Fanfic: # 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você | Tema: Laliter

Pov Peter

Pedi que ela sentasse, prontamente obedeceu antes de perguntar disparadamente.

- Podemos conversar?

- Claro que podemos - fixei o olhar preocupado - Aconteceu alguma coisa?

- Sim. - disse já com lágrimas nos olhos - Eu fiz uma coisa horrível!

- Como assim, o quê você fez?

- Não agüento mais conviver com essa culpa.. - chorou mais. Sai da minha cadeira e amparei-a nos meus braços.

- O que está acontecendo, Cande?

- Fui eu. Eu quem vendi as capas para a concorrência! - disse sem rodeios.

- Hum? - fitei-a como se eu não tivesse ouvido direito. A ficha foi caindo aos poucos. Soltei-a. Dei a volta na mesa indo de volta a minha cadeira. Como assim, ela vendeu? Cande era uma funcionária acima de qualquer suspeita. Nós confiávamos nela. Como foi decepcionante ouvir dos lábios daquela mulher que eu tanto estimava a confissão da traição. Lembrei-me imediatamente de Lali. Do momento que ela foi comunicada sobre a troca de cargos.

Deixei meu corpo cair lentamente sobre a minha cadeira. Coloquei a mão na face como se não acreditasse no que tinha ouvido. Balancei a cabeça numa negação dolorida tentando olhar para frente e encarar alguém que nos apunhalou pelas costas.

- Por quê? - fixei o olhar. Cande sentou-se na cadeira de frente pra minha. Apesar da dificuldade que era compreender uma atitude como aquela, a todo o momento meu lado racional me dizia que eu precisava ouvir as razões daquela mulher. Lali não deu ouvido às minhas razões e a nossa guerra se estendeu por todos esses meses fazendo o nosso coração sangrar pela angústia de um amor que não podíamos viver.

- Quando eu entrei nessa sala e falei para dona Lali sobre o problema da minha filha.. - uma breve pausa para enxugar as lágrimas - Ela sequer ouviu, pegou o telefone e começou a fazer uma ligação. Sequer olhou para a minha cara. Eu estava desesperada. Minha filha estava morrendo. Eu não tive saída. Juntou o desespero e a raiva que eu sentia daquela mulher cruel e fria que jamais se importou com qualquer um de nós.. - entreguei a ela um lenço de papel - Obrigada. Bom.. - Cande tomou fôlego - Movida pela raiva eu procurei a diretora de redação da revista concorrente. A mulher era inescrupulosa e aceitou a proposta na hora. Pagou uma bela quantia pelas cópias das capas. Eu consegui pagar parte do tratamento com o que recebi, e fiquei de levar outras capas, mas..

- Mas..? - ao percebê-la hesitante, fiz um gesto para que ela continuasse o relato.

- Você assumiu a presidência e eu não consegui mais ser desonesta com a revista. Estou muito arrependida, acredita em mim. Você foi um anjo me dando o restante que faltava para o pagamento do tratamento da minha filha.

- Olha, Cande. O que você fez é crime! - passei a mão na face. Esfreguei os olhos. - Tenho que falar sobre isso com a Lali.

- Não, Peter! - disse quase num grito. Sua face aterrorizada me dava pena - Ela vai me despedir. Preciso do emprego. Tenho uma criança para criar!

- Não sei o que dizer. Acredito no seu arrependimento, mas, arrependimento não basta, entende? Você nos apunhalou pelas costas, Cande! Como poderemos confiar em você novamente, me diz? - parei de falar por uns segundos. Ela baixou os olhos. Eu estava sentindo exatamente o mesmo que Lali quando roubei o seu cargo. É um misto de desconfiança, frustração e mágoa. Toda a admiração que eu nutria por Marina fora comprometida naquele instante. - Preciso ficar sozinho e pensar.

- Não conte para a dona Lali, por favor. - levantou-se ainda chorosa - Preciso do emprego, senhor Peter. Estou arrependida, e é um arrependimento sincero. Se eu pudesse voltar atrás jamais faria o que fiz novamente. Consegue me entender? - disse quase desesperada.

- Eu sei como se sente. - disse também com lágrimas nos olhos.