Fanfics Brasil - 7 Doce Inimigo - Diana Palmer

Fanfic: Doce Inimigo - Diana Palmer | Tema: livro original, romantico,


Capítulo: 7

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Capítulo Sete


Vários dias depois, ela estava novamente em pé e inquieta demais para ficar parada.


Andando ociosamente no bosque de nogueiras sob um dossel que se estendia numa cobertura


de  arcos naturais,  ela  se  perguntava como  era  possível  uma  pessoa perder  tudo  aquilo. 


A maior parte de sua vida tinha passado longe de Clint, mas isso nunca a tinha magoado como


agora. Talvez, ela  admitiu  calmamente, porque  ele nunca tinha  sido apaixonado antes. Um


desejo que não tinha nada a ver com a realidade, mas que havia saltado dos seus sonhos de


menina com ele. Sonhos que tinham esfumaçado no primeiro toque da sua boca.


Não era mais paixão. Ela o queria de uma forma que o aterrorizou. Não apenas para se sentar e cultuar ao herói, mas para lutar, trabalhar e amá-lo para o resto de sua vida.


Seus olhos verdes pálidos procuraram o horizonte ao longe. Onde estava agora? Quem


estava com ele? Havia uma mulher em algum lugar que poderia alcançar aquele orgulhoso e


teimoso coração e fazer com que acelerasse de desejo? Suspirou, lembrando a sensualidade


em seus olhos quando ela cedeu a ele. Ela nunca tinha visto aquele olhar em seu rosto antes,


sombrio, triunfo masculino  mesclado a uma fome que era tão  excitante na lembrança como


tinha sido  na realidade.  Clint a  queria.  Mas  querer não  era  amar. E  ela infelizmente queria


saber se Clint ao menos sabia a definição de amor.


Era  inevitável  que  ela  acabasse  no  pequeno  riacho,  as  folhas  cinzas  do  musgo


espanhol  balançando  preguiçosamente  dos  carvalhos  até  alcançar  a  margem.  Com  um


suspiro, os  olhos foram  ao  tapete  de  galhos  e  folhas  caídas sobre  o  maciço  carvalho  onde


Clint tinha…


Seus olhos fecharam-se ante a lembrança, ouvindo de novo a voz profunda e suave em


seu ouvido, sentindo o aperto delicioso de seus braços, a lenta e confiante experiência em sua


boca, que tinha lhe ensinado como deve ser um beijo.


Seus olhos embaciados com a lembrança enquanto ela estudava as folhas cobertas de


terra que não tinha qualquer traço de dois inimigos que quase tinham se tornados amantes ali.


Se  ao  menos…  Ela suspirou  novamente tocando  o  musgo  enquanto  seus  olhos  seguiam  o


fluxo borbulhante que parecia uma fita de prata a distância entre as árvores frondosas. Ah, se


ao menos…!


Ela tinha que ir embora. Ela percebeu de repente e teve certeza disso. Se ela ficasse ali


agora,  sabendo  do  jeito  que  se  sentia,  não  teria  a  menor  defesa  contra  ele  se  a tocasse


novamente. Apesar da promessa que tinha  feito para  ficar  até Janna chegar, ela  teria que  ir


embora. Estava mais vulnerável agora do que nunca. E admitiu para si mesma, que Clint não


hesitaria  em  testar  essa  vulnerabilidade.  Ele  sempre  soube  ou  pensou  que  soubesse,


exatamente como ela se sentia a respeito dele. Ele parecia desfrutar do poder que tinha sobre


ela. E agora…


Ela voltaria para casa. Não tinha mais escolha.


Surpreendentemente, quase como se Janna pudesse ler sua mente, ligou a noite depois


do jantar.


— Como vão as coisas? Janna perguntou, e Maggie quase podia ver o sorriso no rosto


de sua amiga.


— Como você  acha que estão indo?, perguntou ela. — Janna, eu te amo como uma irmã, mas vou te envenenar quando voltar.


— Oh, ela suspirou. – Pelo que Brent me contou, eu esperava…


— Você falou com Brent? Maggie explodiu. — Mas ele está  em Hong Kong…?


— Hong Kong! Brent?


As peças do quebra-cabeça giravam em torno de sua mente. — Mas Clint disse…


—  Meu  doce  irmão  ameaçou  quebrar  seus  braços,  se  ele  voltasse  para  aí  enquanto


você estivesse na fazenda, disse Janna triunfante.


