O voo foi longo. Cochilei umas duas ou três vezes até ser acordada pela comissária de bordo quando pousamos no aeroporto internacional.
Desembarquei e fui direto para o carro que estava me esperando. Chuck havia pensado em tudo, até mesmo no hotel que eu ficaria.
Como o fuso horário confuso de um país para o outro, sai de NY às 21h, no caso 01h da manha em Londres, e pousei as 07h em ponto.
Chegando ao hotel, dei de cara com Kevin. Ele me olhou por vezes como se não tivesse acreditando e veio em minha direção ainda com duvida.
- Mel? – ele perguntou confuso.
- Bom dia Kevin. – eu disse sorrindo.
Ele me abraçou imediatamente e me tirou do chão fazendo todos em volta nos olhar.
- O que está fazendo aqui?
- Estava em casa lembrando aquela vez em que houve um mal entendido entre Nick e eu, ele veio até Londres e se hospedou nesse hotel... Vim atrás dele e nos reconciliamos... E estou aqui.
- Nick vai surtar quando ver você.
- Isso é bom ou ruim?
- Eu não sei... – ele falou confuso.
- Melinda? – Joe disse saindo do elevador.
- Oi. – respondi.
- Ainda estamos em Londres? – ele perguntou pra Kevin.
- Estamos e ela está aqui pra falar com o Nick.
- Sinto que já passei por isso.
- E já passou... Em 2013, quando sai com o João e Nick veio me ver. Vim vê-lo nesse hotel aquela noite.
- Sim... Como me esqueci daquilo? Entrei no quarto do Nick e lá estava você com ele... Foi logo depois de Rachel descobrir a gravidez.
- Exatamente. – disse.
Joe se afastou, foi até o balcão, falou algo para recepcionista e voltou com uma chave-cartão.
- O que é isso? – perguntei confusa.
- A chave do quarto do Nick. Ele está dormindo. – me entregando o cartão.
- Obrigada! – abraçando ele e Kevin.
- Boa sorte. – Joe disse.
- Obrigada! – falei indo em direção ao elevador.
Fui até o quarto de Nick, abri a porta em silencio e percebi que ele já não estava mais na cama.
Coloquei a bolsa na poltrona e o procurei pelo quarto até ouvir o barulho do chuveiro.
Olhei em volta e vi algumas coisas quebradas, entre elas um espelho rachado e o celular dele no chão.
O quarto cheirava whisky e charuto caro de hortelã, o que me deixou confusa.
- O que está fazendo aqui? – a voz de Nick soou rígida e raivosa logo atrás de mim.
Me virei assustada, mas não disse nada.
- O que está fazendo aqui Melinda? – ele repetiu.
- Vim te ver e tentar ter uma conversa...
- Eu não tenho que falar com você. – passando no meu lado com a toalha enrolada na cintura e as costas ainda molhadas.
- Mas eu tenho e você tem que me ouvir. – acompanhando ele com o olhar.
- Que mulher insistente! – ele resmungou colocando a mala sobre a cama e ficando de costas pra mim.
- Nick olha pra mim. – me aproximando.
- Quem te deixou entrar? – deixando a toalha cair no chão.
- Sou sua esposa... Olha pra mim.
- Esposa... – disse ele em tom de deboche.
Senti meu sangue ferver de raiva, avancei na direção dele e o puxei pelo braço.
- Olha pra mim. – esbravejei.
Ele olhou para o lado com um meio sorriso, e me olhou serio com os olhos castanhos queimando de raiva. Arqueou uma sobrancelha e permaneceu me encarando.
- Posso ao menos me vestir? – ele questionou – Ou vai querer conversar comigo nu... O que faria muito sentido, pois sei muito bem o que pensou antes de vir pra cá.
Eu o soltei e me virei de costas. Ele colocou apenas a cueca e a calça jeans e me pediu para virar novamente.
- Fala. – ele disse assim que virei.
- Não achei justo o que fez... Você saiu da sua turnê pra volta pra casa e me dizer que tudo estava acabado porque segundo você eu te trai. Você não deixou eu me defender, nem ao menos pensou na possibilidade de tudo ser um engano.
- Pensei nessa possibilidade, mas me lembrei do que você fez com o João.
- Você sabe que aquilo foi um tremendo engano. Eu fiquei com ele porque pensei que você tinha ficado com outra.
- Dessa vez pode ter sido um engano também.
- Eu não trai você!
- Não foi isso que você disse antes de ir pra casa do Chuck naquela noite.
- Você me disse que o filho não era seu e eu perdi a cabeça.
- Perdeu a cabeça e assumiu ter me traído. Que tipo de mulher falaria isso perdendo a cabeça?
- O tipo de mulher que odiaria ver o homem da vida dela julgando-a sem motivos e defendendo a ex.
- Não a coloca no meio.
- Porque não? Acho que tem muitos assuntos pendentes entre a gente senhor Jonas.
- Não, não tem! O único assunto pendente foi resolvido quando eu resolvi me separar de você.
- A não tem? Esqueceu que quase me bateu após eu cita-la na discussão? E porque será que ficou tão irritado quando eu citei o nome dela?
- Porque eu considero ela.
- Considera tanto que já a beijou estando comigo.
- Um beijo que aconteceu á anos atrás não se compara com ter ficado gravida de outro cara.
- O filho era seu!
- Prove!
