Fanfic: Doce Inimigo - Diana Palmer | Tema: livro original, romantico,
Capítulo Sete
Vários dias depois, ela estava novamente em pé e inquieta demais para ficar parada.
Andando ociosamente no bosque de nogueiras sob um dossel que se estendia numa cobertura
de arcos naturais, ela se perguntava como era possível uma pessoa perder tudo aquilo.
A maior parte de sua vida tinha passado longe de Clint, mas isso nunca a tinha magoado como
agora. Talvez, ela admitiu calmamente, porque ele nunca tinha sido apaixonado antes. Um
desejo que não tinha nada a ver com a realidade, mas que havia saltado dos seus sonhos de
menina com ele. Sonhos que tinham esfumaçado no primeiro toque da sua boca.
Não era mais paixão. Ela o queria de uma forma que o aterrorizou. Não apenas para se sentar e cultuar ao herói, mas para lutar, trabalhar e amá-lo para o resto de sua vida.
Seus olhos verdes pálidos procuraram o horizonte ao longe. Onde estava agora? Quem
estava com ele? Havia uma mulher em algum lugar que poderia alcançar aquele orgulhoso e
teimoso coração e fazer com que acelerasse de desejo? Suspirou, lembrando a sensualidade
em seus olhos quando ela cedeu a ele. Ela nunca tinha visto aquele olhar em seu rosto antes,
sombrio, triunfo masculino mesclado a uma fome que era tão excitante na lembrança como
tinha sido na realidade. Clint a queria. Mas querer não era amar. E ela infelizmente queria
saber se Clint ao menos sabia a definição de amor.
Era inevitável que ela acabasse no pequeno riacho, as folhas cinzas do musgo
espanhol balançando preguiçosamente dos carvalhos até alcançar a margem. Com um
suspiro, os olhos foram ao tapete de galhos e folhas caídas sobre o maciço carvalho onde
Clint tinha…
Seus olhos fecharam-se ante a lembrança, ouvindo de novo a voz profunda e suave em
seu ouvido, sentindo o aperto delicioso de seus braços, a lenta e confiante experiência em sua
boca, que tinha lhe ensinado como deve ser um beijo.
Seus olhos embaciados com a lembrança enquanto ela estudava as folhas cobertas de
terra que não tinha qualquer traço de dois inimigos que quase tinham se tornados amantes ali.
Se ao menos… Ela suspirou novamente tocando o musgo enquanto seus olhos seguiam o
fluxo borbulhante que parecia uma fita de prata a distância entre as árvores frondosas. Ah, se
ao menos…!
Ela tinha que ir embora. Ela percebeu de repente e teve certeza disso. Se ela ficasse ali
agora, sabendo do jeito que se sentia, não teria a menor defesa contra ele se a tocasse
novamente. Apesar da promessa que tinha feito para ficar até Janna chegar, ela teria que ir
embora. Estava mais vulnerável agora do que nunca. E admitiu para si mesma, que Clint não
hesitaria em testar essa vulnerabilidade. Ele sempre soube ou pensou que soubesse,
exatamente como ela se sentia a respeito dele. Ele parecia desfrutar do poder que tinha sobre
ela. E agora…
Ela voltaria para casa. Não tinha mais escolha.
Surpreendentemente, quase como se Janna pudesse ler sua mente, ligou a noite depois
do jantar.
— Como vão as coisas? Janna perguntou, e Maggie quase podia ver o sorriso no rosto
de sua amiga.
— Como você acha que estão indo?, perguntou ela. — Janna, eu te amo como uma irmã, mas vou te envenenar quando voltar.
— Oh, ela suspirou. – Pelo que Brent me contou, eu esperava…
— Você falou com Brent? Maggie explodiu. — Mas ele está em Hong Kong…?
— Hong Kong! Brent?
As peças do quebra-cabeça giravam em torno de sua mente. — Mas Clint disse…
— Meu doce irmão ameaçou quebrar seus braços, se ele voltasse para aí enquanto
você estivesse na fazenda, disse Janna triunfante.
