- Nick narrando.
- Nick... Levanta! – disse Joe puxando minha coberta.
- Temos uma entrevista em meia hora Nicholas. – Kevin pareceu berrar abrindo as cortinas.
Minha cabeça estava explodindo de dor e meu corpo estava fraco. Abri os olhos e vi Joe insistindo em puxar minhas cobertas. Soltei-as deixando o joga-las no chão do quarto e em seguida senti Kevin me puxando pelo pé.
- Mais que saco! Eu não estou bem. – resmunguei levantando.
- Ninguém mandou beber tanto na noite passada. Agora vai tomar um banho gelado, trouxe um café forte pra você e estarei te esperando com Joe no saguão.
- Eu não quero ir para a entrevista.
- Não tem querer! – Joe falou irritado, saindo do quarto.
Eles bateram a porta e pude sentir a minha cabeça virar pedacinhos. Fui tomar um banho gelado rápido e após me trocar tomei o café que Kevin havia deixado sobre a mesa.
Desci para o saguão do hotel de óculos escuros. Mesmo com o banho e com o café os olhos não negavam a bebedeira da noite anterior.
- Tira esse óculo Nicholas! – meu pai disse assim que viu as portas do elevador se abrir.
- Não posso...
- E porque não? – se aproximando.
- Se eu tirar todos vão saber o que eu fiz na noite passada.
- E o que você fez noite passada? – disse ele confuso.
- Bebeu como se todo o álcool do mundo fosse acabar! – Kevin o respondeu me puxando – Vamos logo, estamos atrasados para a entrevista.
Eu entrei na sala reservada para a entrevista, cumprimentei a equipe e me sentei.
Obviamente a primeira pergunta da repórter foi sobre meu óculo escuro dentro do hotel. Respondi que estava com os olhos irritados, e ela fingiu acreditar seguindo normalmente com a entrevista.
Tudo foi bem rápido. Tiramos algumas fotos, respondemos perguntas sobre a turnê e sobre a vida pessoal e logo terminou. A bomba sobre meu termino com Melinda ainda não havia explodido entre os repórteres. Eles especulavam o porquê de eu não estar com ela no hospital, mas não passava disso, e por enquanto seria melhor assim. Ou toda a turnê se resumiria ao casamento que durou apenas seis meses.
Saindo da entrevista peguei o celular e nenhuma mensagem ou ligação. Senti algo estranho no peito, um vazio, uma saudade que me fez ter que segurar o choro que não aparecera há dias.
- Como está se sentindo agora? – Joe falou entrando no elevador comigo.
- Melhor.
- Vi você olhando o celular... Não havia nada não é mesmo?
- Eu não quero falar sobre isso.
- Algum dia você vai precisar falar sobre isso Nick... Não pode engolir o que está sentindo para sempre.
- Ela me traiu, e acabou... Não tem mais o que falar.
- Eu continuo sendo seu irmão e sei como está se sentindo. Ela é a mulher da sua vida.
- Você não sabe como me sinto. Você nunca amou! Abandonou Rachel sem pensar duas vezes e está tão feliz com a nova namorada que está acabando com a banda. – saindo do elevador.
Antes de sair notei Joe abaixar a cabeça um tanto desolado. Senti que havia sido bruto e injusto por descontar o que estava sentindo em cima dele, mas não tinha cabeça para voltar e me desculpas. Afinal, de alguma forma eu tinha razão. Ele havia mesmo trocado Rachel por outra, e estava realmente acabando com a banda.
Antes de entrar no quarto olhei novamente o celular. Nada de mensagens ou ligações. Abri a porta segurando o choro na garganta. Bati a porta e atirei o celular o mais longe que pude, caindo de joelhos em seguida e soltando o choro contido há dias. Nada mais estava fazendo sentido. Tudo parecia desorganizado e fora do eixo. Eu parecia não estar ali, ela não estava ali, ninguém estava. Todos estavam partindo, de uma forma ou outra tudo estava acabando.
- Melinda narrando.
- Como está a minha paciente? – Addison disse entrando no quarto.
- Melhor que ontem e pronta para voltar à ativa! – respondi trocando de roupa.
- Quem bom! Mas peço calma... Te libero para a faculdade nos próximos dois dias, mas nada de trabalho! Só quero te ver trabalhando na segunda!
- E eu vou sobreviver ao final de semana como?
- Descansando.
- Addison eu não posso ficar em casa sozinha.
- Você precisa! E é seu aniversario.
- Você só pode estar brincando comigo.
- Não estou... Descanse!
- Odeio você... – disse rindo.
- Mel, está pronta? – minha mãe disse entrando no quarto.
- Estou...
- Seu pai já resolveu a papelada, e Chuck está esperando para se despedir de você.
- Vamos... Addison, obrigada por tudo! – abraçando ela.
