Fanfic: Meu querido diário [les e bi] | Tema: Fictícia

Pois é, não consegui dormir a noite passada. Fui trabalhar sem ânimo, sem disposição... Estou me destruindo, fizeram reclamações sobre mim hoje, e não só sobre mim, mas sobre ela também. As pessoas que antes a elogiavam agora reclamam. Mário me falou que tenho que melhorar, que gosta muito de mim, mas se eu continuar assim vai me demitir. Não posso perder o emprego, é minha única renda e eu sei que não vai ser fácil encontrar outro trabalho assim.

Mariana: Amiga, pelo amor de Deus! Você está mal!

Eu: Ai Mariana, não sei mais o que faço...

Comecei a chorar. Estou assim, a todo o momento choro.

Mariana: Mas você estava tão bem na segunda!

Eu: Minha felicidade dura pouco...

Mariana: Amiga, você brigou com ele?

Eu: Sim, ela me traiu.

Mariana: Você quis dizer ele, não é?

Eu: Sim, isso.

Mariana: Ufa! Mas enfim... Traição é algo difícil de perdoar, fere nosso orgulho, nos faz sentir menos que os outros... Mas também temos que entender o lado da pessoa. Imagina como deve ser difícil para uma pessoa solteira, que tem sua liberdade e de repente se vê presa a uma relação... Existe uma certa confusão, um certo medo. Não que isso seja desculpa para que todo mundo saia por ai traindo, isso só acontece com pessoas de mente fraca, que não sabem o que realmente querem. Vai amiga, conversa com ele, não fica assim sofrendo porque não vai te levar a lugar algum.

Eu: Não sei se é uma boa ideia.

Mariana: Não vai saber se não tentar.

Ai que confusão...Não falei mais nada, Mariana continuou falando. Depois liguei para Mabel, finalmente ela atendeu.

Mabel: Oi Carolzinha!

Eu: Oi.

Mabel: Nossa amiga! Que animação hein!

Eu: Não estou bem, amiga... Preciso de você.

Mabel: O que aconteceu hein?

Eu: Posso ir em sua casa hoje?

Mabel: Eu não estou em casa, estão pintando. Eu vou no seu apartamento hoje à noite.

Eu: Ta bem... Obrigada.

Mabel: Umas sete horas eu apareço por lá, ta bem?

Eu: Sim.

Mabel: Ok.

Desligamos. No horário de saída Fabiana veio atrás de mim.

Fabiana: Carol, podemos conversar?

Um misto de paixão e rancor tomaram conta de mim.

Eu: Não tenho tempo.

Fabiana: Você não esqueceu de mim. Estamos sofrendo, será que não percebe isso?

Eu: Percebo. Só que quando me lembro da sujeira que fez comigo eu volto atrás.

Estávamos do lado de fora conversando, algumas pessoas passavam e olhavam, mas seguiam seus caminhos.

Fabiana: Eu sei que não tem como esquecer, foi horrível o que fiz e eu me arrependi amargamente. Carol eu não consigo comer, não consigo dormir, estou ficando doente, fraca e sozinha. Por favor, vem comigo para minha casa, vamos conversar lá.

Eu: Eu quero que você pense bem, mas muito bem no que fez. Se coloque no meu lugar e pense se você perdoaria. Eu também estou sofrendo, tanto quanto você, mas o que você fez é quase imperdoável.

Fabiana: Quase? Quer dizer que ainda há chance de me redimir?

Eu: Não quis dizer isso. Interprete como quiser.

Fabiana: Vou interpretar de forma positiva. Não joga fora o que sentimos uma pela outra Carol.

Eu: Tenho que ir.

Fabiana: Eu te levo!

Eu: Não quero carona sua.

Disse saindo de perto dela.

Fabiana: Pensa bem!

Ai meu Deus, é tão difícil tentar ignorar a pessoa que amo... Cheguei no ponto e o ônibus já estava lá. Entrei correndo. Cheguei aqui 14:20. Preparei café e suco de abacaxi, sei que Mabel ama. Tomei banho, me vesti, dei comida para meu gato, arrumei o apartamento e esperei ela chegar, demorou um pouco, mas ela veio. Bateu na porta e eu abri.

Mabel: Desculpa a demora.

Eu: Não tem importância. Vem, entra.

Ela me abraçou e entrou. Se sentou e eu também.

