Fanfic: Bilionário como prémio AyA [TERMINADA]

— O registro está emperrado. Quando foi a última vez que desligou a água aqui embaixo?

— Nunca. Não houve necessidade.

— Há quanto tempo mora nessa casa?

— Mais de quatro anos.

Por um momento, Anahí relembrou-se do dia em que decidira que precisava viver sozinha. Num impulso, fizera uma oferta pelo imóvel e se mudara em um mês.

— Oh, está se movendo um pouco!

Devagar, a pressão da água foi diminuindo até parar por completo.

Anahí soltou a vasilha com cuidado e olhou para baixo, quando Alfonso saía do gabinete, todo sujo dos espirros do encanamento.

— Sinto muito... Suponho que não tenha trazido uma muda de roupas.

— Não, Anahí. Vamos dar um jeito nesse aguaceiro. Secaram o piso, o armário, a pia e a parede com panos de chão e algumas toalhas. Anahí as estava jogando na máquina de lavar quando ouviu alguns sons eletrônicos. Virando-se, notou Alfonso discando de seu celular.

— Ponha Miles no telefone — ordenou ele. — Miles? Aqui é Alfonso. Quero que mande um de nossos encanadores para a rua Jacobson South, 551.

Anahí acenou para chamar-lhe a atenção, dizendo:

— Não!

Alfonso a ignorou.

— Certifique-se de que Miles traga todas as peças necessárias para consertar a pia de uma cozinha. E uma cuba nova.

— Espere aí! Você não vai fazer nada disso!

Ele deu de ombros, mais concentrado na conversa com Miles do que nas objeções dela.

— Sim — Alfonso respondeu ao telefone. — A unidade inteira precisa ser reposta, incluindo os registros. — Ficou silencioso por um momento. — Não sei, apenas uma pia dupla, algo de que uma mulher gostaria. Uma boa.

Anahí pôs as mãos nos quadris e o encarou. Não era forte o bastante para tirar o aparelho da mão dele, então tinha de esperar.

— Sim, eu o aguardo aqui. — E Alfonso desligou.

— O que acha que está fazendo?!

Ele abriu as abotoaduras da camisa e arregaçou as mangas.

— Chamando um encanador. Temos um pessoal de manutenção na filial de Crockett.

— Nem pensar. Ligue de volta e cancele o serviço. –Alfonso a olhou atônito.

— Não farei isso, Anahí. Esse encanamento deve ser reparado. Fiz parte do serviço, mas não sou profissional, e é preciso usar especialista para fazer a coisa direito.

Ela suspirou.

— Eu sei. Mas posso lidar com meus próprios problemas.

— É claro que pode, mas é que tenho condições de fazer alguém chegar aqui mais rápido. Demora um século conseguir que um encanador venha, acredite em mim.

Anahí bateu as mãos nas pernas e estreitou os olhos para Alfonso.

— Assim é a realidade. A maioria de nós, pobres mortais, supera as catástrofes muito bem. Até mesmo sobrevivemos sem água corrente na pia por um ou dois dias. Eu mesma consertarei o encanamento.

— Tem experiência em lidar com encanamentos e trocas de pias? Essas peças pesam quase cem quilos. Não há como você levantar uma sozinha.

— Talvez não. — Jogou os cabelos molhados para trás, num gesto exasperado. — Mas não trocarei a pia, nem nenhuma dessas outras coisas. Só repararei a junta da torneira com o cano.

Alfonso tornou a arregalar os olhos.

— Querida, tudo precisa ser trocado, está caindo aos pedaços!

— Você não está me ouvindo, Alfonso! Pessoas comuns se arranjam de acordo com o orçamento. E se isso significa consertar só uma parte da pia de cada vez, assim será.

— Mas...

A campainha soou, interrompendo-o.

— Se for o encanador, vou mandá-lo embora — ameaçou Anahí, indo atender.

Alfonso não era capaz de entender por que as mulheres eram tão teimosas. E Anahí, em particular.

Grande coisa... Ele pedira para um de seus empregados ir trabalhar na cozinha dela. Fizera a mesma coisa por sua mãe e sua irmã quando a ocasião pedira, e elas não haviam reclamado.

