Suas mãos quentes seguraram as minhas levantando-as até o alto da minha cabeça enquanto seus lábios percorriam meu pescoço entre beijos e mordidas. O corpo forte roçava no meu me fazendo sentir um calor no ventre.
Minhas roupas logo foram parar no chão junto à calça do pijama de Nick enquanto fazíamos amor da forma mais quente que se pode imaginar.
- Eu amo você... – falei ofegante enquanto passava a mão pelos seus cabelos.
- Eu também amo você. – ele respondeu sorrindo e se aconchegando em meu peito pra dormir.
Nick não demorou a pegar no sono. Eu sentia sua respiração calma e quente sobre meu peito enquanto olhava fixamente para o teto pensando em todas as voltas que minha vida tinha dado nos últimos 5 anos.
Acabei virando a noite em claro pensando em todas as coisas engraçadas e tristes que já havia passado.
Me levantei as 6h de fininho para não acordar Nick. Tomei um banho quente e demorado pra despertar. Sequei os cabelos e os prendi em um rabo de cavalo alto. Passei uma maquiagem leve, coloquei uma calça jeans, uma sapatilha, uma blusa rosa claro soltinha no corpo e fui separar uma roupa para Nick. Desci alguns minutos depois e Betty ainda estava fazendo o café.
- Senhora... Acho que estou atrasada para o café... – ela disse nervosa.
- Não se preocupa. Ainda é cedo! Eu que não dormi essa noite. Já tem café feito?
- Sim senhora... Puro?
- Sim. Preciso ficar acordada o dia todo hoje. Tenho prova na faculdade e duas cirurgias. – me sentando em um dos bancos do balcão.
- Já sirvo à senhora. – ela falou pegando a caneca.
Me serviu o café rapidamente. Eu tomei enquanto brincava com o chaveio de Nick em cima do balcão e fui para o escritório.
Chequei os exercícios, e guardei o material, organizando a bolsa. Coloquei o tablet e o notebook para carregar e fiquei jogando no celular enquanto esperava Nick descer.
Ao ouvir seus passos na escada deixei o celular sobre a poltrona e fui até ele. Beijei seus lábios castamente e me sentei na mesa para o café.
- Acordou cedo. – ele disse ainda um tanto sonolento.
- Não dormi essa noite...
- Algum problema?
- Fiquei pensando em como minha vida mudou e quando vi o dia já havia clareado.
- O dia vai ser longo hoje então. – ele falou sorrindo.
- Talvez... Não estou com sono.
- Tem cirurgia hoje?
- Tenho duas e na faculdade tenho prova.
- Boa sorte! – beijando os nós dos meus dedos.
- Obrigada. – respondi sorrindo e dando um gole no suco.
O café foi divertido apesar de um tanto mórbido. Nick se levantou da mesa, me deu um beijo na testa se despediu e saiu. Precisava estar cedo na gravadora para resolver as ultimas coisas da turnê que começaria em poucos dias.
Fui no escritório pegar o notebook, o tablet e o celular e guardar nas bolsas da faculdade e do trabalho.
Andava com pelo menos duas ou três bolsas grandes. Uma com os eletrônicos, uma com o material da escola e outra com itens normais de bolsa de mulher e meu jaleco do hospital mais uma pasta de mão com prontuários ou trabalhos e não desgrudava de nenhuma delas.
Sai do escritório, carregada de coisas como sempre, peguei a chave sobre o balcão e me despedi de Betty. Entrei no elevador e me olhei no espelho. Os olhos estavam fundos pela noite não dormida, mas eu estava com uma boa aparência. Entrei no carro jogando as coisas para o lado e sai do estacionamento.
Na avenida perto da faculdade o transito me deixou impaciente. Vi uma viatura de policia passando e em seguida uma ambulância. Tentei esticar o corpo pra fora da janela do carro pra ver o que estava acontecendo, mas foi inútil. Vi algumas pessoas saindo do carro e resolvi sair também. Me aproximando do local vi um carro batido, ou melhor, destruído parado bem no meio da avenida. Tinha colidido com outro no cruzamento.
Sem perceber me aproximei demais e fui barrada por um policial.
- Senhora, você não pode passar daqui. – ele disse educadamente.
- Eu sou medica. O que houve?
- Quatro jovens estavam dentro do carro indo para o trabalho e um bêbado passou no farol vermelho.
- Eles estão bem?
- Um rapaz e uma moça estão bem, mas o outro casal está preso nas ferragens.
- Mel? – uma voz feminina gritou meu nome no meio das viaturas e das duas ambulâncias.