Houve  um  silêncio  longo  e  estático,  enquanto Maggie  tentava  encaixar as  peças  do


quebra-cabeça  para  que  fizesse  algum  sentido.  —  Eu  não  entendo,  ela  murmurou


distraidamente.


—  Eu  entendo. Você  e  Brent estavam sempre  juntos,  não  estavam?  Maggie, minha


querida, Janna disse gentilmente, — você não sabe que meu irmão não tolera a concorrência


de ninguém? Se ele quer muito alguma coisa, vai usar alguns dos métodos mais cruéis para


obtê-lo. E aparentemente, acrescentou ela, com prazer, — o que ele quer agora é você.


Cara se você soubesse, Maggie pensou. — Comeu cogumelos verdes novamente, hein,


Janna? ela perguntou agradavelmente. — A única coisa que está acontecendo entre Clint e eu


é uma discussão eterna, e neste momento temos quase uma guerra. Tudo que quero é ir para


casa. Quando é que você vem para cá?


Houve um suspiro melancólico do outro lado da linha. — Sábado, foi  a resposta. —


Ou  talvez  sexta  à  noite,  não  tenho  certeza.  Minhas  férias  são  flexíveis.  Se  você  está


determinada, podemos voltar a Columbus, na próxima semana.


— Determinada não é a palavra. Oh, Janna, venha me proteger, ela gemeu. — Estou


tão cansada de lutar…


—  Você  está  bem,  Maggie?  perguntou  sua  amiga.  —  Você,  cansada  de  lutar  com


Clint? Isso é novidade.


— Isso vai para o livro dos recordes, mas estou realmente. Você pode se apressar?


— Tudo bem, já que você está pedindo. Mas, Maggie, por que Clint ameaçou quebrar


os dois braços de Brent?


— Porque nós roubamos seu rotor, amarramos fitas nas caudas de suas vacas, e enchi


a piscina com uma caixa ou duas de banho de espuma…


— Não se preocupe, e eu pensei que era algo romântico. Pode ficar fora de problemas


até eu chegar aí, Maggie?


— Nada mais fácil, ela riu. — Clint ainda está desaparecido, e tudo que tenho a fazer é


manter-me fora de seu caminho até você chegar.


Era tarde quando Maggie entregou a Emma a lista de mantimentos para Shorty, e ela


fez  uma  pausa  na  varanda  da  frente  para  deleitar  seus  olhos  com  o  pôr  do  sol  com  suas chamas de cores ardentes antes de entrar. A cidade não tinha nada, ela pensou, para comparar com isso. A extensão das vastas terras, o cheiro do ar do campo entrelaçado com o cheiro das flores, o  som dos cachorros  latindo ao  longe, a paz de sons não-mecânicos. E Clint a  tinha chamado de garota da cidade. Ela balançou a cabeça enquanto entrava na casa. Ele não sabia nada dela.


Ela  entrou  no  escritório  e  inesperadamente, ele  estava  lá.  Foi  como  ser  atingida no


estômago com um taco de beisebol. Ela sentiu seu coração parar apenas com a visão dele. Ele


olhou  como se  tivesse  acabado  chegar, ainda  vestido com um terno  marrom-escuro  e  uma


camisa de seda creme. Ele virou-se e olhou para ela, algo sombrio, estranho e violento piscou


em seus olhos  ao  vê-la ali  de  pé  com  um  curto  vestido de  verão amarelo bordado que  ela


tinha  vestido  por  impulso.  Ele  a  fitou  em  silêncio,  deliberadamente,  parando  no  corpete


baixo, as alças finas que deixavam seus os ombros nus, os cabelos sedosos caindo sobre eles.


— O…Olá , balbuciou, capturada por seus olhos estreitos.


— Olá, respondeu ele. — Vai a algum lugar?


— Ah… por causa do vestido? Ela balançou a cabe a. — E…estava quente.


—  E  está  ficando  mais  quente  a  cada  minuto,  refletiu,  e  seus  olhos  passaram  dos


cabelos ondulados escuros para suas sandálias.


Ela  engoliu  nervosamente  com  a  sensual  admiração  masculina  em  seus  olhos.  —


Como…como foi a viagem?


Seu rosto pareceu ficar tenso com a pergunta. Ele virou-se para acender um cigarro e


tragar profundamente antes de  responder: — Não  foi muito  agradável, pequena.  Passei por


Austin para ver Masterson.


