Fanfic: Penumbra
Depois de sair daquela casa repleta de morte vaguei sem destino pelas ruas por um tempo.
O choque foi esfriando conforme meu lado lógico assumia, me convenci que devia guiar meus pensamentos para qualquer outra coisa, algo real.
Eu tinha de partir.
Quando estava quase amanhecendo me dirigi à estação de trem onde havia deixado o dinheiro que sobrara de Edward e algumas mudas de roupa (tudo o que precisaria pra uma fuga rápida). Guiei-me entre a multidão até os armários comunitários em passos rápidos.
As pessoas fingiam não ver minhas roupas manchadas de sangue, como sempre meu corpo infantil ajudava em meus planos. De qualquer forma eu fiquei mais tranqüila depois de ter me trocado.
Peguei o primeiro trem que vi e deixei o país imediatamente, estava me utilizando de uma senhora chamada Wanda como adulto responsável por mim. Incluí-me em suas memórias como uma sobrinha e seguimos conversando por toda a viagem sobre assuntos diversos e ao mesmo tempo sem nenhuma importância.
A maravilha da Europa era a facilidade para mudar de país.
Cheguei a Edimburgo em um dia e imediatamente “providenciei” uma passagem com um passaporte imaginário (aquele tipo de projeção estava ficando cada vez mais fácil) ainda com o auxílio de Wanda. Depois segui em companhia de um jovem para passar pelas alfândegas até aterrissar em Portugal apenas 48 horas depois de ter deixado à Irlanda.
Apaguei a sua memória assim que saímos da zona de desembarque.
Estava cansada, mas de alguma forma não me sentia segura. Ainda não tinha parado, como se meu cérebro estivesse só parcialmente ligado.
A primeira coisa que fiz em Portugal foi ligar para o Orfanato Saint Patrick, eu não poderia deixar que o corpo de Ethan ficasse abandonado naquela casa por mais tempo.
A Madre Ruth atendeu ao telefone:
- Saint Patrick.
- Madre Ruth... é a Scarlett
- Senhorita Scarlett, estava esperando sua ligação. Ou deveria dizer Renesmee Cullen?
Opa. Como diabos ela sabe disso? Ela nem ficou surpresa por me ouvir falando!
- Alguns familiares seus estão em meu escritório desde quinta-feira, e devo dizer que não foi algo confortável para mim. – disse de forma áspera.
“Como se eu me importasse”, suspirei.
- Quem está aí? – perguntei autoritária
Ouvi um barulho e depois...
- Nessie? – era Bella.
- Ah. Oi mãe.
Um milhão de imagens passaram na minha cabeça imediatamente.
- Eu tô bem. – informei antes de ela pirar.
- Sei... Nós não podemos conversar direito agora. Tem como ligar para o meu celular?
Eu inspirei, se eu ligasse sabia que me rastreariam e estariam em meu encalço em pouco tempo. Eu não duvidava que existisse um satélite com o nome dos Cullen gravado nele.
- Tudo bem. Dois minutos.
O telefone desligou.
Eu esperei e liguei para ela, como pedido.
- Renesmee Cullen, onde você esta? – seu tom era uma tentativa de algo autoritário.
Eu quase ri, que diferença!
- Ei se acalma!
Ouvi outro barulho, alguma discussão e então...
- Nessie. – era Edward.
- Minha Nossa! Todo mundo veio?
- Nessie, quem eram aquelas pessoas?
Engoli em seco e senti como se algo frio descesse pela minha espinha. Eles sabiam.
- Nessie, por favor, estamos preocupados...
- Alice?
- Sim. Ela viu o garoto dizendo seu nome. Chegamos aqui na mesma noite, mas não conseguimos encontrar a casa facilmente, seu cheiro mudou muito. Quando a encontramos os corpos já estavam frios... E você tinha partido.
“Por pouco...”
- Bem, se você quer saber eu matei o desgraçado.
Houve um silêncio. Tinha certeza que mais gente ouvia a conversa, eu tinha dito alto o suficiente para que todos escutassem.
- Você vai voltar pra casa agora. – ele disse com a assustadora voz gelada.
“Merda! Por essa eu não esperava”.
- Não. – respondi resoluta.
Mais alguns barulhos e agora...
- Nessie...
“Ah. Puta-que-pariu Jacob.”
Segurei a respiração um segundo para me acalmar enquanto sentia meu corpo vibrar em uma onda de satisfação.
