- Oi Mel. – ela disse com os olhos vermelhos e cheios de lagrimas.
- O que aconteceu? O que faz aqui?
- Não tinha pra onde ir...
- O que houve? – Nick disse se aproximando.
- Joe me disse toda a verdade. Não posso ficar de baixo do mesmo teto que ele depois do que ouvi.
- Entra! – abrindo espaço pra ela passar.
- Eu pego as malas... – Nick disse saindo.
- Eu não acredito que ele voltou pra ela. – ela disse sentando no sofá, desolada.
- Também não acreditei quando Nick me disse.
- Dessa vez é definitivo.
- Ray, eu sinto muito! – segurando a mão dela.
Ela me olhou com os olhos chorosos e abaixou a cabeça deixando uma lagrima cair.
- Rachel eu sei que a situação é difícil, mas aquele apartamento é seu. – Nick falou puxando a ultima mala pra dentro de casa.
- Aquele apartamento é do Joe Nick.
- Ele saiu de casa primeiro e foi se envolver com outra pessoa. Você tem o direito de ficar lá. Além do mais, Joe vai para Los Angeles.
- Eu sinceramente não quero pensar nisso agora.
- Desculpa... É que eu estou furioso com ele.
- Não fique! – Rachel disse olhando pra Nick – Não por minha causa. Ele é seu irmão.
- É meu irmão, e está fazendo besteira de novo, e mais uma vez fugindo da responsabilidade de pai.
- Ele não pensa nas consequências Nick. Nunca pensou. Você o conhece muito mais que eu... Joe sempre foi livre.
- Deixou de ser a partir do momento que te engravidou pela primeira vez.
- Eu também errei ao engravidar de novo.
- Errou, mas não tanto quanto ele.
- Nisso o Nick está certo Rachel... Você ama o Joe, a gravidez atrapalharia um pouco nas carreiras, mas juntos você poderiam qualquer coisa... Você queria casar e ter a sua família. Joe sabia que não amava você e que não queria uma família agora.
- Ele foi irresponsável! – Nick completou.
- Agora não importa mais. Eu nem sei se vou deixa-lo registrar essa criança.
- Eu e Nick estaremos aqui para o que for preciso! – abraçando-a.
- Obrigada! – ela disse retribuindo o abraço – Mas agora eu só quero me deitar...
- Eu vou fazer alguma coisa pra você comer antes de dormir. – eu disse me levantando.
- Tudo bem... Alguém sabe onde está Rose?
- Está na cada do Kevin. – Nick disse – Deixei ela com Danielle hoje cedo.
- Ok... Obrigada!
- Nick leve-a até o quarto de hospedes que eu vou fazer alguma coisa pra ela comer. – eu disse indo pra cozinha.
Nick acompanhou-a até um dos quartos de baixo e voltou para me ajudar na cozinha.
Conversamos sobre a separação de Joe e Rachel. E decidimos conversar com Rachel pela manha.
Levei um lanche pra ela, ela comeu e disse que queria ficar sozinha.
Fui me deitar com Nick e logo peguei no sono.
- Rachel narrando.
Passei a noite em claro pensando em tudo que havia passado ao lado de Joe e o que tinha ouvido dele nas ultimas horas. Pensei em Rose e na criança que estava por vir. A vida passaria a ser complicada de agora em diante. Mas precisava tomar uma decisão sobre toda aquela relação inútil de anos.
Rose teria que continuar vendo o pai regularmente, afinal, levava o sobrenome dele. Mas a criança que estava por vir não precisava daquele sobrenome. Não precisava saber quem era o pai. Talvez fosse até melhor não saber.
Antes de o dia clarear eu fui para a cozinha preparar o café da manha da Mel e do Nick.
Tomei um banho e me arrumei após colocar a mesa, e quando eu sai do banho os dois estava sentados a mesa conversando.
- Bom dia. – Mel disse após dar um gole no suco de laranja.
