- Sue narrando.
Como qualquer mãe eu estava desesperada e assustada com aquela situação. E ver aqueles policiais analisando mapas e mais mapas sobre a floresta, e analisando opções de lugares onde Melinda poderia ou não estar estava me deixando irritada.
Sempre tinha odiado viver de expectativas e analise, eu era a mulher de ação apesar de ter sempre sido uma simples dona de casa. Mas como mãe, eu decidi tomar uma iniciativa.
Sai correndo pela mata procurando por pistas.
Nate veio atrás de mim, mas eu fui mais rápida.
Cheguei perto de um rio, e vi sangue na areia que perto dele. Fiquei assustada.
Sabia que não estava tão longe do lugar onde os policiais estavam, eu poderia gritar dali, e eles me escutariam, mas pra que fazer isso? Provavelmente eles pediriam um exame pra saber de quem era o sangue, e investigaria as pegadas que tinham por perto, e passaríamos mais tempo esperando eles agirem, enquanto minha filha que poderia estar viva ainda ficaria perdida, ou ser morta.
Sai andando seguindo as pisadas na areia. Andei até a noite começar a cair, que foi quando encontrei um galpão abandonado.
Agora provavelmente eu já estava bem longe de onde estavam os policiais, mas isso não importava mais.
Ao me aproximar do galpão vi um homem sair de dentro dele. Eu ia gritar, mas percebi que o homem era João Paulo.
Segui os passos dele com o olhar. E fui andando com cuidado e sem fazer barulho até perto do galpão.
Quando vi que ele estava longe entrei no galpão rapidamente.
- Filha! – eu gritei vendo Melinda numa mesa velha de madeira e amarrada.
- Mamãe? – ela disse com os olhos fechados e a voz fraca.
- A mamãe vai te tirar daqui meu amor! Eu vou te tirar daqui! – desamarrando ela.
Melinda estava coberta de sangue e fraca.
Eu a desamarrei e ajudei ela se levantar, mas quando consegui deixa-la de pé ouvi o portão do galpão se abrir.
- Eu preciso que fique aqui meu amor... Eu preciso que o distraia um pouquinho... Eu já volto! – eu disse beijando a testa dela.
Deixei Melinda sentada na mesa, ela lutava com todas as suas forças pra não deixar seu corpo desfalecer.
Eu corri e me escondi atrás de umas placas grandes de metais que havia no galpão todo.
João entrou e se assustou ao ver Melinda sentada na mesa.
Ele se revoltou, xingou ela e deu-lhe um tapa no rosto fazendo ela cair.
Eu me enfureci, peguei um pedaço de uma placa velha de metal afiada que tinha onde estava escondida, e dai correndo na direção dele.
- Você nunca mais vai fazer isso com a minha filha seu estupido! – eu disse enfurecida correndo contra ele.
João de virou pra mim assustado, e em questão de segundos eu o atingi com o pedaço da placa na cabeça.
Ele caiu no chão sangrando com pedaço da placa que eu segurava na cabeça.
Eu corri até Melinda que estava desmaiada.
- Mel... Preciso que você acorde! – eu falava chorando.
- Mãe... Eu vou... Morrer! – ela falou com a voz falha.
- Não vai... Eu não vou deixar! – eu disse abraçando ela.
Tirei a blusa que estava usando e coloquei nela.
Ajudei ela a se levantar e saímos do galpão calmamente.
A chuva começou a cair forte.
Sentia o corpo de Melinda desfalecer por vezes, mas via que ela lutava pra se manter viva.
A areia que beirava o rio havia virado lama com a chuva o que dificultava pra eu andar ajudando Melinda, e pra piorar a agua do rio começava a subir rápida e assustadora.
Gritei no meio do nada pedindo socorro, talvez alguém ouvisse.
- Nate narrando.
- Você ouviu isso? – Nick disse assustado.
- Foi um grito de socorro não foi? – eu falei me levantando.
- Parece que sua mãe está por perto Nate! – o delegado disse abrindo a porta da barraca que haviam montado pra eu e Nick.
Saímos da barraca correndo e fomos atrás dos policiais.
A chuva dificultava tudo, mas conseguimos encontrar as duas na beira de um rio que começava a subir assustadoramente rápida.
- Mãe! – Sai correndo até ela.