- Não tem de que Mel. Me desculpa!
- Não peça desculpa... O erro não foi seu.
- De qualquer forma...
- Esquece, já passou. Te vejo na segunda.
- Até segunda! – me abraçando – Se cuida.
- Pode deixar... – me soltando dela e saindo.
Ao chegar à recepção logo vi Chuck apoiado sobre o balcão pensativo.
- Hey... – eu disse me aproximando – Não precisava ficar me esperando.
- Passei três dias esperando você acordar, acha mesmo que não iria esperar para ver você saindo desse lugar?
- Obrigada! – segurando a mão dele.
- Não agradeça... Eu causei tudo isso na sua vida.
- Não causou não... Nick deveria confiar e acreditar em mim.
- Mel...
- Acabou Chuck... Esquece tudo isso. Nick foi embora.
Ele me abraçou com força e beijou minha bochecha me fazendo corar.
- Se cuida. – ele disse me soltando.
- Se cuida também. – respondi sorrindo.
Aos poucos soltamo-nos um do outro e ele foi embora. Eu acompanhei minha mãe e meu pai até o carro e eles me deixaram em casa.
Betty estava lá arrumando as coisas e fazendo o almoço pra mim. Me viu chegar, me cumprimentou, mas em momento algum falou sobre Nick.
Voltando para a sala notei que todas as fotos dele haviam sido retiradas. Substituindo as molduras vazias estavam fotos minhas sozinha. Fui até o escritório e notei a enorme mudança. O escritório que antes era divido em duas partes, agora era apenas um. Uma mesa grande perto da janela, com uma cadeira de couro branco e poltronas em frente a mesa combinando, apenas uma estante grande e repleta de livros meus, um pequeno sofá ocupando o lugar onde antes era a mesa de Nick, e enfeites nos lugares onde ficavam os instrumentos. Não havia vestígios de Nick em lugar nenhum daquele lugar.
Fui para o quarto e ele era o único cômodo que parecia não ter mudado. Exceto pelas fotos de Nick que também sumiram das molduras, e do closet completamente vazio.
Ele havia ido embora definitivamente. Não voltaria ali nem para buscar as coisas, pois tinha feito questão de levar tudo embora enquanto eu estava longe.
Desci para fazer companhia a Betty na cozinha, e notava a expressão assustada dela toda vez que eu tentava falar sobre Nick.
- Betty, o que houve?
- Porque senhora?
- Quando eu falo alguma coisa me referindo ao Nick você parece ficar com medo.
- Não é nada senhora... Impressão sua.
- Não é não. O que houve?
- Senhora, me desculpa... Mas tenho ordens para não falar sobre o senhor Jonas.
- Ordens de quem?
Ela abaixou a cabeça e pude ter a certeza de quem deixou aquela maldita ordem pra ela.
- Escuta Betty... A partir de hoje você só tem a mim como patroa. Nick não mora mais aqui e não paga mais o teu salario. Sei que foi ele que te deu essa ordem, mas você não trabalha mais pra ele. Entendido?
- Sim senhora! – colocando o prato na minha frente e me servindo.
- Está de folga nesse final de semana.
- Mas, senhora eu não posso deixa-la aqui...
- Mais uma ordem? – perguntei encarando-a.
- Desculpe senhora. – disse ela sem conseguir me olhar nos olhos.
- Tenha um ótimo final de semana.
- Obrigada.
- Vai ver sua família?
- Sim...
- Sua mãe está melhor?
- Está sim... Com o meu salario consigo comprar os remédios dela.
- Fico feliz por você! – disse sorrindo – Agora vá pegar um prato e senta aqui comigo para comer.
Ela me olhou assustada, sorriu em seguida e se serviu. Almoçamos juntas, e ela me contou um pouco mais sobre a família dela. Eles eram bem simples. Aparentemente antes de Betty trabalhar nem sabiam o que era viver tranquilamente.
Depois do almoço ajudei-a com a louça e fui para o escritório ajeitar algumas coisas da faculdade. Por email me passaram tudo que eu havia perdido e consegui me organizar para o dia seguinte.
Consegui ter uma tarde boa, sem lembrar de Nick. Aliás, nos últimos dias eu havia conseguido segurar a barra muito bem. Mas quando a noite chegou e me vi sentada na mesa de jantar sozinha me senti estranha.
Jantei sozinha e fui para o quarto. Verifiquei o celular algumas milhares de vezes e as únicas mensagens eram de Joe ou Kevin perguntando se eu estava bem. Chequei o email, e as redes sociais e nem sinal dele.
Ninguém parecia saber do acontecido, o que era estranho. Algumas entrevistas mencionavam Nick um tanto estranho ao falar de sua vida pessoal, porém a separação parecia não ter sido descoberta ainda.