Houve um silêncio longo e estático, enquanto Maggie tentava encaixar as peças do
quebra-cabeça para que fizesse algum sentido. — Eu não entendo, ela murmurou
distraidamente.
— Eu entendo. Você e Brent estavam sempre juntos, não estavam? Maggie, minha
querida, Janna disse gentilmente, — você não sabe que meu irmão não tolera a concorrência
de ninguém? Se ele quer muito alguma coisa, vai usar alguns dos métodos mais cruéis para
obtê-lo. E aparentemente, acrescentou ela, com prazer, — o que ele quer agora é você.
Cara se você soubesse, Maggie pensou. — Comeu cogumelos verdes novamente, hein,
Janna? ela perguntou agradavelmente. — A única coisa que está acontecendo entre Clint e eu
é uma discussão eterna, e neste momento temos quase uma guerra. Tudo que quero é ir para
casa. Quando é que você vem para cá?
Houve um suspiro melancólico do outro lado da linha. — Sábado, foi a resposta. —
Ou talvez sexta à noite, não tenho certeza. Minhas férias são flexíveis. Se você está
determinada, podemos voltar a Columbus, na próxima semana.
— Determinada não é a palavra. Oh, Janna, venha me proteger, ela gemeu. — Estou
tão cansada de lutar…
— Você está bem, Maggie? perguntou sua amiga. — Você, cansada de lutar com
Clint? Isso é novidade.
— Isso vai para o livro dos recordes, mas estou realmente. Você pode se apressar?
— Tudo bem, já que você está pedindo. Mas, Maggie, por que Clint ameaçou quebrar
os dois braços de Brent?
— Porque nós roubamos seu rotor, amarramos fitas nas caudas de suas vacas, e enchi
a piscina com uma caixa ou duas de banho de espuma…
— Não se preocupe, e eu pensei que era algo romântico. Pode ficar fora de problemas
até eu chegar aí, Maggie?
— Nada mais fácil, ela riu. — Clint ainda está desaparecido, e tudo que tenho a fazer é
manter-me fora de seu caminho até você chegar.
Era tarde quando Maggie entregou a Emma a lista de mantimentos para Shorty, e ela
fez uma pausa na varanda da frente para deleitar seus olhos com o pôr do sol com suas chamas de cores ardentes antes de entrar. A cidade não tinha nada, ela pensou, para comparar com isso. A extensão das vastas terras, o cheiro do ar do campo entrelaçado com o cheiro das flores, o som dos cachorros latindo ao longe, a paz de sons não-mecânicos. E Clint a tinha chamado de garota da cidade. Ela balançou a cabeça enquanto entrava na casa. Ele não sabia nada dela.
Ela entrou no escritório e inesperadamente, ele estava lá. Foi como ser atingida no
estômago com um taco de beisebol. Ela sentiu seu coração parar apenas com a visão dele. Ele
olhou como se tivesse acabado chegar, ainda vestido com um terno marrom-escuro e uma
camisa de seda creme. Ele virou-se e olhou para ela, algo sombrio, estranho e violento piscou
em seus olhos ao vê-la ali de pé com um curto vestido de verão amarelo bordado que ela
tinha vestido por impulso. Ele a fitou em silêncio, deliberadamente, parando no corpete
baixo, as alças finas que deixavam seus os ombros nus, os cabelos sedosos caindo sobre eles.
— O…Olá , balbuciou, capturada por seus olhos estreitos.
— Olá, respondeu ele. — Vai a algum lugar?
— Ah… por causa do vestido? Ela balançou a cabe a. — E…estava quente.
— E está ficando mais quente a cada minuto, refletiu, e seus olhos passaram dos
cabelos ondulados escuros para suas sandálias.
Ela engoliu nervosamente com a sensual admiração masculina em seus olhos. —
Como…como foi a viagem?
Seu rosto pareceu ficar tenso com a pergunta. Ele virou-se para acender um cigarro e
tragar profundamente antes de responder: — Não foi muito agradável, pequena. Passei por
Austin para ver Masterson.