Eu e Nick fomos até as duas. Nick abraçou Melinda desmaiada.
- Mãe... O que aconteceu? – eu perguntei desesperado.
- Eu encontrei Melinda com o João Paulo... Eu o matei... – ela disse ofegante.
Enquanto Nick levava Melinda pra longe para alguém a socorrer eu tentava tirar minha mãe da agua.
O rio havia subido até sua cintura, e ela estava com a perna presa em algum lugar.
- Me ajuda Nate... Eu estou sentindo alguma coisa passar pela minha perna... – minha mãe disse desesperada.
- Eu vou tirar você dai mãe! – tentando ajudar ela.
- Nate sai dai! – o policial gritou.
- É a minha mãe! – eu gritei ainda tentando puxar ela.
- Tem uma cobra enrolada na perna dela! Sai dai agora! – o policial gritou.
Minha mãe entrou em pânico.
Eu a soltei e obedeci ao policial.
Um bombeiro tomou meu lugar, mergulhou e conseguiu desenrolar a cobra da perna dela.
Saímos da agua correndo.
Melinda já havia ido para o hospital de helicóptero com Nick.
Minha mãe foi atendida no acampamento e depois fomos de helicóptero para o hospital também.
- Nick narrando.
Quando vi Melinda um tanto desfalecida apoiada no ombro de Sue no meio da agua eu me apavorei.
Não sei bem exatamente o que senti. Estava aliviado por tê-la encontrado e desesperado por vê-la naquele estado.
Como Nate correu pra agua para socorrer Sue eu corri logo atrás dele para tirar Melinda da agua.
Quando consegui segura-la em meus braços, eu pude respirar aliviado. Ela ainda fraca agarrou meu pescoço e sai da agua carregando-a.
Nate teve problemas com Sue. Ao que eu ouvi antes de levar Melinda as pressas para o acampamento, Sue parecia estar com alguma coisa enrolada nas pernas.
Pisando na lama, um bombeiro arrancou Melinda dos meus braços. Ela foi socorrida na mesma hora por alguns bombeiros e os dois paramédicos que estavam no local.
- Precisamos leva-la agora mesmo para o hospital! É um milagre, ela ter sobrevivido todo esse tempo! – um bombeiro disse desesperado – Quem vai com ela no helicóptero?
- Eu vou! – eu falei me aproximando – A mãe dela está com problemas na agua e o irmão está ajudando... Eu vou!
Ajudei os bombeiros a colocarem Melinda no helicóptero e subi.
Levantamos voo imediatamente e 15 minutos depois estávamos pousando no heliponto do hospital mais próximo.
Alguns médicos que já esperavam pela gente socorreram Melinda imediatamente e a levaram para sala de emergência. Eu desci sozinho e o helicóptero levantou voo novamente para ir buscar Sue e Nate.
Entrei no hospital ao lado de um enfermeiro que me fazia perguntas sobre Melinda.
Muitas delas que eram sobre os ferimentos e sobre o acidente eu não fazia ideia do que responder.
Fiz a fixa dela na recepção e fui levado à sala de espera.
Alias, fica em uma sala de espera num hospital era a coisa que eu mais tinha feito nos últimos meses da minha vida.
Uma hora se passou tão lentamente que eu sentia que estava ficando louco de ansiedade.
Nate chegou completamente molhado ao lado de Sue que estava numa maca com a perna bem machucada.
Nate foi para a recepção e Sue ainda consciente para sala de emergência.
- Eu não sei se dou graças a Deus ou se rezo e peço mais milagres! – Nate disse se sentando ao meu lado.
- Eu também não... – eu disse respirando fundo – O que houve com sua mãe no rio?
- Uma cobra enorme se enrolou na perna dela, foi horrível para tira-la e a cobra esmagou um osso da perna dela... Provavelmente ela vai para a cirurgia. – Nate disse triste – E a Mel?
- O tempo todo que estive com ela estava inconsciente. Assim que chegamos aqui ela foi pra emergência e ninguém veio me dizer mais nada.
- Temos que pensar que o pior já passou! – Nate disse com um sorriso fraco.
- Sim... Se me der licença, vou ligar para os meus pais... Todos devem estar em pânico lá! – eu disse levantando com o celular na mão – Alô? Mãe?
- Nick? É você?
- Sim... Tudo bem?
