- Melinda narrando.
Depois de ter conversado um tempo com Nick no celular, e falar sobre a possível gravidez me senti aliviada.
Passei a noite fazendo plantão no hospital. Estudei para algumas provas da faculdade e consegui chegar na sala de aula sem me atrasar, o que era quase missão impossível pra mim.
As aulas foram tranquilas. Fui bem nas provas e passei a tarde com Rachel na biblioteca tentando ajuda-la estudar.
Os dias foram se passando cada dia mais rápido, e logo havia se passado um mês. Eu falava com Nick varias vezes por dia e estava bem na faculdade e no trabalho. Fiz mais alguns exames para confirmar a gravidez de todos deram positivos. Claro que ainda era cedo demais para comemorar, mas eu já me sentia muito melhor que antes.
Depois da passagem pelo Brasil os meninos tiveram uma semana de descanso e voltaram para casa. Era incomum isso acontecer no meio de uma turnê, e quando Nick me ligou avisando eu não havia entendido muito bem, mas fui busca-lo no aeroporto no dia previsto para a volta deles.
- Amor! – eu gritei logo que o vi – Que saudade de você! – indo até ele.
Ele estava de óculos e cabisbaixo. Joe passou direto por mim sem dizer nada e estranhei. Kevin abraçou Danielle e me olhou em seguida. Eu abracei Nick, mas não ele não retribuiu.
- O que houve? – perguntei me soltando dele.
- Conversamos em casa... Vamos! – passando por mim.
Não falei com mais ninguém e sai atrás de Nick pelo aeroporto um tanto desesperada. Ele ao menos tinha me olhado, e o tom de sua voz era frio e seco.
No carro fomos em silencio, e o tormento só acabou assim que entramos em casa.
- Pode me contar o que aconteceu? – eu disse jogando a bolsa sobre o sofá.
- O que Chuck fazia no nosso apartamento logo depois de eu ter viajado? – ele perguntou tirando o óculo.
- O que? – perguntei confusa – Como... O que quer dizer com isso?
- O que Chuck Bass fazia aqui Melinda? – ele perguntou me encarando.
- Ele passou aqui... Sem motivo nenhum. Eu não sabia que ele viria.
- E passou a noite aqui no nosso apartamento? Sem você saber? – sendo irônico.
- Nós comemos e tomamos vinho e ele pegou no sono aqui na sala...
- Fala a verdade! – ele esbravejou.
- Que verdade?
- Sei que não se encontraram só uma vez... Sei que ele passou a noite, aqui sozinho, com você e que saiu pela manha com as roupas amarrotadas... Ele é um Bass... O que aconteceu entre vocês dois?
- O que está querendo dizer com isso Nicholas?
- Fala a verdade Melinda... Fala que está tendo um caso com o Bass!
- O que? – eu berrei – Vou fingir que não ouvi o que você disse.
- A dias vocês vem se encontrando... Almoçaram e jantaram juntos muitas vezes no ultimo mês... E ele dormiu no meu apartamento! Vai ver o filho que você está esperando é dele!
Senti meu rosto fervilhar de ódio, e a palma da mão arder logo após dar um tapa no rosto de Nick.
- Admite que transou com o Chuck! Admite Melinda!
- Eu não sou uma qualquer... Não sou uma dessas mulheres com quem você está acostumado Nicholas... Não me chamo Miley Cyrus! – falei me afastando dele.
Nick levantou a mão e por um momento achei que iria me bater. Ele passou as mãos pelo cabelo e virou as costas, agoniado.
- Bate! – eu gritei – Bate Nicholas! Vamos lá... Bate!
Ele se virou e avançou na minha direção me fazendo bater as costas na parede. Seu punho direito socou a parede com tanta força que senti-a estremecer atrás de mim. Seus olhos castanhos me fitavam com ódio e eu sentia medo.
- Bate... Não é isso que você quer? – eu disse.
- Você não presta. – ele falou com ódio – Se vender por tão pouco pra um Bass! Quanto ele te pagou pra transar com ele? Aposto que o colar que foram aquele dia escolher juntos agora está nas suas coisas... Quem sabe ele subornou o diretor da faculdade pra você terminar logo...
- Sai daqui! – empurrando ele pra longe – Quem não presta é você por não confiar em mim... E não sou vadia como as suas ex namoradas... Eu não preciso de dinheiro... E tenho caráter suficiente pra não trair você, coisa que você não tem, porque já se rendeu ao charminho daquela puta da Miley.
