Fanfics Brasil - 6 - Unidade e Fios Flutuantes Penumbra

Fanfic: Penumbra


Capítulo: 6 - Unidade e Fios Flutuantes

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Quatro meses haviam se passado desde minha chegada ao Orfanato e eu e Ethan éramos como unha e carne, e ao nosso lado sempre Passarinho e Buldogue. Quero dizer, Patrick e Daniel. Devo declarar que minha vida ficou bem mais fácil depois disso.


 


Os três se revezavam à noite para vigiar enquanto eu ia à biblioteca escondida. É claro que os irmãos não tinham ideia do que eu fazia, nem Ethan, aliás. Ele sabia que era para eu estudar, mas não tinha nenhum conhecimento do por que ou o que exatamente eu estava pesquisando.


 


Acho que ele não queria saber também, por que nunca perguntou. Talvez se tivesse perguntado eu teria dito, não sei.


 


Apesar de o orfanato trocar de internos a cada período – algumas crianças morriam por doença, algumas eram adotadas, as mais velhas saiam para viverem suas vidas de forma independente (cresciam e eram chutadas), outras chegavam – alguns internos continuavam por ali, assim como as Irmãs que nos davam aulas, a cozinheira e o jardineiro.


 


Essas pessoas que me viam todos os dias poderiam reparar em meu crescimento acelerado, então eu tinha de alterar suas memórias - substituído periodicamente suas mentes para se lembrarem de mim com a imagem física mais desenvolvida.


 


O sacerdote era praticamente cego e tratava todos os garotos de João e todas as garotas de Maria, então eu não tinha preocupações com ele.


 


No começo esse processo era bastante trabalhoso, eu tinha de tocar as pessoas e me concentrar, levava um pouco mais de uma semana para fazer com todo o mundo e quando terminava já tinha que recomeçar


  Comecei a chamar esse processo de “limpeza”. Com o tempo, no entanto, reparei que eu não precisava me concentrar tanto e só tendo um leve contato eu fazia a alteração.


 


Quase no final de Maio percebi algo estranho em Daniel (ele e seu irmão menor eram os que tinham a memória mais alterada por que tinham contato direto comigo), vislumbrei um tipo de fio prateado flutuando de dentro de sua cabeça.


 


Pode me chamar de louca, eu vi só por um instante, mas estava lá. Eu chacoalhei minha cabeça e respirei profundamente, então reabrindo os olhos me concentrei e vi novamente um fino fio prateado flutuando. Decidi me aproximar dele e tentei pegar o fio com as mãos para provar que estava mesmo ali.


 


Patrick e Ethan me olharam como se eu tivesse pirado de vez então eu sabia que só eu tinha visto aquilo, e com certeza não tinha conseguido agarrar nada.


Por um tempo eu deixei para lá, mas então eu vi em outra pessoa e em outra. Aquilo começou a me deixar ansiosa. Será que eu estava ficando bitolada*[1]?


 


Onde mesmo eu tinha ouvido essa expressão antes?


 


Não importa. O importante é que chegou ao ponto de eu ver os fios prateados flutuando acima da cabeça de todos naquele lugar, menos no meu próprio reflexo ou em Ethan. Eu estava tão preocupada que tinha até perdido o apetite e ele vinha tendo que insistir para eu fingir comer alguma coisa à mesa.


 


Eu estava sentada na cadeira de lições pensando que já fazia dois meses em que eu vinha tendo aquelas visões e pesando novamente se devia voltar para casa apenas para consultar Carlisle. Por que inferno eu só não via aquilo em Ethan? Seria por que eu me alimentava dele? Sabia que aquilo era a chave... Concentrei em tudo o que tinha feito com ele, todas as memórias que tinha do que tínhamos conversado e senti o costumeiro calor de concentração tomar minha cabeça, como uma febre.


 


Fui tomada então com a mesma sensação que sempre acontecia quando tocava a mente de alguém, só que sem sentir o calor sair por minhas mãos (já que não tocava ninguém naquele momento), foi tão rápido que no começo não compreendi e foi então que vi sobre mim um tipo de fumaça que rapidamente sumiu.


 


Quase caí da cadeira que estava sentada ouvindo a lição.


 


Entendi repentinamente o que eram os fios, era um acesso fácil à mente das pessoas.


 


Talvez meu cérebro tivesse captado de tal forma a mente de todos eles, entendido o funcionamento delas tão bem, que eu não precisaria do toque físico para alcançá-las. Como tinha acontecido comigo quando comecei a vencer no xadrez, meu cérebro tinha achado quase de forma independente uma resposta, uma conexão.


