Fanfic: # 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você | Tema: Laliter

Pvo Lali

E então, quando eu pensei que aquilo não poderia ser pior, veio o golpe mortal. Uma loirinha - que eu já tinha visto em algum lugar - se aproximou e abraçou Peter por trás. Minha reação foi imediata. E evidente, porque Gas me enlaçou pela cintura e me afastou alguns passos. Sussurrando no meu ouvido.

- Respira, Lali. Calma.

Mary também disse baixinho.

- Estamos aqui do seu lado.

Mas meus olhos não conseguiam se desviar dos dois abraçados. Peter a segurava nos braços, sorrindo para a menina, como se eu não existisse mais. A energia e cumplicidade entre eles era visível. O que era aquilo que eu estava sentindo? Uma dor incrível, pavor, horror. Como se algo dentro de mim tivesse se partido ou quebrado. Não, como se tivessem me arrancado algo. A minha alma. Aquilo tudo me dava vontade de vomitar. Os dois continuavam a se fitar sorridentes, sussurrando baixinho, se olhando nos olhos. A menina beijou ele no cantinho da boca. Não pude fazer nada, ele não era meu. Nunca tinha sido. Tive quase certeza disso ao lembrar, aquela era a menina da Farme. A mesma que Peter tinha beijado no bar, no dia em que se recusara a ir para a minha casa, que era sua namorada. Antes, durante e depois de Paris, da noite no apartamento minúsculo de Peter, das minhas ridículas juras de amor. Aquela era a menina com quem ele estava de verdade. Eu não passava de um degrau na escada que ele pretendia subir. Meu único impulso, foi fugir dali. Me afastei rapidamente. Conseguindo manter um sorriso no rosto, mesmo sem saber como. Incrível como naquele momento, tudo parecia absolutamente sem sentido.A única coisa que eu tinha certeza era que não sabia mais nada. Ver Peter agarrado com aquela menina, namorada dele de verdade tinha gerado uma explosão, uma sensação de perda terrível, incontrolável. Continuei a andar até já estar no meio das árvores, e a música e o ruído das pessoas se tornar irreal, como um sonho distante. Só então me permiti desabar. As lágrimas escorrendo livremente pela minha face. Eu soluçava em um choro desesperado.
Completamente imersa no mar de sentimentos onde me afogava, não ouvi os passos que se aproximaram. Me assustei com a vozinha de criança muito próxima, de uma suavidade preocupada.

- Cê tá bem, tia?

Olhei para baixo. Para a menininha franzina de boina, vestido, meia-calça e botinhas rosa - não parecia ter nem seis anos de idade - que me observava com uma curiosidade que não tentava disfarçar. A resposta veio sem pensar.

- Estou.

Mas ela não pareceu acreditar. Retrucou.

- Tá doendo?

Me abaixei até meus olhos ficarem na mesma altura dos dela. Ela era muito pequena, mas estranhamente, passava uma vivência um pouco além da idade no olhar. Achei graça na minha idéia. Estava realmente dominada por um sentimentalismo terminal.

- Um pouco.

- Mas passa. - a frase, dita com uma segurança quase adulta, me fez sorrir. E a menininha sorriu de volta. - Seu cabelo é bonito..

Só então reparei que por debaixo da boina, ela não tinha nenhum. Com uma perspicácia que me surpreendeu, ela imediatamente respondeu - apesar de eu não ter feito pergunta alguma.

- Eu fiquei doente. Mas já tô boa. Mamãe disse que logo logo vai crescer de novo.

- Melhor você voltar pra festa, Alice. Sua mãe tá te procurando.

A voz de Peter soou atrás de mim, fazendo com que eu limpasse as lágrimas. A menina se pendurou em meu pescoço num abraço apertado antes de me beijar e sair correndo de volta ao churrasco. Eu nunca tinha tido contato com crianças, a não ser quando eu era uma. Me levantei absolutamente sem jeito. Dolorosamente consciente de que Peter me observava. Me sentindo desprotegida, despida, sem defesas, como se a qualquer momento pudesse voltar a chorar.

- Quem é essa menina?

Peter pareceu surpreso. Demorou alguns instantes antes de responder.

- A Alice é filha da Cande. Ela teve câncer, fez quimioterapia. Mas agora já está bem.

- Eu não sabia..

- Por que saberia? Você nunca se importou com ninguém em toda a sua vida.

Detestava demonstrar qualquer tipo de emoção ou sentimento, mas naquele momento, era impossível me conter. As palavras foram praticamente cuspidas. Com uma fúria que me deixou ofegante e trêmula.

- Você o Sr. Bonzinho. Você me enoja, sabia? Eu posso ser tudo, menos dissimulada e fingida. E nunca faria com ninguém o que você fez comigo.

Ele me lançou um sorriso irônico. Cínico, ao dizer.

- Pensei que você estivesse gostando e aproveitando. Que quisesse me agradecer..

Não consegui me conter. Meus olhos ensoparam, não consegui conter as lágrimas. Chorei, na frente dele. Parecia que as palavras iam explodir dentro de mim se eu não dissesse.

- Eu acreditei em você! 

Tadinha da Lali,o que vocês acham??ela mereceu um pouco mais me partiu o coração.

Bom esse é o último de hoje, hasta la vista,baby

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