— Duke? Ela sentiu algo sombrio mexer dentro dela, algo frio e ameaçador. — Como


ele está?


— Eu cheguei lá a tempo para o funeral, disse ele calmamente.


O golpe inesperado trouxe lágrimas aos olhos quando lembrou-se do homem grande,


moreno,  tumbas  antigas,  a  atração  pelas  coisas  antigas  tudo  em  uma  confusão  de


pensamentos. — Oh, ela sussurrou arrasada.


Ele virou-se com um suspiro pesado. — Seu avião caiu no caminho de volta para casa,


disse a  ela. — De certa forma, foi uma bênção. Ele tinha  dores infernais. E ter que esperar por…


Ela assentiu em silêncio, concordando que era melhor, enquanto no interior se sentia


como se algo tivesse sido arrancado dela. Lágrimas corriam livremente por seu rosto.


Os olhos de Clint escureceram. — Pelo amor de Deus, pare! ele rosnou. — Masterson


não iria querer isso. Ele não quer que você sofra por ele!


Ela mordeu o lábio, odiando-o por ser tão insensível, tão frio. — Desculpe-me, disse


ela arrasada. — Importar-se é o pecado número um em seu livro de regras, não é?


Ela  virou-se  e  foi  em  direção  a  porta.  Ele  pegou-a  antes  de  ela  dar  dois  passos,


agarrando-a em seus braços duros, apertando seu trêmulo corpo contra o seu forte e quente.


— Eu não suporto ver você chorar, ele murmurou duramente contra sua têmpora. Seus


dedos contraídos na nuvem de cabelo em sua nuca.


A admissão atordoou-a até que ela perceber, que como a maioria dos homens, ele não


suportava lágrimas  de  qualquer natureza. Ela  lutou para recuperar  a  compostura e  parar as


lágrimas quentes de correr pelo seu rosto e para os cantos de sua boca.


—  Eu gostava dele,  disse  ela  hesitante. — Era  como…  como  se  eu o  conhecesse  a


vida toda.


—  Isso  acontece  às  vezes.  Seus  braços  estavam  contraídos,  e  ela  sentiu  uma  mão


quente encostar nas suas costas nuas logo acima da linha de seu vestido de verão, acariciando


a pele sedosa. Sob a sua  orelha, ela podia sentir o súbito  suspiro  pesado de sua respiração,


seus lábios roçaram a testa, e ela enrijeceu involuntariamente.


Ele  afastou-se  abruptamente,  sua  mão  indo  para  o  bolso  interno  do  paletó.  —


Masterson tinha  isso  no bolso, disse  ele, entregando-lhe um envelope  sem lacre. — Estava


endereçada a você. Seu sobrinho me pediu para entregar.


Ela engoliu nervosamente, olhando para o pequeno envelope  branco na mão, no seu


nome escrito em negrito preto e o endereço da fazenda. — Para mim? O que… o que  ?


— Não sei, disse ele, afastando-se dela para recuperar o seu cigarro no cinzeiro sobre a mesa.


— Nenhum de nós se sentiu no direito de lê-lo.


Ela  tocou  o  envelope  com  os dedos  e  suspirou. Ela  não  poderia abri-lo agora,  com


Clint há apenas alguns metros de distância. — Eu vou ler mais tarde. Clint, Janna ligou. Ela


chega no sábado.


Ele  girou  sobre  seus  calcanhares,  seus  olhos  estreitaram-se  no  rosto  duro.  —Você


chamou reforço? perguntou veementemente.


— Não!  ela piscou. —  Ela ligou e  disse que estava  vindo. O que eu deveria  fazer?


Dizer lhe que não, e que seu irmão…?


— Que o seu irmão o quê? ele rosnou.


Ela virou-se. — Deixei todos seus recados sobre a mesa, disse ela calmamente.


Houve  uma  longa  pausa.  —  Comprei  algumas  novilhas  de  reposição,  disse  ele,


finalmente,  o  controle  de  ferro  por  trás  de  sua  voz  profunda. —  E  um  par  de  touros  para acrescentar ao meu plantel de reprodutores. Faremos esses registros amanhã.


— Ok, disse ela em um sussurro.


— Maggie.


 


Ela parou com a  mão  na  maçaneta da porta, mas não  se virou  para  encará-lo. —  O


que?


