- Claro que não... Eu só não posso te ver porque você é chato de mais e não foi convidado... Além do mais, eu estou de pijama.
- Muito feio por sinal... É masculino?
Eu parei de tentar puxa-lo.
- É do Nicholas? – ele debochou – Que lindo uma esposa que veste um pijama do marido.
- Chuck... Vai embora!
- Só depois da pizza! – ele falou levantando procurando alguma coisa – Cadê a adega dessa casa?
- Chuck! – eu berrei na sala.
Ele me olhou assustado e parou, sorriu torto um tanto sem graça e ergueu os ombros como quem se desculpasse.
- Vai embora... Por favor! – eu falei.
- Mel, me desculpa... Eu só pensei que você não estivesse gostando de ficar só, e eu também não estava e...
- Ai caramba... – revirando os olhos - Se o Nick brigar comigo por isso eu juro que eu mato você! Senta ai, eu vou pegar os pratos e o vinho! – indo pra cozinha.
- Se quiser eu vou embora. – ele disse ainda em pé.
- Senta ai logo Bass! – ordenei.
Fui até a cozinha e peguei tudo que precisava. Voltei pra sala e Chuck estava sentado olhando para as fotos sobre a lareira.
- Esse era o único vinho da minha adega... Não compramos muitos quando viemos pra cá. – colocando a garrafa sobre a mesa.
- Gosto desse vinho.
- Chuck você é milionário! Com certeza nunca nem tomou esse vinho comprado no mercadinho da esquina.
- Mercadinho da esquina mais caro da cidade. – ele disse rindo – Mas, estou falando serio... Gosto desse vinho. Claro que os mais caros são ótimos, mas gosto do sabor doce desse aqui... Traz-me boas lembranças.
- Com qual das suas pretendentes já tomou esse vinho? – falei entregando o abridor pra ele.
- Nenhuma... Com elas sempre são os mais caros dos hotéis e restaurantes... Esse aqui... Eu sempre tomo sozinho.
- Porque especificamente esse? Ele não tem nada de especial... A safra é recente.
- Ele é o meu preferido. – ele disse me olhando – Por isso tomo sozinho.
- Eu não acredito em você. Impossível você já ter tomado esse vinho.
- Vá até minha casa e veja a minha adega. – ele sorriu – Eu não sou apenas o cara que você que eu sou... Eu tenho sentimentos.
- Nisso eu não acredito mesmo! – eu ri, mas Chuck abaixou a cabeça – Não me leva a mal Chuck, mas você é Chuck Bass... Não pode ter sentimentos.
- Você não é a primeira a duvidar disso ou de achar que porque sou um Bass não tenho sentimentos.
- Você sabe o histórico da sua família.
- Eu sei... E sei também que meu pai morreu amando uma mulher loucamente. Uma mulher que nunca pode ter.
- Vai me desculpar, mas se ele amasse de verdade teria ido atrás.
- Ele foi... Inúmeras vezes. Ela nunca acreditou nele, aliás, ela o odiava e se casou.
- Que horror. – eu olhei-o, assustada – Me desculpe, eu... Não sabia.
- Ninguém sabe. Os Bass tem fama de quebrar corações e serem mulherengos... Mas ninguém sabe que amamos... E só usamos as outras, porque quem amamos nunca está disponível.
- Ame alguém disponível. – eu disse sorrindo.
- Ninguém escolhe quem amar Melinda.
- Então não seja um idiota, e talvez a mulher que você irá amar não te odeie.
- Impossível... Ela já me odeia. – ele falou rindo e nos servindo vinho.
- Chuck Bass está amando? – falei surpresa enquanto servia a pizza – A joia é pra ela?
- Pode ser... – ele disse tímido – Pode ser...
- Você disse que meu pijama é feio... Depois disso acho que mereço saber quem é a felizarda.
- Vamos comer... – ele disse comendo um pedaço enorme da pizza.
Eu revirei os olhos e sorri. Percebi que ele não queria contar e deixei quieto. Nem éramos tão íntimos assim pra eu estar falando sobre aquilo.
- Bonitas as fotos. – ele disse logo após o ultimo gole de vinho da taça.
Eu olhei para onde ele estava olhando e voltei a olhar pra ele. Estávamos sentados no chão da sala, apoiados no sofá com uma garrafa de vinho vazia entre a gente e pratos sujos sobre a mesa de centro. Chuck tinha apontado para as minhas fotos com Nick sobre a lareira e eu apenas sorri quando voltei a olha-lo.
- Obrigada. – disse olhando pra minha taça e sentindo a cabeça girar.