— Duke? Ela sentiu algo sombrio mexer dentro dela, algo frio e ameaçador. — Como
ele está?
— Eu cheguei lá a tempo para o funeral, disse ele calmamente.
O golpe inesperado trouxe lágrimas aos olhos quando lembrou-se do homem grande,
moreno, tumbas antigas, a atração pelas coisas antigas tudo em uma confusão de
pensamentos. — Oh, ela sussurrou arrasada.
Ele virou-se com um suspiro pesado. — Seu avião caiu no caminho de volta para casa,
disse a ela. — De certa forma, foi uma bênção. Ele tinha dores infernais. E ter que esperar por…
Ela assentiu em silêncio, concordando que era melhor, enquanto no interior se sentia
como se algo tivesse sido arrancado dela. Lágrimas corriam livremente por seu rosto.
Os olhos de Clint escureceram. — Pelo amor de Deus, pare! ele rosnou. — Masterson
não iria querer isso. Ele não quer que você sofra por ele!
Ela mordeu o lábio, odiando-o por ser tão insensível, tão frio. — Desculpe-me, disse
ela arrasada. — Importar-se é o pecado número um em seu livro de regras, não é?
Ela virou-se e foi em direção a porta. Ele pegou-a antes de ela dar dois passos,
agarrando-a em seus braços duros, apertando seu trêmulo corpo contra o seu forte e quente.
— Eu não suporto ver você chorar, ele murmurou duramente contra sua têmpora. Seus
dedos contraídos na nuvem de cabelo em sua nuca.
A admissão atordoou-a até que ela perceber, que como a maioria dos homens, ele não
suportava lágrimas de qualquer natureza. Ela lutou para recuperar a compostura e parar as
lágrimas quentes de correr pelo seu rosto e para os cantos de sua boca.
— Eu gostava dele, disse ela hesitante. — Era como… como se eu o conhecesse a
vida toda.
— Isso acontece às vezes. Seus braços estavam contraídos, e ela sentiu uma mão
quente encostar nas suas costas nuas logo acima da linha de seu vestido de verão, acariciando
a pele sedosa. Sob a sua orelha, ela podia sentir o súbito suspiro pesado de sua respiração,
seus lábios roçaram a testa, e ela enrijeceu involuntariamente.
Ele afastou-se abruptamente, sua mão indo para o bolso interno do paletó. —
Masterson tinha isso no bolso, disse ele, entregando-lhe um envelope sem lacre. — Estava
endereçada a você. Seu sobrinho me pediu para entregar.
Ela engoliu nervosamente, olhando para o pequeno envelope branco na mão, no seu
nome escrito em negrito preto e o endereço da fazenda. — Para mim? O que… o que ?
— Não sei, disse ele, afastando-se dela para recuperar o seu cigarro no cinzeiro sobre a mesa.
— Nenhum de nós se sentiu no direito de lê-lo.
Ela tocou o envelope com os dedos e suspirou. Ela não poderia abri-lo agora, com
Clint há apenas alguns metros de distância. — Eu vou ler mais tarde. Clint, Janna ligou. Ela
chega no sábado.
Ele girou sobre seus calcanhares, seus olhos estreitaram-se no rosto duro. —Você
chamou reforço? perguntou veementemente.
— Não! ela piscou. — Ela ligou e disse que estava vindo. O que eu deveria fazer?
Dizer lhe que não, e que seu irmão…?
— Que o seu irmão o quê? ele rosnou.
Ela virou-se. — Deixei todos seus recados sobre a mesa, disse ela calmamente.
Houve uma longa pausa. — Comprei algumas novilhas de reposição, disse ele,
finalmente, o controle de ferro por trás de sua voz profunda. — E um par de touros para acrescentar ao meu plantel de reprodutores. Faremos esses registros amanhã.
— Ok, disse ela em um sussurro.
— Maggie.
Ela parou com a mão na maçaneta da porta, mas não se virou para encará-lo. — O
que?
— Não use esse vestido de novo.
