Fanfic: Doce Inimigo - Diana Palmer | Tema: livro original, romantico,
Capítulo Oito
Maggie sentou na cadeira ao lado de sua cama no escuro, durante horas, com uma dor mais profunda do que qualquer outra. A crueldade deliberada era quase insuportável. Ele sabia que ia machucá-la. Ela tinha visto a satisfação nos olhos de jade. E tudo porque ela atingiu seu ego. Por nenhuma outra razão do que essa. As lágrimas não pararam desde que ela fechou a porta atrás dela para este interior de segurança que era a escuridão. Não tinha parado, não tinha amenizado. Nem quando bateram na porta e a voz hesitante de Emma chamou o nome dela suavemente. Nem quando ouviu duas vozes do lado de fora do quarto fechado, uma profunda, lenta e irritada e outra suave e suplicante.
Quando a primeira luz da aurora passou pelas cortinas brancas macias, ela ainda não
havia se levantado da cadeira ou dormido. Seus olhos estavam vermelhos com olheiras
escuras, o rosto tão branco quanto na noite anterior.
Automaticamente, ela começou a arrumar suas coisas, calma e eficientemente,
separando a roupa limpa e suja na única mala, reunindo os cosméticos da cômoda, e os produtos de higiene do banheiro. Ela não se permitia pensar. Nem sobre o que ela sentia por Clint, nem sobre o que ele fez com ela, nem sobre angustia de se afastar dele pelo o resto de sua vida. Mantinha sua mente longe e nada mais. Escapar era a única coisa importante em sua vida agora. Ela queria correr. Sem parar para passar uma escova nos cabelos, ela pegou a mala e sem olhar para trás, fechou a porta.
— Oh, você está aí, Emma disse em um tom estranho, hesitante quando Maggie
chegou ao fim da escada. — Pronta para o café da manhã, querida? Certamente você não vai
sair sem café da manhã?
Maggie não respondeu, fazendo um curto movimento com a cabeça, sem palavras. Ela
pegou o telefone e chamou um táxi com calma, consciente de que enquanto colocava o fone
no gancho, Clint tinha se aproximado pelo corredor.
Emma trocou um rápido olhar com ele e saiu do corredor, fechando silenciosamente a
porta da cozinha atrás dela com um clique macio.
Maggie pegou a mala e foi para a varanda da frente justamente quando Clint movia-se,
ficando em pé, parado na frente dela, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans. Seus
olhos estavam vermelhos, seu rosto pálido. Ela dispensou-lhe um olhar breve e frio antes de
desviar os olhos.
— Por favor, saia do meu caminho, disse ela em um tom aparentemente calmo.
— Eu quero falar com você, Maggie.
— Escreva-me uma carta, ela disse — Se você tentar, provavelmente pode me insultar
mais um pouco ao enviá-la.
— Maggie! gemeu, chegando a tocar seu ombro.
Ela encolheu-se dele como se ele tivesse cortado a ela para o osso, recuando, com
amplas e ardor nos olhos. — Nunca mais faça isso de novo, ela sussurrou instável. — Nunca
me toque. Estou saindo de sua vida tão rapidamente quanto posso Clint, não é o suficiente?
Lágrimas nublando seus olhos. — O que mais você quer de mim, sangue? gritou ela.
Ele respirou profunda e lentamente. — Meu Deus, nunca quis machucar você… disse
num fio de voz rouca, algo escuro e sombrio em seus olhos enquanto procurava por seu rosto.
— Não, você não queria, não é? Ela perguntou amargamente. — Você queria arrancar
a pele de Lida, mas ela não estava aqui e eu estava. Talvez as coisas agora mudem, já que ela
vai voltar.
— Maggie, não é nada disso, pelo amor de Deus! ele grunhiu enquanto ela se
aproximava da porta. — Eu quero te dizer…!
