Fanfic: 1/2 Irmão | Tema: One Direction, Harry Styles

Quando chegamos em casa, Harry está esparramado no sofá com um prato enorme de comida. Ele nos olha surpreso quando vê a quantidade de sacolas que trazemos nas mãos. Levamos meu pai à falência, mas trouxemos tudo o que precisamos, ou melhor, queríamos. É difícil ser mulher e ter um cartão de crédito nas mãos.

- Estava esperando os sequestradores me ligarem. – Harry fala de boca cheia. – Vocês demoraram muito. Tive que me virar na cozinha.

- Você já está bem crescido para fazer sua própria comida. – Anne estala colocando as sacolas no sofá.

- Obrigado pela motivação mãe. – Harry fala em tom sarcástico.

- Como foi no colégio? – Sento-me ao seu lado.

- Foi bom. – Responde. – O Niall perguntou por você.

- Quem é Niall? – Eu arregalo os olhos.

- Seu namorado. – Ele olha para mim.

- Eu tenho um? – Estou boquiaberta.

Eu não sei quem é meu namorado! A situação poderia ficar pior?

- Sim. E ele é horrível. – Harry faz uma cara de nojo. – Não sei o que viu nele.

Eu entro em desespero.

- O que ele falou? – Pareço preocupada.

- Ele disse que virá aqui hoje à noite.

- Sério?

- Ele quer fazer... – Ele dá um sorriso malicioso. – Você deve saber o que.

Credo!

- Meu Deus. – Meu queixo cai. Eu não posso fazer sexo com alguém que nem conheço. Eu não sou uma garota de programa. Sou? Não sei nada sobre mim. E se eu for uma prostituta? Deus me livre!

- Eu estou brincando. – Harry sorri feito um retardado.

- Você me assustou. – Faço uma cara feia.

- Desculpe. – Ele ainda está rindo. – Eu não resisti.

- Não gostei da brincadeira. – Falo séria.

O telefone residencial toca e Anne corre para atender.

- Alô. – Ela pronuncia. – Sim querida... Certo... Às nove no aeroporto... Beijos.

- Quem era mãe? – Harry larga o prato no meu colo. Que mal-educado!

- A Rachel. – Anne sorri.

Quem é Rachel?

- Ela virá para a formatura? – Harry parece ansioso.

- Sim. Ela acabou de avisar que chega hoje à noite. – Anne desmancha-se em sorrisos.

Quem é a celebridade?

- Eu vou buscá-la mais tarde. – Harry levanta-se e sobe para o quarto.

Estou abandonada no sofá com um prato vazio nas pernas. A garota do telefone tomou a atenção de todos. Nem a conheço, e ninguém faz sequer o favor de falar-me quem é. Caminho para a cozinha e largo a o prato na pia. Por que é tão difícil as pessoas explicarem seu passado para você? Será que essa garota é minha irmã?

Transporto minhas compras até meu quarto. Deixo-as na cama e sento-me na escrivaninha para ligar o notebook. Não posso ir ao colégio, e não tenho nenhum passatempo. Abro o editor de texto e começo a escrever sobre o dia em que acordei no hospital, e as últimas coisas que fiz durante o dia. Tenho apenas quarto páginas escritas. Minha vida resume-se a somente dois pares de folhas em fonte tamanho doze.

- Você vai conosco Manuela? – Anne aparece na porta do meu quarto.

- Para onde? – Viro-me para olhá-la.

- Para o aeroporto. Minha sobrinha chegará mais tarde. – Ela explica.

A tal Rachel!

- Oh, sim. – Eu sorrio. Anne dá adeus e sai.

Então Rachel é sua sobrinha. Show! Vou ter uma garota com quem conversar. Pelo o que ouvi vem para a formatura. Eu tenho um par para o baile? Não perguntei a Harry.

- Harry. – Eu bato freneticamente em sua porta.

Ninguém responde e resolvo entrar assim mesmo. O chuveiro está ligado e uma voz canta Set Fire to the Rain. Puta merda, Harry gosta de Adele? Uau! Que novidade! Ele sai enrolado em uma toalha branca. Seu corpo ainda está coberto por pequenos pingos de água. Ele parece sexy e quente. Cristo, eu não deveria estar pensando nisso.

- Oi Manu. – Ele sorri enquanto abre o armário. – Você precisa de alguma coisa?

- Eu tenho um par para o baile? – Eu disparo de repente.

- Sim. – Ele sussurra erguendo uma calça jeans e analisando. – Um nerd chamado Liam Payne.

Ufa! Eu não vou sozinha!

- Obrigada pela informação. – Eu sorrio docemente e caminho para sair.

- Ei, espera. – Harry chama. Dou meia-volta. – Essa camisa é legal? – Ele me passa uma blusa em xadrez escuro.

- É sim. – Eu a devolvo.

- E esse perfume... – Harry mostra-me um frasco pequeno em vidro preto e prata. – Você gosta?

