isso passe por senso de humor? -Katie deu uma fungada desdenhosa e tentou parar de tossir. -Para a sua informação, eu não vou dividir um quarto com você e nem vou ficar em hospital nenhum.


Nik meneou a cabeça.


 — Ninguém nunca lhe disse que é perigoso contrariar o destino?


 


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Comentem só assim saberemos se estão gostando e se querem que continuemos a postar!


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CAPÍTULO SETE     — Casado? — a radiologista de plantão, ou Clare, como se apresentara, olhou na direção de Nik. — Sim, claro, você é... — disse ela, não sem uma pitada de inveja. — Data de nascimento...? -Katie respondeu, e a mulher mais velha conferiu os detalhes no formulário ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • nina0022 Postado em 28/12/2012 - 14:50:07

    adorei o fato de alguém finalmente dar credito aos verdadeiros autores dos livros. Total apoio!!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




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