— O placar está igualado, Clint, você disse isso, ela afirmou da varanda, os olhos
acusando-o. — Não há nada mais que você possa dizer que eu queira ouvir. Você disse tudo a
noite passada.
Os olhos dele se estreitaram, como se sentisse dor, seu olhar procurando, calmo, como
se ele nunca a tivesse visto antes e não conseguisse ver o suficiente de seu rosto. — Não,
querida, disse ele gentilmente. — Eu não disse tudo. Maggie…
O som alto de uma buzina de carro estacionando no caminho que levava a casa
interrompeu-o, e ela virou-se e começou a descer os degraus com uma explosão de alívio que
fez seus esbeltos ombros relaxarem. — Diga adeus a Emma, ela disse por cima do ombro, —
e diga a Janna que vou escrever!
Ele não respondeu, seu rosto moreno e imóvel, com os olhos pregados à forma esguia
que entrava no carro e a porta que era fechada. Viu-a ir, com os olhos assombrados e
torturados enquanto o táxi se desvanecia lentamente em uma mancha amarela na distância.
Emma saiu para a varanda, secando as mãos no avental branco. — O café da manhã
está pronto, ela disse suavemente.
Ele não respondeu, com os olhos perplexos, o rosto tenso.
— Você queria que ela fosse, Emma lembrou-o. — Isso foi o que você me disse
ontem à noite.
Ele se virou e entrou na casa, em seu escritório, fechando a porta atrás de si com
firmeza. Com um suspiro, Emma voltou para a cozinha, imaginando como explicaria isso
para Janna.
Mais tarde, sentada cansada no ônibus para Miami, Maggie lia a carta de Duke
Masterson pela terceira vez e agradecia silenciosamente ao grande homem moreno por esta
saída. Ela não teria suportado voltar ao apartamento ainda, enfrentar Janna e as perguntas inevitáveis. A ferida estava em carne viva, muito recente para ser explorada. Em poucos dias, algumas semanas… ela olhou carinhosamente para a passagem da prometida fuga.
Era um alívio para tanto dano, tanta dor. Philip, então Clint… especialmente Clint. Ela fechou os olhos para as memórias amargas. Será que ela nunca se esqueceria de como ele a humilhou, nunca se recuperaria do duro golpe sofrido em seu orgulho?
Seus olhos se voltaram para a janela, para as palmeiras e pinheiros no horizonte,
ocasionalmente uma casa era vista aninhada entre as árvores. As coisas estavam complicadas
agora. Ela não seria capaz de passar férias com Janna nunca mais se isso significasse ir ao
rancho e encontrar Clint. Seria pior quando ele voasse para a cidade a negócios e viesse ver a
irmã. Ela suspirou, cansada. Talvez fosse melhor se ela procurasse um emprego em Atlanta e
se afastasse de sua amiga de infância. Isso seria doloroso demais. Mas talvez, a longo prazo,
seria o melhor.
Ela inclinou a cabeça para trás contra o banco e fechou os olhos cansados. Parecia que
fazia muito tempo que tinha dormido, desde que tinha sentido alguma paz. Sua mente estava
cheia de Clint, dos velhos tempos.
Parecia que tinha sido há muito tempo que ela e Clint tinham sentado no balanço da
varanda juntos e conversado sobre cavalos. Ou tinham feito longos passeios na floresta,
ouvindo seus contos sobre os primeiros dias de exploração da Flórida quando canoas desciam
o Rio Suwan-nee em viagens de reconhecimento.
Ele fez a Flórida ganhar vida para ela. Podia ver o orgulho dos conquistadores
espanhóis que vagavam através dos bosques as margens do rio. Podia ouvir os tambores,
Seminoles ferozes, que nunca foram conquistados pelo governo dos Estados Unidos, apesar
de uma série de três guerras que ocorreram entre 1817 e 1858. Podia imaginar os navios que
partiam da costa arenosa da Flórida, com destino às Índias ou América do Sul.
