Fanfics Brasil - 9 A Lenda de um Amor - Sandy Blair

Fanfic: A Lenda de um Amor - Sandy Blair | Tema: livro original, romance, época


Capítulo: 9

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Capítulo VIII


 


Para divertimento de Duncan, o rosto da esposa nesse momento lembrava uma beterraba recém-colhida. Enquanto a observava executar a tarefa de lavá-lo, tentava reprimir o riso, com medo que isso a assustasse e a fizesse sair correndo do quarto.


E suas mãos eram macias como seda, a sensação da água fria em sua pele transmitia bem-estar e conforto. Beth tinha um toque suave, o que era muito bom em uma esposa.


Apesar dos estragos da adaga de Eleanor, sentiu-se aliviado e com o orgulho viril intacto, ao perceber que continuava potente, e que poderia possuir Beth ali mesmo, nesse instante, consumando o casamento.


Quando por fim a esposa foi obrigada a passar o pano úmido em sua coxa, quase gemeu de prazer. Se não temesse abrir o ferimento, com satisfação iria puxá-la para si, e possuí-la, tamanha a excitação física que sentia.


Caso já tivessem dormido juntos, na primeira noite, talvez se armasse de coragem para lhe pedir que continuasse a massageá-lo, aliviando assim a tensão sexual, mas isso estava fora questão. Culpou-se por não ter consumado o casamento logo.


Duncan, por favor, vire-se para o lado direito que não está ferido.


O lorde entreabriu os olhos, e viu-a ainda corada, mordendo o lábio inferior, rubro como uma rosa. O contraste do colorido com os olhos cinzentos era muito atraente, pensou, e sorriu.


— Tem ótimas mãos, minha esposa.


Parecia impossível, mas Bem conseguiu ficar ainda mais vermelha.


—Obrigada — constrangida, afastou uma mecha de cabelos do rosto. — Pode virar-se, por favor?


Duncan obedeceu, sentindo dor, e amaldiçoou Eleanor em pensamento. Sem querer, gemeu, e Bem o consolou, começando a passar os panos em suas costas, e fazendo-o relaxar. A excitação física era quase insuportável, e dessa vez MacDougall sufocou um gemido de prazer.


— Machuquei-o? — perguntou Beth, pressurosa.


Duncan refletiu que ela poderia matá-lo, sim, mas não de dor.


— Sabe alguma canção, menina? Baladas? Conhece lendas?


De costas, Duncan ouviu-a rir de modo manso.


— Bem... Deixe-me ver...


Suspirou fundo e começou.


— Era uma vez uma menina chamada Kathy que se encontrava sozinha. Não conseguia compreender por que seus pais haviam morrido e uma senhora a levara de casa, dizendo que iria lhe arrumar um outro lar. Kathy não queria uma nova família, mas foi corajosa. Não chorou quando a tal senhora a colocou em um orfanato, uma casa cheia de outras crianças também sozinhas. Disseram-lhe que logo teria novos pais, e Kathy esperou.


Beth fez uma pausa, sentindo que conquistara a atenção do marido, e sorriu consigo mesma.


— Por diversas vezes ao longo dos anos foi apresentada a casais, mas ninguém a quis levar embora. O tempo foi passando, as demais crianças conseguiram seus pais adotivos, menos Kathy.


Ouvindo-a soltar um suspiro involuntário, Duncan virou o pescoço para olhá-la, mas Beth o fez retomar à posição. Verdade que a história era triste, refletiu o lorde, porém por que a esposa devia levar as desditas da tal Kathy tão a sério?


— Um dia o orfanato fechou as portas, e Kathy foi enviada para uma casa de família, o que a deixou contente, porque assim teria um pai e uma mãe. Mas logo compreendeu que aquelas pessoas a tinham recebido só para ajudar a tomar conta dos bebês. Seus novos pais não lhe davam carinho, e Kathy ia à escola todos os dias, voltava para casa, e tomava conta dos filhos legítimos do casal — parou de falar um instante, e suspirou de novo. — Por fim, essa família cansou-se dela, e a mandou para outra casa.


Duncan refletiu que ficara só muito jovem e fora enviado para os Campbell, a fim de ganhar a vida. Também se sentira abandonado em diversas ocasiões, e as expressões de afeto que recebera na infância tinham sido tapas nas costas e provocações das outras crianças.


Como a menina da história de Beth, nunca fora acarinhado ou beijado, então qual era o drama?


Enquanto ponderava, Beth continuou.


— Em seu novo lar, na casa dos Proctor, a senhora era bondosa, mas seu marido tentava sempre importunar Kathy quando conseguia. Aos doze anos, ela já começava a ter um corpo de mulher — fez-se um silêncio prolongado, que começou a deixar Duncan ansioso, e então Beth prosseguiu. — Certo dia, Kathy voltou para casa e lá estava o sr. Proctor, sozinho. Ele tentou levá-la para a cama. Atemorizada, ela lutou, golpeou-lhe o nariz com uma lâmpada e escapou. Foi a primeira vez que eu... Kathy... fugiu.


Ah! Duncan compreendeu então a tristeza da esposa. Desejou que o bandido tivesse sido preso e enforcado! Essa era a lei em suas terras.


— Sem dinheiro... moedas... Kathy não conseguiu ir muito longe. Foi pega e entregue a um senhora estranha, chamada sra. Wade.


Parou de falar, e Duncan virou-se um pouco na cama, vendo-a com um púcaro na mão.


— Duncan, talvez isso doa um pouco.


Aplicou o remédio na ferida, e o lorde cerrou os dentes, ante o ardor que sentiu, imaginando que se aquilo era doer "um pouco", o que Beth consideraria "muito".


— Tudo bem?


Quando MacDougall não respondeu, Beth insistiu.


— Doeu muito?


Duncan fez uma careta, grato por estar de costas.


— Não — mentiu. — Agora, continue. Falava sobre a senhora estranha.


— Ah, sim, a sra. Wade logo viu que Kathy não lia tão bem quanto seus colegas de escola, e isso deixava a menina com dor de cabeça. Certo dia, quando a dor era muito forte, e Kathy queixou-se, a senhora segurou-lhe os cabelos, puxou-os e cortou-os de um só golpe, dizendo que assim passaria a dor de cabeça.


— Pobre menina — comentou Duncan. — Com dores e sem cabelos, um dos pontos mais importantes para a beleza das mulheres.


Beth não fez comentários e voltou a dizer:


— Lamento, porém tenho mais um ungüento para passar, e vai doer.


Mas dessa vez não foi tão doloroso, e logo Duncan perguntou:


— Por que a senhora tinha tanta raiva de Kathy?


— Não sei. De qualquer modo, depois de cortar-lhe os cabelos, disse que ela não teria mais dores de cabeça.


E foi verdade?


— Sim, mas só quando Kathy fez dezoito anos e escapou da mulher.


Em silêncio, Beth enrolou uma nova tala limpa no ombro de Duncan, tomando todo o cuidado. Erguendo a cabeça para fitá-la, o marido murmurou:


— Contou uma história muito triste, minha esposa.


— Na verdade, não. Kathy tomou-se uma mulher forte, trabalhou muito e transformou-se em uma dama respeitável.


Duncan franziu a testa.


— Conheceu essa Kathy?


Beth mordeu o lábio.


— Sim.


Antes que o lorde tivesse tempo de perguntar se lady Kathy se casara e vivera feliz para sempre, alguém bateu à porta.


Vendo que era seu conselheiro, Duncan sorriu.


— Entre, Isaac.


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