Fanfic: # 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você | Tema: Laliter

Olhei bem dentro dos olhos da loira. Ela estremeceu. Sorri, satisfeita com a reação. Então falei:

- Vou ser direta, tô louca por você.

A loira suspirou fundo. Depois, inacreditavelmente, se afastou, dizendo:

- Sinto muito, mas amo minha namorada. Não vou ficar com você!

Aquilo me atingiu, me fez agir diferente de sempre. Não insisti. A loira se levantou e foi ao encontro da namorada, me deixando sem saber o que pensar nem o que fazer. Sem entender nada, Mary se sentou ao meu lado na mesa.

- Que houve, me explica?

Respondi simplesmente.

- Ela não topou.

Sacudindo a cabeça como quem não acredita. Penélope falou:

- Como assim? Ela tá louca?

Um sorriso triste se formou involuntariamente em minha boca.

- Acho que sim. Louca de amor.

- Coitada! Que horror! – Mary comentou.

As palavras saíram da minha boca sem querer. Como se eu pensasse alto, um tipo de pensamento que para mim nunca tinha existido.

- Será que o amor existe? Será possível que duas pessoas possam mesmo ser felizes juntas?

A loira riu. E debochou.

- Meu Deus, Lali. O que é isso? Será que você bebeu demais? Filosofia barata não combina contigo. Essa coisa de amor é tão infantil..

Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, mais um casal parou bem em frente a nossa mesa. Levantei os olhos e me deparei com uma morena de parar o trânsito. Olhos verdes, cabelos lisos e negros abaixo dos ombros, e levemente ondulados nas pontas. Abraçada com uma menina. A abusadinha me olhou bem na cara. E perguntou:

- Conheço você de algum lugar.. você é a dona daquela revista famosa, a "FASHION", não é mesmo? Meus vizinhos trabalham pra você, Rochi e Juan Pedro, conhece?

- Ah, é? Nem conheço.

Foi só o que pude responder, levantando a sobrancelha e fingindo indiferença. No fundo, absolutamente surpresa. E me sentindo vulnerável, além de todos os meus limites. A outra sussurrou no ouvido dela, alto o bastante para que eu ouvisse.

- Duda, vamos, deixa ela em paz.

A morena sorriu. Olhou para a outra e os olhos dela brilharam. O que era aquilo? O dia de pagar todos os meus pecados? Só podia ser brincadeira. A garota continuou, com um sorriso indecifrável.

- Mas a senhora não deve nem esbarrar com eles pelos corredores. É chique demais, não é verdade?

- Aquele seu assistente o tal de Peter, é desse que ela tá falando?

Mary tinha que falar? Não poderia simplesmente ficar calada? Ainda fui obrigada a ouvir, enquanto as duas grudentinhas se afastavam.

- O que foi isso Duda? Não entendi nada..

- Só pra ver se essa jararaca se toca, Gaby. Outro dia eu estava conversando com a Rochie ela me disse que essa aí tá acabando com o Peter...

O resto da noite para mim passou como se uma estranha névoa embaçasse meus olhos. Como se as coisas acontecessem a minha volta e não fossem reais. Pior ainda; como se o controle não estivesse mais em minhas mãos.

Saí da boate imediatamente, precisava de um lugar menos atordoado. Mary veio atrás de mim, ficamos a noite toda dentro do carro, caladas. Pela manhã, ela me olhou com pena. Acariciou meu rosto como se eu tivesse uma doença grave. Insistiu em ir comigo para a revista, depois que passei em casa para me trocar. Concordei, porque não queria ficar sozinha - era ridículo, mas verdade - e seria uma ótima forma de manter Peter afastado. Entramos direto na minha sala. Ainda era cedo, mas Cande, como sempre, já me esperava.Mary sentou na minha mesa, com as pernas cruzadas. Levantou os óculos escuros, e disse na minha cara.

- Lali, minha querida, você está apaixonada. E pelo empregado. Isso é grave..

Tentei negar.

- Que absurdo! Não é verdade.

Ela riu. Como se eu tivesse contando uma piada. E contestou.

- Tá na cara, linda, inegável!

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