Ela suspirou. Clint gostava dela quando era uma criança. Eles haviam sido amigos.
Mas agora ele era um inimigo, e todas as suas lágrimas não iriam mudar isso. Não depois do
que ele tinha feito a ela. Seus olhos fecharam-se pela dor da lembrança. Tudo isso tinha sido
realmente necessário, ela se perguntava, a humilhação que ele tinha lhe causado? Por que aquilo o tinha incomodado tanto, o que ela disse enquanto eles estavam cavalgando, sobre sentir-se envergonhada pelo o que ele a fazia sentir?
Ela balançou a cabeça lentamente. Se ele queria envergonhá-la, tinha conseguido isso.
Mas o que a tinha intrigado era o olhar no rosto dele na manhã seguinte, o olhar sombrio,
olhos verdes famintos que a viam sair do rancho. Seria culpa ou dor no seu olhar?
Suas sobrancelhas se juntaram. Ela perguntou o que Janna iria pensar quando chegasse
lá, ou até mesmo o que Clint diria a sua irmã sobre a história toda? Ela não tinha mencionado
que estava indo para Miami. Ninguém sabia que ela tinha uma passagem para um cruzeiro.
Clint e Emma achavam simplesmente que ela estava indo para casa em Columbus. Bem, que
diferença faria, ela se perguntou, com os olhos na paisagem colorida fora da janela do ônibus
com o pôr do sol deixando belas chamas no céu. O dia tinha passado rápido, e logo Miami
estaria à vista no horizonte. Ela moveu-se impaciente no assento confortável. Miami. Será
que algum deles se preocuparia além de Emma e Janna? Bem, ela enviaria um cartão postal
da Grécia ou Creta para Janna ou de onde quer que ela estivesse. Janna e Emma, ela corrigiu.
Ela desceu do ônibus em Miami e tomou um táxi para Miami Beach, para a Avenida
Collins que era repleta de suntuosos hotéis. Ela parecia uma garota do campo diante das paisagens e sons da Praia de Miami a noite, bebendo o cheiro do sal do mar, o glorioso colorido daquele lugar irreal sob as luzes da noite. Não havia estacionamento disponível no hotel que ela tinha escolhido, então o motorista deixou-a na rua movimentada e entregou a sua mala.
— Cuidado com o trânsito, senhora, ele advertiu ao entregar-lhe o troco.
Ela acenou e sorriu. — Terrível, não? Ela riu.
— Não depois que você se acostuma. Ele sorriu enquanto ia embora.
Ela levantou a mala, ainda sorrindo enquanto examinava a grandeza e a riqueza
construída pelo homem. Em poucas horas, ela estaria em um navio de cruzeiro rumo ao Atlântico. Deixando para trás suas preocupações, suas tristezas, suas obrigações, apenas por pouco tempo. Ela respirou fundo o ar quente do mar. Obrigado, Duke Masterson, disse ela em silêncio, sentindo uma pontada de tristeza pelo grande homem, o homem moreno que não estaria em algum lugar daquelas ruínas antigas esperando por ela.
Ela foi em direção ao hotel do outro lado da rua, sua mente longe, seus olhos
desatentos. Ela não percebeu o carro potente se afastando do meio fio com um guincho de
pneus a poucos metros de distância. Não até que sentiu o impacto súbito e tudo girando em
uma dolorosa escuridão…
Sons iam e vinham em vagos fragmentos, de uma grande distância…
Várias costelas quebradas, lesões internas. — Ela não está respondendo.
— Ela tem que responder! Meu Deus, faça alguma coisa, qualquer coisa! Não importa
o quanto vai custar!
— Nós estamos fazendo tudo o que podemos, claro.… Mas ela não está tentando,
veja. Tentando viver, eu quero dizer. A vontade de viver pode fazer a diferença em casos
como estes.