- Você foi o meu primeiro, e só não foi o único por causa daquele incidente com Shepherd... Pensa bem Jonas, pensa em como foi difícil se deitar comigo novamente... Pensa em como ainda tenho medo toda vez que toca em mim, e vê se eu realmente deixaria o Chuck encostar dessa forma mim.
- Ah você deixaria...
- É isso que você acha?
- É isso que eu tenho certeza senhora Jonas... – se aproximando - Porque eu sei como você gosta quando eu faço isso... – entrelaçando os dedos pelos meus cabelos e os puxando, fazendo meu pescoço ir pra trás – Sei que você adora quando eu beijo aqui... – encostando os lábios no meu pescoço – E sei que seu medo é só charme... Você não passa de uma cachorra. – me soltando.
Senti minha face pegar fogo, ergui a mão para bater em Nick e instantaneamente ele segurou meu pulso.
- Você não vai me bater... – ele disse apertando meu pulso.
Ergui a outra mão e ele a segurou também.
- Está surda Melinda?
- Me solta!
- Não.
- Está com medo de apanhar?
- Eu só não quero apanhar por falar verdades! – me empurrando contra a parede.
- Não é o que está parecendo... Me imprensando contra uma parede senhor Jonas? Não consegue resistir a ex mulher.
- Nunca disse que você é minha ex...
- Agora não sou mais?
- Para de me provocar...
- Sei que não consegue resistir Nicholas... Sei quais são os seus limites.
- Eu sei quais são os seus...
- Não... Se soubesse não me julgaria.
- Cala a boca! – ele disse com os olhos queimando sobre mim, mas dessa vez não era raiva.
- Não é capaz de fazer isso?
Ele automaticamente grudou os lábios nos meus, ainda segurando meus braços pra cima e pressionando meu corpo contra a parede com o próprio corpo. Vez ou outra ele mordia meus lábios com força, eu resmungava, e ele parecia gostar. Soltou meus braços, me segurou pela cintura e me jogou na cama tirando minha roupa e beijando cada mínima parte do meu corpo. Olhar em seus olhos era estonteante de tanto desejo. Seu corpo queimava, deveria estar febril. Meu corpo arrepiado pedia por mais. Minhas pernas entrelaçadas em volta dele o puxavam pra mim.
- Me mostra como fez com ele... – ele sussurrou no meu ouvido friamente.
- Eu não fiz nada com ele. – rolando o corpo pra cima do dele.
- Tenho certeza que fez... – me segurando pelo quadril.
- Quando você vai entender que sou somente sua? – sentando sobre o membro dele abruptamente.
Ele gemeu, fechando os olhos e quando os abriu a malicia estava estampada neles se misturando ao meio sorriso safado.
- Não acredito em você... – me dando um tapa na bunda.
- Sei que não... – respondi mordendo seu queixo – E nunca mais na sua vida faça isso.
Ele sorriu e gemeu baixo.
- Como consegue? – perguntou de olhos fechados.
- O que? – sussurrei ofegante.
- Fazer com que todos os homens te desejem...
- Só conheço um que me deseja... – mordendo o lábio dele.
- Com certeza é o Bass... Porque pra gostar desse sexo de prostituta só ele mesmo... – rolando pra cima de mim.
Dei um tapa em sua face com força ao ouvi-lo dizer isso e ele voltou a me olhar com raiva.
- Alguém aqui não gosta de ouvir a verdade. – disse ele arrogante.
- Para!
- Com as verdades? Por quê? É bom ver a ser expressão...
- Nick... Para! – empurrando ele.
Ele parou, se levantou e me olhou ainda com arrogância, mas agora com um tanto de medo em seus olhos.
- Você não tem escrúpulos! – eu disse ao levantar.
- Eu te amava... – ele disse com o olhar distante – Eu te amava e você jogou todo o meu amor fora.
- Eu não joguei o seu amor fora... Mas você jogou o meu! – pegando as minhas roupas do chão – Eu vim até aqui me esquecendo de tudo o que você me disse aquele dia... Eu engoli todo o meu orgulho pra vir me reconciliar com você, porque eu te amo... Mas você jogou isso tudo fora.
- Você me traiu.
- EU NÃO TRAI VOCÊ! – berrei raivosa – Eu nunca trairia você porque você é o homem da minha vida!
- Eu perdi tudo... – ele disse se sentando na poltrona sem me olhar.
- E vai continuar perdendo até se dar conta da verdade... – me vestindo.
Ele ficou em silencio olhando para o chão em silencio. Sem chorar ou esboçar qualquer emoção.
Eu me vesti e peguei minha bolsa. Estava com raiva e me sentindo humilhada o suficiente pra querer desaparecer daquele lugar sem precisar dizer mais nada.
- Estou voltando para Nova York hoje mesmo... Não precisa se preocupar, não irei mais atrás de você. Quando voltar da turnê nós resolveremos o divorcio.
- Melinda... – ele disse me olhando com o olhar vazio.
- Você diz que perdeu tudo... Coloque-se no meu lugar... Perdi meu orgulho pra vir até aqui, provavelmente perdi um amigo, porque o usei pra chegar até você, perdi um filho por sua culpa e acabei de perceber que o meu marido é exatamente igual ao cara que ele mesmo mandou pra cadeia.
- Eu não sou igual ao Shepherd...
- Pense o que quiser, e seja o que quiser... Não tenho mais absolutamente nada a ver com a sua vida. – dando as costas.
- Eu amo você... – ele falou baixo.
- Tarde demais... – saindo e batendo a porta.
