- Melinda narrando.
Eu estava esperando o jatinho ser arrumado ao lado de João e ainda com a arma na minha cintura quando a policia chegou. João se assustou. Virou pra eles me segurando agora pelo pescoço e com a arma apontada pra minha cabeça.
Eu vi Nick descer do carro e enfim deixei a primeira lagrima escorrer.
- Ninguém vai tirar ela de mim! – João gritou.
- Pare com isso Martins, você está cercado!
- Ninguém vai tirar ela de mim! – ele repetiu gritando e disparando um tiro na direção dos policiais.
- Você não a ama, e ela nunca te amou deu estupido! – Nick disse subindo em cima do carro – Se você realmente amasse ela não faria ela passar por isso!
João atirou contra Nick, Nick desviou, mas a bala pegou no braço dele de raspão.
- Eu a amo e você não vai tirar ela de mim seu idiota! – João disse – Se eu tiver que mata-la só pra você não ficar com ela eu mato!
- Ama nada! – Nick desafiou.
- Nicholas desce dai! – o policial disse.
- Nick... Por favor... – eu gritei com dificuldade.
João estava com a arma abaixada e virada pra minha cintura, quando eu gritei ele disparou sem querer, ou por raiva eu não sei bem.
Senti a bala entrar no meu abdômen e me queimar por dentro. Meu corpo amoleceu, João me soltou e saiu correndo pra dentro do jatinho eu cai no chão com dor.
Vi a porta do jatinho ser fechada as pressas e ele começar a levantar voo mesmo com os policiais atirando nele.
Nick correu pra me socorrer.
- Mel... Mel olha pra mim... Acabou! – ele disse tentando me manter acordada – Acabou!
- Nick... Eu... Amo... Você! – fechando os olhos e perdendo os sentidos.
- Nick narrando.
Melinda desmaiou assim que cheguei pra socorrê-la. Entrei em desespero. Rachel veio correndo até mim desesperada e entrou em choque quando viu Mel coberta de sangue e desmaiada.
A equipe de resgate veio socorrê-la e me tiraram de perto. Fui fazer um curativo no meu braço, Rachel foi ser cuidada pelos paramédicos, pois estava passando mal e Danielle foi medir a pressão.
Melinda foi imobilizada e Nate a acompanhou até o hospital na ambulância. Os policiais foram tentar ir atrás de João Paulo. Todo mundo estava apavorado.
Rachel foi levada para o hospital, o paramédico aconselhou depois de perceber que havia alguma coisa errada com o bebe. Joe foi com ela. Kevin e Danielle foram para o aeroporto buscar meus pais. E eu fui de carro para o hospital.
Melinda foi levada pra emergência e Rachel também. Só que como o caso de Rachel não era tão grave Joe entrou com ela. Nate e eu ficamos na sala de espera.
Eu não tirava da minha cabeça que eu tinha provocado aquilo. Que se Mel estava a beira da morte era por culpa minha.
Nate sentou do meu lado e tentou me acalmar, mas era impossível. Me sentia inútil e culpado por aquilo tudo.
Joe voltou desesperado até a sala de espera.
- O que aconteceu? – Nate perguntou assustado.
- Ela ta entrando em trabalho de parto! Rachel está em trabalho de parto! – ele disse chorando.
- Mas ela só está de seis meses. – eu falei assustado.
- Vai ser prematuro, e não tem chances de sobrevivência! A minha filha Nick... Minha filha! – ele disse chorando e me abraçando.
- Doutor Karev narrando.
- Melinda? – eu disse entrando na sala e reconhecendo a mulher ferida da maca – Essa é Melinda May Carter?
- Sim doutor. Baleada a meia hora no abdômen, a bala perfurou o baço e uma parte do intestino e ela está com hemorragia. Teve duas paradas cardíacas, tentamos estabilizar o quadro, mas parece impossível. – a enfermeira disse.
- Ouçam, a amiga dessa mulher está em trabalho de parto prematuro por conta do nervoso que passou a pouco tempo, então precisamos salva-la! – eu disse colocando as luvas com pressa.
Tentamos de tudo com Melinda. Levamos ela para a sala de cirurgia para tentar acabar com a hemorragia, mas ela teve uma parada cardíaca antes de entrar em cirurgia. Conseguimos faze-la voltar, mas seu coração estava fraco.
Passamos uma hora e meia tentando reverter o quadro, mas era como se nada adiantasse.
Estava suturando o intestino dela pra poder cuidar do baço quando ela teve uma parada cardíaca.
Tentamos de tudo para fazê-la voltar, massagem cardíaca, desfibrilador, medicamentos, absolutamente tudo que era possível, tudo que estava ao nosso alcance, por meia hora e nada.
- Doutor Karev... Não adianta mais! – a enfermeira me disse segurando minhas mãos.
Eu estava em cima do corpo de Melinda fazendo a massagem cardíaca quando a enfermeira me disse isso.
Não a conhecia bem, e ela estava ali como minha paciente mais me senti inútil. Parei a massagem e tirei as luvas.
- Hora do óbito... 17h27. – dando as costas
- Doutor Karev... Espera!
- Melinda narrando.