- Estamos morrendo de nervoso meu filho... Alguma noticia?
- Sim...
- Fala! Meu coração está tão desesperado!
- Se acalma mãe, a Mel foi encontrada!
- Graças a meu bom Deus! – ela gritou no telefone.
- Mãe eu ainda não terminei...
- Diz que minha menina está viva Nick?
- Bom, ela foi encontrada em um estado muito ruim, tinha perdido muito sangue, estava fraca, e quando eu a trouxe para o hospital ela estava o tempo todo desacordada. Ela está na emergência à uma hora, e ainda não vieram falar sobre ela, estou esperando.
- Ela vai ficar boa! A minha menina vai ficar boa Nick... Ela é a Mel... Ela vai ficar boa!
- Orem bastante ai por ela...
- Vamos orar meu filho!
- Se cuidem, e avisa a Rachel, a Lola e a Julie. Sue teve um pequeno acidente e ta com a perna machucada, mas está bem e Nate está ótimo.
- Eu aviso sim... Se cuida meu filho!
- Obrigado mãe! Te amo!
- Também te amo! – desligando.
Voltei para a sala de espera me sentei ao lado de Nate.
- Pedi pra minha mãe avisar Julie que você está bem! – eu disse.
- Obrigado! – ele assentiu com a cabeça.
- Que louco isso né... Quando éramos crianças nem sonhávamos que iriamos passar por tudo isso.
- Pois é... Tudo era tão mais fácil.
- Até mesmo amar.
- Como assim?
- Eu sempre a Mel... Desde pequeno. Me lembro como se fosse ontem, no ultimo dia que vocês brincaram na minha casa, antes de se mudarem para Londres... Eu montei uma barraca de lençóis e almofadas linda pra Melinda, e fiz planos com ela... – eu sorri bobo.
- Planos? Mas vocês eram crianças...
- Nós falamos em nos casar... E que a gente ia ter a maior barraca do mundo... – eu ri lembrando.
- Isso é serio? – Nate perguntou sorrindo.
- Sim... Só eu me lembro disso...
- Mas a Mel teve alguns avanços na memoria desde que conheceu você Nick...
- Não... Ela só me conheceu melhor, aprendeu a conviver comigo... Claro que se lembra de algumas coisas, tipo momentos com a Rachel, e com um amigo ou outro... Mas comigo não... Eu amo a Melinda desde o primeiro dia que vocês se mudaram para a casa ao lado em Los Angeles... Ela me ama apenas desde o dia que eu a beijei na porta do quarto do hotel...
- Mas Nick...
- Eu não faço parte das melhores lembranças dela Nate – eu disse segurando as lagrimas – Eu sou apenas o presente, o agora... Ela nunca vai se lembrar daquele dia, naquela barraca...
- O que importa não é nem nunca foi às lembranças Nick... E sim o amor! Ela pode não lembrar do que passaram juntos, do tal dia na barraca, mas você pode ter certeza que ela sabe que sempre te amou. Ela sempre soube que você é o homem da vida dela.
- Eu tive tanto medo de perder ela! – eu falei chorando.
- Eu também tive... – ele respondeu me abraçando.
- Senhores! – uma médica disse se aproximando.
- Oi. – eu disse ao mesmo tempo em que Nate.
- Vim informa-lhes sobre Melinda May Carter e Sue Elizabeth Carter, o que elas são de vocês?
- Melinda é minha irmã, e namorada dele! – apontando pra mim – Sue é minha mãe.
- Como elas estão? – eu perguntei.
- Sue está bem. Vamos leva-la para a cirurgia para reconstrução dos ossos, mas ela está consciente e não sente mais dor, a operação não vai ser complicada e logo ela estará no quarto. – a medica falou.
- Graças a Deus! – Nate disse.
- E Melinda? – eu perguntei nervoso.
- Melinda foi induzida ao coma e teremos que realizar várias cirurgias. Ela tem três cortes pelo corpo que estão com infecções gravíssimas, e como perdeu muito sangue e continua tento hemorragia teremos que ter um cuidado enorme com ela. E vou ser a cirurgiã dela, e assim que terminar a cirurgia de Sue opero Melinda.
- Ela tem chances de sobrevivência? – eu perguntei.
- Nunca se pode perder a esperança... Mas no caso de Melinda, será um milagre! – a medica disse num tom triste.