Eu aplico um pouco em meu pulso e inalo.

- É delicioso.

Harry abre um largo sorriso.

Por que se preocupa tanto com a aparência? Ele já é tão bonito.

- Que bom que gostou. – Ele pega o frasco de minhas mãos e quase toma outro banho de perfume.

Para quê tanto?

- E agora. – Ele se aproxima e me abraça para que eu sinta novamente seu cheiro.

Começo a tossir.

- Está muito forte. – Eu tusso me afastando.

- Droga. – Ele puxa a toalha e esfrega pelo corpo.

Puta merda, ele está pelado! Eu fecho meus olhos rapidamente.

- Harry, dá para se cobrir? – Aperto minhas mãos contra os olhos.

- Ainda não. – Ele parece preocupado com a quantidade excessiva de perfume. – Pode me olhar, eu não me importo. – Ele acrescenta.

Eu não!

- Eu espero você se vestir.

- Então tá.

Caramba, eu não posso negar que vi seu corpo, porque eu vi tudo! Em mínimos detalhes. Por que ele puxou a droga daquela toalha? Nem sei se já havia visto um garoto sem roupa antes, mas Harry é do tipo “Mãe traz a revista da Capricho que eu preciso me abanar!”. Que corpo! Meu Deus do céu. É muito tentador e... É gostoso cara... Muito gostoso!

- Pronto Manuela.

- Até que enfim. – Eu suspiro tirando as mãos do rosto.

Uou!  Meus olhos se arregalam. Cara, esse é o Harry?

Estou em estado de transe olhando para meu meio-irmão vestido em uma calça jeans preta e camisa xadrez escura. Que gay lindo!

- Ficou bom? – Harry dá uma voltinha.

Minha baba deve estar descendo.

- Ótimo. – Digo boquiaberta.

Ele sorri.

- Vou me arrumar. – Falo.

Eu não posso passar vergonha andando com um deus grego igual Harry Styles. Corro para meu quarto e procuro um dos vestidos mais bonitos. Ponho rapidamente e faço uma maquiagem leve. Céus, eu tenho que ficar bonita.

Anne me espera no carro. Harry já está ao seu lado e eu sento sozinha no banco de trás. Eles estão muito elegantes. Talvez a garota seja mesmo uma celebridade.

O trânsito rumo ao aeroporto de Londres está congestionado em plena às oito horas da noite. Motoristas buzinam feito loucos e Harry solta alguns xingamentos para eles. As luzes dos apartamentos dão beleza à cidade durante a noite. Eu não lembrava que Londres era tão bonita. Eu não me lembro de quase nada mesmo.

Após meia hora na estrada, enfim estacionamos em uma das vagas do grande aeroporto. Muitas pessoas entram e saem. Nós vamos a caminho da sala de espera. Ainda temos um pouco de tempo até a sobrinha de Anne chegar. Sento-me em uma das cadeiras que encontro e observo as pessoas descendo com suas bagagens. Harry está inquieto, andando de um lado para o outro. Não entendo o motivo de seu nervosismo. Será que serão namorados? Mas, a menina é prima dele! Será que ele gosta dela? Cara, eu não quero pensar nisso!

Anne abre um largo sorrindo quando percebe uma garota aparentando ter a minha idade, descer as escadas rolantes da imensa sala de espera. Ela arrasta duas malas médias. Seus cabelos loiros e curtos dão-na um ar de patricinha. Ela tem olhos claros, talvez azuis, não dá para ver direito. É magra, porém ter curvas e veste um short mínimo e t-shirt do Michael Jackson. Puta merda, ela é bonita! Ela corre na direção da tia quando nos avista, em seguida pula em cima de Harry, dando um abraço apertado e escandaloso. Quero enterrar minha cabeça no concreto liso da sala.

- Tia, eu senti tantas saudades! – Ela abraça Anne.

- Eu também querida. Como você cresceu... – Anne analisa a garota por inteiro. A menina sorri timidamente.

- Harry está um gato! – Ela joga um olhar malicioso para meu meio-irmão. Harry fica cor de tomate. Eu nunca o vi envergonhado.

- Esta é Manuela. – Anne aponta para mim. – É minha enteada.

Finalmente alguém se lembrou da minha pessoa!

- Olá Manuela. – A menina sorri. Parece simpática. – Sou Rachel.

- Muito prazer Rachel. – Sorrio e estendo a mão para cumprimentá-la.

- Você tem uma meia-irmã muito bonita Harry. – Ela vira-se para meu meio-irmão que está arrastando as malas rumo ao estacionamento. – Espero que não esteja me atraindo. – Ela soa sarcástica.

Harry sorri. Eu coro.

- Não, claro que não! – Ele pronuncia veemente.

Por que Harry a trairia comigo? Eles têm algo?

E mais uma vez ninguém explica a veracidade dos fatos para mim. Como posso lembrar-me das coisas, se não me contam nada?