As vozes desvaneceram-se e, em seguida, uma deles voltou, profunda e lenta, e ela
estava vagamente ciente dos dedos entrelaçados com os seus, segurando-os, acariciando-os.
— Fugindo de mim? a voz rosnou. — É isso que você está tentando fazer, Maggie, fugir mais um pouco?
Os olhos dela estremeceram, suas sobrancelhas contraíram. Sua cabeça moveu-se
inquieto sobre o travesseiro.
— Eu… não quero…, ela sussurrou meio consciente.
— Não quer o quê?
— Viver, ela admitiu. — Dói… muito.
— Morrer vai doer mais, foi a resposta curta. — Porque se você for, eu vou também.
Você não vai me escapar dessa maneira. Então que Deus me ajude, vou segui-la! Você me
ouviu, Maggie?
Sua cabeça movia-se de um lado para o outro. — Deixe-me… sozinha! ela sussurrou dolorosamente.
— Por que diabos eu deveria? Você não vai me deixar sozinho.
Os dedos foram apertados e ela sentiu ou pensou sentir uma onda de emoção que fluía
através deles, aquecendo-a, tocando-a, gentilmente segurando-a a vida.
Ela lambeu seus lábios secos e rachados. — Não…me deixe ir, ela murmurou,
apertando a mão em torno dos dedos fortes.
— Eu nunca deixarei você ir, pequena. Agüente firme, querida. Só agüente.
— Agüente…, ela respirava, e as trevas voltaram.
As vozes iam e vinham de novo, ora monótona, ora discutindo. Uma voz feminina
participava, articulada, macia. Era como uma sinfonia de sons estranhos, misturado com o
barulho de objetos metálicos, o frescor de toalhas, a sensação de água quente e mãos frias. E
aquela voz…
— Não desista agora, ele ordenava, e ela sentia os dedos fortes segurando os dela. —
Você consegue se você tentar. Agüenta firme! Ela respirava breve e bruscamente e doía
terrivelmente. Ela fez uma careta com o esforço. — Ah, isso… dói! ela gemeu.
— Eu sei. Oh, meu Deus, eu sei. Mas continue tentando, Maggie. Vai ficar melhor. Eu prometo.
Assim, ela continuou tentando, desvanecendo-se dentro e fora da vida, até os sons
tornarem-se familiares, até que um dia ela abriu os olhos e viu os lençóis brancos que
cheirava a medicamentos e viu a luz solar filtrada pelas persianas em sua cama.
Piscando, os lábios rachados, ela olhou para um rosto pálido e abatido, com olhos
verde-esmeralda e cabelos negros desgrenhados.
Ela franziu a testa, entorpecida de analgésicos e sono. — Hospital? ela conseguiu
fraca.
Clint deu um suspiro profundo, pesado. — Hospital, ele concordou. — Ainda dói?
Ela engoliu. — Poderia… água?
Ele se levantou da cadeira e derramou água e gelo em um copo de uma jarra de
plástico que estava ao lado da cama. Sentou-se na borda da cama, para levantar sua cabeça
para que ela pudesse sorver a água gelada.
— Oh, isso é tão bom, ela quase chorou, — tão bom!
— Sua garganta parece ter serragem, eu imagino.
— Parece… areia do deserto…, ela corrigiu, estremecendo quando ele colocou a de
volta no travesseiro. — Eu… tenho algo quebrado?
— Algumas costelas, disse ele.
O tom em sua voz a incomodou. — O que mais?
Ele passou a mão pelos cabelos densos e escuros. — Você teve um acidente infernal,
Maggie, disse ele calmamente.
— Clint, o que mais? gritou ela.
— Sua coluna, querida, disse ele gentilmente.
Com um sentimento de horror ela tentou mover as pernas… e não podia. — Oh, meu
Deus… ela sussurrou.
— Não entre em pânico, Clint advertiu, afastando o cabelo úmido de suas têmporas. —
Não entre em pânico. Não está quebrada, apenas machucada. Seu médico diz que você estará
andando novamente em algumas semanas.