- Oi Ray. – Nick falou se virando pra mim.
- Bom dia gente. – me sentando.
- Obrigado pelo café. – Nick falou erguendo a xicara.
- Não tem de que... Era o mínimo que precisava fazer depois da noite de ontem.
- Quer conversar sobre? – Melinda falou me olhando com os olhos tristes.
- Voltarei para o apartamento assim que Joe sair de lá, Rose voltará para a escolinha dela, eu continuarei a faculdade até as ultimas semanas da gravidez, falei com Nate ainda essa semana sobre a pensão de Rose e as visitas e não sei se quero que o bebê tenha o sobrenome Jonas.
Nick me olhou assustado e engasgou com o café. Melinda me olhou confusa.
- Porque não quer o sobrenome? – ela perguntou enquanto dava leves tapinhas nas costas de Nick.
- Se o meu filho tiver o sobrenome de Joe ele terá direito sobre a criança... E eu não quero.
- Mas Rachel... O filho é dele também. – Nick falou tomando folego.
- Joe não quer essa criança Nick, nunca quis. Eu já terei que ser forte o suficiente aguentando Rose na casa do pai aos finais de semana.
- Ela está certa, Nick... E o filho é dela...
- Tudo bem, não posso interferir nessa decisão... Quanto ao resto você está agindo bem.
- Obrigada! – respondi tomando um gole de café.
A conversa terminou ali. Terminamos o café em silencio. Nick foi se arrumar junto a Melinda e eu fiquei arrumando a mesa.
Quando os dois desceram as escadas com expressões serias pensei que fosse ouvir um sermão. Respirei fundo e peguei minha bolsa e as pastas da faculdade. Nick se despediu, deu um beijo em Mel e saiu.
- Ele parece bravo. – eu falei pra ela.
- Ele não gostou da ideia do sobrenome... Mas vai passar. – Melinda disse pegando a bolsa dela – Liguei para Nate, e ele te espera no escritório dele hoje depois do almoço.
- Ótimo. – entrando no elevador.
- Joe vai estar lá, e de lá vai para Los Angeles definitivamente... O apartamento estará livre.
- Isso não é tão bom assim. – falei surpresa.
- Ele vai passar o apartamento para o seu nome.
- Num dia você quer se casar com a pessoa, e no outro ela está indo embora da sua vida para sempre. – disse segurando as lagrimas.
- Tem certeza que está bem pra ir pra faculdade? – ela perguntou preocupada.
- Tenho... A vida não pode parar! – me olhando no espelho e enxugando os olhos.
Na faculdade o dia foi tranquilo. Me separei de Melinda assim que chegamos lá, mas nos encontramos no intervalo.
Ficamos conversando com as meninas que havíamos conhecido lá mesmo, voltamos para as aulas e almoçamos juntas. Antes de ir para o hospital ela me deixou no escritório de Nate.
- Mel, você não precisa me acompanhar até lá dentro! – eu disse quando vi ela descer do carro.
- Vou dizer um oi para o Nate, nada mais. – ativando o alarme.
Pegamos o elevador e fomos até o quarto andar. A recepcionista nos levou até a sala de Nate e ele nos recebeu com o sorriso enorme de sempre.
- Que saudade de você! – ele falou abraçando Melinda – Você tem que ir almoçar lá em casa qualquer dia desses.
- Fiquei sabendo que você e Julie se mudaram da casa do papai já! – ela disse sorrindo.
- Sim, e você precisa ir conhecer lá e dar oi para o seu sobrinho!
- Eu vou, pode deixar! Mas agora deixa eu ir, porque não quero encontrar um certo alguém.
- Vai lá. – Nate disse se despedindo.
- Tchau Ray, se cuida! – ela falou se despedindo de mim.
- Melinda narrando.
Sai da sala de Nate sorridente e assim que bati a porta e me virei vi Joe saindo do elevador.
Encarei-o por alguns instantes e assim que ele notou minha presença esboçou um sorriso torto.