- Qual o tamanho do seu amor pelo Nick? – ele perguntou me olhando.
- Eu não sei... Mas é muito...
- Muito quanto?
- Acho que eu seria capaz de morrer por ele... Ou alguma coisa do tipo.
- Você está tão bêbada! – ele disse rindo de mim, um tanto bêbado também.
- Você também está. – eu disse.
- Porque você morreria pelo Nick?
- Eu não sei explicar...
- Você seria capaz de trair ele?
- Não... Isso nunca. – falei tentando ficar seria – Eu amo ele...
- Amor é eterno?
- Eu não sei... – passando a mão no rosto e bocejando – Deve ser... Por quê?
Eu olhei pra Chuck esperando a resposta, mas ele estava dormindo. Bocejei mais uma vez e senti a cabeça rodar. Puxei a manta do sofá e joguei sobre ele, pegando no sono logo em seguida.
- Na manha seguinte...
Acordei com o pescoço dolorido. Abri os olhos lentamente e os senti arder por causa da claridade. Senti um peso no meu ombro esquerdo e quando olhei vi Chuck dormindo agarrado em mim. Estranhei, e me senti estranha. Minha cabeça doía e eu queria tomar um banho pra ver se aquele cansaço passava.
Fui me afastando de Chuck aos poucos sem querer acorda-lo, mas foi em vão. Ele abriu os olhos, enquanto ainda estava com a mão sobre a minha perna. Levantou a cabeça e me olhou assustado, se afastou abruptamente e se sentou no sofá.
A camisa branca que estava sempre impecável estava completamente amassada com os primeiros botões abertos a gravata borboleta com o laço desfeito em volta do pescoço. O terno estava sobre o sofá jogado, ele deveria ter tirado no meio da noite e o cabelo que sempre estava penteado com gel estava completamente desgrenhado.
Eu me levantei e prendi o cabelo rapidamente tentando ajeita-lo. Chuck passava as mãos no rosto como quem não acreditasse no que tinha acabado de viver.
- Melinda, me desculpa... Eu não queria... – ele disse sem olhar pra mim.
- Está tudo bem Chuck, só bebemos muito e pegamos no sono na sala. – eu disse tranquilamente – Quantas vezes eu já dormi no ombro de alguém no avião... – sorrindo sem jeito.
- De qualquer forma me desculpa. Quando vim pra cá não foi com a intenção de dormir aqui.
- Está tudo bem, eu já disse... Quer um café?
- Não, eu vou embora. É melhor eu ir.
- Tem certeza que não quer um café antes? Você está horrível.
Ele me olhou sem jeito e se olhou no espelho perto do hall.
- Não precisava ser tão sincera. – ele falou colocando o terno – Geralmente eu acordo bonito quando durmo numa cama confortável.
Eu sorri me sentindo idiota por ter achado que ele tivesse deixado de ser o cara que eu odiava e olhei pra ele.
- Com certeza sim... – respondi seca.
- Eu preciso ir. Me desculpa pelo ombro. – ele falou chamando o elevador.
- Tudo bem... Só tome cuidado com os fotógrafos. Não deixe que te vejam!
- Pode deixar. Bom dia e obrigado! – ele falou entrando no elevador.
- Não tem de que... – falei indo pra cozinha.
Ele saiu e eu fui fazer o café. Fiz coisas simples enquanto lavava os pratos da noite anterior e arrumava a sala. Tomei o café e fui para o banho. Tomei um longo de banheira com muita espuma. Havia acordado muito mais cedo que o normal, e precisava relaxar. Troquei-me com calma. Vesti jeans, sapatilhas pretas e uma camisa branca listrada. Coloquei uma echarpe simples no pescoço, arrumei os cabelos, passei uma maquiagem leve, a que eu usava todos os dias para a faculdade e o trabalho. Peguei as bolsas e sai.
Passei no apartamento de Rachel para pegar ela e Rose. Deixei Rose na escolinha e fui para a faculdade com Rachel.
- Mel o que houve? – Rachel perguntou fechando a porta do carro – Você passou o caminho todo calada.
- Não foi nada... Só estou cansada. – ligando o alarme.
- Melinda May Carter eu te conheço. O que aconteceu?
- Chuck. – eu disse encarando o chão.
- O que esse miserável fez? – ela falou irritada.
- Nada. Ele não fez nada... Eu o ajudei a escolher uma joia no sábado, lembra que te contei da briga com Nick ontem? Então... Ai ontem de noite ele apareceu lá em casa com a pizza que eu tinha pedido... Nós jantamos juntos, bebemos muito vinho e acabamos pegando no sono na sala... Acordei com ele deitado no meu ombro e me abraçando.
