- Faz quanto tempo que vem tendo esses sintomas?
- O inchaço faz uns dois meses, os enjoos tem alguns dias.
- Tem certeza que não está gravida? – Addison perguntou.
- Tenho.
- Eu vou pedir pra você parar de tomar o anticoncepcional. Em janeiro estou indo para Nova York e quero que você me ligue pra gente fazer uma bateria de exames.
- Mas doutora e o método anticoncepcional.
- Camisinhas. – abrindo uma gaveta na mesa dela e tirando uma cesta de camisinhas de todos os tipos – Pegue quantas quiser e quais quiser mais se previna até a gente fazer a bateria de exames. Sem camisinha não!
- Ok. – puxando a cesta para o colo dela.
- E agora você Mel. – ela disse se virando pra mim – Meninas, se importam de me deixar falar com a Mel a sós?
- Claro que não doutora! – Danielle disse se levantando – Vamos Rachel.
- Espera... – enchendo a bolsa de camisinhas.
- Rachel! – Danielle disse constrangida.
- Obrigado doutora! – Rachel disse se levantando e deixando a cesta sobre a mesa.
Assim que Danielle fechou a porta Addison guardou a cesta e me encarou sorridente.
- O que fez você me procurar? – ela perguntou simpática.
- O meu medo de não poder dar filhos ao meu futuro marido.
- Pode começar a tirar suas duvidas.
- Doutoras, depois daquela vez que estive com a senhora ocorreram novos problemas comigo.
- Eu sei.
- Eu perdi um ovário, tive vários problemas no útero e passei por cirurgias e eu não sei se eu sou capaz de geral um filho.
- Eu conheço seu caso, procurei saber de todos os detalhes quando Danielle me ligou avisando que você viria aqui hoje perguntar sobre isso, pedi para um dos médicos que cuidaram de você me enviar seus exames e vi seu caso. Eu tenho que te dizer que tentar engravidar como uma mulher comum pra você é inútil, ocorreram deformações no trajeto do embrião e isso o impede de chegar até seu útero. Mas eu tenho que te dar a boa noticia de que estou criando uma cirurgia de reconstrução de útero e ovários. E eu quero muito que você seja a minha primeira paciente.
- E se não der certo doutora?
- Faremos de novo e de novo até dar certo. Os experimentais em cobaias deram certo, e não causaram nem um mal a eles. Antes de você tomar a decisão eu preciso informar que tem uma pequena chance de não dar certo, que você vai ter que se submeter a exames e pequenas cirurgias até que dê certo e que Nick precisará te ajudar.
- Eu aceito...
- Tem a absoluta certeza disso?
- Tenho, eu só preciso falar com Nick.
- Mel, isso pode querer fazer você desistir de tudo... Você pode sofrer se não der certo.
- Mas eu corro o risco. Se eu não fizer sofrerei pensando que poderia ter dado certo e que eu nem ao menos tentei. Eu aceito!
- Então, converse com o Nick, e tomem a decisão que achar correta, não irei te pressionar. Te espero depois da lua de mel no meu consultório.
- Em Nova York?
- Ficarei no hospital de lá por um tempo, se você aceitar me mudarei pra lá por causa dos procedimentos.
- Nos vemos em Nova York então! – abraçando ela por cima da mesa.
- Te espero em NY! – ela respondeu rindo.
- Obrigada por me dar um chance doutora. – falei antes de sair da sala.
- Obrigada por confiar no meu trabalho querida. – ela respondeu voltando a se sentar.
Eu sorri, acenei com a cabeça e sai da sala me encontrando logo com Danielle e Rachel.
No caminho de volta pra casa contei a elas o que Addison havia me dito. As duas me apoiaram e gostaram da ideia. Só faltava convencer Nick.
Quando chegamos a casa o almoço estava sendo servido do jardim dos fundos. Como estava calor todos preferiram fazer um churrasco e comer na beira da piscina.
- Onde estava? – Nick disse me abraçando por trás de surpresa.
- Fui me consultar com a doutora Montgomery.
- A obstetra e ginecologista?
- Ela mesma.
- Por quê?
- Precisava saber se tem alguma chance deu poder te dar um filho.
- Porque não me disse nada?
- Não queria te deixar preocupado! – selando os lábios dele.
- E o que ela disse? Você parece estar triste.
- Só porque não vai ser tão fácil... – eu ri ao dizer isso – Addison me propôs um tratamento.
- E que tratamento é esse?
- Ela está num trabalho novo de reconstrução de útero e ovário... E perguntou se eu queria ser a primeira paciente.
- É um teste?
- É como se fosse... – pegando um morango na mesa de sobremesa perto da churrasqueira.
- Mel... E se não der certo?
- Não corro risco de vida... – olhando as panelas sobre a mesa.
- Não estou falando disso.
- Vai me machucar se não der certo, e eu vou ficar triste se não der certo, mas e se eu não fizer? E se der certo pra outra pessoa... Quanto mais o tempo passa mais difícil e mais perto chegamos da impossibilidade Nick. Se eu não fizer eu vou sofrer por não ter tentado.