— Não use esse vestido de novo.


Ela  estava com  medo  de lhe  perguntar porquê.  A  nota em  sua  voz  rouca  quase  foi


resposta suficiente.


Lá  em  cima,  na  privacidade  do  seu  quarto,  ela  sentou  em  uma  cadeira  ao  lado  da


janela escura e leu a carta com a luz da pequena lâmpada.


Margaretta Leigh,


começava em uma grossa e pesada letra masculina, se eu tivesse tido mais tempo para organizar tudo, iria lhe mandar uma passagem para Stonehenge, ao invés disso. Mas daí, eu teria que ter mais uma semana livre, e com toda honestidade, não tenho esperança disso. Você encontrará todas as despesas pagas, o cruzeiro, as refeições e a hospedagem. Eu tinha que chegar em casa rápido, ou teria te convencido a aceitar essa passagem.Maggie,  por  favor,  não  recuse.  Satisfaça  um  velho  homem  que  desfrutou algumas  das  horas  mais  felizes  de  sua  vida  na  sua  companhia.  Foi  quase  como  um regresso a casa. Não sei se você acredita em deja vu, a carta continuava, e ela estremeceu involuntariamente,  mas  se  tais  coisas  acontecem,  talvez  nós  nos  conhecemos  em  algum passado distante e partilhamos mais  do que café e conversa. Esta vida não era para nós.


Talvez da próxima vez. Com profundo afeto. Duke Masterson.


Talvez  da  próxima  vez…  Seus  olhos  fecharam-se  enquanto  ela  dobrava  a  carta  de


volta ao redor da passagem. Quando as lágrimas pararam, ela leu a carta novamente e olhou


para a  passagem.  Era  uma passagem  de  ida  e volta  para  os sítios  arqueológicos em todo o


Mediterrâneo,  todos  as  despesas  pagas,  em  um  cruzeiro  que  começaria  na  segunda-feira


seguinte. Ela olhou fixamente para ele. Será que ela realmente se daria ao  luxo de ir agora,


quando deveria estar procurando um emprego…


A  voz  de  Emma  chamou-a  para  jantar  e  interrompeu  seus  pensamentos  confusos


temporariamente.


Atormentada,  questionava-se  se  deveria  ou  não  ir  ao  cruzeiro.  Ela  queria,


desesperadamente. Mas ela estava dividida entre o prazer e o problema muito real de procurar um  emprego  quando  deixasse  o  rancho.  Ela  não  tinha  dito  a  ninguém  sobre  a  passagem.


Estava seguramente  guardado  em  sua bolsa, escondida  na  carta de Duke,  e ela  a  mantinha


secretamente como uma oração preciosa demais para compartilhar com alguém. Mas estava


preocupada e aparentava isso.


Ela sentia os olhos pensativos de Clint no café da manhã no dia anterior a chegada de


Janna. Olhava-a como um falcão durante estes dias, ela pensou amargamente, mesmo que ele


tivesse tido o cuidado de se manter o mais longe possível dela desde que tinha voltado de sua


viagem. A maneira como ele a evitava foi notada até por Emma, uma façanha. Maggie estava


ao  mesmo  tempo  ferida e  aliviada por  isso.  Pelo  menos  ela  não  tinha  que  de  lutar contra qualquer tentação monstruosa. Não havia nenhuma.


— Por que você não fala sobre isso, Clint resmungou finalmente quando ela acabou de


comer  seu  prato  de  ovos  e  bacon,  —  ao  invés  de  ficar  sentada,  com  esse  maldito  olhar mortificado em seu rosto?


Seus olhos ardiam enquanto erguia seu rosto. — Por que você não se preocupa com as


coisas que são da sua conta?


— Você é da minha conta, disse breve.


— Não por muito tempo.


— Louvado seja Deus!


Ela jogou  seu guardanapo e saiu, passando por Emma que estava  entrando, com um


prato cheio de presunto. — Maggie…? Ela chamou.


Clint saiu atrás dela, seu maxilar tenso, os olhos em chamas.


— Clint…? Emma murmurou.


Nem um deles parecia mesmo ouvi-la. Com um suspiro e um encolher de ombros, ela


levou o presunto de volta para a cozinha.


Clint apanhou Maggie na varanda da frente, segurando-a com uma mão áspera e cruel.