- Você jantou com Chuck Bass, ficou bêbada e dormiu com ele? – ela disse fazendo um escândalo.
- Obrigada Rachel... Agora até o Nick que está fora do país já sabe o que houve! – falei revirando os olhos.
- Melinda, você não pode confiar nele.
- Eu não confiei... Só dormimos ok.
- Mesmo assim, ele é o Chuck que todo mundo odeia. Ele pegou metade das meninas de Manhattan.
- Eu sei... Eu sei... Mas ele está diferente. E ele dormiu abraçado em mim. – eu falei baixo.
- Ele pode estar querendo pegar você só pra contabilizar mais uma na lista dele, abre o olho! O Nick ama você.
- E eu amo o Nick... Só te contei porque foi estranho.
- Esquece isso. Esquece o Chuck! Você é casada e seu marido daria a vida por você. E se eu não me engano Nick mandou você ficar longe do Chuck.
- Mandou... E eu vou ficar. Obrigada por ser minha melhor amiga e me compreender! – sendo irônica.
- Obrigada por ouvir meus conselhos... – ela disse sorrindo falso entrando na sala dela.
Revirei os olhos e fui pra minha sala. Sentei perto das meninas de sempre e as aulas foram chatas como sempre.
No hospital tive uma reunião com Addison e duas cirurgias com Arizona. Foi cansativo pra mim, mas sobrevivi.
Jantei no hospital e acabei fazendo plantão.
Liguei pra Nick de madrugada só para dar boa noite e dizer que não estava em casa. Ele parecia estar cansado, então não nos falamos muito.
Assim que desliguei o telefone Addison me chamou pelo bipe.
- Pensei que tinha ido embora! – eu disse entrando na sala dela.
- Estava trabalhando nos testes e estudando os seus últimos exames...
- Parece preocupada. – me sentando.
- Mel ocorreu alterações nos seus exames de hoje...
- Alterações? Alguma coisa está dando errado?
- Não... Alguma coisa está dando certo... – ela disse sorrindo.
- Certo como?
- Você usa camisinha quando transa com Nick?
- Não...
- Quando foi que tiveram relações pela ultima vez?
- Na madrugada de domingo pra segunda. Addison o que está acontecendo?
- Mel, eu acho que o espermatozoide encontrou o ovulo... Está recente pra dizer isso, mas nos exames que fizemos hoje aconteceram alterações.
- Mas não da pra saber antes da primeira semana...
- Com os meus novos métodos de exame é possível... Eu não te darei a certeza... Vamos ter que esperar uma semana, mas eu acho que você está gravida.
- Não brinca comigo...
- Tudo indica que sim pelos novos métodos dos exames. Não vou te dar certeza, não fique com tantas esperanças e nem conte pra ninguém por enquanto.
- Essa foi a melhor noticia do meu dia!
- Estou tão feliz... Mas você sabe que terá que ficar de repouso... Seu útero não está preparado pra isso.
- Sim, eu sei... Mas e o seu estudo?
- Se você tiver esse bebe eu já comprovei metade da pesquisa!
- Mas e o resto? O premio... Você só vai ganhar se comprovar a pesquisa toda.
- Eu não ligo para o premio Mel...
- Eu nem sei como te agradecer.
- Não agradeça... Não ainda! – ela sorriu.
Vi lagrimas surgirem em seus olhos azuis grandes e o sorriso se desmanchar. Ela parecia triste e feliz ao mesmo tempo.
Abraçou-me com força e passou a mão na minha barriga em seguida.
- O que foi? – perguntei.
- Eu acompanho a gravidez de muitas mulheres e faço partos todos os dias, mas eu nunca pude ajudar aquelas mulheres que vinham me pedir socorro para poder engravidar e eu te ajudei...
- E vai ajudar muitas outras... Mas porque parece triste?
- Porque eu descobri tudo isso tarde demais pra mim...
- O que quis dizer com tarde demais pra você? – perguntei confusa.
- Eu nunca pude ser mãe... Eu nunca pude ter um bebezinho pra chamar de meu.
- Addison eu sinto muito... – abraçando ela.
- Tudo bem! – ela disse sorrindo – Está tudo bem, porque agora eu sei que ninguém mais vai passar pelo que eu passei por todos esses anos! Ninguém mais! Nem mesmo você!
Eu a abracei com mais força chorando com ela.
Estava abraçando a mulher mais corajosa que eu conhecia, e a em minha opinião uma das melhores medicas do país.