- Mel, quanto tempo. – ele disse me cumprimentando.
- É mesmo... Quanto tempo! – disse seria.
- Como você está?
- Eu e o meu útero oco estão bem Joe. – disse sorrindo ironicamente.
Ele fez uma cara de espanto e ficou sem graça.
- Mel me desculpa, eu não queria ter dito aquilo... Tudo isso não tem a ver com você!
- Me poupe dos seus pedidos de desculpa Joseph... Já não basta largar a minha melhor amiga gravida de novo, você tinha que tirar o meu marido do serio e brincar com uma coisa tão grave.
- Mel, eu disse sem pensar.
- Continue fazendo as coisas sem pensar que assim você vai longe! – dando um tapinha no ombro dele – Agora, adeus Joseph, e seja muito feliz longe de mim e da Rachel! – entrando no elevador.
- Melinda... Eu sinto muito... – ele disse cabisbaixo.
- Se sentisse não teria dito! – falei enquanto as portas do elevador se fechavam.
Quando as portas finalmente se fecharam eu respirei fundo. Me doía saber o quão frio Joe foi ao dizer coisas tão ruins para Nick na briga que tiveram. Eu o tinha como irmão e não conseguia acreditar em tamanha crueldade. E tudo tomava uma proporção maior com ele magoando Rachel e estando brigado com Nick.
O foco da briga era Rachel, mas a causadora de tudo desde o inicio sempre fui eu.
Entrei no carro segurando o choro e fui para o hospital. Lá o dia foi tranquilo, mediquei as crianças internadas, e cuidei de algumas que chegaram com um simples resfriado ou arranhão por um tombo de bicicleta. Terminando tudo fui para o refeitório estudar algumas coisas da faculdade e começar a preparar um dos trabalhos que já tinha para fazer.
- Doutora Carter... A doutora Arizona está te chamando na emergência. – uma enfermeira disse ofegante se aproximando da mesa em que eu estava.
- Leva essas coisas para o conforto médico, eu estou indo! – eu disse levantando rapidamente.
Corri até a emergência, parei na recepção ofegante e perguntei onde estava Arizona. Assim que a recepcionista disse eu corri para o boxe puxando a cortina.
- Julie! – falei espantada.
- Mel... – ela falou chorando.
- Arizona... O que houve? – perguntei desesperada olhando para Henry chorando na maca.
- Ele engoliu um prego, o estomago está perfurado e ele está com hemorragia, precisa de cirurgia agora!
- Meu Deus! – falei espantada.
- Mel, você precisa fazer a cirurgia!
- Mas... Eu não sou cirurgia Arizona... Eu não sei os procedimentos... E eu sou familiar do paciente, isso é contra as regras.
- Eu estou com a mão direita machucada, não posso operar Mel, e os outros médicos que seriam capazes de fazer essa cirurgia estão ocupados agora...
- A gente espera por eles... Eu não posso fazer isso!
- Ele precisa de cirurgia agora Melinda. – Arizona falou apreensiva.
- Mel, por favor! – Julie disse chorando.
- Eu não sei esse procedimento Arizona, se ele morrer eu nunca vou me perdoar.
- Mel é simples! E eu estarei lá com você! – Arizona falou.
- Preparem a sala de cirurgia agora mesmo pessoal! Estarei lá em 10 minutos! – eu disse tentando manter o controle - Julie, vai pra sala de espera, avisa minha mãe e meu pai, mas não fala nada para o Nate! Ele está ocupado com Rachel e Joe.
- Cuida bem dele! – ela disse segurando minhas mãos.
- Eu vou cuidar! – tentando tranquiliza-la.
Julie saiu de perto e eu respirei fundo. Olhei pra Arizona e engoli o choro.
- Você consegue! – ela disse baixo.
- Eu não tenho tanta certeza... Nate já perdeu Aidan, a família toda perdeu... Perder Henry agora seria terrível. – falei indo em direção à sala cirúrgica.