- Um mês depois.
Posso com toda certeza afirmar que o ultimo mês não foi exatamente o melhor mês da minha vida.
Logo após meu aniversario tivemos o triste aniversário de um ano da morte de Aidan. Nate, Julie, meus pais e eu fomos até o cemitério, lançamos algumas bexigas brancas ao ar e levamos algumas flores. Foi um dia totalmente em família. Almoçamos juntos, e eu até acabei dormindo na casa dos meus pais. Não era um bom dia para dormir sozinha, ou ir ver Chuck.
Passando por esse dia difícil, tivemos no dia seguinte a festa de aniversario de um ano de Henry. A festa foi linda e grandiosa. Havia crianças por todo o lado, uma piscina enorme e um jardim verdadeiramente lindo e florido. A decoração era de arrancar o folego. Foi divertido após um dia difícil com lembranças tristes e Henry estava mais lindo que nunca.
Antes que o mês de julho acabasse mais uma festa grandiosa. Samira estava ficando oficialmente noiva de Harry e os dois estavam imensamente felizes com a presença de todos os familiares espalhados pelo salão mais chique do centro de Nova York. Preciso confessar que aquela noite eu fugi da festa com Chuck. Fomos para a casa dele e a noite foi maravilhosa como havia sido até então.
Falando no Chuck nos vimos todos os dias do ultimo mês. Eu sempre tirava um tempo na madrugada para sair escondida do meu apartamento e ir para o dele. As noites eram quase perfeitas, o único problema era o assunto sempre acabar com o nome do Nick.
E finalmente chegou o dia da volta dos Jonas para o solo americano e lá estava Danielle e eu no aeroporto para esperar Kevin, Nick e Joe. Eles estavam de volta a Nova York, pra realizar o último show da banda e como boas esposas precisávamos espera-los no aeroporto.
Danielle foi com Audrey e eu acabei levando Rose para ver Joe.
Ao contrario de Danielle eu não estava tão feliz com a volta de Nick. O ultimo mês havia sido demasiado complicado, e os fatos não ajudavam em nada. Não me sentia tão boa esposa para estar naquele aeroporto de braços abertos. Eu havia traído Nick inúmeras vezes em apenas um mês e nem tinha a certeza de que ainda o amava.
Quando eles apareceram Rose saiu correndo para os braços de Joe. Kevin correu até Danielle e Nick veio até mim sorrindo.
- Olá. – ele disse parando na minha frente.
- Oi. – eu disse sorrindo.
- Queria que você tivesse corrido até mim.
- Nós precisamos conversar.
- Agora não... – disse ele colocando as mãos na minha cintura – Deixa essa conversa pra depois. Eu estou com saudade. – me beijando.
- Tudo bem... – parando de beija-lo aos poucos – Tudo bem, a gente deixa pra depois.
No caminho pra casa contei pra Nick como havia sido os últimos dois meses. Contei sobre as visitas a casa de Nate, sobre a faculdade, o hospital, sobre a gravidez de Rachel, sobre Danielle com Audrey, sobre a casa nova de Lola e até sobre a festa fantástica de noivado da Samira, mas me mantive quieta em relação a eu ele.
Ele por sua vez contou sobre a turnê e como estava se sentindo desde a ultima vez que nos vimos.
Senti-me culpada por tê-lo traído, mas não me arrependia. Chuck havia sido uma das minhas melhores escolhas, porém eu não sabia até que ponto aquilo era bom pra mim.
Chegamos em casa e almoçamos juntos. Nick tirou o dia pra descansar e ficar em casa, e eu acabei fazendo companhia pra ele. O ultimo show seria apenas no dia seguinte, 10 de agosto. Era o assunto dos jornalistas. Estava sendo anunciado em todos os cantos e seria uma mega produção. Tanto é que o palco estava sendo montado há três dias.
- Fiz um chá pra gente! – eu falei carregando as xícaras até a sala.
- Obrigada! – ele disse pegando uma xicara da minha mão.
- Como está se sentindo? – perguntei me sentando ao lado dele.
- Péssimo. – ele respondeu encarando o chão – Estamos brigados, minha carreira ta acabando, fiz você perder um filho...
- Sua carreira não está acabando... E perder o bebe foi uma fatalidade.
- Não totalmente acabada, mas nunca mais cantarei ao lado dos meus irmãos... E não vamos entrar nesse assunto.
