Fanfic: 1/2 Irmão | Tema: One Direction, Harry Styles

(Mr. Know It All – Kelly Clarkson)

Está fazendo frio quando levanto da cama. O sol de Londres ainda não acordou. As pessoas já transitam para o trabalho quando olho em minha janela. Meu relógio marca 06:05 am. É hora de arrumar-se para mais um dia chato e entediante no colégio. O fim de semana poderia ser eterno se eu tivesse um lugar para ir e não ter de encarar meu meio-boboca-irmão todos os dias do mês.

Eu desço as escadas e procuro por meu pai. Está tomando café e conversando com Anne. Ele está pronto para a guerra dos negócios na empresa de construções ao qual é gerente comercial.

- Bom dia pai. Bom dia Anne. – Dou um beijo no rosto de ambos.

- Bom dia Manuela. – Eles respondem simultaneamente.

- Você poderia ver se o Harry já está acordado? – Anne sorria enquanto me fazia o pedido. Sua expressão é tão suave.

- Sim. – Eu sorri forçadamente. Aquele projeto de lentidão já tinha idade suficiente para levantar por si só.

Retornei vagarosamente até o piso superior. Bati a porta do quarto de Harry. Ele não respondeu. Provavelmente estaria no banho. Virei a maçaneta e entrei. O vagabundo permanecia de bruços na cama. Meu desejo foi de jogar um balde de água fria em cima dele. Porém, eu deixaria para afogá-lo quando nossos pais estivessem fora.

- Harry acorda. – Chacoalhei seu ombro e ele se debruçou para o outro lado. Maldito!

- Harry é hora de ir para o colégio. – Sussurrei em seu ouvido. Ele não abriu os olhos.

Já chega Harry Styles! O afogamento terá de ser antecipado para hoje.

Andei de um lado para o outro no quarto, imaginando como eu iria fazer com que esse gay levantasse. Uma ideia nada aceitável surgiu em minha mente. Colocarei em ação.

- Harry, - acariciei seus cabelos. – eu vou te beijar se você não acordar agora. – Sussurrei.

- Beija então. – Ele falou com os olhos cerrados e exibindo um sorriso idiota no rosto.

- Seu pervertido! – Sai abruptamente da cama. – Vai tomar banho! Agora! – Eu apontei para o banheiro como se estivesse dando ordens.

- Você seria capaz? – Ele bocejou enquanto espreguiçava-se.

- De quê? – Franzi a testa.

- De me dar um beijo? – Ele sorriu.

- Obvio que não. – Estalei. – Prefiro sair pelada pela rua a ter que fazer isso. – Rolei os olhos.

- Hum... pelada. – Ele mordeu o lábio. – Não seria uma má ideia. É algo a se pensar.

- Cala a boca! – Gritei e senti meu rosto corar com o seu comentário. – Droga Harry, eu vou me atrasar por sua causa. – Mirei o relógio e deixei o quarto correndo.

Tomei banho o mais rápido possível e desci para tomar café. Papai e Anne já haviam saído. Estava só eu e o tarado em casa. Comi desesperadamente minhas panquecas e peguei minha mochila no sofá.

- Aonde você vai? – Harry descia as escadas.

- Vou embora, não está vendo? – Terminei de arrumar a bolsa nas costas. – Só estou levando o essencial. – Apontei para a mochila.

- Eu não caibo na sua bolsa.

- Eu sei Harry. As porcarias a gente deixa em casa. – Sorri e ele balançou a cabeça abafando um sorriso.

- Me espera, eu te levo de carro. – Ele sentou-se para tomar café.

- Quando Harry? Depois que você devorar toda a comida, a mesa e as cadeiras? – Parti em direção a porta. – Não, muito obrigada.

Tomei o primeiro ônibus que vi pela frente. Queira Deus que essa lata velha chegue com tempo de ver a primeira aula. A melhor aula de toda a semana é na segunda. Minha única razão de ir contente para o colégio.

Luke Evans, meu professor preferido de todo o continente europeu, foi engajado para as primeiras aulas de segunda. Um colírio inglês em pleno o inicio da semana. Como não amar isso? Ele ensina Química. Oh Deus, como eu gostaria de ter uma ligação molecular com ele. É uma pena que estamos na reta final do semestre. Sentirei falta de olhar em seus lindos olhos azuis. Puta merda, a sua expressão lembra-me o Logan Lerman!

- Com licença professor. – Falei timidamente enquanto procurava minha cadeira. A maldição do Harry já estava na sala. Como esta coisa chegaste primeiro que eu? Veio voando em sua vassoura? Draco Malfoy!

- Pois não Manuela. – O professor deus grego deu um meio sorriso e eu sentei toda boba em meu assento.

A aula foi perfeita como sempre. Fora o fato de eu não me concentrar totalmente no conteúdo por motivo de força maior, digo, pessoa melhor. Consegui assimilar o suficiente e talvez com uma pequena revisada, não estarei em apuros na prova final.

- Ei monstra, cheguei antes de você. – Harry me perturba enquanto coloco meus livros no armário.

- Eu percebi. – Falo com desdém. – Onde você escondeu a Nimbus 2000? – Me virei para encará-lo.

- Nimbus 2000? – Franziu o cenho.

- A vassoura do Harry. – Eu explico.