- Não ouse falar assim dela! – vociferando contra mim – Você não é ninguém pra falar da Miley! NINGUEM!
- Então está fazendo o que comigo? Me diz Nicholas... Se eu não sou ninguém o que está fazendo comigo?
- Eu te amei Melinda... Eu te amei por anos e você me traiu.
- Você nunca me amou! Se tivesse realmente me amado acreditaria em mim.
- Eu nunca mais quero olhar pra sua cara!
- Eu nunca mais quero olhar pra sua! Enquanto ao bebe... Você não terá nenhum direito sobre ele.
- Claro que não terei! Ele não é meu!
- É... Você tem razão Nick... Ele não é seu. – pegando a bolsa de cima do sofá.
- Aonde você vai? – ele disse vindo atrás de mim.
- Não interessa! – entrando no elevador.
- Melinda... – segurando meu braço com força.
- Me solta! Eu sou a vadia que traiu você com um Bass esqueceu? – puxando o braço.
- Eu nunca vou te perdoar por isso! – ele disse.
- Que bom... Pensamos iguais! – disse fitando-o antes da porta se fechar.
O elevador demorou para chegar ao térreo, me deixando ter um tempo para pensar pra onde ir. Assim que sai, peguei o celular e disquei um numero...
- Alô? – a pessoa disse com a voz sonolenta.
- Chuck? Está ocupado?
- Mel? – ele perguntou confuso.
- Sim... Está ocupado?
- Não. Eu estava cochilando... O que houve? Está com a voz tremula.
- Estou indo pra ai agora!
- Tudo bem, mas me explica...
- Agora não Chuck! Estou indo! – desligando.
Entrei no carro as pressas e fui até o apartamento de Chuck a oito quadras dali.
Subi sem avisar o porteiro e assim que as portas do elevador se abriram vi Chuck parado com um roupão preto de seda. O cabelo perfeitamente arrumado, a cara limpa e inchada e perfumado.
O abracei sem pensar duas vezes e ele se espantou.
- O que aconteceu?
- Nick disse que o trai com você... Ele quase me bateu e disse que não sou ninguém.
- O que Nick o que? – ele disse bravo.
- Eu estou com medo Chuck! – agarrando ele.
- Vamos sentar... Eu vou pegar alguma coisa pra você beber. – me levando para o sofá.
Eu me sentei chorando assustada. Chuck trouxe agua com açúcar e sentou ao meu lado. Expliquei tudo que tinha acontecido e ele me acalmou dizendo que tudo iria passar.
Senti uma dor forte no abdome e perdi o ar. Me levantei para ir ao banheiro e Chuck se espantou.
- Mel... – olhando pra mim espantado.
Senti algo quente escorrer pelas minhas pernas e quando olhei para o chão vi algumas gotas de sangue.
- Eu to perdendo o meu bebe... – eu disse olhando pra Chuck com os olhos cheios de lagrimas – Eu estou perdendo o meu bebe Chuck.
- Vou te levar para o hospital agora mesmo! Consegue esperar eu trocar de roupa! Prometo ser rápido!
- Eu posso ir para o hospital, sozinha!
- Não... Me espera! Já disse que nunca te deixarei sozinha!
Ele correu para o quarto e em cinco minutos estava de terno e gravata parado na minha frente segurando minha mão.
Fomos para o hospital às pressas e eu logo estava na maca indo para a sala de emergência enquanto Chuck fazia a ficha. Ele parecia estar desesperado e com medo, mas tentava manter a calma.
Na sala de emergência vi Arizona entrar desesperada seguida por Karev.
- Me disseram que você estava aqui... O que houve? – Arizona disse colocando a mascara.
- Ela está perdendo o bebe! – Addison respondeu preparando uma seringa.
- Mel... O que houve? Porque Chuck está na sala de espera? – Alex perguntou confuso.
- Eu briguei com Nick... – fazendo careta ao sentir a picada da seringa – Eu tive um estresse muito grande.
- Alex, pega o ultrassom! Agora! Precisamos tentar fazer isso parar!
- Batimentos caindo. – o enfermeiro disse.
- Addison... Salva o meu bebe! – eu disse entrando em pânico.
- Eu preciso que você se acalme agora. Vai ficar tudo bem!
- Promete?
- Prometo!
- O que eu falo para o Nick?
- Nicholas não quer essa criança. Não precisa avisa-lo. – começando a ficar sonolenta.
