Fanfic: 1/2 Irmão | Tema: One Direction, Harry Styles

(If I Were A Boy - Beyoncé)

Finalmente hoje é sexta-feira. Ontem estive indisposta para ir ao colégio. Meu corpo inteiro doía, provavelmente um resfriado inoportuno pegou-me de cheio. Meus olhos estão vermelhos como se eu acabasse de fumar um baseado. Meu nariz escorre. Tenho um pouco de dor de cabeça e dificuldade para manter meu corpo em pé. Contudo, a prova de Biologia foi marcada para a segunda aula, e querendo ou não tenho que marcar presença na escola. Mal estudei para a avaliação. A falta de concentração e motivação serão as grandes responsáveis por minha futura nota zero.

Eu adentro na sala novamente após o intervalo. Coloco lápis, caneta e borracha sobre a mesa. A senhora Adams distribui os testes assim que toda a turma encontra-se presente. Por dentro eu rezo para que consiga obter ao menos a média. Recuperação agora seria o fim. Todos os alunos fazem caretas quando recebem seus papéis. Eu apenas olho complacentemente para o emaranhado de questões à minha frente. Não está tão difícil assim. Lembro-me de ter revisado algumas vezes o conteúdo com Harry. Quando nós nos falávamos é claro. Agora ele está como todos os outros, com uma expressão séria e confusa observando sua prova.

Abaixo a cabeça e inicio minha leitura silenciosa. Respondo primeiramente às questões as quais tenho conhecimento, em seguida chuto uma ou duas das outras e por fim, analiso as alternativas menos prováveis e marco o restante. Por volta de vinte minutos a entrego à professora. Os alunos me olham como se eu fosse um ser do outro mundo, por ter concluído a prova de Biologia primeiro. A verdade é que não me sinto bem em continuar no mesmo local que eles. O clima entre meu meio-irmão e eu ainda é pesado. Passei a vir de ônibus porque ele não oferece-me carona. Quando vou tomar café, Harry já tem saído para o colégio. Nós mal nos vimos em nossa própria casa. Voltei a ser a garota invisível de sempre.

Caminho lentamente pelos corredores até a parede dos armários. Abandono meus livros lá dentro. Pego um lenço de papel e enxugo as lágrimas não propositais que descem pelos cantos dos meus olhos. Estou em um estado de gripe profunda. Jogo o papel recém-usado no cesto e vejo Niall saindo da sala. Não acho uma boa ideia iniciar uma conversa com ele. Niall Horan está diferente desde o dia em que nos beijamos. Ele não me ligou no dia seguinte e quando o chamei pelo bate-papo do facebook, ele não me respondeu. Harry e ele estão muito próximos outra vez. Certamente meu meio-irmão falou algo sobre mim para Niall.

Eu passeio até o portão de saída na esperança de que o porteiro deixe-me ir embora mais cedo, porém ele não o faz. Decido esconder-me na biblioteca até que as horas passem e o maldito sinal soe. Escolho para ler um dos livros de Nicholas Sparks, The Lucky One , aquele em que o Zac Efron faz o papel de um fuzileiro que encontra uma foto durante uma guerra e vai à procura da mulher da fotografia.

Ponho meus fones de ouvido e começo a leitura. Não ouço o sinal para o fim da aula. Quando percebo são exatamente 12:30pm. Devolvo o livro para a moça da biblioteca e corro a fim de tomar o último transporte disponível. Não há mais ninguém no pátio. O ponto de ônibus está vazio. Vejo ao longe o veiculo dobrando a esquina. Droga, vou ter que ir andando! Arrumo mais uma vez minha mochila nas costas e preparo minhas pernas cansadas para a caminhada. O tempo está se fechando e nuvens escuras povoam o céu. Um temporal promete atingir a grande Londres. Espero sinceramente que eu tenha tempo suficiente para chegar em casa.

Os pingos grandes começam a cair do céu cinzento. Uso a bolsa como meio de proteção para minha cabeça. Não posso tomar um banho de chuva no meu estado doentio. Aumento a velocidade de meus passos à medida que os pingos ganham mais força. Estou completamente molhada e correndo na chuva. Minha respiração é ofegante e nenhum cidadão descente oferece-me ajuda. Quando adentro em minha residência tenho as roupas encharcadas e os cabelos pingando no imenso carpete da sala.

- Manuela. – Anne vem assustada em minha direção. – Por que veio nessa chuva? – Ela recebe minha mochila e a coloca no chão. – Harry, venha aqui! – Ela vira-se e grita.

- O que foi mãe? – Harry fala no topo da escada.

- Pegue uma toalha para a sua irmã. – Ela pede e seu tom é sério.

Eu observo Harry sumir para o corredor dos quartos e em seguida desce rapidamente pelos degraus. Ele entrega a toalha à sua mãe.

- Enxugue-se querida. – Seu tom é suave enquanto oferece-me a toalha.

Enxugo primeiramente meus braços e em seguida enrolo o pano nos cabelos para que sequem. Um batalhão de espirros começam a ser liberados por mim.

- Você precisa trocar essa roupa. – Anne afirma. – Eu vou preparar-lhe um chá. Venha comigo Harry.  – Ela sai para a cozinha e Harry a acompanha.