Os olhos dela se arregalaram, procurando-o desesperadamente. — Você não…
mentiria para mim?
Seus dedos roçaram o rosto suavemente. — Eu nunca mentiria para você. Não vai ser
fácil, mas você vai andar. Tudo bem?
Ela relaxou. — Tudo bem. Como eles… encontraram você?, perguntou ela.
Uma sombra de sorriso tocou-lhe a boca cinzelada. — A carta de Masterson, em sua
bolsa.Tinha seu nome e o endereço da fazenda nela, lembra?
Ela concordou, brincando com o lençol. — Eu estava… pensando sobre o cruzeiro,
quando o carro…
— Você poderia ter me dito para onde estava indo, observou ele.
Ela corou, desviando os olhos.
Ele respirou profundamente. — Pensando bem, disse rispidamente, — por que diabos
você deveria? Deus sabe que não lhe dei qualquer razão para pensar que eu me importava
com você, não é mesmo, Maggie?
Ela ainda não poderia lhe responder, as lembranças estavam voltando com pleno vigor
agora, ferindo, machucando…!
— Não, disse ele gentilmente. — Maggie, não olhe para trás. Vai precisar de toda sua
força para ficar em pé novamente. Não a desperdice comigo.
Ela respirava irregularmente. — Você está certo sobre isso, ela murmurou fracamente.
— Seria um desperdício.
— Estou feliz que você concorde, ele respondeu, sem nenhum traço de emoção em sua
voz profunda e lenta.
Ela estudou as mãos pálidas. — Por que você veio?
— Porque Emma e Janna não descansariam enquanto eu não viesse, ele rosnou. — Por
qual outro motivo?
— Bem, eu vou viver, disse ela amargamente. — E vou andar. E não preciso de
nenhuma ajuda sua, então por que você não vai para casa?
— Não sem você.
Ela fitou-o, mas não havia nenhum indício de expressão em seu rosto moreno.
— No momento em que eu saísse, ele pensou, — você se entregaria a auto-piedade.
— Eu não faria isso!
Ele estendeu a mão e pegou seus frios e nervosos dedos. — Só vou te deixar no dia em
que você puder andar por conta própria, disse ele. — Isso deveria servir de incentivo,
feiticeira.
Feiticeira. Lembrou sem querer da última vez que ele lhe chamou assim, obrigando-a,
segurando-a, machucando-a, a boca firme criando sensações que caiam sobre ela como fogo.
— Você está corando, Maggie, ele brincou com suavidade.
Ela puxou a mão e desviou os olhos dele. — Eu posso ir para casa… para o
apartamento, ela vacilou.
— Não nessa vida, querida, disse ele, e ela reconheceu o tom obstinado em sua voz.
— Nem que eu tenha que amarrá-la em casa. Janna estará em férias nas próximas três
semanas, e eu serei amaldiçoado se te deixar em um apartamento sozinha e desamparada.
— Não sou inválida!
— Não? ele provocou, com os olhos descendo pelo seu corpo.
Ela bateu na coberta com um impotente soco. — Eu te odeio!
— Pelo menos você não está indiferente, ele riu. — O ódio pode ser excitante,
pequena.
Por pouco, seus pálidos olhos não o queimaram. — Espere até eu voltar a ficar em pé!
Ele apenas sorriu, inclinando-se para trás na cadeira, a tensão, a experiência em
evidência. — Eu vou tentar, baby.
Alguma coisa na maneira como ele falou a fez corar.
O tempo passou rápido depois disso. A dor persistiu por alguns dias, especialmente
quando eles cortaram os analgésicos, mas Clint estava sempre lá, desafiando-a lamuriar sobre
isso. Eles a encaminharam aos fisioterapeutas, e ele também estava lá, assistindo, esperando,
zombando. Ela trabalhou duas vezes mais duro, concentrando-se nos músculos fracos para fazer o que ela queria, usando a violenta emoção que sentia como um chicote. Ela voltaria a andar. Ela tinha que voltara andar, se não fosse por qualquer outra razão para provar aqueles infernais olhos jades que poderia!