— Pare  com  esses  acessos  de  raiva,  disse  ele  rispidamente,  —  ou  vou  dar  meu remédio para eles.


Ela jogou os cabelos, impaciente. — Por favor, largue o meu braço.


— Onde você está indo?


— Dar um passeio! Posso, ou tenho que…?


Ele  pressionou  um  dedo,  muito  gentil  contra  seus  lábios,  percebendo  a  tempestade


emocional que estava rasgando-a enquanto ele encontrava seus olhos.


— Chega, disse ele suavemente. — Venha cavalgar comigo. Vai ajudar.


Ela olhou para ele, impotentes, sentindo o começo da rendição e odiando-o. — Você


não… você não está  ocupado?


— Sempre, querida, disse ele com um sorriso amável.


— Eu… eu posso ir sozinha, ela murmurou.


— Eu quero ficar com você, disse ele. Sua mão magra afastou alguns cabelos de seus


lábios. — Nós não tivemos muito tempo juntos desde que voltei para casa.


— Você quis assim, respondeu ela, escondendo os olhos dele


— Eu sei.


— Clint… Os olhos dela subiram ao encontro dele, com uma pergunta neles.


Ele balançou a cabeça. — Agora não. Ainda não. Suas sobrancelhas escuras se uniram


enquanto olhava para ela, como se ela fosse um quebra-cabeça que ele não poderia juntar. —


Maldição, mulher…!


O lábio inferior tremeu com a súbita raiva. — O que eu fiz agora? ela murmurou.


Ele respirou fundo e se afastou. — Não importa. Vamos!


Eles  montaram  em  um  silêncio  de  companheirismo  por  vários  minutos,  e  Maggie


sabia que ela tinha um tesouro desta vez que guardaria como ouro quando deixasse o rancho.


Os  olhos dela dispararam em sua direção quando  ele não  estava olhando, traçando  o perfil


bem definido, os poderosos ombros, as costas retas. A visão dele era como uma bebida gelada


no deserto. Ela desejava ter trazido sua câmera, para poder ter uma foto dele para levar para


casa e… suspirou. Iria levar uma foto dele em seu cora ão at  o dia em  que morresse. Isso


teria que ser suficiente.


— O que você está pensando? — perguntou-lhe depois de um tempo.


—  Lembranças,  ela  suspirou,  sorrindo  para  a  vastidão  do  campo  e  como  eles


controlavam  as  rédeas  sentados  calmamente  em  suas  montarias,  lado  a  lado.  —  Muitas


lembranças.  O prado  onde  Janna  e  eu  costumávamos pegar flores  do  campo, as nogueiras,


que davam um delicioso fruto no outono, o…


— O riacho onde fiz amor com você?


Ela  olhou  para  ele,  corando,  os  olhos  sobre  a  aba  do  chapéu,  puxado  para  baixo


sombreando seus olhos brilhantes.


— Você é sempre convencido assim ou tem que se esforçar para isso? ela respondeu.


—  Você  me  deixa vaidoso,  pequena, ele  respondeu  rapidamente. —  Meu  Deus,  se


você reagisse ao seu tolo e pobre noivo da mesma maneira que reage a mim fisicamente, você


ainda estaria noiva!


Ela apertou os dentes, ignorando-o.


Ele jogou a perna por cima da sela, enquanto acendia um cigarro. Empurrou a aba do


seu chapéu para trás, os olhos em seu rosto ardendo, mesmo a distância, verde, impetuoso e


estranho.


— Como foi, Maggie?, perguntou ele com um chicote, profunda baixa em sua voz. —


Como é a sensação de me beijar? Você queria isso desde que tinha dezesseis anos. Valeu a


pena sonhar acordada?


Ela estudou as mãos trêmulas sobre as rédeas, quase não acreditando que o pesadelo


retornava.


Ele  jogou  o  cigarro  longe. —  Sem  resposta?  Talvez  eu  tenha  te  decepcionado,  ele


continuou  sem  piedade,  estreitando  olhos.  —  A  paixão  não  resiste  às  exigências  que  um homem faz a uma mulher, pequena? A realidade sempre supera os sonhos. Pena você não ter percebido isso quatro verões atrás.


— Amém, ela sussurrou por entre os dentes. — Isso foi…


Ele riu, e o som áspero doeu mais  do que as palavras. — Eu não poderia pensar  em


uma melhor maneira de  curar você, querida. Tive todas as honras que um herói deveria ter.