Eu estava inconsciente. Sentia que meu corpo não me pertencia mais. Tudo estava estranho. Eu não sentia mais dor, respirar já nem era mais tão difícil. Então eu abri os olhos, estava num hospital, mas estava tudo vazio e extremamente claro. Olhei para o meu corpo e não vi nem um vestígio do tiro. Me levantei da maca e sai da sala. Cheguei na sala de espera perto da recepção e tudo estava vazio e silencioso.
Senti levemente o perfume de Nick, e pensei por um momento ter ouvido a voz de Nate e o choro de Joe.
Segui pelos corredores do hospital sem entender nada. Cheguei perto de uma sala onde pensei ouvir o nome de Rachel. Já não acreditava mais que eram apenas pensamentos.
Vi um bebe numa incubadora. Era uma menina linda, prematura, pequena, frágil, mas linda. Me assustei ao lembrar do bebe que Rachel estava esperando. Fui me aproximar da incubadora quando pisei em um bilhete:
“Tudo isso parece estranhamente assustador, não parece? Mas é hora de voltar Melinda, essa ainda não é sua hora e sua afilhada precisa de você!”
Olhei para a incubadora novamente e a pequena criança de olhos fechados pareceu sorrir. Senti alguma coisa sugar meu corpo. Me senti como uma poeira sendo sugada pelo aspirador de pó e quando abri os olhos senti uma dor imensa na barriga e vi médicos em cima de mim tentando me salvar. Eu estava viva novamente.
- Isso é um milagre! – disse o medico chegando perto de mim – Melinda, como você está se sentindo?
- Estou com muita dor... – eu disse fraca.
- Nos vamos te anestesiar e cuidar de você. Descanse! Tudo vai ficar bem! – o doutor disse.
- Obrigada! – fechando os olhos.
Eu fui anestesiada e operada. Retiraram a bala de mim e cuidaram dos ferimentos. Enfaixaram minha cintura, me deram medicamentos pra dor e me levaram para o quarto ainda dormindo.
Acordei na manha seguinte um pouco zonza. Olhei em volta confusa, tentando saber o que tinha acontecido e vi Nick deitado na poltrona dormindo.
Senti minha barriga doer e lembrei do tiro. Chamei a enfermeira pra falar sobre a dor, e Nick acordou.
- Graças a Deus você está bem! – ele disse beijando minha mão – Eu pensei que ia te perder!
- Vazo ruim não quebra! – eu disse sorrindo.
- Você não é um vazo ruim, sabe disso! – ele disse me beijando.
- Rachel narrando.
Por ter passado nervoso por um tempo, acabei entrando em trabalho de parto prematuro. Quando soube entrei em choque, ainda mais porque não existiam possibilidades do bebe sobreviver por muito tempo. Ela era muito pequena e frágil, não sobreviveria.
Meu parto foi normal, não senti muita dor porque estava anestesia, e porque o bebe era realmente muito pequeno. Fiquei consciente o tempo todo.
Joe estava ao meu lado segurando firme a minha mão. Quando o bebe nasceu queríamos vê-lo e pega-lo, mas a medica não deixou. Correram com minhas filhas nas mãos, pesaram e mediram ela, limparam-na e levaram direto para a incubadora a enchendo de aparelhos e agulhas pra mantê-la viva.
A médica cuidou de mim, me limpou e me ajudou, até eu ir para o quarto.
Joe foi ver nossa filha na incubadora e eu fiquei só no quarto.
Estava tentando pegar no sono quando Karev entrou sem bater.
- Veja quem está aqui... – Ele disse.
- Oi. – eu respondi com um meio sorriso forçado.
- Vim te avisar que Melinda está bem e fora de riscos.
- Serio? – eu disse feliz.
- Sim. Foi um milagre o que aconteceu aqui hoje, mas ela está bem e tenho que dizer que a sua filha é uma guerreira!
- Como ela está?
- Está reagindo bem aos medicamentos e ao soro, e não teve problemas até agora. Joe está com ela.
- Eu queria vê-la!
- Eu gostaria de levar você até lá, mas agora você tem que descansar. Amanha de manha eu te levo. – ele falava segurando minha mão.
- Obrigada! – eu sorri.
- Não tem de que! – ele disse beijando minha testa – Boa noite!
- Boa noite.
Ele saiu da sala e eu peguei no sono logo.
Na manha seguinte fui acordada por ele.
Karev me ajudou a sentar na cadeira de rodas e me levou até a UTI infantil. Joe dormia numa poltrona ao lado da incubadora. Eu me aproximei e levantei da cadeira de rodas para ver minha filha.
- Ela é tão pequena! – eu disse para Karev.
- E linda! – ele falou sorrindo.
Fiquei olhando ela mexendo as mãozinhas e admirando-a.
- Já escolheu o nome? – Karev perguntou.
- Não... Não tava esperando ela agora...
- Entendo...
Joe acordou e ficamos olhando ela juntos. Karev voltou ao trabalho.
- Ela precisa de um nome... – Joe disse.
- Eu pensei em um a uns dias atrás, mas não sei se você vai gostar...
- Qual?
- Rose!
- Rose Brown Jonas! – Joe disse olhando para ela.
Ela se mexeu e pareceu sorrir.
- Bem vinda ao mundo Rose. – ele disse.
- Nossa filha... – eu olhei pra ele sorrindo.