Finalmente chegou o dia, quando ela teve alta do hospital, quando a ciência médica já
tinha feito tudo o que podia. Ela olhou sobre a parte traseira do assento do táxi em direção a
imagem desvanecida de Miami enquanto chegavam ao aeroporto. E ela nem chegou a ver o
navio que faria o cruzeiro.
O vôo para casa parecia ter passado muito rápido. Clint relaxou enquanto pilotava o
pequeno avião monomotor, seus olhos atentos sobre os controles e os limites das pequenas
cidades,fazendas, parques, florestas e rebanhos de gado ao voarem sobre aquela paisagem através das nuvens.
Ela olhou para Clint. Será que ele realmente queria que ela o odiasse, pensou, ou
apenas tinha dito aquilo para irritá-la? Ela se lembrava da sua própria presunção na
adolescência, quando o colocou em um pedestal e fez tudo para adorá-lo. Aquilo devia ter
sido insuportável para um homem como Clint, sendo seguido por aí como um cão de
estimação, como ele colocou antes que ela deixasse o rancho.
Seus olhos se voltaram para a janela, olhando para as nuvens inconsistentes. Se ela
pudesse esquecer aquele comportamento idiota, se pudesse apagar tudo que tinha acontecido
entre eles, começar de novo e serem… amigos.
A palavra quase a sufocou, mas reconhecia tardiamente que era a única coisa possível
agora. Todas as pontes foram queimadas atrás deles. Ela tinha feito aquilo tudo por si mesma.
Enfim, ela pensou com um calafrio, Lida deveria estar de volta no rancho esperando
por ele neste momento. Ela só viu a mulher uma vez, mas tinha sido mais que suficiente. Isso
faria sua vida na fazenda insuportável. Foi por isso que ela lutou tanto para voltar ao
apartamento. Mas Clint, como de costume, fazia tudo do seu jeito, apesar de todos os seus
esforços para contrariá-lo. Como nos velhos tempos.
Ela olhou para as pernas inúteis na calça que tinha usado no ônibus de Columbus.
Parecia que tinha passado muito tempo desde que Clint a tinha colocado na garupa do seu
garanhão.
Foi o choque, os médicos lhe haviam dito, que causou esta paralisia temporária — o
choque do seu corpo, do seu sistema, da sua mente, e uma boa dose de lesões também. Pelo
menos ela tinha sensibilidade nas pernas. Mas andar ia ser outra coisa completamente
diferente, e estremeceu mentalmente com o que estava por vir. Teria que ter uma
determinação que ela não tinha certeza se possuía para fazer os músculos se moverem
novamente. E se ela não tivesse? E se os médicos estivessem errados, e sua espinha dorsal
estivesse danificada? E se…
— Estamos em casa! Clint disse acima do ruído do motor, e alinhou o pequeno avião
em direção a pista de pouso.
Janna juntou-se a eles com lágrimas nos olhos, saltando do carro quando a hélice
parou de girar.
— Oh, Maggie, estou tão contente de ver você, ela chorou, abraçando a amiga como
se ela voltasse do mundo dos mortos, em vez de Miami.
Maggie forçou-se a rir enquanto dava um tapinha no ombro de Janna. — Eu estou
bem. Vou ficar bem. Pergunte a Clint se não acredita em mim. Ele confirma! ela murmurou,
fitando-o por cima do ombro de Janna.
Ele apenas sorriu. — Mexa-se, Janna, e deixe-me carregar este saco de batatas para o
carro.
— Eu não sou um saco de batatas, Maggie protestou quando ele passou os braços sob
ela e levou-a como uma pena para o banco do carro.