Ela estava com medo de lhe perguntar porquê. A nota em sua voz rouca quase foi
resposta suficiente.
Lá em cima, na privacidade do seu quarto, ela sentou em uma cadeira ao lado da
janela escura e leu a carta com a luz da pequena lâmpada.
Margaretta Leigh,
começava em uma grossa e pesada letra masculina, se eu tivesse tido mais tempo para organizar tudo, iria lhe mandar uma passagem para Stonehenge, ao invés disso. Mas daí, eu teria que ter mais uma semana livre, e com toda honestidade, não tenho esperança disso. Você encontrará todas as despesas pagas, o cruzeiro, as refeições e a hospedagem. Eu tinha que chegar em casa rápido, ou teria te convencido a aceitar essa passagem.Maggie, por favor, não recuse. Satisfaça um velho homem que desfrutou algumas das horas mais felizes de sua vida na sua companhia. Foi quase como um regresso a casa. Não sei se você acredita em deja vu, a carta continuava, e ela estremeceu involuntariamente, mas se tais coisas acontecem, talvez nós nos conhecemos em algum passado distante e partilhamos mais do que café e conversa. Esta vida não era para nós.
Talvez da próxima vez. Com profundo afeto. Duke Masterson.
Talvez da próxima vez… Seus olhos fecharam-se enquanto ela dobrava a carta de
volta ao redor da passagem. Quando as lágrimas pararam, ela leu a carta novamente e olhou
para a passagem. Era uma passagem de ida e volta para os sítios arqueológicos em todo o
Mediterrâneo, todos as despesas pagas, em um cruzeiro que começaria na segunda-feira
seguinte. Ela olhou fixamente para ele. Será que ela realmente se daria ao luxo de ir agora,
quando deveria estar procurando um emprego…
A voz de Emma chamou-a para jantar e interrompeu seus pensamentos confusos
temporariamente.
Atormentada, questionava-se se deveria ou não ir ao cruzeiro. Ela queria,
desesperadamente. Mas ela estava dividida entre o prazer e o problema muito real de procurar um emprego quando deixasse o rancho. Ela não tinha dito a ninguém sobre a passagem.
Estava seguramente guardado em sua bolsa, escondida na carta de Duke, e ela a mantinha
secretamente como uma oração preciosa demais para compartilhar com alguém. Mas estava
preocupada e aparentava isso.
Ela sentia os olhos pensativos de Clint no café da manhã no dia anterior a chegada de
Janna. Olhava-a como um falcão durante estes dias, ela pensou amargamente, mesmo que ele
tivesse tido o cuidado de se manter o mais longe possível dela desde que tinha voltado de sua
viagem. A maneira como ele a evitava foi notada até por Emma, uma façanha. Maggie estava
ao mesmo tempo ferida e aliviada por isso. Pelo menos ela não tinha que de lutar contra qualquer tentação monstruosa. Não havia nenhuma.
— Por que você não fala sobre isso, Clint resmungou finalmente quando ela acabou de
comer seu prato de ovos e bacon, — ao invés de ficar sentada, com esse maldito olhar mortificado em seu rosto?
Seus olhos ardiam enquanto erguia seu rosto. — Por que você não se preocupa com as
coisas que são da sua conta?
— Você é da minha conta, disse breve.
— Não por muito tempo.
— Louvado seja Deus!
Ela jogou seu guardanapo e saiu, passando por Emma que estava entrando, com um
prato cheio de presunto. — Maggie…? Ela chamou.
Clint saiu atrás dela, seu maxilar tenso, os olhos em chamas.
— Clint…? Emma murmurou.
Nem um deles parecia mesmo ouvi-la. Com um suspiro e um encolher de ombros, ela
levou o presunto de volta para a cozinha.
Clint apanhou Maggie na varanda da frente, segurando-a com uma mão áspera e cruel.
— Pare com esses acessos de raiva, disse ele rispidamente, — ou vou dar meu remédio para eles.
Ela jogou os cabelos, impaciente. — Por favor, largue o meu braço.
— Onde você está indo?
