- Melinda narrando.
Nick passou um tempo deitado sobre meu corpo em silencio sem tirar os olhos de mim. Não precisávamos falar nada, o silencio não era vazio e ruim, era preenchido pelas respirações ofegantes, a satisfação, os sentimentos e a felicidade de estar vivenciando aquele momento.
Quando ele se levantou, se enrolou na toalha e abriu a cortina mostrando o céu azul e ensolarado e o mar cristalino pela janela de vidro que ia do chão ao teto formando a parede inteira.
Senti um desconforto com tamanha claridade, e em seguida sorri.
Levantei-me enrolada no lençol e fui ao encontro de Nick abraça-lo.
Ele me segurou pela cintura sorrindo, ainda em silencio e beijou a ponta do meu nariz.
- É possível ser tão feliz assim? – perguntei voltando o olhar para o mar.
- Quando se ama e é amado tudo é possível. – ele respondeu me abraçando.
[...]
Os quinze dias se passaram rapidamente.
Nick e eu passávamos o dia na praia e a noite no quarto. O mundo além daquela praia parecia não existir.
Os celulares não foram tirados na bolsa pra nada, nem os notebooks e os tablets. Não precisávamos e não sentíamos falta. A TV foi ligada apenas em uma noite para Nick assistir um jogo de beisebol. Sentamo-nos no sofá quase nus, ele usava um samba canção azul de cetim e eu apenas a camiseta do time dele. Acabamos com uma garrafa de vinho aquela noite, e fizemos amor no sofá depois do jogo.
No dia de ir embora quase desistimos da viagem. Voltar para a rotina de trabalho depois de 15 dias isolados de tudo e todos não era nada fácil.
Embarcamos depois do almoço e chegamos em casa na hora do jantar.
- Nossa casa! – ele disse entrando comigo no colo.
- Nossa! – beijando o canto da boca dele.
Ele me colocou no chão e eu me joguei no sofá tirando os sapatos.
O porteiro nos ajudou com as malas e foi embora. Nick se sentou na poltrona e me olhou sorrindo.
- Voltamos... – ele disse.
- Eu poderia ter passado o resto da minha vida naquela praia! – massageando o pé.
- Eu também! – se sentando ao meu lado e massageando meu pé – Não quero ir pra reunião da gravadora amanha.
- Não quero ir pra faculdade amanha... Podemos voltar?
- Bem que poderíamos né! – ele falou rindo.
Meu celular tocou dentro da bolsa e Nick me olhou como se pedisse pra eu não atender.
Estiquei o braço e peguei a bolsa, olhei o visor do celular e sorri pra Nick.
- Rachel.
- Pode atender, eu vou fazer alguma coisa pra gente comer. – ele falou se levantando do sofá e me dando um beijo na testa.
- Fala coisa chata! – eu disse atendendo.
- Finalmente! Passei os últimos 15 dias te ligando e só dava fora de área.
- Desculpa querida, eu estava em lua de mel. – falei rindo.
- Vocês já voltaram?
- Sim, estamos em casa.
- Ele está perto?
- Está na cozinha fazendo alguma coisa pra gente jantar.
- Troca de marido comigo? – ela falou rindo.
- Para de reclamar o Joe também cozinha.
- Faz 3 dias que não o vejo... Ele foi pra Los Angeles com Rose.
- E porque você ficou?
- Estava organizando as coisas pra faculdade e eles só voltam daqui dois dias.
- Corajosa! Rose vai voltar ainda mais mimada.
- Eu sei que vai, mas ele implorou pra leva-la... Mas, me conta como foi?
- Melhor impossível!
- Quero detalhes...
- Vai ficar querendo querida! – rindo.
- Locais, pelo menos! – rindo.
- Cama, banheira, chuveiro, sofá, cozinha, areia, mar, piscina... Ta bom pra você?
- Minha nossa, é serio? E o trauma?
- Seríssimo... O trauma passou depois da primeira vez. Eu sabia que ele não me faria mal.
- Minha Melinda finalmente voltou! – rindo.
Passei por volta de uma hora com Rachel no telefone e só desliguei porque Nick me chamou pra jantar.
Deixei o celular sobre a mesa de centro e fui para a sala de jantar.
A mesa estava lindamente arrumada com talheres de prata, pratos de porcelana e detalhes em branco e vermelho como algumas velhas. A mesa estava posta para duas pessoas, o vinho e o champanhe estavam abertos no balde de gelo.
- Uau! – exclamei olhando pra mesa – Posso saber o porquê de tudo isso?
- Pra comemorar o nosso primeiro jantar em casa. – me abraçando por trás e beijando minha bochecha – Gostou?