Fiz um favor a nós dois.


— Obrigado, disse ela em um sussurro pálido. — Depois do fracasso do meu noivado,


era tudo que eu precisava.


— Você está partindo meu coração.


— Você não tem um! ela atirou de  volta, com os olhos ardendo  as lágrimas  fluindo


enquanto olhava para ele. — Você não saberia o que fazer com ele se tivesse um.


Ele deu de ombros, levando o cigarro aos lábios cinzelados. — Talvez, ele respondeu


calmamente.  —  Mas  é  melhor  você  agradecer  sua  estrela  da  sorte  que  eu  tenha  uma


consciência, senhorita, ele acrescentou:. — Eu poderia ter tido você.


Era a verdade, e doeu como o inferno, e ela fechou os olhos pela dor e a vergonha.


— Paixão ou não, você me queria! ele rosnou, denotando fúria em cada linha de seu rosto.


— Para minha  eterna  vergonha,  ela suspirou  devastada. Seus olhos brilhavam pelas


lágrimas e dor ao encontrar com os dele.


O rosto dele enrijeceu como pedra, como se ela tivesse dado um tapa nele.


— Irei embora pela manhã, com Janna ou sem Janna, ela sussurrou com voz rouca. —Fui torturada o suficiente para o resto da vida!


Ela girou a égua e incitou-a em um galope às cegas de volta para casa, inclinando-se


na  sela,  como  se  demônios  a  perseguissem.  Mas  Clint  não  a  seguia.  Ele  estava  sentado


congelado na sela, com os olhos em branco e o cigarro queimando esquecido na mão.


O jantar foi um calvário e Maggie não teria sentido a menor pontada na consciência por perdê-lo se não fosse por Emma.


Ela não olhou ou falou com Clint durante toda a refeição. Emma, tentou manter uma


conversação  que  se transformou em  um monólogo sobre  o  tempo, o  governo,  e  as guerras napoleônicas. Mas era uma causa perdida. Nenhum deles sequer levantou os olhos.


Maggie ajudou a tirar a mesa, enquanto Clint se  enfiava na  sua caverna e fechava  a


porta atrás dele com uma força que sacudiu as janelas.


—  Isso  é  porque  você  vai  embora  amanhã?  Emma  pe guntou  enquanto  lavava  os


pratos.


— Não sei. Ela secou um prato e guardou. — Nós tivemos uma discussão, enquanto


estávamos cavalgando.


— Vocês  têm discussões desde que  você  tinha oito anos  de  idade,  querida, mas ele


nunca bateu portas  ou  deixou um  bom  café  na  xícara,  sem sequer  prová-lo.  Emma  olhou


suplicante. — Maggie, não vá. Não assim.


— Você não entende, Emma, tenho que ir, disse ela tristemente.


— Por quê? Porque você está com medo que ele faça você desistir?


Seu rosto se ergueu, o espanto em seus olhos claros.


— Oh, sim, eu sei, Emma disse suavemente. — Está escrito em você. Você não sabe


por  que  ele  mantém  Brent  longe  daqui?  Por que ele não consegue tirar os olhos de você ultimamente?


Ela baixou os olhos para a água com sabão na pia. — Não posso dar a ele o que ele quer.


— Você sabe o que ele quer, Maggie?Será que ele sabe?


— Oh, sim, ela respondeu amargamente. — Ele quer alguém para idolatrá-lo.


— Não é estranho, comentou  Emma, —  quando ele nunca pareceu se importar com isso antes?


Maggie atacou outro prato com o pano.


— Fique mais um dia, Emma persuadiu.


— Janna vai estar aqui de manhã e tudo será melhor. Você vai ver.


— Emma…!


— Leve o café para ele.


— E ter a minha cabeça arrancada?


A  mulher  mais  velha  tocou  a  mão  dela  delicadamente. —  Maggie,  você  não  pode


deixar que isso se arraste  por mais tempo. Vai te fazer em pedaços. Leve  o café, converse


com ele.… Eu acho Maggie, que ele está mais magoado do que com raiva.


 


— Você não pode atingi-lo nem com uma bomba. Ele é invulnerável, ela rosnou.


— Vá em frente.


Ela deu um último olhar ressentido para Emma e com  um suspiro relutante,  pegou a


xícara de café quente e levou para o escritório.