— Dar um passeio! Posso, ou tenho que…?
Ele pressionou um dedo, muito gentil contra seus lábios, percebendo a tempestade
emocional que estava rasgando-a enquanto ele encontrava seus olhos.
— Chega, disse ele suavemente. — Venha cavalgar comigo. Vai ajudar.
Ela olhou para ele, impotentes, sentindo o começo da rendição e odiando-o. — Você
não… você não está ocupado?
— Sempre, querida, disse ele com um sorriso amável.
— Eu… eu posso ir sozinha, ela murmurou.
— Eu quero ficar com você, disse ele. Sua mão magra afastou alguns cabelos de seus
lábios. — Nós não tivemos muito tempo juntos desde que voltei para casa.
— Você quis assim, respondeu ela, escondendo os olhos dele
— Eu sei.
— Clint… Os olhos dela subiram ao encontro dele, com uma pergunta neles.
Ele balançou a cabeça. — Agora não. Ainda não. Suas sobrancelhas escuras se uniram
enquanto olhava para ela, como se ela fosse um quebra-cabeça que ele não poderia juntar. —
Maldição, mulher…!
O lábio inferior tremeu com a súbita raiva. — O que eu fiz agora? ela murmurou.
Ele respirou fundo e se afastou. — Não importa. Vamos!
Eles montaram em um silêncio de companheirismo por vários minutos, e Maggie
sabia que ela tinha um tesouro desta vez que guardaria como ouro quando deixasse o rancho.
Os olhos dela dispararam em sua direção quando ele não estava olhando, traçando o perfil
bem definido, os poderosos ombros, as costas retas. A visão dele era como uma bebida gelada
no deserto. Ela desejava ter trazido sua câmera, para poder ter uma foto dele para levar para
casa e… suspirou. Iria levar uma foto dele em seu cora ão at o dia em que morresse. Isso
teria que ser suficiente.
— O que você está pensando? — perguntou-lhe depois de um tempo.
— Lembranças, ela suspirou, sorrindo para a vastidão do campo e como eles
controlavam as rédeas sentados calmamente em suas montarias, lado a lado. — Muitas
lembranças. O prado onde Janna e eu costumávamos pegar flores do campo, as nogueiras,
que davam um delicioso fruto no outono, o…
— O riacho onde fiz amor com você?
Ela olhou para ele, corando, os olhos sobre a aba do chapéu, puxado para baixo
sombreando seus olhos brilhantes.
— Você é sempre convencido assim ou tem que se esforçar para isso? ela respondeu.
— Você me deixa vaidoso, pequena, ele respondeu rapidamente. — Meu Deus, se
você reagisse ao seu tolo e pobre noivo da mesma maneira que reage a mim fisicamente, você
ainda estaria noiva!
Ela apertou os dentes, ignorando-o.
Ele jogou a perna por cima da sela, enquanto acendia um cigarro. Empurrou a aba do
seu chapéu para trás, os olhos em seu rosto ardendo, mesmo a distância, verde, impetuoso e
estranho.
— Como foi, Maggie?, perguntou ele com um chicote, profunda baixa em sua voz. —
Como é a sensação de me beijar? Você queria isso desde que tinha dezesseis anos. Valeu a
pena sonhar acordada?
Ela estudou as mãos trêmulas sobre as rédeas, quase não acreditando que o pesadelo
retornava.
Ele jogou o cigarro longe. — Sem resposta? Talvez eu tenha te decepcionado, ele
continuou sem piedade, estreitando olhos. — A paixão não resiste às exigências que um homem faz a uma mulher, pequena? A realidade sempre supera os sonhos. Pena você não ter percebido isso quatro verões atrás.
— Amém, ela sussurrou por entre os dentes. — Isso foi…
Ele riu, e o som áspero doeu mais do que as palavras. — Eu não poderia pensar em
uma melhor maneira de curar você, querida. Tive todas as honras que um herói deveria ter.
Fiz um favor a nós dois.