- Sei que é difícil não estar mais com Joe e Kevin, mas assim como eles você também precisa seguir sua vida.
- Joe está quase noivo da Ashley, tem a Rose e em breve terá mais um filho. Kevin tem a Danielle e a Audrey... Eu estou sozinho Mel.
- Eu estou aqui com você.
- Não está não. Estamos com o casamento por um fio. Não nos entendemos, você não diz que me ama, parece não gostar da minha presença. Não somos mais um casal... Estamos vivendo por aparência.
- Não somos mais um casal, realmente... Mas eu tinha todos os motivos do mundo pra ir embora Nick, tinha todos os motivos do mundo pra não estar mais aqui, mas eu estou. Eu fiquei por você, pra não te deixar só porque eu mais do que ninguém sei que esse momento está sendo difícil pra você. Posso não estar aqui como sua esposa, mas estou aqui como sua amiga.
- Eu não quero você como amiga... Quero você como minha mulher, minha e exclusivamente minha. Quero beijar você, quero te tocar... Quero ver você feliz ao meu lado.
- Eu sinto muito... – passando a mão pelo rosto dele – Eu não sei mais se posso te dar isso.
- Porque não?
- Não tenho mais certeza sobre a gente.
Ele deixou uma lagrima cair e abaixou a cabeça. Ajeitei-me no sofá e o puxei pra cima de mim, fazendo-o repousar a cabeça sobre o meu peito. Ele precisava de mim mais do que qualquer outra coisa no mundo, e eu tinha a obrigação de dar colo e conforto pra ele até aquela fase ruim passar.
No dia seguinte acordamos cedo. Fomos caminhar juntos, conversamos e tomamos um sorvete.
- Isso é estranho! – Nick falou rindo enquanto caminhávamos de volta pra casa.
- O que é estranho? – perguntei tomando o sorvete.
- Eu e você, caminhando juntos, conversando, tomando sorvete. Tem fotógrafos por todos os lados tirando inúmeras fotos nossas e não nos importamos...
Eu sorri um tanto boba e percebi que Nick sorriu a me ver sorrir.
- O que foi? – ele perguntou.
- Me lembrei da minha formatura. Nós dois saímos correndo como loucos pelas ruas de Nova York, fugindo dos fotógrafos... Dormimos no Central Park aquela noite.
- Foi uma das melhores noites da minha vida! – ele disse rindo – Parecíamos dois adolescentes loucos e apaixonados.
- Não parecíamos... Nós éramos! – disse eu olhando fixamente para o sorvete.
- O que foi que aconteceu com a gente Mel? – ele perguntou parando em frente ao nosso prédio.
- Eu não sei. – falei sorrindo sem jeito – Não sei quando foi que deixamos de ser aquilo.
- Foi quando nos afastamos. Você com a faculdade e o hospital, eu com os shows e as turnês. Sei quando foi que isso aconteceu, mas não consigo achar um por que!
- Nós nunca tivemos plena confiança no que sentíamos Nick. Foi por isso. No primeiro momento deixamos de acreditar que nos amávamos, e passamos a julgar um ao outro. Você me julgou achando que eu traí você, eu te julguei dizendo que você ainda ama a Miley e nesse embalo destruímos tudo o que sentíamos... Mas aqui não é o lugar certo pra falar sobre isso. Vamos entrar! – falei olhando em volta.
Nick assentiu com a cabeça e entramos no prédio. Entramos no elevador em silencio e lentamente as portas se fecharam.
Estávamos lado a lado com uma angustia no peito maior que tudo no mundo, e com um silencio que agonizava.
Senti as costas da mão de Nick tocar a minha, olhei para o chão e coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha. Lentamente os dedos dele se entrelaçaram aos meus timidamente, eu deixei, mas não falei nada.
- Chega! – ele exclamou irritado apertando o botão para travar o elevador.
- Nick, o que é isso? – questionei apreensiva.
Ele parou de frente pra mim e deu um passo em minha direção. Eu dei um passo pra trás e bati as costas na parede do elevador. Estava assustada e tinha medo do que poderia acontecer ali. Fechei os olhos com medo de olhar pra Nick e ver sua face furiosa como da ultima vez em que brigamos.
- Olha pra mim... – ele disse com a voz rouca e os lábios próximos dos meus.
- O que você está fazendo? – perguntei ainda de olhos fechados.
- Por favor, olha pra mim... – ele disse.
