Fanfic: # 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você | Tema: Laliter

*On Lali

Na semana seguinte mandei Candela chamar Peter em minha sala. Se Cande achou esquisito, não disse nada, talvez estivesse pensando que eu ia demitir o garoto. Quem sabe?

Quando ele entrou, ficou parado perto da porta, como se quisesse ir embora.

- Sente-se.

Foi uma ordem. Que ele num ato obedeceu. Nem esperei ele se acomodar - ou melhor, tentar, porque aquela era a cadeira que eu adorava. Que fazia a pessoa afundar e ficar toda torta e encolhida. Nunca me cansava daquilo, era simplesmente divertidíssimo. Fui logo dizendo:

- Resolvi te dar uma chance. Dê uma olhada.

Empurrei alguns papéis - na verdade um contrato - na direção dele. Peter leu atentamente. Parecia sem palavras. Tentei analisar a reação dele, mas não consegui.

- E então? O que acha?

Ele ainda demorou um pouco a responder. Parecia não estar entendendo direito.

- Você.. quer dizer, a senhora, tá me oferecendo o cargo da Rochi?

- Exatamente!

- Por quê?

Os olhos dele mergulharam nos meus. Com uma estranha, doce intimidade. Que fez o tom da minha voz se tornar quase suave.

- Você é melhor do que ela.

Sem quebrar o contato hipnótico dos olhos, ele insistiu.

- E o que acontece com ela, se eu aceitar?

- É demitida, claro.

Peter passou a mão no rosto. Não como se estivesse num impasse. Como se não acreditasse. Sacudiu a cabeça negativamente, claramente me reprovando. E riu, antes de responder.

- Não posso aceitar.

- Por quê?

- Tenho ética. Nunca passaria uma rasteira dessas em alguém.

A atitude por si só já era louvável. O salário era mais do que o dobro do que ele ganhava. Fora outros benefícios e ter um cargo estável na revista. Era uma grande oportunidade. Irrecusável se não se tratasse de Juan Pedro.

Não pude deixar de abrir um sorriso. Ele me olhou sem entender nada. Só eu entendia que ele tinha passado no último teste, e estava aprovado, porque, além de talentoso e inteligente, o rapaz era confiável.

Abri uma de minhas gavetas. Puxei de dentro dela um outro contrato. Disse, indicando os papéis que ele ainda segurava.

- Pode jogar isso fora.

Ele prontamente obedeceu. Entreguei o novo contrato pra ele, que passou os olhos pelas páginas e aí sim, ficou completamente sem palavras. Por alguns minutos apenas:

- Você.. desculpe, a senhora quer que eu seja seu assistente?

- Meu aprendiz, na verdade. O salário é o triplo do seu. E também o trabalho. Preciso de dedicação total.

Ele me olhou. Dessa vez como se eu estivesse pedindo que ele me vendesse a alma. Quase isso, na verdade. Mas era irrecusável. E ele aceitou.

- Ótimo. A partir de amanhã você já pode mudar suas coisas para a sala ao lado.

Apontei a porta interna que ligava as duas salas.

- Pode ir.

Ele fez que sim com a cabeça, pensativo. Me analisando, na verdade. Depois se levantou, e saiu. Me deixando com uma sensação estranha, quase uma ansiedade.

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