— Obrigado, disse ela em um sussurro pálido. — Depois do fracasso do meu noivado,
era tudo que eu precisava.
— Você está partindo meu coração.
— Você não tem um! ela atirou de volta, com os olhos ardendo as lágrimas fluindo
enquanto olhava para ele. — Você não saberia o que fazer com ele se tivesse um.
Ele deu de ombros, levando o cigarro aos lábios cinzelados. — Talvez, ele respondeu
calmamente. — Mas é melhor você agradecer sua estrela da sorte que eu tenha uma
consciência, senhorita, ele acrescentou:. — Eu poderia ter tido você.
Era a verdade, e doeu como o inferno, e ela fechou os olhos pela dor e a vergonha.
— Paixão ou não, você me queria! ele rosnou, denotando fúria em cada linha de seu rosto.
— Para minha eterna vergonha, ela suspirou devastada. Seus olhos brilhavam pelas
lágrimas e dor ao encontrar com os dele.
O rosto dele enrijeceu como pedra, como se ela tivesse dado um tapa nele.
— Irei embora pela manhã, com Janna ou sem Janna, ela sussurrou com voz rouca. —Fui torturada o suficiente para o resto da vida!
Ela girou a égua e incitou-a em um galope às cegas de volta para casa, inclinando-se
na sela, como se demônios a perseguissem. Mas Clint não a seguia. Ele estava sentado
congelado na sela, com os olhos em branco e o cigarro queimando esquecido na mão.
O jantar foi um calvário e Maggie não teria sentido a menor pontada na consciência por perdê-lo se não fosse por Emma.
Ela não olhou ou falou com Clint durante toda a refeição. Emma, tentou manter uma
conversação que se transformou em um monólogo sobre o tempo, o governo, e as guerras napoleônicas. Mas era uma causa perdida. Nenhum deles sequer levantou os olhos.
Maggie ajudou a tirar a mesa, enquanto Clint se enfiava na sua caverna e fechava a
porta atrás dele com uma força que sacudiu as janelas.
— Isso é porque você vai embora amanhã? Emma pe guntou enquanto lavava os
pratos.
— Não sei. Ela secou um prato e guardou. — Nós tivemos uma discussão, enquanto
estávamos cavalgando.
— Vocês têm discussões desde que você tinha oito anos de idade, querida, mas ele
nunca bateu portas ou deixou um bom café na xícara, sem sequer prová-lo. Emma olhou
suplicante. — Maggie, não vá. Não assim.
— Você não entende, Emma, tenho que ir, disse ela tristemente.
— Por quê? Porque você está com medo que ele faça você desistir?
Seu rosto se ergueu, o espanto em seus olhos claros.
— Oh, sim, eu sei, Emma disse suavemente. — Está escrito em você. Você não sabe
por que ele mantém Brent longe daqui? Por que ele não consegue tirar os olhos de você ultimamente?
Ela baixou os olhos para a água com sabão na pia. — Não posso dar a ele o que ele quer.
— Você sabe o que ele quer, Maggie?Será que ele sabe?
— Oh, sim, ela respondeu amargamente. — Ele quer alguém para idolatrá-lo.
— Não é estranho, comentou Emma, — quando ele nunca pareceu se importar com isso antes?
Maggie atacou outro prato com o pano.
— Fique mais um dia, Emma persuadiu.
— Janna vai estar aqui de manhã e tudo será melhor. Você vai ver.
— Emma…!
— Leve o café para ele.
— E ter a minha cabeça arrancada?
A mulher mais velha tocou a mão dela delicadamente. — Maggie, você não pode
deixar que isso se arraste por mais tempo. Vai te fazer em pedaços. Leve o café, converse
com ele.… Eu acho Maggie, que ele está mais magoado do que com raiva.
— Você não pode atingi-lo nem com uma bomba. Ele é invulnerável, ela rosnou.
— Vá em frente.
Ela deu um último olhar ressentido para Emma e com um suspiro relutante, pegou a
xícara de café quente e levou para o escritório.