— Mas está parecendo, observou Janna brincando, enquanto abria a porta do carro
para Clint.
— E parece estar frita, Clint completou ao colocá-la suavemente no banco. —
Cuidado, Maggie, vai se chamuscar.
— Seu demônio, ela resmungou.
Seus olhos foram deliberadamente para a curva suave de sua boca. — Está me
provocando, querida? ele perguntou em voz baixa enquanto Janna dava a volta no carro para
entrar.
— Não! ela sussurrou de volta.
Ele sorriu e fechou a porta. Deu a volta no carro, também, e abriu a porta a Janna. —
Fora, disse ele.
— Mas eu posso dirigir…! protestou.
— Não o meu carro, não comigo nele. Fora.
Ela deu um suspiro aborrecido e deslizou para perto de Maggie. — Eu odeio irmãos,
ela murmurou.
— Não era isso que você costumava me dizer, Maggie observou.
— Oh, cale a boca, a garota mais nova gemeu.
À noite, Maggie estava confortavelmente instalada no mesmo quarto de hóspedes que
ela tinha ocupado, recostado em travesseiros, rodeada por livros e revistas, entupida de
sopa,sanduíches e café quente.
— Mas, Emma, ela protestou, — você vai me estragar.
— Estou feliz por você ainda estar por aqui para ser mimada, veio a resposta de Emma
ao passar pela porta.
Janna sentou-se na cadeira ao lado da cama, rindo. — Você pode muito bem desistir.
Você sabe disso, não é?
Maggie sorriu em rendição. — Eu devia, eu acho. Janna…
— O que?
Ela olhou para suas mãos. — Lida ainda está aqui?
Janna olhou com espanto para ela. — O que você disse?
— Bem… Clint disse que Lida voltaria.
— O tolo! Janna se levantou e foi até a janela. Um forte e irritado suspiro passou por
seus lábios. — Ele nunca vai aprender, nunca! Por que ele a quer de volta aqui, justamente
agora? E quando ele lhe disse que ela voltaria?
— Na… segunda-feira depois que fui embora daqui, disse ela.
— Bem, ela não apareceu. Graças a Deus, Janna acrescentou com raiva. — Será que
ele não aprendeu ainda? Meu Deus, ela foi embora e casou com um velho rico… já o deixou?
— Foi o que Clint disse.
— Ele estaria melhor sozinho para o resto de sua vida. Oh, Maggie, porque os homens
são tão estúpidos? ela gemeu.
Maggie teve que sorrir pela sinceridade na voz suave de sua amiga. — Acho que Deus
os fez dessa maneira para que eles fossem vulneráveis as mulheres.
— As únicas mulheres que foram capazes de deixar meu irmão vulnerável poderiam
ser consideradas prostitutas, Janna resmungou. Ela olhou para o rosto oval sobre o travesseiro
emoldurado pelo cabelo ondulado. — Por que ele nunca te notou?
Maggie alcançou seu café para impedir que Janna visse o rubor em seu rosto. — Eu
sou como sua irmã mais nova, você sabe disso, ela esquivou-se.
— Bem, não é por falta de esforço da minha parte, Janna admitiu. Ela suspirou. —
Bem, precisa de alguma coisa?
Maggie balançou a cabeça. — Estou bastante mimada, obrigada. Não fique acordada
por minha causa. Já é tarde.
Janna inclinou-se para abraçá-la. — Estou muito feliz por você estar bem.
— Eu também. Só sinto por ter perdido o cruzeiro. Eu teria gostado muito… mesmo
que seja só porque Duke queria que eu fosse.
Janna sorriu. — Eu gostava demais daquele grandalhão. Boa noite, minha amiga.
