Fanfic: A Lenda de um Amor - Sandy Blair | Tema: livro original, romance, época
Capítulo VIII
Para divertimento de Duncan, o rosto da esposa nesse momento lembrava uma beterraba recém-colhida. Enquanto a observava executar a tarefa de lavá-lo, tentava reprimir o riso, com medo que isso a assustasse e a fizesse sair correndo do quarto.
E suas mãos eram macias como seda, a sensação da água fria em sua pele transmitia bem-estar e conforto. Beth tinha um toque suave, o que era muito bom em uma esposa.
Apesar dos estragos da adaga de Eleanor, sentiu-se aliviado e com o orgulho viril intacto, ao perceber que continuava potente, e que poderia possuir Beth ali mesmo, nesse instante, consumando o casamento.
Quando por fim a esposa foi obrigada a passar o pano úmido em sua coxa, quase gemeu de prazer. Se não temesse abrir o ferimento, com satisfação iria puxá-la para si, e possuí-la, tamanha a excitação física que sentia.
Caso já tivessem dormido juntos, na primeira noite, talvez se armasse de coragem para lhe pedir que continuasse a massageá-lo, aliviando assim a tensão sexual, mas isso estava fora questão. Culpou-se por não ter consumado o casamento logo.
— Duncan, por favor, vire-se para o lado direito que não está ferido.
O lorde entreabriu os olhos, e viu-a ainda corada, mordendo o lábio inferior, rubro como uma rosa. O contraste do colorido com os olhos cinzentos era muito atraente, pensou, e sorriu.
— Tem ótimas mãos, minha esposa.
Parecia impossível, mas Bem conseguiu ficar ainda mais vermelha.
—Obrigada — constrangida, afastou uma mecha de cabelos do rosto. — Pode virar-se, por favor?
Duncan obedeceu, sentindo dor, e amaldiçoou Eleanor em pensamento. Sem querer, gemeu, e Bem o consolou, começando a passar os panos em suas costas, e fazendo-o relaxar. A excitação física era quase insuportável, e dessa vez MacDougall sufocou um gemido de prazer.
— Machuquei-o? — perguntou Beth, pressurosa.
Duncan refletiu que ela poderia matá-lo, sim, mas não de dor.
— Sabe alguma canção, menina? Baladas? Conhece lendas?
De costas, Duncan ouviu-a rir de modo manso.
— Bem... Deixe-me ver...
Suspirou fundo e começou.
— Era uma vez uma menina chamada Kathy que se encontrava sozinha. Não conseguia compreender por que seus pais haviam morrido e uma senhora a levara de casa, dizendo que iria lhe arrumar um outro lar. Kathy não queria uma nova família, mas foi corajosa. Não chorou quando a tal senhora a colocou em um orfanato, uma casa cheia de outras crianças também sozinhas. Disseram-lhe que logo teria novos pais, e Kathy esperou.
Beth fez uma pausa, sentindo que conquistara a atenção do marido, e sorriu consigo mesma.
— Por diversas vezes ao longo dos anos foi apresentada a casais, mas ninguém a quis levar embora. O tempo foi passando, as demais crianças conseguiram seus pais adotivos, menos Kathy.
Ouvindo-a soltar um suspiro involuntário, Duncan virou o pescoço para olhá-la, mas Beth o fez retomar à posição. Verdade que a história era triste, refletiu o lorde, porém por que a esposa devia levar as desditas da tal Kathy tão a sério?
— Um dia o orfanato fechou as portas, e Kathy foi enviada para uma casa de família, o que a deixou contente, porque assim teria um pai e uma mãe. Mas logo compreendeu que aquelas pessoas a tinham recebido só para ajudar a tomar conta dos bebês. Seus novos pais não lhe davam carinho, e Kathy ia à escola todos os dias, voltava para casa, e tomava conta dos filhos legítimos do casal — parou de falar um instante, e suspirou de novo. — Por fim, essa família cansou-se dela, e a mandou para outra casa.
Duncan refletiu que ficara só muito jovem e fora enviado para os Campbell, a fim de ganhar a vida. Também se sentira abandonado em diversas ocasiões, e as expressões de afeto que recebera na infância tinham sido tapas nas costas e provocações das outras crianças.
Como a menina da história de Beth, nunca fora acarinhado ou beijado, então qual era o drama?
Enquanto ponderava, Beth continuou.
— Em seu novo lar, na casa dos Proctor, a senhora era bondosa, mas seu marido tentava sempre importunar Kathy quando conseguia. Aos doze anos, ela já começava a ter um corpo de mulher — fez-se um silêncio prolongado, que começou a deixar Duncan ansioso, e então Beth prosseguiu. — Certo dia, Kathy voltou para casa e lá estava o sr. Proctor, sozinho. Ele tentou levá-la para a cama. Atemorizada, ela lutou, golpeou-lhe o nariz com uma lâmpada e escapou. Foi a primeira vez que eu... Kathy... fugiu.
Ah! Duncan compreendeu então a tristeza da esposa. Desejou que o bandido tivesse sido preso e enforcado! Essa era a lei em suas terras.
— Sem dinheiro... moedas... Kathy não conseguiu ir muito longe. Foi pega e entregue a um senhora estranha, chamada sra. Wade.
Parou de falar, e Duncan virou-se um pouco na cama, vendo-a com um púcaro na mão.
— Duncan, talvez isso doa um pouco.
Aplicou o remédio na ferida, e o lorde cerrou os dentes, ante o ardor que sentiu, imaginando que se aquilo era doer "um pouco", o que Beth consideraria "muito".
— Tudo bem?
Quando MacDougall não respondeu, Beth insistiu.
— Doeu muito?
Duncan fez uma careta, grato por estar de costas.
— Não — mentiu. — Agora, continue. Falava sobre a senhora estranha.
— Ah, sim, a sra. Wade logo viu que Kathy não lia tão bem quanto seus colegas de escola, e isso deixava a menina com dor de cabeça. Certo dia, quando a dor era muito forte, e Kathy queixou-se, a senhora segurou-lhe os cabelos, puxou-os e cortou-os de um só golpe, dizendo que assim passaria a dor de cabeça.
— Pobre menina — comentou Duncan. — Com dores e sem cabelos, um dos pontos mais importantes para a beleza das mulheres.
Beth não fez comentários e voltou a dizer:
— Lamento, porém tenho mais um ungüento para passar, e vai doer.
Mas dessa vez não foi tão doloroso, e logo Duncan perguntou:
— Por que a senhora tinha tanta raiva de Kathy?
— Não sei. De qualquer modo, depois de cortar-lhe os cabelos, disse que ela não teria mais dores de cabeça.
— E foi verdade?
— Sim, mas só quando Kathy fez dezoito anos e escapou da mulher.
Em silêncio, Beth enrolou uma nova tala limpa no ombro de Duncan, tomando todo o cuidado. Erguendo a cabeça para fitá-la, o marido murmurou:
— Contou uma história muito triste, minha esposa.
— Na verdade, não. Kathy tomou-se uma mulher forte, trabalhou muito e transformou-se em uma dama respeitável.
Duncan franziu a testa.
— Conheceu essa Kathy?
Beth mordeu o lábio.
— Sim.
Antes que o lorde tivesse tempo de perguntar se lady Kathy se casara e vivera feliz para sempre, alguém bateu à porta.
Vendo que era seu conselheiro, Duncan sorriu.
— Entre, Isaac.
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Autor(a): fanofbooks
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