Virei-me procurando de onde vinha e me assustei ao ver Samira com a testa sangrando vindo em minha direção.
- Samira... O que houve? – perguntei absorta nos pensamentos confusos.
- Estávamos indo deixar Lola e Victor na editora e um louco bateu na gente. – ela falou um tanto nervosa.
- Espera... Os quatro jovens... – eu falei gaguejando e sentindo minha cabeça rodar.
- Lola e Harry estão presos. – ela disse chorando.
- Meu Deus! – disse me aproximando.
O policial se afastou e eu me aproximei do carro. Lola estava no banco de trás, do lado do motorista inconsciente e Harry apesar de tonto e desesperado conversava com os bombeiros.
- Onde está o Victor? – perguntei pra Samira preocupada.
- Está sendo atendido na ambulância.
- Senhora, a senhora não pode ficar aqui. – um paramédico falou tentando me afastar de todos.
- São meus amigos e eu sou medica trabalho no NY hospital e quero ajudar.
- Vou pegar luvas para a senhora... Doutora? – ele perguntou confuso.
- Carter... Melinda Carter. – respondi prendendo o cabelo em um coque e seguindo ele.
Acompanhei o paramédico até a ambulância onde estava Victor. Ele recebia pontos no braço esquerdo e parecia estar em choque.
- Mel? O que faz aqui? – ele perguntou afobado.
- Estava indo para a faculdade e parei aqui, encontrei a Samira andando desnorteada no meio das viaturas e ela me contou... Vim ajudar. – olhando em volta procurando Samira.
- Foi horrível... Horrível... – ele disse desesperado.
- Eu imagino! – segurando a mão dele – Aplica 20mg de sedativo e leva ele para o hospital! – falei olhando os olhos de Victor.
- A senhora por acaso é medica? – a paramédica que estava dando os pontos perguntou arrogante.
- Doutora Carter... – falou o medico que havia ido pegar as luvas – Aqui estão! – me entregando-as juntos a um jaleco descartável.
- Isso responde a sua pergunta? – falei pra ela.
Ela me olhou de cima a baixo esnobe e não respondeu. Eu coloquei o jaleco e as luvas e olhei em volta encontrando Samira.
- Aplica 20mg de sedativos e manda ele para o hospital agora... Digam que é paciente da doutora Carter Jonas e que é urgente! – ordenei pra ela novamente e sai correndo até Samira.
- Mel... O que eu estou fazendo aqui? – Samira perguntou confusa.
- Droga! – eu disse segurando ela pelo braço – Sa, me acompanha! – puxando ela para uma das ambulâncias.
- Porque todos esses policiais estão aqui? Eu tenho medo. – ela falou se sentando.
- Está tudo bem... Você vai para o hospital agora e tudo vai ficar bem.
- Hospital? Mas por quê? O que aconteceu? – ela disse confusa.
- Nada... Você está bem... – disse tentando acalma-la.
- Ficar bem? – ela disse parecendo sair de um transe – Quem é você? – me perguntou olhando em volta.
- Sou sua medica. – respondi saindo da ambulância e deixando ela com um paramédico – Vai agora para o hospital, ela parece estar com hemorragia cerebral e precisa de cirurgia. – ordenei saindo da ambulância.
Fui até perto do carro e Harry sorriu ao me ver.
- O que faz aqui? – ele perguntou assim que eu me aproximei.
- Vim salvar vidas. – respondi parando perto da janela do carro.
- Como a Samira está?
- Bem. – respondi tentando controlar o nervosismo da voz – Foi levada para o hospital com ferimentos leves.
- Graças a Deus... E o Victor?
- Também. – eu sorri.
- Mel, eu não tive culpa...
- Ei... Eu sei que não. Fica tranquilo.
- Estou com medo.
- Por quê?
- Eu não estou sentindo minhas pernas.
- É porque elas estão presas... Não se preocupa!
- Lola ainda não acordou...
- A batida foi forte... É melhor retirarem ela inconsciente.
- Doutora eu não acho a veia dele para aplicar o sedativo. – a enfermeira de dentro do carro disse desesperada pra mim.
Olhei pela janela e a vi tremer. Seus olhos estavam lagrimejando e seus lábios secos se contraiam como se a qualquer momento fosse visitar.
- Eu faço isso! – eu disse dando a volta no carro e indo até a outra porta – Sai dai. – ordenei tomando a seringa da mão dela.
Ela saiu assustada, se agarrou em uma das lixeiras da rua e colocou o café da manha todo pra fora. Eu revirei os olhos e entrei no carro me sentando no banco do passageiro desajeitadamente.