- Adorei meu amor. – virando pra ele e o beijando – Está perfeito!
- Você merece. – beijando a pontinha do meu nariz e sorrindo.
Ele puxou a cadeira pra mim e se sentou. Nos serviu com um pouco de macarrão no molho branco e um filé de carne delicioso. Comemos conversando sobre a nossa nova rotina. Organizamos alguns horários e ficamos de conversar sobre a agenda de shows na noite seguinte.
- Amor... Eu me esqueci. Essa semana eu tenho uma consulta com a doutora Addison. – eu falei colocando os pratos na pia.
- Tem data? – ele perguntou arrumando a mesa.
- Não, mas eu pensei em ir vê-la na terça depois do meu plantão.
- Um pouco antes me liga pra avisar a hora e eu te encontro lá, e voltamos juntos pra casa.
- Ta bom. – começando a lavar a louça.
- Está ansiosa para o tratamento? – ele disse pegando um pano pra secar o que eu lavasse.
- Um pouco... Só acho estranho eu não poder controlar quando vou ter um filho.
- Por quê? Nós não precisamos de controle... Estou com a carreira estável, não vai faltar nada.
- Porque nos casamos agora, queria poder te curtir um pouco, viajar a dois... Terminar minha faculdade, estabilizar minha carreira.
- E porque não deixar o tratamento pra mais tarde? – ele disse enxugando alguns pratos e guardando no armário.
- Porque quanto mais cedo mais chances de funcionar... – falei cabisbaixa.
- Mel... Tudo vai dar certo! – largando o pano de prato e me abraçando por trás – Em breve seremos pais das crianças mais lindas do universo.
- Crianças? Assim no plural? – perguntei sorrindo.
- Claro que sim! Quero muitos filhos com você!
- Muitos? Quanto?
- Quatro ou cinco...
- Tudo isso? – perguntei assustada.
- Sim, até mais! – ele disse rindo.
- Vamos com calma, futuro papai Jonas.
Terminei a louça e ajudei Nick a terminar de secar. Fui para o banho em seguida enquanto ele ficou de arrumar a mala dele. Muitas coisas foram para o cesto de roupa suja, mas ele conseguiu desfazer as malas rapidamente.
Assim que sai do banho ele foi tomar um, e eu arrumar minhas malas. Novamente, muitas coisas foram para o cesto de roupas sujas.
Fomos nos deitar juntos. Fechamos as cortinas pelo controle remoto e Nick fez novamente o comentário sobre eu ser apaixonada por aquele controle por causa do apartamento de Joe.
Na manha seguinte eu acordei as 5h30 da manha.
Tomei uma ducha rápida, troquei de roupa, arrumei o cabelo e me maquiei rapidamente e fui para a cozinha preparar o café e colocar a mesa. As 6h45 chamei Nick. Ele foi direto para o banho, enquanto eu separava uma roupa pra ele e arrumava minha bolsa e coisas para a faculdade.
Tomamos o café um tanto sonolentos ainda. Revisamos as agendas, e nos organizamos pela ultima vez antes de tirar a mesa do café.
- Nem acredito que estamos vivendo a vida de casados! – ele disse pegando o celular de cima do balcão da cozinha.
- Nem eu... – arrumando a bolsa – Preciso que você leve as roupas para a lavanderia agora, mais tarde eu passo lá pra pegar. – pegando o celular e a agenda.
- Tudo bem... Vamos almoçar juntos? – ele perguntou terminando de arrumar as coisas na bolsa dele.
- Hoje não vai dar... Vou sair da faculdade e correr para o hospital para ver o horário dos plantões e tentar marcar com a Addison amanha.
- Ok, qualquer coisa me liga! – beijando minha testa.
- Ta bom... Estou indo! – beijando ele rapidamente – Até mais tarde, bom trabalho.
- Boa aula! – ele disse sorrindo ao me ver sair apressada.
Peguei o elevador ainda ajeitando as coisas na bolsa da faculdade.
Chegando à garagem desativei o alarme do carro de longe. Abri a porta com pressa. Joguei as bolsas no banco do passageiro e tirei os sapatos de salto pra dirigir.
Enfrentei o transito de NY para chegar à faculdade, mas não me atrasei.
No estacionamento da universidade coloquei os saltos e arrumei o cabelo. Peguei a bolsa da faculdade e coloquei a outra de baixo do banco.
Passei na secretaria para pegar os horários e fui direto pra sala. Quando entrei algumas pessoas me olharam estranhando minha presença. Eu me sentei isolada, me sentindo estranha, mas sabia exatamente o porquê daqueles olhares.