Respondi Joe e Kevin e fui para a varanda do quarto. Passei horas olhando para o céu tentando entender todos os acontecimentos, mas nada se encaixava.
Me lembrei da vez em que provoquei Nick com João... Ele havia vindo atrás de mim tirar satisfações, os dois saíram no tapa no meu quarto e em seguida eu fui atrás de Nick pedir desculpas. Tudo havia dado certo naquela noite.
- Betty! – gritei da porta do quarto.
Ouvi os passos apressados de Betty pelo piso de madeira de sala e em seguida pela escada e logo ela estava parada na porta do quarto ofegante.
- O que houve senhora?
- Preciso viajar agora... Me ajuda com as malas?
- Mas a senhora precisa de repouso.
- Não posso ficar parada esperando a vida passar. – pegando as malas do closet e colocando sobre a cama.
Comecei a arrumar duas malas as pressas. Colocava as coisas do closet sem nem olhar.
Arrumei uma bolsa de mão rapidamente e liguei para o aeroporto.
- Como assim nenhum voo indisponível para Londres? – falei inconformada.
- Desculpe senhora, mas essa noite todos os voos estão esgotados... Se quiser esperar para amanha de tarde.
- Eu não posso esperar até amanha de manha! – desligando.
Joguei o telefone sobre a cama e olhei para Betty.
- Senhora...
- Eu não posso viajar amanha de tarde... Vai demorar.
- Aluga um jatinho. O senhor Jonas fez isso para viajar após a briga de vocês.
- Um jatinho... – olhei para o celular sobre a cama.
Peguei o celular e disquei o numero de Chuck. Como o esperado ele atendeu logo.
- Mel o que houve? – ele disse assustado.
- Nada... Seu jatinho está disponível?
- Sim. Por quê?
- Eu preciso ir agora pra Londres.
- Vá para o aeroporto agora, eu te encontro lá.
- Obrigada! – desligando.
Olhei pra Betty e sorri, ela não entendeu, mas sorriu de volta.
- Peça um taxi pra mim agora mesmo. Preciso ir para o aeroporto. E pede pra alguém vir pegar as malas.
- Sim senhora. – saindo do quarto.
Me troquei as pressas, peguei a bolsa e desci.
Esperei pelo taxi que não demorou a chegar. Me despedi de Betty e pedi para ela avisar a todos que eu estava indo para Londres. Ela não sabia exatamente o que eu estava indo fazer lá, e talvez ninguém entenderia o meu motivo, mas eu estava indo.
Chegando ao aeroporto, procurei por Chuck. Me levaram até a sala reservada para voo privados e o vi pelo vidro da sala do lado de fora conversando com o piloto.
Passei pelas portas de vidro e fui de encontro a ele.
- Você já está aqui. – falei abraçando ele.
- Assim que me ligou vim pra cá com o piloto. Andrew está é Melinda May, Mel este é Andrew Lima e vai te levar para Londres essa noite.
Eu cumprimentei o piloto e ele sorriu e se afastou.
- Pode me dizer o que está indo fazer em Londres? – Chuck perguntou.
- Uma vez um mal entendido aconteceu entre Nick e eu, foi em Londres, e eu fui atrás dele... Eu estava pensando em tudo hoje e me lembrei que pelos próximos dias ele estará em Londres e pensei que...
- Eu entendi... – ele sorriu sem jeito.
- Eu preciso tentar...
- Eu sei Mel.
- Chuck... Me desculpa! Você me disse tudo aquilo e eu estou pedindo a sua ajuda para sair do país...
- Os Bass amam pessoas impossíveis. Eu amo você mais sempre soube que seu coração pertence a ele. Se você acha que deve fazer isso, faça!
Ele esboçou um sorriso torto, olhou para o avião e voltou a olhar pra mim. Quando seus olhos encontraram os meus senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo e por impulso o beijei.
Não foi um beijo longo, e também não posso dizer que foi o melhor da minha vida. Nada comparado ao beijo roubado que Nick me deus no hotel em Los Angeles aquela noite em que ele me reencontrou.
Ao soltar Chuck senti que havia acabado de partir o coração dele. Foi intenso, porém tão doloroso que senti como se pudesse tocar a dor.
- Me desculpa. – eu disse olhando pra ele com os olhos cheios de lagrimas.
- Vai... Corre atrás do teu amor. – ele disse me olhando.
Eu me afastei e olhei-o novamente. Ele estava parado, olhando para o chão com as mãos no bolso. Subi as escadas e antes de entrar olhei mais uma vez pra ele, imóvel. Sussurrei um pedido de desculpas e entrei. Sentia muito por tudo aquilo, mas não o amava... Precisava deixa-lo, precisava seguir meu coração. Eu só podia amar um homem, e esse homem não se chamava Chuck Bass.