- Você quer mesmo isso? Nós podemos adotar.
- Eu não quero adotar... Eu quero um filho que saia de mim, que tenha o seu nariz e o seu cabelo, e os meus olhos...
- Você sabe que eu vou estar do seu lado pra tudo não sabe? – me abraçando forte.
- Obrigado! – abraçando ele – Eu te amo.
- Eu também te amo! – beijando minha testa – O que eu preciso fazer?
- Addison não me disse, mas disse que você precisaria me ajudar, vamos nos encontrar com ela em NY depois da nossa lua de Mel.
- Tudo bem. – beijando minha mão – Agora vamos comer. Você precisa começar a ter uma vida saudável pra tudo dar certo! – pegando um prato pra mim.
- Você pensa em tudo senhor Jonas!
- Aprendi com você futura senhora Jonas! – beijando a pontinha do meu nariz.
Almoçamos e aproveitamos a piscina até o final da tarde. Jantamos no quarto e ficamos assistindo filme até pegar no sono.
Na manha seguinte a casa estava um caos. Quando eu e Nick levantamos para tomar café pessoas entravam e saiam da casa carregando varias caixas.
- O que está acontecendo aqui? – Nick perguntou descendo as escadas.
- É o pessoal da loja onde eu aluguei a decoração. – Denise disse sorridente.
- E a arvore? – Nick perguntou.
- Vai chegar daqui a pouco. Vou precisar da ajuda de vocês. Arrumem o quarto e o banheiro de vocês, e venham ajudar com a árvore. Mel depois você vai ajudar sua mãe na cozinha e Nick vai para o jardim com seu pai ajudar no jardim.
- Tudo bem, mas podemos tomar o café antes?
- Claro! Estão todos na sala de jantar, podem ir!
Quando nos sentamos à mesa nos vimos no meio de uma confusão. Todos conversavam agitadamente, falando alto e em desespero para terminar o mais rápido possível, afinal, tudo teria que estar perfeitamente organizado até às 17h e ninguém podia perder tempo.
Minha mãe estava servindo a mesa, Rachel dava comida pra Rose que insistia em comer sozinha e estava derrubando tudo na roupa, Joe lia o jornal na parte de jogos, comia rapidamente e quase nem mastigava. Kevin falava ao telefone que parecia estar com o sinal ruim, dava uma garfada ou outra nas panquecas e entornava a xicara de café. Paul lia o jornal da mesma forma que Joe, a comida passava pela garganta sem ao menos ser mastigada. Danielle estava calma e comportada como sempre. Comia sem pressa, bebericava o suco de laranja com cenoura e comia algumas frutas. E por incrível que pareça ela foi a primeira a se retirar na mesa. Eu e Nick comemos, e tomamos uma grande caneca de café puro pra acordar. Nos retiramos da mesa antes dos outros e fomos arrumar o quarto.
Começamos pelas roupas, separamos as sujas e as limpas, organizamos as gavetas, tiramos o pó da cômoda e fomos para o banheiro. Lavamos tudo e organizamos a pia, trocamos as toalhas e os tapetes e tudo estava perfeito. Voltando para o quarto, trocamos os lençóis da cama, Nick tirou o pó dos moveis e eu aspirei. E enfim tudo organizado e limpo.
- Eu vou ver com a minha mãe se tem mais roupas para levar para a lavanderia. – ele disse saindo do quarto com uma trouxa de roupas.
- Tudo bem, eu vou ver se tem alguém precisando da minha ajuda. Acho que terminamos antes de todo mundo. – saindo do quarto.
No corredor encontrei Rose brincando com as bonecas no chão, sozinha. Falei com ela e fui em busca de Rachel.
- Amiga? – eu disse entrando no quarto.
- Graças a Deus você está aqui, você terminou o seu quarto? – saindo do banheiro com a roupa molhada.
- Terminei... O que aconteceu aqui? – pegando as roupas espalhadas pelo chão.
- Joe ta me ajudando com o banheiro, mas nós estamos atrapalhados e ainda temos que arrumar o quarto da Rose.
- Fica calma! Terminem o banheiro, vou separar a roupa suja e trocar a roupa de cama e vou colocar Rose pra me ajudar com o quarto dela.
- Obrigado!
Eu comecei a recolher as roupas do chão, organizei as gavetas e separei as roupas sujas assim como no meu quarto. Troquei as roupas de cama e deixei a trouxa de roupas sujas do lado de fora do quarto.
Chamei Rose que ainda estava no corredor e fui com ela para o quarto ao lado.
Abri as janelas, troquei as cortinas, arrumei a cama dela com uma colcha que ela mesma escolheu, arrumei as gavetas e os brinquedos com ajuda dela, tiramos o pó dos moveis e aspiramos o quarto inteiro.
- Acabou titia? – ela me perguntou quando eu desliguei o aspirador.