Era como se estivesse diante de um leão em seu território, pensou, enquanto entrava


após um rude — Entre! Ela empurrou a porta, fechou-a atrás dela e levou o café para a sua


grande mesa de carvalho. Ele estava em pé no pátio, o ombro contra o batente, um cigarro na


mão.


Ele  virou-se  para  olhá-la  servir  a  xícara,  e  ela  quase  prendeu  a  respiração  na  pura


masculinidade  que  parecia  irradiar  de  seu  corpo,  alto  e  poderoso.  Sua  camisa  estava


desabotoada pelo calor, solta em seus ombros largos, revelando uma faixa de pelos escuros


que recobria suavemente os músculos bronzeados do seu peito e estômago. Seu grosso cabelo


estava desgrenhado, como se seus dedos  tivessem  trabalhado  sem descanso sobre ele. Seus


olhos estavam angustiados, solenes e mais escuros do que ela já tinha visto.


— Eu… Emma disse para… para trazer um café para você, ela hesitou, vacilante com


as palavras enquanto ele afastava os ombros da porta e vinha em sua direção.


— Onde está a sua xícara? perguntou ele calmamente.


— A minha?


— Você poderia tomá-la comigo.


— Oh. Ela estudou o tapete. — Eu tomei a minha na cozinha.


Ele sentou na beirada da mesa e esmagou o cigarro.


— Eu não quero que seja assim, ela sussurrou tristemente. — Eu não quero sair daqui


com você me odiando…!


— Eu não odeio você, respondeu ele profundamente.


Não,  ela  pensou,  porque  era  necessário  emoção  e  não  havia  isso  nele.  Ele  estava


simplesmente indiferente.


Ela estudou os sapatos. — De qualquer maneira, disse calmamente: — Obrigado por


me deixar vir. Lamento deixá-lo sem uma secretária…


— Você não deixará, disse ele friamente. — Eu encontrei com Lida, enquanto estive


fora.  O  casamento  dela  durou  uma  noite.  Ela estará  aqui  na  segunda-feira.  Ele sorriu


despreocupado. — Então, pequena, você escolheu um bom momento para ir. Sem problema.


Ela sorriu, apesar da dor pulsando no seu coração. — Sem problema, ela repetiu. —


Bem, boa noite…


— Leve isso contigo. Esvaziou a xícara e entregou a ela. Mas quando seus dedos se


tocaram, ele sentiu um tremor frio nela e algo pareceu explodir em seus olhos.


— Fria como gelo, ele murmurou por entre os lábios. — Mas só por fora. Suas mãos a


puxaram pelos ombros, aproximando-a dele. Na posição em que ele estava meio sentado, ela


ficava em um  irritante nível com seus olhos de jade. — Você não reconhece  o quanto eu a


afeto, Irlandesa? rosnou com raiva.


— Não… ela suplicou, toda a luta abandonando-a diante da fúria implacável que leu


em seus olhos. — Clint, por favor, deixe-me ir, não…


— Não o quê? Envergonhada? ele zombou. Ele pegou a xícara de suas mãos e atirou-a


na mesa. Suas mãos magras segurando seus ombros violentamente, estreitando-a contra ele.


— Clint, eu sinto muito! ela sussurrou, percebendo finalmente o que estava errado. Ela


feriu seu orgulho, e agora ele queria vingança…


— Você não sabe o que é vergonha, ele rosnou, inclinando  a cabeça, — mas vou te


ensinar.


— Clint…!  Sua voz  interrompida no grito  de  súplica,  enquanto  a  boca dele  descia


dura contra a dela e lhe ensinava como um beijo podia se transformar em uma punição.


Ela  tentou  lutar  contra  os  impiedosos  e  rígidos  braços  que  a  seguravam,  mas  não


conseguia se livrar, não conseguia respirar… cedendo   força que era muito maior do que a dela.


Então,  como  mágica,  o  esmagamento  de  seus  braços  musculosos  relaxaram,


embalando-a,  agora  tão  delicadamente  quanto  a  tinha  machucado  antes.  A  pressão  da  sua boca diminuiu, tornando-se macia e cuidadosa, persuadindo.


— Maggie, ele sussurrou contra os lábios machucados, deslizando as mãos sob a barra


da blusa para queimar contra a carne nua das costas. — Maggie, você é como a seda.


