Fanfic: Minha Doce Dulce s2 Vondy s2 | Tema: rebelde, vondy

As palavras de Rocco o surpreenderam, causando o primeiro momento de tensão desde que entrara naquela casa. Como responder? Será que o homem pensava que estava ali para cortejar sua filha? E claro que era uma possibilidade, afinal as duas tinham sido convidadas para tomar sorvete, e depois para jantar. A seu ver, a presença de Maite mantinha seu relacionamento com Dulce respeitável aos olhos do público, mas as pessoas poderiam achar que Dulce era a dama de companhia. O pensamento o irritou por alguns instantes. Mas a pergunta dele era honesta, realmente queria saber qual das duas era o alvo de seu interesse.
Só então Christopher parou para pensar sobre os sentimentos de Maite e ficou péssimo. Se Dulce não tivesse lhe contado nada, a prima poderia achar que era ela que o encantava. E o pior era que ele achava que tudo ficara evidente desde o início.
Rocco continuou parado diante da porta, com a mão no batente, aguardando uma resposta.
Christopher encontrou os olhos de Dulce e viu o pânico que ali se escondia. Maite, por sua vez, tinha as bochechas rosadas e um ar de esperança. Não. Definitivamente a prima não lhe contara o que estava acontecendo entre ambos. Por que não?
- Maite é bonita e alegre - disse ele, preferindo ser honesto - e tenho certeza de que vários jovens começarão a cortejá-la dentro em breve, mas sua filha é muito nova para mim, sr. Peronni.
- Então é Dulce?  Christopher balançou a cabeça, confirmando.
Diante da resposta, o rosto de Dulce se iluminou, aliviando todo seu nervosismo. Não sabia direito se queria que ele declarasse seus sentimentos, porém a admissão a emocionou. Queria sair correndo e abraçá-lo. Controlando o ímpeto, ela virou-se para a prima.
Maite ficou olhando para a mesa por alguns instantes antes de encarar a outra jovem. Dulce queria poupar-lhe o constrangimento, mas não sabia o que dizer. Nunca sabia o que falar em situações difíceis. E não tivera coragem nem confiança para acreditar que Christopher estava interessado nela.
Agora, entretanto, tinha absoluta certeza do que ele sentia. E Maite também.
- Você terá problemas com os pais de Dulce - falou Rocco. - Espero que saiba o que está fazendo.
- Eu sei - respondeu Christopher. - Sei que meu passado com os Saviñón não é dos melhores, mas Dulce já é uma mulher. Uma mulher capaz de tornar suas próprias decisões.
- Eu tentei conversar várias vezes com meu cunhado, e ele nunca me ouve. Você tem nosso apoio. Dulce merece ser feliz, e o caminho que ela escolher para alcançar a felicidade será abençoado por nós.
Os olhos de Dulce se encheram de lágrimas, emocionada com a compreensão da tia. Victória era uma mulher decidida e tinha um grande coração.
O marido dela se retirou e Christopher levantou-se para ir embora.  - Obrigado por tudo, sra. Peronni.
- Você é bem-vindo sempre que quiser aparecer.
- Boa noite, Maite - disse ele.
A jovem resmungou algo como resposta.
- Boa noite, Dulce.
Ela gostaria de poder ficar alguns minutos sozinha com Christopher, para poderem conversar melhor. Todavia, não sabia ao certo o que lhe diria.
- Boa noite.
Quando as duas jovens ficaram sozinhas na sala, Dulce tocou o braço da prima, preocupada com seus sentimentos.
- Ah, Dul, você é a garota mais sortuda de todo o Colorado! - exclamou ela.
Dulce engoliu as lágrimas, concordando.
- E claro que só podia ser você. Você é bonita, interessante e tem classe, e é muito mais sofisticada do que eu.
- Você também tem todas essas qualidades, Mai. É que Christopher e eu temos toda essa história...
- Sim. E é tão romântico. Ah, Dul, ele a ama desde que você era menina!
Dulce não tinha tanta certeza assim sobre se Christopher a amava, mas ele a tratava com respeito e educação. E como uma pessoa normal, como poucos a tratavam. Como Maite a tratava.
- Eu desconfiava - admitiu ela. - Só que não tinha certeza. Achei que pudesse ser você.
- Não vou dizer que não fiquei desapontada pois estaria mentindo, mas estou muito feliz por você! Meu Deus, o que sua mãe irá dizer? E Alfonso, o que será que ele fará?
Estava tão contente por a prima ter aceito os sentimentos de Christopher, que nem conseguia pensar na reação de sua família. Dulce jogou-se nos braços da prima, abraçando-a com ternura. Todas as emoções dos últimos dias e semanas explodiram em lágrimas.
- Dulce! O xerife é muito correto, e ele não permitirá que Alfonso bata em Christopher.  Era verdade. As pessoas não saíam se batendo nas ruas sem que a lei interferisse. Mas e se Poncho batesse em Christopher e fosse preso? Seu irmão tinha uma família. A família ficara relegada a um segundo plano, diante de tanta felicidade.
- Eu sei.... Mas é que... Estou tão confusa...
Maite ajoelhou-se ao lado dela e abraçou-a com a intenção de transmitir-lhe um pouco de conforto.
- Eu não a vejo chorar assim desde o dia em que o tio Fernando obrigou-a a devolver aquele filhote de cachorro para o filho dos Damián. Parece que você perdeu alguma coisa muito querida, e não que conquistou um belo admirador.
Dulce se afastou e limpou o rosto molhado.
- Eu sou uma ingrata, não é?
- Não, querida, você é apenas sensível.
- Eu gosto tanto de você, Maite. Você é a melhor prima que eu poderia ter - disse ela, acariciando-lhe os cabelos.
- Vou me lembrar disso - falou a jovem, levantando-se. - E não se esqueça de que o próximo príncipe é meu.
- Claro que sim - respondeu Dulce, rindo.
- Preciso ir para a cama, senão não conseguirei acordar para ir para a escola. Você pode dormir mais!
- Você é que tem sorte de ir para a escola e de não ter que agüentar os tutores. Eu adoraria poder ir para a escola.
Elas apagaram as velas e se despediram na escuridão.
- Agora sou eu a ingrata - brincou Maite. - Boa noite, Dul.
- Boa noite.
Dulce foi para seu quarto, onde havia uma lamparina acesa. Deixando a cadeira de rodas em um canto, ela levantou-se e foi até a penteadeira, e acomodou-se para pentear o cabelo.
Olhou, então, seu reflexo no espelho. Pensando em seu passado, não enxergava a mesma garota que apenas sonhava com uma vida normal, que se contentava em ficar o tempo todo sentada na cadeira de rodas vendo tudo acontecer e os outros se divertirem. A jovem que via no espelho parecia uma garota qualquer de Copper Creek, uma garota normal vivendo a vida.
Dulce alegrou-se com o pensamento, contente com a perspectiva de um futuro mais promissor.  Não olhou no espelho ao se levantar, pois seu andar ainda a incomodava. Caminhou até a janela e fechou as cortinas. Era como se sua vida estivesse começando, e tudo que acontecera antes era como um prognóstico da realidade.
Tudo seria perfeito se seus pais aceitassem Christopher como seus tios o aceitavam. Mas isso jamais aconteceria. Vestiu a camisola e deitou-se na cama.
Uma nuvem preta ameaçava sua felicidade. Era tão covarde que não tinha nem coragem de dizer o nome dele diante de seus pais. Por enquanto as coisas continuariam assim. A situação não era das melhores, mas era excitante e nova, e queria aproveitar um pouco mais. Naquele exato momento, Dulce não se sentia preparada para encarar o que o futuro lhe destinava.
Agora queria digerir a declaração de Christopher. Lembrar de suas palavras, de todos os momentos agradáveis juntos, mesmo que poucos. Deixaria tudo acontecer devagar, sem se precipitar.
Dulce assoprou o fogo da lamparina e fechou os olhos. Mas o sono demoraria para aparecer.