Fanfic: A Lenda de um Amor - Sandy Blair | Tema: livro original, romance, época
Capítulo VII
Duncan gemeu, sentindo um gosto amargo na boca.
— Fique quieto.
Percebeu o toque de uma mão fresca em sua testa.
— Beba isto — disse alguém.
O lorde reconheceu a voz. Por que aquela mulher não o deixava em paz? Tratou de rolar para um lado, longe da esposa, e sentiu uma dor lancinante descendo pelo braço esquerdo e espinha dorsal. Voltou à posição original e tentou abrir os olhos, resmungando:
— Vá embora.
— Não. Precisa tomar isto se deseja ficar curado.
— Curar? Do quê?
Por fim os olhos de Duncan conseguiram focalizar o ambiente.
Beth, a nova megera em sua vida, rolou para o seu lado com lágrimas nos olhos e as mãos muito machucadas e vermelhas. O que acontecera?
Duncan passeou o olhar ao redor, e viu que não estava em seus aposentos, mas em um dos quartos menores no terceiro andar. Ah! Devia ter colocado Beth ali, até seus apartamentos ficarem prontos, raciocinou, embora não se lembrasse de nada. Em breve a trancafiaria para sempre.
— Duncan, abra a boca.
Voltou a cabeça para Beth, que segurava uma tigela pequena.
— Vá embora.
Mas a esposa balançou a cabeça em negativa e apertou-lhe o nariz com dois dedos, fazendo-o sacudir a cabeça de um lado para o outro como uma criança rebelde. Deus! Como estava fraco, percebeu o lorde.
Entretanto Beth parecia irredutível.
— Vai beber por bem ou por mal.
Sem conseguir respirar, por fim Duncan cedeu e engoliu o caldo.
— Obrigada, meu marido. Não permitirei que morra de inanição, depois do que me fez passar nesses cinco últimos dias.
Cinco dias?! Do que ela estava falando?, resmungou Duncan consigo mesmo.
Beth aproximou de novo uma vasilha de sua boca, e dessa vez ele reconheceu o gosto de um dos remédios horrorosos de Rachel. Mas por que tinha de tomá-lo?
— Pregou-me um susto terrível — resmungou Beth, voltando a oferecer o caldo. — Juro que nunca senti tanto medo em minha vida como na primeira noite. Você estava tão quente, que pensei que fosse ter um colapso.
Duncan abriu a boca de modo automático e estremeceu. Interpretando mal as palavras da esposa, pensou se teria consumado o casamento e nem se lembrava.
— E ainda por cima com Angus nos meus calcanhares os três primeiros dias, parecendo querer cortar minha garganta! Mas não posso culpá-lo. Sua ferida era horrível. Angus mal me conhecia, e lá estava eu, dando ordens a torto e a direito — sorriu. — Graças a Deus ele me ouviu, por que senão aquele açougueiro que se intitula médico, o teria matado, meu caro esposo.
Do que, afinal, Beth estava falando?, questionou-se Duncan, cada vez mais confuso.
— Sei que seu braço ainda está mal, porém nem se compara com a aparência de antes.
A menção do ferimento no braço, Duncan o flexionou de leve. Ainda doía, mas não tanto quanto se lembrava. Limpou a garganta.
— Onde está Angus? — perguntou com voz rouca.
— No grande salão. Deseja que o chame?
— Sim.
Beth depositou a tigela sobre uma mesa, deslizou a mão pelo rosto do marido, e sorriu.
— Precisa se barbear, mas creio que isso pode esperar.
Com gesto instintivo, Duncan procurou a barba que desaparecera. Deus! O que estaria acontecendo? Lutou para se sentar, mas tudo rodou a sua volta e percebeu que de fato estava muito fraco.
— Angus — repetiu. — Agora.
— Afinal acordou — disse o primo, apertando-lhe a mão — sabe que quase me matou de susto também quando pensei que fosse morrer?
— Morrer?!
Angus baixou o tom de voz.
— Sim. Se não fosse sua nova esposa, por certo teria sucumbido. Ela não deixou sua cabeceira um só instante. Afinal, homem, por que não nos contou sobre o estado de seu ombro? Era uma pestilência!
— Pensei que fosse se curar sozinho.
Angus fez uma careta e olhou na direção de Beth, muito rígida, de frente para a janela.
— Sua esposa fez ameaças terríveis caso trouxéssemos de volta o médico. Disse que estrangularia o homem e a mim, se ele atravessasse a soleira desta porta outra vez! — soltou uma risada divertida. — E pensar que a julguei uma mulher piedosa e tímida! Como sabe praguejar!
Duncan estremeceu, horrorizado. Sua esposa, uma dama, praguejava?
— Mas chorava muito, quando pensava que eu estava dormindo ali do lado — prosseguiu Angus. — Não eram soluços, porém lágrimas silenciosas. E cantava também... Não conheço as canções que entoava, entretanto pareciam as que se canta para os bebês dormirem.
Que estranho, pensou Duncan. Há pouco lady Beth quase o sufocara, apertando-lhe o nariz para tomar o remédio!
— O que houve com a minha barba? — perguntou com voz fraca. Angus deu de ombros.
— Sua esposa disse que precisava ficar muito limpo, e isso incluía a barba.
Será que nada era sagrado para Beth?, questionou-se Duncan. Temeroso, pôs a mão na cabeça, mas, para seu alívio, percebeu que ainda tinha cabelos, apesar de mais curtos. Graças a Deus!
Angus voltou a rir.
— Foi ela quem o barbeou, e tive medo que o deixasse careca também.
— Ajude-me a levantar. Angus.