Subo rapidamente para o quarto e largo as peças molhadas no banheiro. Visto um de meus pijamas confortáveis do Liverpool, que pai me deu no dia em que o time ganhou um de seus troféus. Calço também as pantufas e desço as escadas lentamente. Anne parece estar conversando com Harry.

(No Air – Jordin Sparks feat Chris Brown)

- Harry, eu cansei da sua implicância com a Manuela. – Ela parece brava. – Você já é um homem, deveria agir como tal.

- Mas mãe... Ela me tira do sério.

- O que ela fez a você Harry? Diga-me.

Há um breve silêncio entre ambos. Aproximo-me da porta para ouvir melhor.

- Mãe... – Ele não consegue encontrar as palavras. – Mãe... Ela disse que vai voltar para o Brasil. – Por um instante ele parece um pouco aflito.

- E qual o problema meu filho? Ela tem o direito de escolher para onde quer ir. – Ela diz suave.

- E Oxford mãe?

- O que tem Oxford?

- Ela falou que ia comigo. – Sua voz é baixa.

- Mas ela não vai mais. Você ficará bem Harry. Você sempre ficou.

- Eu não sei mãe. – Harry soa triste.

- Harry meu filho, olhe para mim. – Anne pede. – Você está sentindo alguma coisa pela Manuela?

Puta merda, não! Minhas pernas estão bambas e minhas mãos suam. O que ele vai dizer?

- Não mãe. Claro que não. – Ele responde veemente.

- Não parece Harry. – Ela estala. – Por que você não lhe dirige mais a palavra?

- Porque ela me odeia e eu não vou falar com alguém que não gosta de mim. – Ele estala.

- Harry, ela o defendeu mesmo quando você a fez chorar.

- Eu nunca a fiz chorar mãe. – Ele argumenta.

- Você lhe negou uma carona e ela teve que vir com os colegas da escola. Eles ofenderam-na, Harry. Você sabe o que é ser insultado publicamente?

Senti um nó na garganta quando Anne recordou a cena dos rumores sobre o professor Luke e eu. Foi um dos dias mais escuros para mim. Eu não quero que Harry sinta-se culpado por isso.

- Responda-me Harry. – Ela o adverte.

- Não mãe. Eu não sei. – Ele murmura.

- Nunca havia a visto tão triste. Ela chorava descontroladamente. – Anne pronuncia melancólica. – Eu fiquei angustiada... Eu não sabia o que fazer Harry... – Deus, Anne está chorando. – Ela pediu inúmeras vezes que eu não o punisse por isso.

Eu estou congela em frente à porta da cozinha. Eu pisco rapidamente tentando evitar que as lágrimas rolem por meu rosto. Eu não quero atrapalhar a conversa de Anne com Harry, mas ele acabará sentindo-se mal se sua mãe permanecer jogando toda a responsabilidade dos fatos em suas costas. Procuro coragem e bato na porta antes de entrar.

- Oi. – Minha voz soa baixa e tímida como se eu estivesse escondendo algum segredo. – Estou atrapalhando? – Observo Harry e Anne abraçados.

- Não querida. – Ela responde e sua voz ainda é trêmula.

- Tudo bem Anne? – Eu me aproximo deles.

- Sim. – Ela esboça um pequeno sorriso.

Harry me olha fixamente, mas eu não retorno meu olhar. Não quero ver seus olhos cheios de compaixão sobre mim.

Anne solta Harry, vai até o balcão e me entrega uma xícara e um pires.

- Beba Manuela. Você se sentirá melhor.

Eu sorrio em agradecimento. Puxo uma das cadeiras da mesa e sento para tomar o chá. Harry também puxa um dos acentos e acomoda-se perto de mim. Anne deixa o local.

- Manuela, eu sinto muito. – Ele sussurra.

- Não precisa se desculpar a final você não tem culpa de nada. – Eu mexo o chá e dou um longo gole em sequencia.

- Mas Manuela eu disse que...

- Eu sinceramente não gostaria de lembrar o que você disse Harry. – Observo o líquido escuro na xícara.

- Eu só queria pedir desculpas Manuela. – Ele aparece deprimido e sincero em suas palavras.

- Eu não quero falar sobre isto agora Harry. Está bem para você? – Pego o pires e a xícara e levanto. Harry fica de pé e segura meu braço, fazendo-me virar para ele.

- Manu, por favor... – Seus olhos estão reprimindo as lágrimas que ameaçam cair.

- Não Harry, solte-me. Eu quero ficar sozinha. – Minha voz é quase um lamento.

- Por que você está constantemente me excluindo da sua vida?

- Eu não faço isso.

- Sim, você faz. – Ele pega os objetos de minha mão e os coloca na mesa novamente. – Você nunca me conta o que sente. Nunca fala o que acontece com você.

- Você não entenderia Harry. – Olho para meu braço preso pela mão do meu meio-irmão. – Harry eu quero ficar só. – Sussurro.

Ele eleva meu queixo para que eu o olhe.

- Não Manuela. Eu quero ficar com você. – Ele olha no fundo dos meus olhos.

- Harry, por favor, eu preciso... – Suplico.

Ele liberta meu braço.

Eu giro e saio da cozinha. Eu desejaria ter me perdido nos braços de Harry quando ele afirmou que queria ficar comigo. Relutei contra o sentimento de dizer o quanto ele me magoa. O quanto sofro quando nós discutimos. Eu queria simplesmente abraçá-lo e pedir que não me fizesse chorar mais.