Tudo bem, elas reclamaram, mas Alfonso não entendia os protestos de sua família, assim como não entendia o raciocínio de Anahí, Havia algo a ser resolvido, e ele o estava resolvendo. Não resolvera presenteá-la com nenhum colar de diamantes, apenas oferecia

um encanador. Que mal havia naquilo?

— Olá, NicK — Anahí falava, da sala. — Oh... Olhe Katie dormindo! Parece um anjo.

— Igualzinha à mãe — soou uma voz profunda.

Katie? Alfonso espreitou pela fresta e viu um homem parado à soleira, segurando uma criança loirinha adormecida. Não era o encanador, de modo algum.

— Você está ensopada. O que aconteceu?

— Um pequeno desastre com a pia da cozinha. Mas nós conseguimos evitar que a casa inundasse.

— Nós?

— Sim... Estou acompanhada. — Ela pareceu envergonhada, e Alfonso perguntou-se o porquê da reação perante o tal Nick.

— Olá! — Alfonso resolveu ir até eles, mordido pelo ciúme. Então cruzou os braços sobre o peito.

Talvez fosse por causa da adrenalina que aflorara por lidar com o cano de água, mas Alfonso tinha vontade de expulsar Nick dali e dizer-lhe para nunca mais voltar. Ainda mais do jeito que ela estava, com a camisa molhada marcando os mamilos. Não importava que

Nick não parecesse nem um pouco interessado nos seios dela.

Anahí deu um passo, agitada.

— Nick Carleton, este é Alfonso Herrera. –Nick o cumprimentou com um gesto.

— Precisa de ajuda, Anahí? Tenho ferramentas na Blazer. –Ela sorriu.

— Isso seria ótimo, se você não estiver muito...

— Não precisamos, não — Alfonso interveio. Anahí pôs as mãos nos quadris e o encarou, severa.

— Alfonso...

— Anahí... Por que está disposta a aceitar o auxílio de Nick, e não o meu?

— Nick é um amigo.

— E o que eu sou?! Acho que já esclarecemos essa bobagem.

— Fico satisfeito em dar uma mão. Além disso, Anahí cuida de Katie sempre que precisamos, é sócia de minha mulher e dá tudo de si. Ainda mais agora, com Dulce grávida.

Distraída, Anahí voltou-se para Nick.

— Como está Dulce? Ela comentou que estava tendo contrações ontem à noite, mas que eu não devia ir à loja a menos que me ligasse.

Nick sorriu tão amplamente que Alfonso soube, sem dúvida, que ele era homem de uma só mulher. O relacionamento de Anahí com aquele moço era pura amizade, nada mais.

— Minha Dulce está ótima. Porém, estou ficando louco, e o médico disse quê ainda falta mais de uma semana. Fico rodeando a loja até que ela me põe para fora, alegando que eu atrapalho.

— Não esqueça que cuidarei de Katie quando a hora chegar.

— Não esquecerei. — Nick fitou Alfonso. — Sobre o encanamento, fiz todo o de minha casa, então não é nada de mais.

Alfonso meneou a cabeça. Ele queria cuidar do encanamento da residência de Anahí, Suas irmãs diriam que estava sendo machista, mas era assim que era.

— Está tudo sob controle. –Nick deu de ombros.

— Se é isso o que quer...

— Chega! explodiu Anahí. — Eu tenho tudo sob controle, vocês só apareceram no momento errado. Ambos podem ir embora! — E apontou para a porta.

— Igualzinha a minha mulher. É por isso que elas se dão tão bem. — Nick compartilhou um sorriso amigável com Alfonso e obedeceu.

Alfonso não tinha a intenção de segui-lo.

— Você também. — Anahí bateu o pé no chão,

— Nada disso. Não tenho mais o que fazer, por isso posso participar do conserto.

Ela bufou, frustrada.

— Homens! Acham que dirigem o universo, não é?!

Alfonso achou graça. Adorava aquele jeitinho contrariado de Anahí. Os longos cabelos dela pingavam água na camisa. Nossa! Como gostava de ver aquilo, também! As auréolas rosa estavam evidentes sobre o fino tecido de algodão.