— Boa Noite. A porta se fechou atrás de Janna e o quarto pareceu encolher. Ela pegou
uma revista e começou a ler, mas as palavras pareciam borradas. Com o silêncio e a solidão,
sua mente come ou a trabalhar, pesando possibilidades, se preocupando com as pernas…
— Não posso deixar você sozinha, Clint disse da soleira da porta, os olhos apertados
estudando seu rosto carrancudo. — Entregue a auto piedade de novo?
Ela fez uma careta para ele. — Estou apenas lendo essa revista idiota, ok?
Ele cruzou os braços sobre o peito e recostou-se contra a porta, só olhando para ela. —
Você estava lendo? Ou você estava se preocupando?
Ela suspirou. — Ambos.
Ele aproximou-se e jogou a revista longe. — Deite-se, disse ele, empurrando a sobre
os travesseiros para que ela deitasse.
— Tirano horroroso…! ela se irritou.
— Isso e muito mais. Aqui. Ele puxou as cobertas e enfiou-as embaixo de seu queixo.
— Agora vá dormir e pare de torturar a si mesmo. Tudo o que você tem que lembrar é que
você vai voltar a andar.
Seus olhos, arregalados e um pouco assustados, olharam para os dele. — Eu vou, não
vou, Clint? ela perguntou suavemente, deixando cair as barreiras o suficiente para renovar
sua segurança.
— Sim, disse ele calmamente e com segurança.
Ela relaxou contra os travesseiros. — E… Lida chegar em breve? ela murmurou,
evitando os olhos.
— Lida?
— Sim. Você lembra, disse que…
— Deus, eu esqueci, disse pesadamente. — Ela ligou logo depois que fui para Miami
e deu algumas desculpas para Emma sobre a mudança de seus planos, dizendo que ia para
Maiorca dessa vez. Nem me dei conta quando Emma me contou.Seus olhos de jade a fitaram.
— Você me fez passar por momentos infernais, Irlandesa.
— Sinto muito, disse ela baixinho.
— Mostre-me, ele murmurou profundamente inclinando-se sobre sua boca.
Ela olhou para ele abalada sem saber como tomar este gentil assalto, não sabendo se
poderia se atrever a levá-lo a sério.
Seu dedo longo traçou a curva suave de sua boca trêmula. — Você não confia em
mim, não é? perguntou ele calmamente.
Ela balançou a cabeça. Sem palavras, seus olhos mostraram a dor, a lembrança de por
que ela tinha ido embora.
Ele inclinou o rosto um pouco e sua boca roçou a dela suavemente, lentamente, em um
beijo tão carinhoso, tão admiravelmente carinhoso que trouxe lágrimas aos seus olhos.
Ele recuou e procurou seu rosto com olhos sombrios e intensos. — Eu tenho uma
cabeça dura, ele murmurou distraidamente, — e às vezes é preciso de uma batida infernal
para me atingir. Mas eu aprendo rápido pequena e não cometo os mesmos erros duas vezes.
Ela baixou os olhos enquanto as palavras chegavam até ela. Ele quis dizer que não
estava mais brincando, que ele não iria incentivá-la a perder a cabeça. Isso deveria fazê-la
feliz. Em vez disso, havia uma enorme nó na sua garganta.
— Eu estou… estou tão cansada, Clint, ela murmurou.
— Sem dúvida. Acariciou seus cabelos com uma mão suave. — Você está segura,
Maggie. Não vou mais pular na sua garganta. Nós vamos manter as coisas a um nível
amigável a partir de agora. É isso que você quer?
— Oh, sim, ela respirou, e não olhou para cima a tempo de ver o pequeno tremor de
suas pálpebras.
— Durma bem, disse ele em um tom estranho, e tocando alegremente em uma mecha
de seu cabelo, ele virou-se e deixou-a. Ela aconchegou-se nos travesseiros. No mínimo, ela
pensou miseravelmente, seriam amigos pela primeira vez em suas vidas. Talvez isso
diminuísse um pouco a dor. E, de repente, talvez todos os lobos se tornassem vegetarianos.
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