Lembro-me de ter apagado em seguida, de sentir muita dor quando acordei de repente no meio da sala de cirurgia e de achar que ouvi Chuck dizendo que me amava no quarto de repouso.
Acordei três dias depois com Rachel segurando minha mão e orando.
- Ray? – eu disse quase sem voz – Agua!
- Graças a Deus você acordou bem! – ela disse me abraçando.
- Agua! – eu disse mais uma vez.
Ela me trouxe um copo com agua e eu o tomei quase num gole só.
Olhei pra ela confusa e para a porta do quarto que estava aberta. Chuck estava sentado numa poltrona perto da porta do lado de fora do quarto. O rosto abatido e os olhos fechados. Olhei para Rachel mais uma vez e ela sorriu.
- Ele passou os últimos três dias sem desgrudar de você. – ela disse – Parece gostar mesmo de você.
- E o meu bebe?
- Vou chamar a Addison pra você conversar com ela. – ela disse preocupada.
- Eu perdi o meu bebe não foi? – perguntei.
Ela saiu do quarto sem me responder.
Addison apareceu logo em seguida, sorrindo como sempre, mas parecendo preocupada.
- Eu só quero saber do meu bebe. – disse antes de começar a me examinar.
- Eu sinto muito. – ela disse segurando minha mão.
- Tudo bem... – deixando uma lagrima rolar – Você disse que isso poderia acontecer.
- Não precisa se fazer de forte.
- Não estou. Estou magoada pelo bebe, e estou magoada pelo Nick. Tudo está horrível... Mas eu superei coisa pior. – virando para o outro lado.
- E com certeza vai superar tudo isso! – Chuck disse entrando na sala.
Olhei pra ele e o vi sorrindo pra mim, com as mãos nos bolsos do terno como de costume.
- Posso ficar sozinho com ela doutora? – ele disse.
- Claro... – ela disse saindo.
Ele se aproximou e segurou minha mão. Me deu um beijo na testa e se sentou ao meu lado.
- Eu liguei para Nick para avisar o que tinha acontecido...
- Não era pra ter feito isso.
- Eu fiz... Ele tinha que saber o que fez.
- Aposto que não se importou.
- Joe e Kevin vieram te ver. Mas foram embora logo porque precisavam voltar para a turnê. Eu expliquei tudo pra eles, e eles acreditam em você e estão ao seu lado... Mas...
- O Nick...
- Disse que esvaziou o apartamento, e deu entrada no divorcio... Eu sinto muito por te causar tudo isso Mel.
- Nem tudo é culpa sua. Ele não acreditou em mim.
- Eu não deveria ter me aproximado de você.
- Mas se aproximou porque seguiu seu coração.
- Como assim? – confuso.
- Ouvi quando você disse que me amava... Ou pelo menos acho que ouvi... Pode ter sido um sonho.
- Mel... – segurando meu queixo.
- Não foi um sonho não é mesmo?
- Não.
- Você é um Bass... Não pode amar.
- Não... Eu sou um Bass e sofro da sina de amar pessoas impossíveis.
Eu sorri sem graça e olhei novamente.
- Eu não te forçarei a nada. Sei quem você ama e farei de tudo para fazê-lo desistir do divorcio.
- Ele não fará isso. Conheço o Nick.
- Eu tentarei... Eu juro que tentarei! – beijando minha testa.
- Nunca conheci esse teu lado senhor Bass.
- Tem muitas coisas sobre mim que ninguém sabe senhora Jonas.
Eu o abracei com força e o fiz deitar ao meu lado na maca. Não como um ficante ou algo do tipo, mas como meu amigo.
Sabia que Chuck tinha mil e um defeitos. Sabia que era imaturo, mulherengo, e adorava esbanjar dinheiro. Duvidava do sentimento dele por mim. Ainda acreditava que tudo aquilo era só porque eu era a mulher que ele não podia ter, mas nem a minha família havia ficado três dias direto no hospital esperando eu me recuperar, e se ele tinha ficado era porque de alguma forma, mesmo que mínima eu era importante pra ele.
Me ajeitei no peito dele e fechei os olhos pensando em Nick. Me lembrei do tapa que quase recebi por falar de Miley, e alguma coisa dentro de mim disse que Nick nunca havia deixado de ama-la. Era doloroso pensar nisso, mas era tão real que eu quase podia tocar no sentimento entre os dois.