- Acabou meu amor, agora tudo está limpinho.
Ela sorriu.
- Promete pra titia que vai deixar seus brinquedos arrumadinhos sempre?
- Prometo.
- Que linda! – beijando o narizinho dela – O que você quer fazer agora?
- Brincar.
- Então a titia vai ligar a TV e deixar passando o filme das princesas, e você pega os seus brinquedos e fica quietinha aqui dentro ta bom? Daqui a pouquinho a titia volta pra ver como você está.
- Ta bom tia. – pegando uma boneca e se sentando no chão de frente pra TV.
Eu liguei a TV e o DVD e deixei-a assistindo com a porta encostada. Vi Nick no corredor e pedi pra ele levar a trouxa de roupa de Rachel para a lavanderia.
Entrando no quarto de Danielle ela estava deitada lendo.
- Esse é o único quarto da casa que está tranquilo. – falei entrando.
- Adiantei as coisas quando acordei, e Kevin lavou o banheiro. O quarto é fácil.
- No café da manha você era a única pessoa calma.
- Todos estavam com pressa, querendo fazer mais coisas que são capazes, agora estão todos atrapalhados nas tarefas.
- Penso como você! – sentando na cama com ela.
- Falou com Nick sobre a Addison? – fechando o livro.
- Falei! – sorrindo – Ele me apoia... Acha que vai me machucar, mas resolveu me apoiar.
- Que ótimo! – sorrindo.
- Está se sentindo bem? – perguntei notando ela desconfortável.
- Estou, é que hoje o bebe está se mexendo demais! – passando a mão na barriga.
- Posso sentir? – perguntei.
- Claro! – pegando minha mãe e colocando sobre a barriga – Olha como é magico.
Assim que encostei a mão na barriga dela o bebe se mexeu fazendo ondas na barriga toda. Dani me olhou sorridente e eu não tive outra expressão a não ser esboçar um sorriso enorme que parecia parafusado no rosto.
- Que lindo... – eu disse olhando pra Dani.
- Poucas pessoas conseguem senti-lo mexer... Ele gostou de você! – ela falou soltando minha mão.
- Ele sabe que eu sou a tia mais perfeita do mundo. – disse rindo.
- Quero te pedir uma coisa... – ela falou – Era pra deixar pra quando nascer, mas já que estamos aqui...
- O que foi? – perguntei.
- Eu e o Kevin conversamos e queremos perguntar se você aceita ser a madrinha dele, ou dela...
- Sério? – perguntei surpresa.
- Sim! – ela respondeu sorrimos – Era pra falar depois, mas sei lá, eu lembrei que anos atrás algumas coisas foram difíceis.
- Você se lembra... – perguntei deixando de sorrir.
- Eu me lembro, e não deve estar sendo fácil.
- Nunca foi... Acho que eu nunca superei.
- Tudo vai dar certo.
- Espero que sim... Mas chega de tristeza né!
- Isso mesmo! – ela disse sorridente.
- Eu vou ver se já podemos ir montar a arvore, venho te chamar depois ta? – eu disse me levantando.
- Ok. – ela sorriu.
Quando cheguei à sala a arvore estava sendo coloca, no canto da parede da lareira, deveria ter uns três metros. Era num verde escuro lindo. Denise sempre sabia comprar as melhores e mais lindas arvores nessa época do ano.
Junto com a árvore chegou às caixas dos enfeites. Subi para chamar Danielle e logo lá estávamos todos nós colocando enfeite por enfeite. Terminamos logo, não era uma tarefa tão difícil.
Terminando a arvore, meninas para a cozinha e meninos para o jardim.
Eles tinham que podar as árvores, e cuidar das flores do jardim e cortar a grama. Nós precisávamos ajudar com a preparação do jantar, limpar as louças e pratarias, arrumar a sala de jantar, decorar a sala e deixar a cozinha limpa e organizada.
Dividimo-nos para fazer as tarefas e almoçamos praticando as tarefas. Terminamos às 16h e finalmente fomos nos arrumar.
O jantar foi tranquilo e leve como sempre. Todos estavam felizes e satisfeitos com o andamento das coisas. Não existia preocupação, problemas ou maldade. Éramos uma família comum ali no nosso mundo, sem paparazzi, vilões, fãs enlouquecidas e fofocas falsas.
Quando o jantar terminou o relógio já apontava 2h da manha. Colocamos as crianças pra dormir, e ficamos na sala a noite toda em claro organizando os presentes.
O dia chegou rapidamente. E estávamos todos tomando uma caneca de café ou chocolate quente quando as crianças desceram as escadas em busca dos presentes.
A troca de presentes foi feita e todos foram organizar a cozinha e finalmente ir pra cama.
Acordamos na hora do jantar, colocamos a mesa com as sobras do jantar passado, comemos e fomos para a sala assistir filmes com muita pipoca e refrigerante. Acabamos pegando no sono ali mesmo.