Os dedos dela enrolados no algodão de sua camisa enquanto ela se inclinava, ofegante,


enquanto ele  brincava com sua  boca,  provocando,  pequenos beijos  que acendiam fogueiras


em sua mente. Suas  mãos quentes a trouxeram  para mais perto ainda, levemente áspero  ao


acariciar sua pele suave.


— Toque-me, ele murmurou roucamente. — Toque-me, querida.


Involuntariamente, as  mãos  delgadas foram da camisa de  algodão para  os  músculos


quentes e bronzeados de seu peito largo, enredando na macia massa de pelos pretos enquanto ela  acariciava-o  cegamente,  sentindo  a  sensual  masculinidade  dele,  afogando-se  no  aroma picante da sua colônia com sensação após sensação caindo sobre ela.


—  Assim,  feiticeira,  murmurou ele,  é isso.  Maggie, abra  a  boca,  só  um  pouco.  Eu


quero prová-la…


Queimando com a fome que ele criou nela, rendeu-se impensadamente enquanto ele


abria  seus  lábios  macios  e  puxava-a  completamente  contra  seu  corpo,  muito  quente,


pressionando até que ele ouviu o gemido sufocado em sua boca.


—  Aquele  seu  noivo  frouxo nunca  te  beijou  assim,  Maggie? ele  rosnou com  a  voz


rouca. — Será que ele te excitava até que você gemesse contra a boca dele?


—  Oh,  não,  ela  confessou  vertiginosamente,  com  as  mãos  delgadas  fazendo  um


protesto indiferente contra o prazer que ele estava lhe causando.


— Por que não? Você quer isso, ele sussurrou. Sua boca acariciando preguiçosamente


ao longo da sua,  aberta, úmida  e deliberadamente sensual. — Você quer as  minhas mãos e


meus olhos em cada centímetro deste doce corpo jovem, não é, Maggie? Responda-me. Não


quer?


Sua voz respondeu em um soluço. — Sim! ela chorou. — Maldito, sim!


—  Peça-me  de  forma  doce  e  agradável,  Maggie,  ele  zombou.  —  Diga,  por  favor,


Clint, diga, Irlandesa. Murmurou…


Seus olhos se abriram lentamente, brilhando com ansiedade e amor. — Por favor, ela


respirou contra sua dura e torturante boca. — Por favor, Clint…


Suas mãos contraíram-se em sua cintura, e de repente ele afastou-a. Um frio, sorriso


implacável em sua boca. — E assim, Srta Kirk, o placar se iguala. Você queria algo para se


envergonhar. Conseguiu!


Levou  alguns segundos para ela perceber o que ele tinha dito e o que ele tinha feito.


Seu  rosto  ficou  vermelho,  depois  branco.  Mortalmente  branca.  Envergonhada…  igualar  o


placar… Ela se afastou dele entorpecida, sentindo como se tivesse sido golpeada com toda a


força por aquela mão bronzeada e elegante.


Ele  acendeu  um  cigarro  calmamente,  os  olhos  apertados  observando  sua  expressão


atordoada enquanto ele fechava o isqueiro e guardava-o no bolso. — Você me seguia por aí


como um maldito cachorro de estimação desde que tinha cerca de oito anos, observou ele. —


Para  referência  futura,  estou  cansado  disso.  Eu não  vou  ser  um  substituto  de  um  noivo


galinha,  ou um bálsamo  para um  coração  partido. A  partir de  agora, se  quiser  fazer amor,


procure em outro lugar. Estou cansado de dar-lhe lições. Seu rosto ficou, se isso era possível,


ainda mais branco. Sua boca se recusou a formar as palavras que diria a ele quão odioso ela


pensava que  ele era.  Por dentro, ela  se  sentia  derrotada, ferida.  As lágrimas  indistintas  em


seus cílios  longos,  as lágrimas  que ela  virou-se  para  impedi-lo  de  ver. Ela  foi às  cegas  em


direção à porta.


— Sem réplicas, Maggie? Ele repreendeu.


Sua mão tocou a maçaneta.


— Gostaria de um beijo de adeus? ele insistiu.


Ela abriu a porta e saiu.


— Irlandesa!


Ela fechou a porta atrás dela e foi cega e rapidamente subindo os degraus. Atrás dela


estava  vagamente  ciente  da  abertura  da  porta  de  novo,  de  olhos  a  seguindo.  Mas  ela  não parou ou olhou para trás. Nem uma só vez.


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Autor(a): fanofbooks

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