— Não. Ainda tem febre. Trate de repousar, pois serão precisos mais dias até que se recupere.
Duncan soltou um suspiro exasperado. Tinha mil coisas para fazer se, como soubera, já perdera cinco dias na cama.
— Ordenei que me ajudasse a levantar.
— Não, Duncan. Prefiro enfrentar a sua fúria que a de sua esposa. Faça como ela diz e fique curado.
Angus ergueu a voz, dirigindo-se à Beth.
— Milady, vou embora, e deixo meu senhor em suas mãos. Beth pestanejou, surpresa. Será que o braço direito do marido passara a confiar nela?
— Como quiser, lorde Angus. Tenha um bom dia, e obrigada por sua grande ajuda.
Angus se surpreendeu ante as palavras gentis e obsequiosas.
Cumprimentou-a, e retirou-se.
Beth aproximou-se de Duncan
— Então agora somos nós dois contra o mundo, certo? Está com fome?
Ao vê-lo franzir a testa, confuso, fez um gesto de levar a mão à boca, e Duncan compreendeu.
—Sim.
— Verei o que temos na cozinha. Esperemos que não sejam miúdos de carneiro outra vez. É um prato horrível!
Fez uma careta de nojo, e saiu, sorridente, voltando minutos depois com uma bandeja com carneiro assado e mingau. Quando acabou de alimentá-lo, enxugou-lhe o canto da boca.
Deus, como você é bonito, pensou.
Ficara feliz ao descobrir sob a barba cerrada um rosto másculo e belo, com uma boca bem delineada, nariz reto e queixo quadrado. E os cílios de Duncan? Eram negros e espessos, emoldurando os olhos muito azuis. Beth tratou de se controlar, pois se encontrava muito próxima a um precipício, e caso caísse, estaria perdida.
Trate de se concentrar na verdade, Beth, ordenou a si mesma.
Duncan poderia ficar agradecido, mas nunca a amaria. Além disso, ela pretendia encontrar o caminho de volta ao café expresso, perfume Chanel, e potes de cremes industrializados.
— O que a aborrece?
A pergunta a pegou de surpresa, e limpou a garganta.
— Nada — checou a temperatura de Duncan, encostando a mão em sua testa. — É hora de banhá-lo de novo.
O marido não respondeu e, tomando aquilo como um consentimento, Beth se aproximou mais da cama.
Fez com que adotasse uma posição mais confortável, e enquanto banhava seu rosto, os olhos azuis não a abandonavam um só instante. O que estaria pensando?, perguntou-se Beth.
Lavou-lhe o pescoço e em seguida os braços, enquanto Duncan continuava imóvel.
Percebendo que adiara o resto por muito tempo, afastou os lençóis até os quadris do marido e, sentindo-se ruborizar, desviou o rosto.
Só nesse momento percebia que andara tocando seu corpo de modo muito íntimo, quando Duncan estivera inconsciente. Era uma tarefa que precisava ser feita, e ponto final. Mas nesse instante, seu lindo marido ali estava, de olhos bem abertos, e fitando-a.
Controle-se, Beth, e vá em frente, disse a si mesma. Se ele não gostar disso, logo lhe dirá. Então poderá ficar zangada, retrucar que é para seu bem, e que fique quieto.
Mas Duncan nada disse, enquanto a esposa lavava o tórax rijo e os braços musculosos. Quando baixou o pano até o ventre, ousou lançar um olhar para seu rosto, e viu os olhos semicerrados, e um leve sorriso nos lábios sensuais.
De imediato Beth adotou uma expressão séria. Melhor que o marido pensasse que aquela tarefa a aborrecia, do que suspeitar o quanto se sentia embaraçada:
De fato, tocá-lo quando estava bem desperto, a deixava envergonhada. A não ser no cinema, jamais vira um corpo masculino sem roupa. E que corpo! De tirar o fôlego!
— Aprova o que vê? —perguntou Duncan de supetão, quase em um murmúrio.
Aquilo a pegou desprevenida e ficou vermelha como um pimentão.
Desejou dizer-lhe para fechar os olhos, fingir-se de morto e deixá-la terminar a tarefa. Suas mãos tremiam quando voltou a molhar os panos na bacia. Tomando coragem, pressionou-os sobre o ventre do marido, fazendo-o contrair a musculatura.
Sentiu os dedos trêmulos, e desejou poder parar de dar-lhe o banho, mas era preciso evitar nova infecção.
Endireitando-se, foi até a outra ponta da cama, e ergueu os lençóis, começando a lavar-lhe os pés. À medida que suas mãos avançavam pernas acima, relanceou um olhar para Duncan e, horrorizada, viu que demonstrava estar bastante excitado. Sem saber o que fazer, sentiu o sangue pulsando nas têmporas.
Meu Deus, se me fizer sair bem desta, juro que nunca mais praguejarei, rezou.
---------------------------------------------------------------------------
Por favor, comentem, é a única forma de saber se vcs estão gostando ou não, se querem que continuemos a postar! Comentem, por favor!:)
---------------------------------------------------------------------------
VISITE TAMBÉM:
Aprendendo a ser Pai
O Magnata Grego
O Playboy Apaixonado
Doce Inimigo
Autor(a): fanofbooks
Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Capítulo VIII Para divertimento de Duncan, o rosto da esposa nesse momento lembrava uma beterraba recém-colhida. Enquanto a observava executar a tarefa de lavá-lo, tentava reprimir o riso, com medo que isso a assustasse e a fizesse sair correndo do quarto. E suas mãos eram macias como seda, a sensação da água fria em ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo