Fanfics Brasil - •CAPÍTULO 9• Minha Doce Dulce s2 Vondy s2

Fanfic: Minha Doce Dulce s2 Vondy s2 | Tema: rebelde, vondy


Capítulo: •CAPÍTULO 9•

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tacyrose: que bom q vc ta gostando, vi seu coment ontem a noite e ia postar um especial pra vc mais meu pc travou ¬¬ então esse é seu ok! vc pede e eu posto kk


maah: a familia dela é realmente estressante ñ gosto muito do Poncho pq ele bateu no chris, e ñ gosto nada da mãe dela pq é uma xatonilda kkk e realmente ela devia ser sequestrada pelo chris mais creio q não vai ser preciso, apesar de q a vida deles  não vai ser um conto de fadas kkk falei demais agora. E pra sua felicidade vou postar bastante, uns mega capitulos rsrsrs tenho a impressão de que tu vai amar esse capitulo mais vai querer matar a Blanca kkkk


 


Espero q gostem!!!


 


 


- Ah, meu Deus! - desesperou-se Dulce.
- Está tudo bem - disse Maite.
- Tenha calma, minha querida - falou Christopher, olhando para trás. - Não se preocupe, nós conseguiremos lidar com a situação.
Temendo o que estava por vir, Dulce levantou-se e começou a descer da charrete.
- O que você está fazendo? - Alfonso correu para ampará-la. - Espere que eu vou ajudá-la.
- Dulce! - gritou a mãe, correndo até ela. - O que deu em você, minha filha? - Blanca estava boquiaberta. - E onde conseguiu este vestido. Você saiu tão cedo de manhã que eu nem a vi.
- Ele não fez nada! - falou Dulce, antes que os problemas começassem.
- Fui eu que convidei Dulce para participar do desfile conosco, tia Blanca - interveio Maite. - E ninguém se lembrou que teríamos que voltar para cá para pegar a cadeira de rodas dela. Mas o Sr. Uckermann foi muito gentil em nos oferecer uma carona.
Fernando aproximou-se com a cadeira de Dulce. Alfonso pegou-a no colo e acomodou-a. Anahi, com Miguel no colo, a olhava sem saber o que fazer.
- É verdade? - perguntou o pai.
- Sim - Dulce respondeu depressa. - Mas não foi culpa de Maite. Em todos os anos eu ajudei as meninas nos preparativos da parada e da charrete, mas nunca tinha participado. Eu queria muito ir com elas, papai. Foi uma decisão minha.
- Você poderia ter caído e se machucado - ralhou a mãe. - Eu quase morri de susto quando a vi lá em cima. Onde está a consideração com seus pais? 
orange]Anahi deu um passo para a frente, bem quando Christopher desceu da charrete.
- Muito obrigada por ter trazido as meninas até aqui, Sr. Uckermann - falou ela, estendendo a mão. - Apreciamos sua preocupação com a segurança delas. E tenho certeza de que desviou de seu caminho para trazê-las até aqui.
- Não foi nada - respondeu ele, com educação.
Depois disso, não havia muito que Fernando ou Alfonso pudessem fazer sobre o assunto. Maite e Anahi amenizaram a situação, mostrando que Christopher lhes tinha feito um favor. De repente, os Saviñón tinham que agradecer o homem que detestavam havia tantos anos.
- Muito obrigada, Sr. Uckermann - disse Dulce, e Maite fez o mesmo.
Christopher fez uma mesura e virou-se para partir.
- Vocês ainda não o agradeceram - sussurrou Anahi, para o marido e o sogro.
Dulce ficou tensa. Estava contente que eles não tinham batido em Christopher, e Anahí podia encerrar o assunto.
Sentado na charrete, Christopher puxou as rédeas e afastou-se do pátio da escola.
- E melhor a levarmos para casa - sugeriu Blanca.
- Você quer ir para casa, Dulce? - perguntou o pai, espantando-a. Ela achou que fosse cair da cadeira.
Blanca colocou as mãos na cintura e lançou um olhar fulminante para o marido.  Anahi deu um passo para a frente, bem quando Christopher desceu da charrete.
- Muito obrigada por ter trazido as meninas até aqui, Sr. Uckermann - falou ela, estendendo a mão. - Apreciamos sua preocupação com a segurança delas. E tenho certeza de que desviou de seu caminho para trazê-las até aqui.
- Não foi nada - respondeu ele, com educação.
Depois disso, não havia muito que Fernando ou Alfonso pudessem fazer sobre o assunto. Maite e Anahi amenizaram a situação, mostrando que Christopher lhes tinha feito um favor. De repente, os Saviñón tinham que agradecer o homem que detestavam havia tantos anos.
- Muito obrigada, Sr. Uckermann - disse Dulce, e Maite fez o mesmo.
Christopher fez uma mesura e virou-se para partir.
- Vocês ainda não o agradeceram - sussurrou Anahi, para o marido e o sogro.
Dulce ficou tensa. Estava contente que eles não tinham batido em Christopher, e Anahí podia encerrar o assunto.
Sentado na charrete, Christopher puxou as rédeas e afastou-se do pátio da escola.
- E melhor a levarmos para casa - sugeriu Blanca.
- Você quer ir para casa, Dulce? - perguntou o pai, espantando-a. Ela achou que fosse cair da cadeira.
Blanca colocou as mãos na cintura e lançou um olhar fulminante para o marido.  Nunca ninguém lhe perguntara qual era sua vontade. Não sabia o que levara o pai a fazê-lo agora, mas sabia que não poderia perder essa oportunidade de se expressar.
- Não, pai. Quero ver os concursos, as exposições e as danças hoje à noite.
- Está bem. Mas nos avise se ficar cansada.
- Pode deixar.
- Fernando! - repreendeu Blanca.
Maite e Dulce se entreolharam, surpresas com o comportamento dele.
- Ninel está participando de um concurso com seu picles e eu quero ver se ela já ganhou - falou Dulce.
- Eu não sei se é uma boa idéia - objetou a mãe.
- Dulce disse que nos falaria se ficasse cansada - falou Fernando, empurrando-a. - E pelo visto ela ainda não se cansou.
A jovem se virou para olhar para o pai. Seu rosto não revelava seus pensamentos, mas ele deu-lhe um breve sorriso e a empurrou para as festividades. E quando ninguém os observava, entregou algumas notas de dinheiro para a filha.
Ela estava tendo momentos inesquecíveis. Sua alegria só seria maior se pudesse sair da cadeira de rodas para assistir as pessoas jogando. Ou até jogar também. Mas já lhe tinham permitido comparecer às festividades, mesmo contra a vontade da mãe, e não queria abusar.
Uma multidão reuniu-se em volta do xerife, que iria anunciar o vencedor da parada. A Liga das Mulheres ganhou mais uma vez.
- Da próxima vez o troféu será nosso - gritou Sol de La Riva, para Dulce e Maite.  Ninel convidou os Saviñón para participar do piquenique que fariam. Blanca recusou, mas Dulce pediu para ficar. Por fim, o pai deixou-a sob os cuidados da prima e o resto da família perdeu-se em meio à multidão.
As filhas de Ninel eram encantadoras. Pareciam duas bonecas. Celina com nove anos e Mia com sete. Usavam vestidos simples, porém muito limpos e bem passados. Dulce lembrou-se dos inúmeros vestidos em seu guarda-roupa e imaginou se poderia aproveitá-los para fazer roupas para as meninas.
Sentou-se ao lado de Maite na manta, e as garotas fizeram o mesmo. Ninel serviu-lhes sanduíches e todos comeram, contentes.
O marido de Ninel, alto, moreno, não era o homem mais bonito do mundo, mas tinha um sorriso genuíno e um dom de fazer as pessoas se sentirem especiais. Sua interação com a esposa e as filhas emocionou Dulce. Lembrou-se da criada lhe contando como ele a cortejara, com flores e pequenos presentes. Passou a gostar ainda mais dele, agora que o conhecera.
Logo que terminaram de comer, dois garotos juntaram-se a eles. Celina e Mia correram para encontrar o mais novo, que as abraçou com ternura.
- Dulce, Maite, este é meu irmão Christian - disse Ninel. - Christian, a srta. Peronni é prima da srta. Saviñón.
- Eu me lembro de você na escola - comentou Maite. - Agora que já se formou você trabalha em sua fazenda?
- Como sempre.
- E este é Derrick James, amigo de Christian.  O jovem tirou o chapéu e sorriu para as duas jovens. Apesar de usar o cabelo um pouco comprido demais, era muito bonito. Seus olhos azuis brilhavam e pareciam esconder segredos íntimos.
- É um prazer conhecê-lo - disse Dulce.
- Guardem uma dança para mim hoje à noite - falou ele, sempre sorridente, antes de recolocar o chapéu na cabeça.
O comentário perturbou Dulce, que se virou para ajudar Ninel a arrumar as coisas dentro da cesta de piquenique.
Os jovens se retiraram algum tempo depois, e Dulce agarrou o braço da prima quase sem fôlego.
- Ele não é encantador?
- Sim. Derrick é muito bonito.
- Não estou falando de Derrick. Christian!
- Ah, sim, claro. Ele também é muito bonito.
- Derrick é um canalha, e todos sabem disso - sussurrou Maite. - Ele arruinou a reputação de várias garotas. Dizem que mora em uma fazenda com um irmão que tem o rosto deformado e nunca vem para a cidade.
- Oh!
- Mas o irmão de Ninel é de boa família e não está cortejando ninguém. Quem sabe ele não me convide para dançar à noite?
- Tenho certeza que sim. Você será a garota mais bonita da festa. - Dulce se levantou para esticar as pernas, depois sentou-se na cadeira de rodas e voltou para as festividades com Maite. 
Foram até uma barraca perto da igreja onde havia vários artigos bordados à venda. Maite examinou algumas capas de almofadas com pavões coloridos bordados.
- É um desenho bastante alegre e popular - disse a sra. Herrera em seu sussurro de bibliotecária. - E uma ótima peça para o enxoval de uma garota.
- Foi você que fez?
A mulher assentiu e virou-se para atender unia senhora ao lado de Dulce.
- Não são lindas? - perguntou ela, passando os dedos pelo bordado.
- Sim, adoráveis. - Dulce puxou a prima para perto. - Eu nunca a imaginei sentada bordando, e você?
- Também não, mas...


Maite tirou uma moeda de sua bolsa e entregou-a à mulher.
- O que você vai fazer com essas capas? - perguntou Dulce.
- São para o meu enxoval.
- Ah. - Dulce observou os outros artigos. - Você tem muitas coisas para seu enxoval?
- A mamãe costurou alguns panos de pratos e minha tia Maira me fez uma colcha colorida antes de morrer. Ano passado, o papai me comprou um jogo de pratos maravilhoso.
Essa era a primeira vez que Dulce pensava no assunto. Josy também falara de seu enxoval, mas, na época, ela nem prestara atenção. E agora estava pensando em se casar com Christopher e não tinha nada para começar sua vida de casada.
Claro que sua mãe não se preocupara em fazer o enxoval, pois não acreditava que a filha fosse se casar algum dia. Não havia a menor chance. Entretanto, as esperanças de Dulce aumentavam a cada dia.  Seu interesse nos bordados aumentou visivelmente, e ela separou duas capas de almofadas, uma toalha de mesa e um babador.
Maite franziu as sobrancelhas, mas não fez nenhum comentário. Apenas sorriu e continuou a empurrá-la pelas festividades.
Ocasionalmente durante a tarde, Dulce via Christopher. Assistindo jogos, comendo alguma coisa, bebendo cerveja com os homens. Ao cair da tarde, as pessoas saíram das ruas, dando lugar à corrida de cavalos.
Não esperava ver Christopher participando da competição, mas quando o reconheceu em cima de um dos cavalos correndo em disparada, ela levantou-se da cadeira e torceu com o resto do povo.
- Ele ganhou? Ele ganhou? - Ela pulava, querendo ver melhor, apoiando-se no braço de Maite.
- Se você parar de pular na minha frente talvez eu consiga ver algo.
As duas caíram na risada.
Depois da corrida, Josy e o marido, Téo Palacios, as cumprimentaram, radiantes com a nova vida de casados.
- Josy parecia uma boba ao lado de Téo - comentou Maite.
- Ela está feliz. E você tinha o mesmo olhar encantado quando Wayne falou com você.
- Mentira!
- É verdade. Era eu quem estava olhando para você.
Seus olhos brilhavam.
- Ora, Dul. Você está exagerando.
- Não estou não.




-Se você não parar de me provocar, vou jogá-la no chão - brincou Maite.
Elas ainda discutiam quando Christopher apareceu.
- Olá, senhoritas. Estão se divertindo? - Ele usava aquele chapéu de novo, e Dulce desejou que seus olhos não estivessem escondidos.
- E como! A festa está maravilhosa! Você ganhou a corrida? - perguntou, eufórica. - Não consegui enxergar pois tinha muita gente na minha frente.
- Sim, ganhei. Georgette é minha égua mais rápida.
- Georgette?
- Sim. Eu a comprei no verão passado.
- Acho que ainda não a conheci.
- Vou apresentá-la a você.
- Agora é você quem está com aquele olhar - cochichou Maite.
Dulce a ignorou.
- Nós nos vemos mais tarde, quando as danças começarem?
- Com certeza.
Ele tocou a aba do chapéu e foi embora. Seus movimentos eram tão certos e graciosos, quase displicentes.
- Você continua com aquele olhar, mas agora há um indício de baba no canto de sua boca.
- Pare com isso, Maite!
- É verdade.
- Pare de me provocar, senão quem vai para o chão é você!
Dulce não se lembrava de um dia em que se divertira tanto. Sentia-se quase livre, quase normal. Quase.
- Nós não vamos para casa trocar de roupa? - ela perguntou para Maite quando encontraram os respectivos pais e todos foram para o salão na charrete do tio Rocco.
- Não é nada de mais. É só um pouco de dança.  Para Dulce não havia o menor problema uma vez que estava com seu melhor vestido.
Os mesmo músicos que tinham tocado no casamento de Josy tocariam aquela noite. Pessoas de várias cidades próximas tinham vindo para a comemoração, de modo que o salão estava bem cheio.
Havia mesas com comida e bebida em um dos cantos, mas a grande quantidade de pessoas se servindo a impediram de chegar a qualquer lugar. Blanca trouxe um prato de comida para a filha, que a agradeceu.
- Eu tive um lindo dia hoje - comentou ela.
Blanca a olhava com reprovação, estudando-lhe o rosto, os cabelos e os bordados de seu vestido verde.
- Onde conseguiu este vestido?
- A tia Vick me ensinou a cortar e eu mesma o costurei - respondeu Dulce, passando a mão pelo tecido, toda orgulhosa.
- Você está se sentindo bem?
Dulce enfrentou o olhar da mãe. Era como se não conhecesse mais aquela mulher que cuidara dela a vida toda.
- Estou ótima. Melhor do que nunca.
Blanca levantou o queixo, mas não disse nada.
- E você, teve um bom dia? Ela assentiu.
As filhas de Ninel se aproximaram.
- Mãe, você conhece Celina e Mia?
- Eu não sabia os nomes delas. São as filhas de Ninel, não?




Em silêncio, Blanca observou as duas conversando com a filha. Assim que ficaram sozinhas de novo, Dulce estudou a expressão contida da mãe.
- Você alguma vez sentiu-se despojada por não ter tido uma filha saudável, normal?
- Claro que não - respondeu ela. - Não se rebaixe dessa forma.
- Eu pensei muito no assunto, e me repreendi por achar que você gostava de me ver presa nessa cadeira de rodas, uma vez que seria mais fácil de me controlar. Mas claro, você preferiria mil vezes ter uma filha normal. Qual mãe não sonha com filhos perfeitos?
As feições de Blanca tornaram-se tensas e ela levou as mãos ao peito.
- E não é o que eu sempre fui? - perguntou Dulce. A música tinha começado, mas ela não deu a menor atenção. - Todos esses anos submissa, obediente, sentada em minha cadeira de rodas e usando as roupas que me mandavam sem causar problemas. Eu fui a filha perfeita.
A idéia veio como uma revelação para Dulce. Os desentendimentos entre ambas tinha começado quando ela passara a se aborrecer com sua condição, quando sua frustração tornou-se insuportável e ela começara a expressá-la. E agora parecia que sua mãe não sabia como lidar com a mudança, como agir com uma filha mais madura, mais autoritária.
- Eu sinto muito se a estou magoando, mãe. Eu amo demais você e o papai, e agradeço tudo que fizeram por mim durante todos esses anos, mas eu cresci. Eu cresci e vocês não querem enxergar isso.  Lágrimas se formaram nos olhos de Blanca, e ela logo as afastou, mantendo a compostura. Alguns casais dançavam perto delas.
- Não seja tola, Dulce. Você precisa de nós.
- E eu sempre precisarei de vocês. Só que não da mesma maneira.
Blanca olhou para a filha como se não a reconhecesse. Dulce passou-lhe o prato vazio que estava segurando.
- Obrigada.
Sem saber ao certo como agir, ela pegou o prato, olhou-o por um momento, depois saiu.
Dulce ficou observando as pessoas dançarem, pensando em todos os bons momentos que perdera, refletindo sobre todas as ocasiões que quisera fazer as coisas, mas mantendo-se calada para não causar problemas.
Várias imagens vieram-lhe à mente: Escolas. Danças. Paradas. Amigos. Cavalgadas. Miguel. Christopher.
Christopher.
A única vez que desafiara seus país, que fizera prevalecer sua vontade, fora para ver Christopher. E mesmo assim agira em segredo. Como se estivesse errada. Ou cometendo algum pecado.
Estudando os dançarinos, viu Maite com Christian, e admirou a confiança da prima. Ninel dançava com Guilherme, e parecia dez anos mais jovem em seus braços. Ele sorria para a esposa, cheio de ternura, evidenciando todos seus sentimentos.
Derrick James dançava cada hora com uma. Agora era a vez de Sol de La Riva, que quase não conseguia conter a alegria. O pai dela, um homem sério e alto, a observava do canto da pista.  Algum tempo depois, avistou Christopher entre um grupo de homens com uma caneca de metal nas mãos. Seu olhar lancinante, percorreu os casais dançando, passou rapidamente por Dulce, depois voltou a conversar com os amigos.
Um tinha plena consciência da presença do outro. Ansiavam por estar juntos. Sentiam falta de algo novo e maravilhoso, o início de uma nova vida, graças à covardia de Dulce. Por não querer se precipitar. Porque temia que Alfonso pudesse fazer algo que prejudicasse seu grande amor.
Ele não cansava de repetir que não tinha medo de Alfonso, e por fim Dulce conseguiu compreender. Christopher fora criado em uma fazenda, trabalhava em uma estrebaria, forjando metais e treinando cavalos para sobreviver. Seu irmão trabalhava em um banco, não tinha contato com a natureza, não fazia esforço físico. Christopher venceria qualquer adversário que entrasse em seu caminho. Principalmente Poncho. Christopher era mais novo, mas a juventude contava pontos a seu favor.
Ele temia que seus pais a expulsassem de casa.
Isso nunca aconteceria. Não agora. Agora que tinha certeza do que queria e que não tinha mais medo de falar o que sentia.
Dulce ficou pensando e repensando, a música ecoando em suas veias. Tinha tomado uma decisão e começou a agir, antes que mudasse de idéia, antes que pudesse pensar rias pessoas que a olhariam, antes de imaginar o olhar horrorizado da mãe.  Apoiando as mãos nos braços da cadeira, ela se levantou. Essa era a parte mais fácil. Alisou a saia, confiante em seu vestido novo, e deu um passo na direção da pista de dança. O passo seguinte foi mais convincente e, ignorando as dúvidas no fundo de sua mente, continuou andando.
Um passo. Dois passos. Lentos. Mancando. Não andava com graça, nem com agilidade, mas pelo menos estava andando. E chegaria ao seu destino.
Sua mãe a atormentara tanto sobre a opinião das outras pessoas que Dulce teve de lutar contra a vontade de olhar para elas e ver suas expressões.
O único rosto que manteve em mente foi o de Christopher. Ele era a única pessoa com quem se importava no momento.
A princípio, ele não a viu, pois estava entretido em uma conversa com dois homens. Entretanto, quando um deles olhou na direção dela, depois o outro, Christopher virou-se e avistou-a. As palavras sumiram de seus lábios, e uma expressão de grande calma tomou-lhe as feições.
Dulce continuou mancando, observando as diferentes expressões no rosto de Christopher. Preocupação. Curiosidade. Alegria. E orgulho. Não baixou os olhos por um segundo sequer, firme em seu propósito.
Dulce notou que tinha a atenção de quase todos no salão. O barulho diminuíra e as pessoas paravam de dançar, quase não acreditando no que viam. Sentia os olhares de todos.
A música mudou, mas ninguém mais dançava.
Christopher não se mexeu, esperou com paciência. Ela foi chegando perto, acariciada pelo sorriso cativante. Ele entregou a caneca para o homem a seu lado.  Alcançando seu destino, Dulce parou. Estava quase sem fôlego, não devido ao esforço físico, mas sim à audácia de sua atitude.
- Eu não sei dançar - disse ela com a voz nervosa. - Nem sei se posso... Mas gostaria de aprender.
Antes de responder, Christopher a estudou por um momento. Seus olhos, seus cabelos, os incríveis olhos castanhos o levavam aos momentos em que tinham estado juntos, sozinhos, compartilhando carícias íntimas.
- Eu adoraria ensiná-la a dançar - respondeu por fim. - Mas antes quero lhe dar uma coisa.
Curiosa, Dulce esperou Christopher tirar algo do bolso da calça, uma fita azul. Ele colocou-a no pescoço da jovem. Era uma medalha.
Os olhos dela se encheram de lágrimas.
- Você foi a grande vencedora da noite - disse Christopher com um lindo sorriso.
Depois ele tomou-a nos braços, disposto a ensiná-la a dançar. Deu dois passos para a frente, e Dulce foi obrigada a ir para trás. Depois mais dois passos para a direita. Ela acompanhava os movimentos, mas não com muita graça.
- Quer fazer uma tentativa? - sugeriu ele.
- Sim.
- Coloque seu pé direito em cima da minha bota.
- Pisar no seu pé?
- Sim, e solte seu peso.
- Está bem.
- Perfeito.  Eles tentaram mais uma vez, primeiro a perna boa, depois a perna de Christopher fazia as vezes da perna defeituosa. E assim, conseguiram dançar com perfeição, e os movimentos de Dulce eram tão delicados quanto os de uma princesa dos contos de fadas.
- Está todo mundo olhando? - perguntou ela, minutos depois.
- Sim.
- E meus pais?
Christopher assentiu.
- Poncho?
- Parece um cachorro raivoso pronto para atacar.
- E você pode enfrentá-lo?
- Creio que sim.
- Então não vamos parar até que alguém venha nos incomodar ou até que a música termine.
- Hoje você deu um grande passo.
- Eu sei.
- Você é uma mulher muito corajosa, Dulce Saviñón.
- Nem tanto assim. É que eu tenho certeza do que quero.
- E eu adoro essa sua obstinação.
- Vamos ver se você diz a mesma coisa daqui um ano.
O sorriso sumiu dos lábios de Christopher. Seus olhos tomaram-se sérios de repente.
- Estamos falando sobre o futuro.
- Um futuro juntos, não é?




- Sim - respondeu ele, apertando-lhe a mão.
A música mudou, as pessoas dançavam com eles, tornando-os parte da comemoração.
- Quanto tempo você consegue dançar assim?
- Para todo o sempre, minha querida.
- Você sempre foi poeta? - perguntou Dulce, radiante.
- As vezes - respondeu ele.  Para ela, Christopher era um poeta. Seu poeta. Um dançarino. Um amante. Um príncipe. Ele era tudo com que sempre sonhara e mais do que esperava ter. Quando estava com Christopher, podia dizer o que bem entendesse, ser ela mesma. Ele lhe dava coragem e otimismo, fazendo-a sentir-se como qualquer outra mulher digna. Era a noite mais feliz de sua vida.
Dulce Saviñón dançando com o homem que amava. Os outros dançavam em volta deles, não mais prestando atenção no atípico casal.
Algum tempo depois, Christopher perguntou-lhe se queria beber algo. Levou-a até uma fila de cadeiras ao longo da parede. Dulce sentou-se enquanto ele foi buscar dois copos de limonada. Então acomodou-se ao lado dela.
Dulce bebeu sem tirar os olhos de Christopher. Eu te amo, queria dizer, mas manteve as palavras em seu coração, e tocou a medalha em seu pescoço.
De repente, Alfonso apareceu ao lado deles, quebrando todo o encanto.
- Vamos conversar - disse. 

- Lá fora - adicionou Alfonso.
- Você realmente acha que é o melhor momento para termos essa conversa? - perguntou Christopher, levantando-se.
- Foi você quem pediu, e não eu - respondeu ele. Sua irritação era tanta que as veias saltavam-lhe no pescoço. - Saia por bem ou eu o arrastarei para fora.
- Poncho! - Com esforço, Dulce ficou em pé. - Por favor, não faça isso.
Anahi surgiu ao lado do marido e tentou acalmá-lo.
- Vamos para casa, querido. É melhor resolvermos esse problema em casa.
Christopher seguiu para a porta com Alfonso logo atrás. Dulce segurou no braço da cunhada e as duas os acompanharam.
- Eu não quero problemas com você - falou Luke, parando no pátio e encarando o rival.
- Então não deveria ter se aproximado da minha irmã - respondeu Alfonso. - Minha família já está cansada de suas intromissões.
- Poncho, por favor - gritou Dulce. - Não faça isso. Você vai cometer um grande erro.
- O erro foi dele.
Algumas pessoas apareceram para saber qual o motivo do tumulto.
- O que você acha que estava fazendo, Uckermann? - perguntou Fernando, nervoso. - Não acha que já causou muitos problemas?
- Eu não quero brigar com sua família - Christopher respondeu com calma. - Não quero me indispor com ninguém.

- Ora, seu... - Dessa vez o golpe acertou o maxilar de Christopher, empurrando-lhe a cabeça para trás. - Deixe-a em paz!
Dulce sentiu um aperto no coração. O estouro dos fogos de artifício assustou-a.
Fernando deu um passo para a frente.
- Filho, talvez esse não seja o melhor momento para resolver esse assunto.
- Eu cuido disso, pai. E ele a deixará em paz!
- Pode me bater quanto quiser, mas eu não vou me afastar de Dulce - falou Christopher. - Eu vou me casar com ela.
As pessoas murmuravam, espantadas.
- Chris... - Lágrimas escorriam pelo rosto de Dulce. Aquele pesadelo apagara a alegria que merecia sentir ao escutar aquelas palavras.
Maite foi confortá-la. No céu, os fogos continuavam a explodir, inundando o ar com a fumaça.
A declaração de Christopher enervara ainda mais o irmão de Dulce. Com os dentes cerrados, ele partiu para cima do rival sem pensar duas vezes.
Preparado para o ataque, Christopher conseguiu segurá-lo por alguns instantes antes de caírem no chão e rolarem, um tentando dominar o outro.
Christopher conseguiu se desvencilhar e ficou em pé. Alfonso fez o mesmo, com a respiração ofegante. Cansado de tentar resolver as coisas pacificamente, Christopher defendeu-se do golpe seguinte acertando um soco no queixo de Alfonso, que, perdendo o equilíbrio, caiu no chão. Em seguida, deu alguns passos para trás a fim de afastar-se daquele insano.
- Ainda não terminamos - falou Alfonso, com a mão no queixo dolorido.
- Então levante-se para terminar. Não vou brigar com você todas as vezes que dançar ou conversar com sua irmã. Não vou enfrentá-lo nos degraus da igreja quando estiver me casando com Dulce. Vamos resolver tudo agora.
- Você vai se arrepender, seu... - Alfonso se levantou. 

- Pare imediatamente! - gritou Anahi, correndo até ele.
Maite deu apoio à prima.
Alfonso olhou para a esposa, para Dulce e depois para Christopher.
- Está bem. Há outras formas de resolvermos o problema.
Dulce desvencilhou-se dos braços da prima e foi mancando até Christopher. A não ser pela roupa suja, ele não parecia ferido. Em um impulso, ela estendeu os braços para ser abraçada.
- Vou sujar seu vestido novo - ele disse.
- Você está bem? - perguntou Dulce, dirigindo-se ao irmão.
- Melhor do que nunca.
Os pais dela se aproximaram e Blanca pegou a mão de Dulce, tentando puxá-la. Ela não se soltou de Christopher.
- Dulce, você causou um grande espetáculo essa noite. - Sua voz e palavras, entremeadas de censura e crítica, como de costume, atingiram a jovem como um punhalada no peito.
- Sinto muito se você está envergonhada, mãe, mas se parar para pensar, foi seu filho que começou a briga. Christopher tentou evitá-la.
- Mas você foi a culpada, Dulce, com aquele espetáculo dentro do salão.
- Sim. - Ela olhou do rosto da mãe, cheio de desgosto, para o do pai, triste. - Você não cansou de dizer para eu não sair da minha cadeira de rodas, não é? Acho que o fato de eu poder andar e de ficar contente com isso não é levado em consideração. A verdade é que eu não devo me alegrar com algo que a envergonhe tanto quanto o meu andar desajeitado.
- Você andou? - perguntou Blanca, arregalando os olhos.
- Sim. Todos me viram e estão contentes por mim. Menos você.
Blanca olhou para Maite, para seu irmão e para a cunhada, que assentiram, relutantes.  - Você? - Ela lançou um olhar furioso para Fernando.
- O papai não sabia, mamãe - garantiu Dulce.
- Está claro que eles não sabem ou se preocupam com o que é melhor para você.
- É claro que eles se preocupam comigo - discordou ela. - E você que não se preocupa com meus sentimentos.
Blanca emitiu um ruído e jogou-se nos braços do marido, que a amparou.
- Ela é uma filha ingrata - choramingou a mãe.
Fernando alisou as costas da mulher e olhou para Dulce.
- Christopher e eu vamos nos casar, papai - falou ela, com determinação. - É o que mais quero nessa vida.
A declaração valente encorajou Christopher a falar.
- Eu não queria que fosse assim. Preferia ter ido até sua casa pedir a mão de Dulce em casamento. Sinto muito.
- Acho melhor conversarmos em particular - disse o banqueiro.
- Está bem. Mas não hoje.
- Segunda-feira. No meu escritório.
- Não. - Ele já encontrara o homem em seu território antes. Aquele assunto precisava de um lugar neutro para ser discutido. - Amanhã depois da igreja. Vamos ficar até mais tarde e conversar.
- Está bem - concordou Saviñón.
- Eu também irei - interveio Alfonso.
- Não - falou o pai, firme em sua decisão. - Dessa vez não. Vou cuidar de tudo sozinho. Agora vamos para casa.  Christopher amparou Dulce enquanto caminhavam para o salão social Os últimos fogos de artifício explodiram. Ela de certo não gostaria de entrar e encarar todos os presentes.
- Vou pegar sua cadeira de rodas. Você está cansada?
- Um pouco, mas não quero ficar sozinha. Maite - ela chamou. - Você pode, por favor, buscar minha cadeira de rodas?
A prima saiu correndo para dentro.
Dulce ficou aninhada nos braços de Christopher, que lhe afagava os cabelos, sem se importar com a opinião dos outros. Emocionada, tocou a medalha dourada em seu pescoço.
- As pessoas nunca mais se esquecerão dessa comemoração de Quatro de Julho, não é mesmo?




- Duvido.
- Posso falar agora?
Demorou alguns instantes para que ele entendesse do que Dulce falava. O que queria dizer. Quando se deu conta, seu coração disparou.
- Só se eu puder dizer primeiro.
Ela olhou bem dentro dos olhos daquele homem encantador.
- Está bem - disse, com um sorriso sedutor nos lábios.
- Eu te amo, Dulce.
Os olhos castanhos se encheram de lágrimas.
- Eu te amo, Christopher.  Eles se beijaram rapidamente, depois Christopher a acompanhou até as charretes.
- Obrigada por não ter matado meu irmão.
- Obrigado por não ter vergonha de me amar.
- E por que eu teria vergonha de te amar?
- Filha de banqueiro, dono de estrebaria... Acho que a combinação não é das mais perfeitas.
- Não concordo com você. Eu é que lhe agradeço por amar uma garota desajeitada.
- Você não é desajeitada, meu amor. E a jovem mais linda de todo o Estado do Colorado.
- E sei até dançar - ela sussurrou, contente.
- E muito bem. - Christopher beijou-lhe a testa.
- Obrigada pela dança.
- De nada. Agora chega de agradecimentos.
- Vocês vão ficar parados aí a noite inteira ou ainda querem a cadeira? - perguntou Maite.
Os dois se viraram, rindo.
- Obrigada, Mai.
Christopher colocou-a na cadeira e ajeitou-lhe a saia.
Os pais dela se aproximaram, e o descontentamento era evidente em seus rostos. Christopher desejou-lhes boa-noite e se foi, seguindo na direção de seu cavalo.  Os Saviñón subiram na charrete dos Peronni. Alfonso e Anahi foram para casa, levando o pequeno Miguel que já dormia.
Christopher montou seu cavalo e foi para a estrebaria. Precisava estar lá quando as pessoas voltassem para devolver os cavalos e charretes.
Dulce tinha razão, ninguém se esqueceria daquela comemoração. E ele jamais se esqueceria da imagem de seu anjo caminhando em sua direção na pista de dança, com o queixo erguido, corajosa, e os olhos cheios de orgulho, esperança e amor. Sempre se lembraria do vestido verde e daquele gesto como um símbolo da maturidade e determinação de Dulce. Como amava aquela mulher teimosa!
E agora todo mundo sabia.

Quando Christopher comparecia à igreja, ele chegava atrasado para o serviço, pois alugava carruagens e charretes para algumas famílias, então estava acostumado a ficar no banco de trás.
Sentou-se em silêncio e ficou escutando as palavras do pastor, algumas vezes deixando a mente perder-se na conversa que teria com Fernando Saviñón.  Dulce não estava sentada em sua cadeira de rodas perto da parede, como de costume, mas junto com a família no banco. A sensação de liberdade de certo a enchia de alegria.
O pastor Giovanni terminou o serviço e ficou parado à porta da igreja, cumprimentando as pessoas. Christopher observou Dulce se levantar e caminhar até ele, acompanhada pela prima. Blanca tinha o rosto vermelho.
- O que temos aqui, um milagre? - perguntou o pastor, segurando a mão de Dulce.
- Acho que sim - ela respondeu, desejando-lhe bom-dia.
Christopher fez o mesmo alguns minutos depois, e observou Dulce sair da igreja junto com a mãe e a prima. Aos poucos, os outros também começaram a ir embora. Então Fernando Uckermann apareceu caminhando em sua direção.
- Quer entrar para sair do sol? - ofereceu Christopher.
Fernando assentiu com a cabeça, enfiou a mão no bolso e o acompanhou até o salão social da igreja. Assim eles não teriam que se preocupar com possíveis interrupções.
- Quero deixar bem claro que nunca tive a intenção de enganá-lo - começou Christopher, com toda sua honestidade. Sentiu um grande alívio no peito.
- E o fato de me enganar não foi o suficiente para deixá-la em paz?  - Ela está na idade de casar, sr. Saviñón. Não existem motivos para que sua filha não seja cortejada por um homem.
- O único motivo era a nossa proibição. Ela não é como as outras jovens.
- Não, não é. E isso me alegra muito.
- Nós a protegemos toda a vida.
Christopher tentou-se colocar no lugar daquele homem.
- Eu entendo.
- Não queríamos que ela se desapontasse por não poder fazer as mesmas coisas que as outras crianças.
- Mas mesmo assim Dulce ficou desapontada. Há muitas coisas que ela pode fazer, mas que vocês nunca deixaram.
– Achamos que era o melhor para seu desenvolvimento emocional. Você não faz idéia de como é difícil ter uma filha como Dulce.
- Não. Não faço nem idéia. Mas sei o que é amar uma mulher como Dulce. Ela tem sede de vida, tem sonhos e esperanças.
- É por isso que estimular suas idéias caprichosas é tão prejudicial - disse Fernando, com o rosto tomado pela raiva.
- Vocês a sufocaram. Nós telegrafamos para o Dr. Pardo e ele disse que não havia nenhum motivo que impedisse Dulce de andar, de se exercitar e fortalecer a perna. Disse que poderia até ser benéfico.
- Ele não disse isso - falou Fernando, abobado.  - Disse. O telegrama está com Dulce, caso insista em não acreditar.
Ele passou a mão em sua testa suada.
- Blanca sempre conversava com os médicos, mas ela nunca escutou nada parecido.
- Tem certeza?
- O que está insinuando? Que a minha esposa escondeu informações tão importantes?
Christopher deu de ombros. Não fazia a menor idéia do que tinha acontecido, portanto, não podia acusar ninguém.
- Eu só sei o que esse médico falou para Dulce. E sei o que Dulce me fala. Ela quer ter uma vida normal.
- Você não deve fazê-la acreditar que isso é possível.


- E por que não?
- Olhe só para você. Um homem forte e saudável. Por que ficaria com uma jovem como Dulce, que não é capaz de fazer tudo que uma mulher normal faz?
As palavras foram como lanças penetrando no coração de Christopher.
- Dulce tem limitações porque vocês as impuseram. As poucas coisas que ela sabe fazer nem valem a pena ser mencionadas! Ela sabe andar a cavalo, sabe costurar, sabe cozinhar, sabe cuidar de uma criança. Quem se importa que ela não possa participar de uma corrida?
- Ela nunca fez essas coisas.  
- Fez sim. Ela andou a cavalo comigo. Fez uma torta de maçã para mim. Costurou o vestido que estava usando ontem, e só não pôde mostrar que era capaz de cuidar do sobrinho porque não deixaram. O que mais ela precisa fazer para abrir os olhos de vocês? Há anos que Dulce está tentando lhes dizer que se tornou uma mulher. E ela é capaz de muito mais. Muito mais.
Talvez algumas daquelas palavras tivessem entrado na cabeça do velho Fernando. Ele olhava para suas botas polidas com a testa franzida.
Christopher compreendia a confusão do homem. Realmente acreditava que ele amava a filha e que queria o melhor para ela.
- Temo que vocês a afastem da família se continuarem a ser tão rígidos. Ela ama vocês. E muito. Mas quer uma vida própria. E acredito que queira construir uma vida ao meu lado. Eu a amo. Você precisa acreditar que eu jamais faria algo que pudesse magoá-la.
O homem levantou a cabeça, mas olhou para as montanhas no horizonte.
- Desde que a vi pela primeira vez, eu quis que Dulce fosse feliz. Meu maior desejo é vê-la contente. E eu quero lhe proporcionar parte dessa felicidade. Se realmente achasse que a minha presença poderia prejudicá-la, eu sairia da vida dela. Mas ela está exultante com essa nova fase, com essa nova descoberta. Está mais segura de si. Mais confiante.

- Tenho que admitir que ela anda mais contente nos últimos dias - admitiu Fernando. - E também mais confiante.
Christopher não tinha mais nada a dizer. Agora era esperar a reação do pai de Dulce.
O homem o olhou nos olhos.
- Eu não quero vê-la infeliz e não aprovo essa união. Entretanto, não vou obrigá-la a fazer uma escolha.
Não era exatamente uma bênção, mas uma trégua. Pelo menos era um começo.
- Eu pretendo cortejá-la da maneira adequada - prometeu Christopher. - Vamos marcar uma data.
- Para um casamento respeitável - adicionou Fernando. - Isto é, se ela já não estiver arruinada.
- Não vou me ofender com essas palavras - falou Christopher, ignorando a raiva que tentava consumi-lo. - E também não levarei em consideração seu desdém com o senso de decência de sua filha. Eu garanto que a castidade de sua filha estará segura até nos casarmos.
Fernando começou a andar, terminando o encontro, mas parou e virou-se.  - Ela acha que está apaixonada por você. Não se aproveite disso.
- Não, senhor - disse ele, surpreso com a teimosia daquele homem. Será que realmente não conseguia enxergar a filha como um ser humano normal, capaz de amar e de ter uma vida própria?


Dulce estava esperando na varanda havia mais de uma hora quando seu pai apareceu. Desceu as escadas com cuidado, segurando no corrimão e o encontrou no caminho.
Sua expressão revelava a surpresa de vê-la andando em sua direção, mas Dulce não viu nenhum sinal de repulsa ou vergonha, como vira no resto da mãe.
Ela deu o braço ao pai, obrigando-o a caminhar mais devagar.
- Você nunca foi me encontrar no caminho antes - disse ele com a voz trêmula.
- Eu sempre tive vontade.
Fernando sorriu e deu um tapinha em sua mão.
- O que aconteceu, papai? - perguntou ela, incapaz de esperar um minuto a mais..
Alcançaram as escadas da varanda e Dulce apoiou-se no pai para conseguir subir. A porta se abriu e Mildred apareceu, com o mesmo olhar de desaprovação.
Dulce preferiu ignorá-la.
- O que você e Christopher conversaram?
- Eu não vou brigar com você - falou Fernando.
Dulce sentou-se em uma cadeira, e o pai bem na frente.
Blanca ficou em pé, com os braços cruzados.
- Ele me fez enxergar que é isso que você quer, e que você já tem idade suficiente para tomar suas próprias decisões.  Uma grande alegria inundou o coração de Dulce. As lágrimas chegaram sem pedir licença.
- Você não pode estar falando sério! - esbravejou a mãe. - Você não tem idéia de onde está se metendo, minha filha!
- Tenho sim...
- Você é muito nova para saber o que quer. E um capricho do qual você se arrependerá mais tarde. Quando for mais velha e perceber que seu pai e eu tomamos as melhores decisões por você.
- Eu não sou mais uma criança, mãe. Por que só você não consegue enxergar?
- Porque você não está se comportando como uma adulta.
- Blanca, ela já tem idade suficiente - intrometeu-se o pai. - Ela tem suas próprias idéias. Você prefere que ela fuja e nunca mais a vejamos?
- Eu jamais faria isso, papai - protestou Dulce. A possibilidade nem passara por sua cabeça. - Mas eu vou me casar com Christopher.
- Nós poderíamos tirá-la daqui - sugeriu Blanca, mantendo a postura rígida. - Podemos impedir que ele a encontre.
- E transformar nossa filha em uma prisioneira? - perguntou ele. - Você realmente acha que ela seria feliz vivendo em algum lugar com pessoas estranhas? Dulce nos odiaria.
- Você acha que ela será feliz quando descobrir que não pode fazer todas as coisas que imaginou poder fazer? Você acha que ela será feliz quando esse homem trocá-la por uma mulher normal?
- Blanca! - gritou Fernando. - Eu dou um pouco mais de valor a esse homem que alega amar nossa filha.  Um arrepio desconfortável percorreu o corpo de Dulce. A dor e a decepção de ver como a mãe a desprezava, como não se preocupava com seus sentimentos, era como uma ferida se abrindo na confiança que acabara de adquirir.
- Eu não aprovarei essa abominação!
- Dulce vai se casar com ele - falou Fernando com toda a calma.
- Não com a minha bênção. Não vou levantar um só dedo para ajudá-la a se fazer de tonta - disse para a filha. - E ele nunca será bem-vindo nessa casa.
Dulce foi tomada por uma grande dor.
Fernando se levantou e parou na frente da esposa




- Dulce é nossa filha!
- Não a filha que eu conheço.
Ele olhou para Dulce. Com o coração em pedaços, ela se esforçava para manter a pose. Por quê? Por que a situação se descontrolara dessa maneira? O problema não era nem Christopher. Não era que a mãe não o considerasse bom para sua filha. Ela não achava a filha digna de qualquer pessoa! Sempre fora assim.
- Christopher não se importa que eu não seja perfeita, mãe - falou Dulce. - Ele não me pede para ser outra pessoa. Ele me aceita e me ama do jeito que sou. Por que você não pode fazer o mesmo?
- Você está tentando ser alguém que não é - devolveu Blanca. - Você está tentando ser a mulher que acha que ele quer. Mas você não é essa mulher, Dulce. Você não é capaz de ser essa mulher. Eu não quero vê-la arrependida de sua impetuosidade, mas você se arrependerá. - Ela se virou e entrou em casa.  Fernando sentou-se novamente, e sua tristeza era evidente e sincera.
- Não é culpa sua, papai - garantiu Dulce, com ternura. - Você sempre fez o melhor que pôde. E eu sei que se preocupa comigo e com o que eu quero.
- Eu não permitirei que sua mãe a afaste dessa casa - Fernando afirmou com convicção. - Ele deve cortejá-la adequadamente, e isso significa visitá-la aqui. E depois do casamento, nós continuaremos jantando juntos dois domingos por mês.
Um sorriso formou-se nos lábios de Dulce, que animou-se com a hipótese de Christopher cortejando-a, mas logo desapareceu ao pensar nos jantares de domingo. Não conseguia imaginá-lo jogando croqué com Alfonso.
- O tempo nos dirá o que fazer, pai.
A mente impenetrável da mãe sobre o assunto não lhe dava muitas esperanças. Mas acima da dor pela falta de aceitação de Blanca estava a alegria de saber que ela e Christopher ficariam juntos.
Sem segredos.
Eles poderiam ficar juntos. A idéia era tão encantadora quanto se livrar da cadeira de rodas.
E agora tinha planos de verdade para fazer.
 





 

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Autor(a): megvondy

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Especial de sabado pelos coments que me deiaram feliz :D    Christopher virá me visitar essa noite. - Dulce leu o bilhete que Ninel lhe entregara na frente da mãe e contou-lhe a novidade.Era dia de limpeza, e ela usava um dos vestidos de trabalho que a criada lhe dera em troca dos lindos vestidos que Dulce costurara para suas filhas.Blanca nã ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 56



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  • stellabarcelos Postado em 10/04/2016 - 14:40:41

    Lindos

  • maah001 Postado em 12/03/2013 - 15:38:50

    Eu tenho 14 hahaha' Foi lindo demais da conta!! É uma história tocante e bem diferente do que, eu tenho certeza, a maioria costuma ler!! Eu não tenho muito o que falar agora. Só queria parabenizá-la por tamanha criatividade!! Foi ótimo estar no meio dessa história o tempo que durou.. Uma pena ter acabo, estava muuuito afim de continuar lendo ela haha' Agora, nos encontramos em Rede de Mentiras ;) Beijosz fanfic!

  • tahvondy Postado em 10/03/2013 - 22:51:18

    pena que ja acabou amei sua web muito linda

  • tahvondy Postado em 09/03/2013 - 23:59:42

    ah pena que ja ta no final pq eu amei sua web ela e perfeita

  • fernandagayo Postado em 07/03/2013 - 23:19:21

    linda sua web é perfeita amanhã eu comento direito pq tenho que dormi para acoradar cedo bjs

  • megstar Postado em 07/03/2013 - 14:33:52

    Maah qntos anos vc tem? as vezes vc escreve umas coisas q meu Deus kkk é vdd ela realmente foi fraca, mais acontece q depois detanto tempo sendo menosprezada e ouvir a mãe repetir q ela seria a decepção do marido, ela não se permitia errar, certo q ela acabou fazendo uma baita burrada mais vai ter final feliz tah :)bjkssss gracias por comentar

  • maah001 Postado em 07/03/2013 - 14:25:01

    Quem disse que o amor verdadeiro não faz sofrer diz a verdade! As pessoas causam o próprio sofrimento e o sofrimento de outrem. Doeu demais ler todo o desespero dele! Mas estou ansiosa para ler o final.. Parabéns, meninas :) foi fantástico!!!!

  • maah001 Postado em 07/03/2013 - 14:23:17

    Eu decorei uma frase certa vez de um autor bem famoso até.. Tacitus. Não sei se já ouviram falar! Ele dizia: As pessoas estão mais dispostas a pagar por um prejuízo do que um beneficio. Por que a gratidão é um peso e a vingança um prazer. Nunca havia me parecido verdadeira antes, mas a partir do momento em que ela apagou todas as coisas boas que os dois haviam vivido para lamentar-se em não ser a esposa ideal, na qual ele nunca a havia criticado, muito pelo contrário, acreditava verdadeiramente de que ele é quem devia a ela, essa frase começou a fazer sentido!

  • maah001 Postado em 07/03/2013 - 14:20:13

    Eu acho que ela foi fraca demais! Eu sei.. foram anos e anos convivendo com a ideia de que era uma inválida e que não seria capaz de ter uma vida normal como qualquer outra pessoas, mas depois de tanto tempo junto com o Chris eu teria esquecido até mesmo o meu nome! Ele sempre foi muito atencioso, amoroso e determinado. Ninguém jamais seria capaz de ter o amor da mulher mais especial desse mundo como ele conseguiu. Ela sempre foi a mulher perfeita pra ele. E o decepcionou. Por mais que ele não pense isso!

  • maah001 Postado em 07/03/2013 - 14:17:06

    Eu nunca estive com o coração tão apertado quanto agora.. Eu nunca estive tão perto do desespero assim!! Saber que ele enterrou o nenê sozinho.. o próprio filho é de partir o coração. Me dá vontade de chorar só de pensar!!


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