 


Ainda sentada ali contemplando a solução para o que eu achava que eram alucinações decidi fazer um teste: Concentrei no fio prateado de Patrick e visualizei dentro da minha cabeça a imagem que queria que ele visse – fazia tempo que eu não mostrava nada pra ninguém (como fazia no começo) só mudava memórias recentes das pessoas ou apagava totalmente algumas delas – A imagem em questão era da noite anterior em que tinha visto uma menina chamada Emma, que Patrick tinha uma “queda”, beijando um garoto dois anos mais velho no banheiro.


 


Eu sei! Aquele lugar até parecia saído de uma novela mexicana, certo?


 


De qualquer forma com essa imagem na mente forcei minha concentração ao seu fio prateado, senti automaticamente o calor que eu estava acostumada sair da minha cabeça, só que dessa vez eu não estava tocando ninguém e o calor não tinha como passar para minhas mãos.


 


Continuei concentrada no fio prata flutuando acima da cabeça de Patrick, forçando as imagens para fora tentando alcança-lo e então senti como se estivesse escorrendo suor de minha cabeça, mas aquilo era quente. Por um instante achei que ia passar mal, mas então eu vi uma estranha forma se movendo um pouco abaixo do teto do salão. Era transparente e se movia mais como água corrente do que como fumaça, se atropelando. Quando finalmente alcançou o estranho fio prateado para minha surpresa o fio ficou repentinamente branco quando houve a “conexão” e a forma aquosa pareceu escorrer por ele. Nisso ouvi Patrick soltar um grito de raiva e susto antes de finalmente cair da cadeira que estava sentado.


 


“Uau” fiz por dentro.


 


Eu estava tão habituada a me fingir de muda que nem a surpresa me fez soltar algum tipo de exclamação em voz alta. Infelizmente eu também não tinha me fingido de surda, por que Irmã Sarah percebeu minha total falta de atenção e me deu uma reguada indolor na bochecha para me despertar com seu jeito amigável e doce.


 


Minha boca abriu em uma reação sem voz de surpresa muito apropriada, eu já tinha prática em fingir isso também.


 


-          Muito bom estar de volta a Terra, Srta. Scarlett. Estamos honrados!


 


Eu é que estava honrada em servir de guarda-chuva pra cuspe brilhante e voador às pessoas atrás de mim.


 


“Não há de que, grande pinguim devorador de bíblias”.


 


Ethan me encarava firme na mesa ao lado, é claro que ele tinha percebido alguma coisa.


 


Eu nunca tinha mudado a memória de Ethan e ele comentava sempre como eu crescia rápido, cada semana como se fosse um mês. Eu tinha explicado que era assim para mim, que me desenvolvia velozmente, mas ele sacudia a cabeça com um sorriso sem responder.


 


Estava tão acostumada com isso que no começo eu não notei de imediato o que ele queria dizer, mas ele tinha razão, eu tinha começado a mudar de um jeito diferente... Não estava só crescendo em altura, ou meu rosto perdendo o ar infantil, meu corpo estava mudando de outras formas também.


 


Quando me olhei no espelho certa manhã e percebi que meus seios tinham começado a crescer quase dei o grito de guerra Quileute!


Eu não devia ter ficado tão surpresa já que tinha começado a menstruar a meses atrás, porém quando finalmente vi com meus olhos comecei a rir como uma idiota completa.


 


Ethan me alimentava praticamente a cada quinze dias, eu sempre relutava e ele sempre insistia até eu aceitar muito de boa vontade.


Eu tentava sugar em partes de seu corpo que ficariam escondidas, já que ele demorava tanto para cicatrizar. Era um pouco difícil já que eu era mais baixa do que ele.


 


Da última vez eu tinha me sentado em seu colo na penumbra do jardim e mordi seu abdome um pouco abaixo do mamilo, como sempre acontecia ele gemeu. Então eu percebi que não era como ele se manifestava ante a dor, ele realmente estava gostando, soube disso quando senti o volume abaixo de mim.


 


Surpreendi-me, mas não deixei de gostar. Segurei seu pescoço com as mãos e ele me envolveu com os braços, apertando meu corpo junto ao dele. Quando saí de cima de seu colo percebi a mancha em suas calças, nenhum de nós fez nenhum comentário.


 


Automaticamente, porém, demos as mãos antes de voltarmos para dentro.


 


Com o tempo me senti diferente do que me sentia quando me alimentava de cervos – eca!


 


Sentia-me mais forte por um período maior, ingerindo muito menos do que tinha que ingerir com os herbívoros. Não precisava tanto dormir, raciocinava mais rápido e podia ouvir e sentir odores mais amplamente. Até meu apetite por comida normal aumentava (isso ajudou a “encher um pouco minhas carnes” como falava a cozinheira, Sra. Connor).