- Pra que o sedativo? – Harry perguntou.
- Pra você não sentir dor quando te tirarem daqui. – falei injetando a agulha no braço dele.
- É engraçado ver as enfermeiras novatas? – ele perguntou rindo.
- É sim... – respondi concentrada – Muitas delas não passam pela primeira semana do treinamento.
- Você é corajosa... Ficar perto de sangue e agulhas o dia inteiro... Lutar contra a morte.
- Não é uma questão de coragem lhe dar com sangue e agulha... É o costume.
- Mel, você salva vidas todos os dias.
- Não... Eu cuido de vidas todos os dias.
- E as cirurgias?
- Ainda não estou fazendo elas... Só participo.
- Não interessa... Médicos são como anjos. Até os mais simples.
- Se você acha... – eu sorri sem graça – Agora relaxa... Você vai dormir em alguns minutos.
- Tudo bem doutora Carter Jonas.
- Tudo bem Harry Davis. – falei saindo do carro.
Harry caiu num sono profundo em poucos minutos e os bombeiros começaram a fazer a remoção dos dois corpos da ferragem. Lola, como estavam inconsciente a mais tempo foi a primeira a ser retirada. Eu chequei os ferimentos, os olhos e ajudei a coloca-la na ambulância com ordem de cirurgia imediata no tórax.
Harry foi retirado em seguida. Suas pernas estava com queimaduras e ferimentos graves, mas tinham movimento. Entrei na ambulância com ele e ao chegar no hospital entrei puxando a maca.
- Harry Davis, 24 anos ferimentos e queimaduras nas duas pernas. – eu disse entrando no hospital.
- Doutora Carter? – uma enfermeira perguntou assustada – O que faz na ala da emergência adulta?
- Os quatro adultos do acidente de carro são meus amigos...
- Mas a senhora não tinha prova?
- Droga! – colocando as mãos na cabeça – Deise observe esses quatro pacientes muito, muito bem. Anote tudo sobre eles pra mim. Eu preciso correr pra faculdade agora, mas meu celular estará ligado. Por favor, me deixa informada e deixe-os com os melhores médicos.
- Sim senhora. – Deise respondeu apreensiva.
Eu tirei as luvas e o jaleco descartável, joguei no lixo mais próximo e sai do hospital às pressas. Fui até próximo a avenida e meu carro ainda estava parado lá com uma multa no vidro da frente. Peguei-a e entrei no carro. Manobrei para a pista ao lado, a única da avenida que estava andando e fui para a faculdade.
Minutos depois entrei na sala de aula desajeitadamente fazendo um barulho estrondoso interrompendo o silencio da prova. Coloquei as coisas sobre a mesa e corri até o professor.
- Sr. Filch me desculpe... Teve um acidente com meus amigos e eu ajudei a socorrê-los...
Ele me olhou e esboçou um meio sorriso solidário. Estendeu o pequeno caderno nas provas pra mim sem dizer nada.
- Eu sei que terei menos tempo... Mas muito obrigada.
- Pode ficar um pouco mais para terminar a prova... Eu te vi na televisão mais cedo. – ele falou tranquilamente.
- Obrigada! – eu disse sorrindo – E me desculpe por atrapalhar sua prova! – me afastando de sua mesa.
Sentei-me e peguei o estojo na bolsa que estava colocada no chão encostada na perna da mesa. Comecei a fazer a prova ainda um tanto nervosa e com a adrenalina a milhão pelo corpo todo.
O tempo passou e os alunos aos poucos foram deixando a sala vazia até restar somente eu e o professor. Eu estava quase no fim da prova, inquieta e respondia as pressas lendo as questões pela metade. Terminei a prova e me levantei rapidamente. Peguei as bolsas no chão e corri com a prova terminada na mão até o professor.
- Carter... Da próxima vez espero que faça a prova com mais calma. – ele disse enquanto eu corria para a porta.
- Sr. Filch me desculpe, mas eu realmente preciso ver como estão meus amigos. – saindo da sala as pressas.
- Mel! – Rachel gritou vindo atrás de mim.
- Rachel eu não posso falar com você agora.
- Onde vai com tanta pressa? Parece que está apertada.
- Preciso ir para o hospital agora. – correndo no estacionamento.
- Aconteceu alguma coisa? – ela falou preocupada.
- Lola, Harry, Samira e Victor sofreram um acidente e estão no hospital.
- Meu Deus...
- Pois é. Eu preciso mesmo ir agora Ray! – entrando no carro as pressas.
- Eu vou ver Rose na escolinha e vou para o hospital em seguida! Te encontro lá.