Eu abri os olhos lentamente, vi que os braços dele estavam em volta de mim, uma mão de cada lado da minha cabeça apoiando-se na parede. Seus olhos queimavam, mas ao contrario do que eu pensava não era de fúria e sim de desejo e sua face estava tranquila, porém sofrida.
- Eu amo você! – ele disse ainda com a voz rouca, me olhando nos olhos – Eu amo tanto você que chega a doer!
- Nick...
- Eu não sei o que está se passando pela sua cabeça agora, mas sei que me culpa pelo bebe, sei que culpa por eu ter te feito sofrer, sei que me culpa por amar a Miley e que me culpa até mesmo por estar me traindo com Chuck...
- Como...? – falei assustada.
- Me deixa terminar de falar, por favor... Mel, eu sei que o nosso casamento virou um desastre da noite para o dia mais eu te amo. Eu sei que Chuck pode te dar o mundo e coisas muito melhores do que eu posso te dar, mas eu amo você, amo mais do que qualquer outra coisa no mundo e preciso que fique comigo, que me perdoe e que me aceite de volta...
Eu me mantive em silencio. Olhava fixamente para os olhos de Nick que transbordavam de lagrimas, sem fala.
As pernas tremiam, o coração batia tão rápido que eu estava ficando sem ar.
Como Nick sabia sobre Chuck eu não fazia ideia. Porque Nick estava falando aquelas coisas pra mim eu não fazia ideia. Nada fazia sentido, nenhuma peça se encaixava e a única coisa que eu podia fazer era ficar ali, parada, fitando os olhos de Nick, sem falar nada.
Nick ao contrario de mim tomou atitude. Puxou-me pela cintura, colou o corpo no meu e me deixou como da primeira vez na porta do quarto do hotel, quando ele descobriu quem eu era.
Nenhuma palavra nesse momento explica exatamente o que senti com o beijo. Apenas sei que quando Nick me soltou eu ainda parecia estar flutuando.
- Eu não vou exigir uma resposta sua agora. Mas peço, por favor, para que reveja tudo, e coloque na balança tudo que sente. Se você tiver que ficar com Chuck, fique só quero que você se seja feliz, mas que isso de preferencia seja ao meu lado. – ele disse destravando o elevador.
O elevador voltou ao normal e logo as portas se abriram revelando o enorme quadro caro na parede do hall de entrada, mas eu ainda estava em choque.
Nick saiu, colocou as chaves sobre a mesa logo abaixo do enorme quadro e eu o perdi de vista. Eu respirei fundo, enxuguei as lagrimas do rosto e sai.
Caminhei até a cozinha e peguei um copo com agua. Precisava me acalmar.
- Mel... Essa noite após o show terá uma festa. É festa de despedida... – Nick disse entrando na cozinha – Eu comprei seu vestido e seus sapatos em Paris, coloquei sobre a cama. Se não gostar pode ir comprar outro, mas peço para que seja rápida, a festa é logo após o show e quero que você esteja no show.
- Tudo bem... Obrigada. – disse tremula.
Nick saiu da cozinha e eu virei o copo com agua. Deixei o copo sobre a pia e subi para o quarto. Provei o vestido, e era absurdamente lindo, assim como os sapatos. Nick sabia do que eu gostava e tinha um ótimo gosto para escolher as coisas pra mim.
Guardei o vestido novamente na caixa e me sentei na cama. Olhei em volta e me senti como em uma espécie de caixa. Tudo ali naquele quarto era uma junção de Nick e Melinda. A escolha dos moveis, os lençóis da cama, a varanda, a claridade das luzes, as cúpulas dos abajures e os porta-retratos. Tudo era eu ele. Aquele era o nosso universo. Um lugar único que ninguém no mundo poderia destruir.
Olhei para a foto sobre a mesa de cabeceira e sorri instantaneamente. Era uma foto minha com Nick, logo quando cheguei à Nova York pra ficar. Ele tinha um sorriso absurdamente lindo no rosto, seus olhos castanhos brilhavam mais que as estrelas, e eu estava grudada em seu pescoço, beijando sua bochecha como uma doce menina travessa.
- Mel? – ele disse logo atrás de mim.
- Oi... – respondi passando a mão no rosto para enxugar as lágrimas.
- O que houve? – ele falou se aproximando com a toalha enrolada na cintura – Porque está chorando?
- Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo! – falei abraçando ele com força – Eu não queria magoar você e o Chuck... Eu juro que eu não queria.