Mabel: Amiga, que olheiras são essas? Como você está pálida, abatida... Me conta, o que aconteceu?

Eu: Bel... Decidi seguir seus conselhos. Eu decidi ficar com ela, estou apaixonada.

Mabel: Só isso?

Eu: Não! Estávamos namorando e tudo mais, mas ela me traiu.

Mabel: O que?

Falou com espanto.

Eu: Sim. Ela fez isso.

Mabel: Amiga! Que terrível! E você, o que fez?

Eu: Terminei, falei um monte de coisas pra ela, disse que o que ela fez não tem perdão...

Mabel: E ela?

Eu: Quer voltar comigo. Disse que estava confusa quando fez isso e está arrependida, mas não sei se consigo confiar nela novamente.

Mabel: Que situação hein!

Eu: Pois é... Não sei o que fazer.

Mabel: Bom... Deixa eu ver o que posso te dizer.

Eu: Quer beber algo? Fiz suco de abacaxi.

Mabel: Você leu meus pensamentos! Eu quero.

Eu: Já trago.

Ela ficou lá e eu fui à cozinha. Peguei um copo e enchi com suco, depois levei para ela. Mabel tomou um gole.

Mabel: Que delícia!

Finalmente eu sorri.

Mabel: Bom amiga... Te conheço tão bem, mas tão bem que sou capaz de sentir o que está sentindo agora. Você sempre foi fiel aos seus namorados, me lembro de quando você ficou sofrendo quando descobriu que Victor te traiu com Bárbara, eu te consolei a noite inteira e você não parava de chorar. Eu sofro junto com você, te entendo melhor que ninguém. Traição é algo complicado, é pior que levar uma surra por não ter feito nada. Eu queria te dizer para perdoá-la , tentar entendê-la, mas traição não tem explicação, pois é não é algo forçado, é algo consentido, se a pessoa faz isso, faz com a consciência de que é errado e que alguém vai sair machucado. Se arrepender todo mundo se arrepende, mas ninguém pensa nisso antes de trair.

Mabel tem razão.

Eu: Então eu não devo perdoá-la?

Mabel: O que seu coração diz?

Eu: Meu coração está despedaçado.

Mabel: Quem tem que decidir é você. Amiga, porque não experimenta sair com outra pessoa?

Eu: Não é tão fácil... Aliás, sabe quem eu encontrei no fim de semana?

Mabel: Quem?

Eu: Gustavo.

Mabel: Aquele magrelo que tirou sua virgindade?

Eu: Sim.

Mabel: E ai, ele ta bonito?

Eu: Muito. A gente saiu...

Mabel: E ai, rolou alguma coisa?

Eu: No fim de semana não, porque eu queria respeitar Fabiana. Mal sabia eu que ela estava lá me traindo.

Mabel: Mas você ficou com ele então?

Eu: Sim... Mas eu estava bêbada, tinha descoberto que ela me fez de idiota e como Gustavo disse que se eu quisesse podia chamar ele eu chamei. Ele passou a noite aqui.

Mabel: E ai?

Eu: Ah, não quis mais ver ele.

Mabel: Por causa dela?

Eu: E por mim também.

Mabel: Você a ama muito. Acha que consegue perdoar ela?

Eu: Não sei...

Mabel: Bom. Você tem duas alternativas, uma é tentar esquecê-la com outra pessoa, e a outra é voltar pra ela, mas se você decidir fazer isso faça com que ela prove um pouco do próprio veneno.

Eu: Como assim?

Mabel: Faça ela acreditar que você está com outra pessoa. Faça ela sentir ciúmes, se sentir mal, se arrepender de verdade por ter te traído.

Eu: Mas quem pode fingir que está namorando comigo? Ninguém vai aceitar isso.

Mabel: Bom, se você quiser eu posso te ajudar.

Eu: Hum... Você?

Mabel: Sim, ou você pode falar com Gustavo.

Eu: Ah homens sentem muito orgulho. Ele não vai aceitar.

Mabel: Se lembra de alguém ai.

Pensamos em várias pessoas. Ficou tarde para ela ir embora então pediu para dormir aqui e eu disse que sim. Conversamos bastante, agora ela está na sala pensando que eu estou tomando banho, não quero lhe contar sobre o diário, quero que seja bastante secreto. Bom, vou para lá. Vamos dormir na mesma cama, somos como irmã e não há interesse entre nós duas. 


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