- Jacob. – foi tudo o que consegui dizer sem soar patética. Mais patética, quero dizer.
- Você matou um homem. – ele não estava feliz, a voz quase um grunhido.
- Yeah. Se é que se pode chamar aquilo de homem. – me irritei.
- O que você quer dizer? – agora havia um tom melancólico e condescendente, como se estivesse falando com uma criança. Ou alguém louco que não fizesse sentido.
Eu estava apostando na segunda opção. Inspirei profundamente puxando uma calma que não sabia que tinha.
- Aquele garoto... Era meu amigo. O cu... O homem que o estava espancando era pai dele. Quando eu os encontrei Ethan já estava quase morto.
Silencio mortal do outro lado. Alguma discussão e então...
- Eu sinto muito. Mas você precisava ter feito aquilo com os olhos dele? Precisava matá-lo? – era Bella de novo.
- Eu sei que deve parecer extremo pra vocês, mas podemos dizer que agi conforme o momento.
Ouvi grunhidos de desaprovação e alguma discussão.
- Juro que entendo que o que eu fiz foi extremo, mas eu nunca tinha sentido tanto ódio na minha vida. Não se preocupem que não virei um Serial-killer. Vocês têm que entender que eu não quero que vocês “sintam muito” e sinceramente nem pensei em outra coisa. – respondi infeliz, mas com autoridade. – Desculpe se isso é ruim para vocês ouvirem, mas eu não me arrependo de ter matado aquele bastardo de merda.
- Nessie! – ainda Bella, visivelmente surpresa.
- Espero que todos vocês ouçam isso. Eu não posso voltar. Como vocês estão vendo eu tenho outros tipos de pensamentos agora. E atitudes. E linguajar.
- Como você pode dizer isso? Como você pode ter feito...
Barulhos a interromperam.
- Como assim? O que mais Nessie? – era Edward de novo, achei ter distinguido as vozes de Jacob e Jasper discutindo no fundo.
- Estou me alimentando de sangue humano.
Silêncio mortal total.
“Uhu!”, pensei infeliz.
- Como é que é? – ouvi Jake no fundo gritar e Bella soltar um xingamento.
- Querida...
- Espera, deixa eu terminar. Eu não tô matando ninguém nem nada, bom a não ser o que vocês encontraram e eu nem toquei no sangue dele. Sei que é difícil de acreditar, mas eu não me descontrolo. Um pouquinho já me satisfaz, na verdade.
- As mordidas... – ouvi nitidamente Jasper agora.
- É... Ethan me... hum... ajudava.
Assovios e Jacob bufando de raiva.
- Ei, ele fazia por que queria tá legal?
- Tenho certeza que sim. – respondeu Edward desconfortável.
- Vocês entendem por que não posso voltar?
Edward soltou o telefone.
- Renesmee volte conosco, nós daremos um jeito... vamos te ajudar... – era Bella.
- Eu não quero nem preciso de ajuda. Não é assim que vocês vivem e é desse jeito que quero viver. Mãe eu conheço vocês: Nada de violência, nada de sangue humano. Eu estou seguindo minhas próprias regras agora.
- Nada disso interessa, eu vou atrás dela. – era Jacob ao fundo.
- Hunf. Jacob Black será que dá pra você me deixar em paz? – gritei.
- Como se eu pudesse. – respondeu ele zangado.
- Ótimo, da próxima vez vou bater sua cabeça com o dobro de força!
Ouvi Jasper rir alto e depois ser interrompido por um grunhido.
- Até mais família! Amo vocês!
Desliguei ignorando os protestos e peguei um trem para a Espanha, antes de fazer Scarlett sumir como fumaça.
Prévia do próximo capítulo
Cheguei a Caracaí quase derretendo de suor, o calor infernal me dando vertigens – há tempos eu não me alimentava com sangue, principalmente humano. Desci do ônibus e entrei no primeiro hotel que avistei, parecia barato o que era bom já que queria preservar meus recursos. Era 13 de Outubro e agora eu aparentava um pouco mais de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1
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nina00 Postado em 22/12/2015 - 21:39:59
Bom, estava terminando de postar essa fic neste site por peso na consciência já que eu havia abandonado por um tempo. Porém já que não há comentários acho que estou perdendo meu tempo. Postarei este capítulo e deixarei por uma semana, se eu retornar e não houver comentários deixarei por isso mesmo... infelizmente.