 


Era dia 21 de Agosto, o aniversário de minha saída de Whitehorse havia passado como um dia normal excetuando as minhas lembranças que eu fiz de tudo para segurar naquele cofre dentro de minha mente. Eu examinava diariamente minhas pupilas para ver se estavam ficando vermelhas como as dos vampiros que tinha visto e que se alimentavam de seres humanos, mas nada aconteceu. Bom, nada não é a palavra certa, eles ficaram um pouco mais claros... Um pouco parecido com...


 


-          Espera, espera!


 


Claramente os olhos ocres de Nahuel aparecerem em minha mente. Ele se alimentava de sangue humano também? Meus pais nunca me contaram isso... Comecei a me perguntar de repente o que mais Nahuel poderia saber. Eu tinha me esquecido completamente dele.


 


Não que eu tivesse esquecido toda a minha vida, mas digamos que meu bloqueio mental era excelente. Tinham noites até que eu não sonhava com Jacob...


 


De qualquer forma eu descobri na tarde daquele dia que talvez eu já tivesse feito tudo o que eu podia por mim mesma. Nas últimas semanas eu apenas tive que me repetir algumas linhas imutáveis a fim de conseguir definir um plano que realmente funcionasse para acabar com os Volturi.


 


Quando à Profecia eu havia descoberto, ou pelo menos deduzido, duas coisas:


 


“(...) A esperança apenas gargalhará


Se os bispos forem ouvidos,


Os peões cegos,


As torres tomadas,


E os cavalos mantidos a distância (...).”


 


Eu tinha quase certeza que os “Peões” se referiam aos Cullen – pois eram oito peões no tabuleiro de xadrez e exatamente oito membros na família Cullen, porém o fato de serem “Cegos” poderia ser considerado ou um “Sacrifício Cego” como em serem usados em meu plano maquiavélico sem terem conhecimento; quanto em “Cegos” por simplesmente não terem nenhum conhecimento sobre meus planos e não serem envolvidos de nenhuma forma neles;


 


Isso eu só saberia depois de ter realmente algum Plano. O que eu definitivamente não tinha.


Já “os cavalos mantidos à distância” eu quase tinha certeza que se referia às duas matilhas  de Lobos – a de Jacob e a de Sam – pensei nisso simplesmente por referência com animais. Realmente brilhante, não é?


 


A própria Profecia estava me alertando a me manter longe de tudo o que eu conhecia, de não os inteirarem em meus planos, então era isso que eu estava fazendo. Infelizmente eu estava começando a sentir que não avançaria mais raciocinando sozinha.


 


Esse pensamento foi interrompido por Ethan que adentrou o banheiro feminino em que estava contemplando meus olhos, sozinha.  Fiquei surpresa, mas não disse nada por que sua expressão me aterrorizou, ele estava desesperado.


 


-          O que foi? – perguntei urgente.


 


Ele andou até mim e segurou meu rosto entre as mãos.


 


-          Eu vou embora.  – declarou de forma resoluta.


 


-          O que? Como assim? Pra onde?!


 


Ele soltou meu rosto e fechou os olhos por um momento antes de reabri-los.


 


-          Meu pai estava preso e foi solto há um tempo. Ele arranjou um emprego e... Decidiram que eu devo voltar a morar com ele.


 


Eu o encarei incrédula.


 


-          Voltar... – absorvi – Ethan... Foi ele que fez isso com você?


 


Ergui minha mão em direção à cicatriz em sua bochecha esquerda enquanto ele continuava a buscar meus olhos com os dele.


 


Ele não disse nada e eu sabia que estava certa. Ele envolveu minha mão erguida com a dele, e então ele soltou um ruído surpreso. Segui seus olhos e vi que eu tinha cortado a palma da minha mão com minhas unhas no nervosismo.


 


Isso era diferente, nunca tinha acontecido antes. Será que minha pele estava ficando mais frágil? Enquanto essa ideia passou pela minha mente, Ethan vagarosamente trouxe minha mão à boca e lambeu meu sangue.


 


Tive raiva da situação, mas não sabia o que fazer.


 


-          Quer que eu faça alguma coisa? – perguntei ávida, só precisava de uma desculpa pra aprontar qualquer loucura.


 


-          Não. – respondeu, prendendo meus olhos – Eu já esperava isso... Mas não tão cedo.


 


Olhei seu rosto mais um momento, então ele soltou minha mão que já havia se curado e andou em direção á escada para nunca mais vê-lo.


 






[1] Para maiores informações favor consultarem Umbra - Cap.17-Whitehorse. 





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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • nina00 Postado em 22/12/2015 - 21:39:59

    Bom, estava terminando de postar essa fic neste site por peso na consciência já que eu havia abandonado por um tempo. Porém já que não há comentários acho que estou perdendo meu tempo. Postarei este capítulo e deixarei por uma semana, se eu retornar e não houver comentários deixarei por isso mesmo... infelizmente.


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