Era como se estivesse diante de um leão em seu território, pensou, enquanto entrava
após um rude — Entre! Ela empurrou a porta, fechou-a atrás dela e levou o café para a sua
grande mesa de carvalho. Ele estava em pé no pátio, o ombro contra o batente, um cigarro na
mão.
Ele virou-se para olhá-la servir a xícara, e ela quase prendeu a respiração na pura
masculinidade que parecia irradiar de seu corpo, alto e poderoso. Sua camisa estava
desabotoada pelo calor, solta em seus ombros largos, revelando uma faixa de pelos escuros
que recobria suavemente os músculos bronzeados do seu peito e estômago. Seu grosso cabelo
estava desgrenhado, como se seus dedos tivessem trabalhado sem descanso sobre ele. Seus
olhos estavam angustiados, solenes e mais escuros do que ela já tinha visto.
— Eu… Emma disse para… para trazer um café para você, ela hesitou, vacilante com
as palavras enquanto ele afastava os ombros da porta e vinha em sua direção.
— Onde está a sua xícara? perguntou ele calmamente.
— A minha?
— Você poderia tomá-la comigo.
— Oh. Ela estudou o tapete. — Eu tomei a minha na cozinha.
Ele sentou na beirada da mesa e esmagou o cigarro.
— Eu não quero que seja assim, ela sussurrou tristemente. — Eu não quero sair daqui
com você me odiando…!
— Eu não odeio você, respondeu ele profundamente.
Não, ela pensou, porque era necessário emoção e não havia isso nele. Ele estava
simplesmente indiferente.
Ela estudou os sapatos. — De qualquer maneira, disse calmamente: — Obrigado por
me deixar vir. Lamento deixá-lo sem uma secretária…
— Você não deixará, disse ele friamente. — Eu encontrei com Lida, enquanto estive
fora. O casamento dela durou uma noite. Ela estará aqui na segunda-feira. Ele sorriu
despreocupado. — Então, pequena, você escolheu um bom momento para ir. Sem problema.
Ela sorriu, apesar da dor pulsando no seu coração. — Sem problema, ela repetiu. —
Bem, boa noite…
— Leve isso contigo. Esvaziou a xícara e entregou a ela. Mas quando seus dedos se
tocaram, ele sentiu um tremor frio nela e algo pareceu explodir em seus olhos.
— Fria como gelo, ele murmurou por entre os lábios. — Mas só por fora. Suas mãos a
puxaram pelos ombros, aproximando-a dele. Na posição em que ele estava meio sentado, ela
ficava em um irritante nível com seus olhos de jade. — Você não reconhece o quanto eu a
afeto, Irlandesa? rosnou com raiva.
— Não… ela suplicou, toda a luta abandonando-a diante da fúria implacável que leu
em seus olhos. — Clint, por favor, deixe-me ir, não…
— Não o quê? Envergonhada? ele zombou. Ele pegou a xícara de suas mãos e atirou-a
na mesa. Suas mãos magras segurando seus ombros violentamente, estreitando-a contra ele.
— Clint, eu sinto muito! ela sussurrou, percebendo finalmente o que estava errado. Ela
feriu seu orgulho, e agora ele queria vingança…
— Você não sabe o que é vergonha, ele rosnou, inclinando a cabeça, — mas vou te
ensinar.
— Clint…! Sua voz interrompida no grito de súplica, enquanto a boca dele descia
dura contra a dela e lhe ensinava como um beijo podia se transformar em uma punição.
Ela tentou lutar contra os impiedosos e rígidos braços que a seguravam, mas não
conseguia se livrar, não conseguia respirar… cedendo força que era muito maior do que a dela.
Então, como mágica, o esmagamento de seus braços musculosos relaxaram,
embalando-a, agora tão delicadamente quanto a tinha machucado antes. A pressão da sua boca diminuiu, tornando-se macia e cuidadosa, persuadindo.
— Maggie, ele sussurrou contra os lábios machucados, deslizando as mãos sob a barra
da blusa para queimar contra a carne nua das costas. — Maggie, você é como a seda.