- Minha vassoura? – Seus pensamentos de distanciam como se ele tentasse entender a minha afirmação. – Mas eu vim de carro. Como assim vassoura? Eu não tenho uma.

- Esquece Harry. Você é muito lerdo para entender. – Eu ri e dei um soco leve em seu ombro.

- Estou indo pegar o lanche, por favor, não me siga. – Estalei.

- Por quê? – Ele sorriu.

- Não me misturo com a nata do colégio. – Dei de ombros.

- Esqueci que ninguém quer ficar perto de você. – Ele disparou.

- Você tem sua parte de colaboração nisso. – Merda Harry, você poderia ter usado uma frase melhor. Magoou.

Dou as costas e largo Harry plantado no corredor. Ele sempre consegue falar besteira para me machucar. Ás vezes eu suponho que ele veio como um castigo por as coisas que cometi nas minhas vidas passadas. Nossa convivência é um caos.

(Tu Amor - RBD)

Quase todas as mesas da cantina estão ocupadas. Exceto uma, a minha. Eu e minha solidão arrastamos nossas bandejas de lanche e comemos a gororoba silenciosamente. Observo ao meu redor. Certamente não terei muito que contar aos meus netos sobre minha vida estudantil maravilhosa e repleta de amigos. Eu mexo o mingau de milho vagarosamente, preparando meu estomago psicologicamente para aceitá-lo. Está tão quente. Eu inclino a cabeça para soprá-lo. Alguém empurra a solidão da cadeira, fazendo-a cair ao chão. Eu continuo soprando a papa mole e dou um olhar de relance para descobrir quem foi o rejeitado que sentou perto de mim.

- Oi Manuela.

Puta merda, professor Luke!

Assusto-me e dou um mega sopro no mingau. O troço respinga em minha cara. Oh Deus, que mico!

- Você está bem? – Ele olha-me preocupado como se pensasse “Essa garota é louca”.

- Estou bem professor. – Gaguejo morrendo de vergonha.

Luke Evans pega o seu guardanapo e me oferece.

- Não precisa, eu tenho um aqui. – Eu sorrio timidamente enquanto desdobro o pano e passo no rosto. – Melhorou? – Pergunto.

- Sim. – Ele mostra seus dentes brancos em um belo sorriso. – Tem só um pouco aqui. – Ele aponta para o canto de seu olho esquerdo. Eu acho que é esquerdo, bom, não tenho tanta certeza. Eu passo deliberadamente o guardanapo no meu olho. Luke sorri mais uma vez como se eu estivesse fazendo tudo errado. Eu estou?

- Pronto? – Pergunto.

- Bom, é... – ele tomou o pano de minha mão. – Deixa que eu a ajudo.

Cristo, o professor Logan Lerman esfregou suavemente minha pele com o guardanapo. Senti meu rosto atingir a temperatura de 90ºC. Meu coração disparou freneticamente. Estou à beira de um ataque cardíaco. Olho os alunos ao meu redor, eles estão nos olhando também. Puta merda vão me zoar pelo resto do ano.

- Assim está melhor. – Luke sorri concluindo seu trabalho. Retribuo com um breve sorriso de agradecimento.

Quando retorno ao meu armário para pegar os livros da próxima aula, percebo os olhares e sorrisos que os estudantes jogam para mim. Eles cochicham e dão risadinhas. Sei que o motivo da piada interna entre eles é a anta desastrada chamada Manuela. Os deboches não cessam até o momento em que toca o sinal encerrando a aula. Quero ser abduzida por alienígenas. Abdico a ideia de ir para casa de ônibus. Seria como pedir para que continuem zombando-me. Vou em direção a Harry que já está sentado na cadeira de motorista do carro. Será a primeira vez que suplicarei por uma carona.

- Harry posso ir com você? – Peço em tom amigável.

- Minha vassoura não suporta duas pessoas. – Ele estala sério.

- Desculpe. – Olho para minhas mãos.

- Por que não pede para o seu professor levá-la para casa? – Ele vira-se para me olhar.

- Harry, eu... – Eu o olho perplexa. – Deixa pra lá. – Saio em direção à rua.

- Ei, espera. – Ele grita ao longe.

Maldita hora em que eu fui pedir logo para o imbecil me levar para nossa casa. Deveria ter previsto que ele viria com suas piadinhas. Eu o detesto. Detesto porque nunca me ajuda em nada, detesto porque fez com que as pessoas se afastassem de mim, detesto porque até meu pai dá mais atenção às bobagens dele.

Eu resolvo pegar o ônibus. Sei que surgirão comentários maldosos, mas vou ter que enfrentá-los querendo ou não. Não haverá escapatória.

- Manuela e o professor Luke se amam. – Alguém sentado no fundo faz o favor de gritar. Todos começam a rir.

- Quando será o casório Manu?

- Ele beija bem?

- Há quanto tempo vocês namoram?

As perguntas não paravam. O caminho torna-se cada vez mais comprido. Eu queria descer e andar. As insinuações iam ficando piores. Eu gostaria de pedir que parassem. Eu estava me sentindo mal. Chorar, eu quero chorar. Meus olhos ardem e as lágrimas descem descontroladamente.

- Ei gente, parem! Ela está chorando. – Uma garota ao meu lado gritou.