Notei um flash vindo em minha direção abaixei a cabeça rindo. Automaticamente peguei o celular e mandei uma mensagem pra Nick.
“Sou famosa, estão tirando fotos minhas dentro da sala de aula.”
E em seguida ele respondeu:
“Cadê seu professor nessas horas? Rsrs... Desculpa te fazer passar por isso.”.
O professor entrou na sala atrasado. Era um senhor de mais ou menos 50 anos, com cabelos loiros e barba consideravelmente grande.
A aula começou tranquila apesar de todos os bochichos com meu nome.
Na hora do intervalo encontrei Rachel perambulando pelos corredores um tanto perdida.
- Finalmente encontrei você! – eu disse parando ela no meio do corredor.
- Graças a Deus! Me ajuda... Estou perdida aqui!
- O que você ta tendo achar?
- A saída! – ela disse rindo.
- Vem... Vamos! – indo até a saída com ela.
Ficamos sentadas de baixo de uma arvore conversando sobre os meus quinze dias longe de tudo. Falei sobre as pessoas que estavam me perseguindo com celulares e ela disse que estava sofrendo a mesma coisa.
Voltando pra sala de aula novamente fiquei sozinha, mas não me incomodei. Ouvi algumas meninas cochichando atrás de mim e me virei sorridente assustando elas.
- Desculpa a intromissão... Mas estão falando sobre mim? – perguntei educadamente.
- Você é Melinda May Jonas! – exclamou uma das meninas me olhando assustada.
- A nova senhora Jonas... – respondi sorrindo um tanto sem graça.
- Eu sou apaixonada pelo seu marido. – ela falou impulsivamente – Quer dizer... Ai meu Deus, desculpa!
- Sem problemas! – rindo – Muitas mulheres são apaixonadas pelo meu marido.
- Você é tão simpática! – ela falou abismada.
- Eu sou como vocês... Não sou diferente, nem melhor que ninguém aqui.
- Claro que é! Você é a esposa do Nicholas Jerry Jonas!
- E o Nick também é como você, e como qualquer pessoa normal... – falei sorrindo – Vocês não são daqui né?
- Somos do brasil. – outra menina disse sorrindo.
- Ta explicando essa surpresa de vocês por me ver na sala de aula! – rindo – E não tenham isso como ofensa... É que brasileiros são... Calorosos.
- Você não é a primeira a nos dizer isso...
- Encontraram a Rachel?
- Como sabe?
- Ela tem mania de dizer que as pessoas da América do sul são muito calorosas. – rindo.
- Vocês duas são lindas... Só falta encontrar a Danielle aqui! – rindo.
- Isso vai ser um pouco mais difícil, mas qualquer dia desses podemos marcar um almoço.
- Sério?
- Sim, claro... Vocês são minhas novas colegas de classe... – sorrindo – Alias qual o nome de vocês?
- Eu sou Anna! – falou à loira que disse ser apaixonada por Nick.
- Eu sou a Carol. – respondeu a morena de aparência tranquila.
- E eu sou a Barbara, mais pode me chamar de Babi! – disse a baixinha de cabelos claros e olhos azuis.
- Anna, Carol e Babi... – falei sorrindo.
- Porque está na faculdade Mel? Lemos na revista que você já está fazendo estagio como pediatra. – perguntou a Carol.
- E eu estou, mas decidi ser cirurgiã pediátrica...
- Uma senhora Jonas cirurgiã pediátrica... Orgulho de o Nick ter escolhido a esposa perfeita.
- Obrigada! – eu sorri tímida.
A professora chegou à sala e nós nos ajeitamos nas cadeiras. A aula foi chata mais passou rápido.
As outras aulas das meninas foram comigo. Tornamo-nos amigas e trocamos e-mails e celulares.
Ao meio dia me encontrei no estacionamento com Rachel. Ela precisava se encontrar com Addison e como eu ia para o hospital ela ia pegar carona comigo.
Chegando no hospital eu fui direto para a sala do chefe, tive uma curta conversa com ele e fui liberada. Estava finalmente voltando ao trabalho.
- Rachel narrando.
- Doutora... Licença! – eu disse entrando na sala de Addison.
- Boa tarde querida. – ela falou sorridente.
- Os resultados dos exames estão prontos? Tem alguma coisa errada?
- Tudo está perfeitamente bem... Eu diria que até mais que bem...
- Então posso voltar a tomar o remédio?
- Não. Não agora.
- Porque não? – disse assustada.
- Você está gravida Rachel, está gravida de exatamente 2 meses e 6 dias. – ela falou com um sorriso de dentes brancos e perfeitamente alinhados e os olhos azuis transmitindo uma emoção boa.