Os dedos dela enrolados no algodão de sua camisa enquanto ela se inclinava, ofegante,
enquanto ele brincava com sua boca, provocando, pequenos beijos que acendiam fogueiras
em sua mente. Suas mãos quentes a trouxeram para mais perto ainda, levemente áspero ao
acariciar sua pele suave.
— Toque-me, ele murmurou roucamente. — Toque-me, querida.
Involuntariamente, as mãos delgadas foram da camisa de algodão para os músculos
quentes e bronzeados de seu peito largo, enredando na macia massa de pelos pretos enquanto ela acariciava-o cegamente, sentindo a sensual masculinidade dele, afogando-se no aroma picante da sua colônia com sensação após sensação caindo sobre ela.
— Assim, feiticeira, murmurou ele, é isso. Maggie, abra a boca, só um pouco. Eu
quero prová-la…
Queimando com a fome que ele criou nela, rendeu-se impensadamente enquanto ele
abria seus lábios macios e puxava-a completamente contra seu corpo, muito quente,
pressionando até que ele ouviu o gemido sufocado em sua boca.
— Aquele seu noivo frouxo nunca te beijou assim, Maggie? ele rosnou com a voz
rouca. — Será que ele te excitava até que você gemesse contra a boca dele?
— Oh, não, ela confessou vertiginosamente, com as mãos delgadas fazendo um
protesto indiferente contra o prazer que ele estava lhe causando.
— Por que não? Você quer isso, ele sussurrou. Sua boca acariciando preguiçosamente
ao longo da sua, aberta, úmida e deliberadamente sensual. — Você quer as minhas mãos e
meus olhos em cada centímetro deste doce corpo jovem, não é, Maggie? Responda-me. Não
quer?
Sua voz respondeu em um soluço. — Sim! ela chorou. — Maldito, sim!
— Peça-me de forma doce e agradável, Maggie, ele zombou. — Diga, por favor,
Clint, diga, Irlandesa. Murmurou…
Seus olhos se abriram lentamente, brilhando com ansiedade e amor. — Por favor, ela
respirou contra sua dura e torturante boca. — Por favor, Clint…
Suas mãos contraíram-se em sua cintura, e de repente ele afastou-a. Um frio, sorriso
implacável em sua boca. — E assim, Srta Kirk, o placar se iguala. Você queria algo para se
envergonhar. Conseguiu!
Levou alguns segundos para ela perceber o que ele tinha dito e o que ele tinha feito.
Seu rosto ficou vermelho, depois branco. Mortalmente branca. Envergonhada… igualar o
placar… Ela se afastou dele entorpecida, sentindo como se tivesse sido golpeada com toda a
força por aquela mão bronzeada e elegante.
Ele acendeu um cigarro calmamente, os olhos apertados observando sua expressão
atordoada enquanto ele fechava o isqueiro e guardava-o no bolso. — Você me seguia por aí
como um maldito cachorro de estimação desde que tinha cerca de oito anos, observou ele. —
Para referência futura, estou cansado disso. Eu não vou ser um substituto de um noivo
galinha, ou um bálsamo para um coração partido. A partir de agora, se quiser fazer amor,
procure em outro lugar. Estou cansado de dar-lhe lições. Seu rosto ficou, se isso era possível,
ainda mais branco. Sua boca se recusou a formar as palavras que diria a ele quão odioso ela
pensava que ele era. Por dentro, ela se sentia derrotada, ferida. As lágrimas indistintas em
seus cílios longos, as lágrimas que ela virou-se para impedi-lo de ver. Ela foi às cegas em
direção à porta.
— Sem réplicas, Maggie? Ele repreendeu.
Sua mão tocou a maçaneta.
— Gostaria de um beijo de adeus? ele insistiu.
Ela abriu a porta e saiu.
— Irlandesa!
Ela fechou a porta atrás dela e foi cega e rapidamente subindo os degraus. Atrás dela
estava vagamente ciente da abertura da porta de novo, de olhos a seguindo. Mas ela não parou ou olhou para trás. Nem uma só vez.
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