Fanfic: ♥ A Prisioneira do Pirata - Adaptada ♥ Finalizada ♥ | Tema: Vondy

- Christopher, meu formoso lobo do mar, mal o reconheci! De maneira que fizeste a barba. Agrada-me... Sempre soube que me agradaria.

- Faz tanto tempo que não nos vemos, Beli - disse Christopher afetuosamente.

Dulce se voltou, confusa, e viu a uma mulher com desordenados cachos loiros que caíam a suas costas. Estava vestida como um homem, mas suas calças estavam cortadas mais perto dos joelhos, e mostravam desavergonhadamente umas longas e belas pernas. Até levava uma espada pendurada no quadril, e também um longo chicote. Estava parada com atitude orgulhosa no meio da sala, olhando a Christopher.

- Deus meu! Mal posso acreditar o que fez com esta velha casa. Se não o conhecesse melhor, pensaria que aqui há um toque de mulher - prosseguiu a loira -. Que filho de uma cachorra! Não terá trazido aqui a essa viúva, não é? Ou finalmente o convenceu a casasse com ela?

- Basta, Beli - a interrompeu Christopher, ao ver Dulce parada na porta do fundo - Marian não está aqui, nem nunca esteve.

- Muito bem. Dessa maneira perde ela e ganho eu - riu Beli -. Faz muito que desejava passar algum tempo só contigo. Nos trancaremos durante dias em teu cálido dormitório, e ao diabo com minha tripulação!

- Não mudou - riu Christopher -. Está tão imoral como sempre.

- A você não o agradava de nenhuma outra maneira, não é, meu amor? Agora quero que me saúde como mereço antes que comece a pensar que se gastou com essas rameiras do povoado.

Dulce tinha um nó no estômago, e sabia que não era pelos movimentos de seu filho. A mulher de cabelos loiros jogou os braços ao redor do pescoço de Christopher e acercou sua boca à dele. Beijou-o apaixonadamente, e... Ele desfrutava desse beijo, devolvia-o de muito boa vontade.

Quando alguém lhe tocou o braço, Dulce se estremeceu, voltou-se e viu um homem de aspecto rude com uma brilhante cabeça calva. Não levava sapatos, e só uma camisa aberta cobria em parte seu peito nu. Dulce reconheceu de imediato a expressão em seus olhos escuros.

- Sabia que teria que esperar muito tempo no povoado, de maneira que vim aqui pedir um pouco de comida, e olha com que me deparo. - Falava mais para si mesmo do que para Dulce enquanto seus olhos percorriam o corpo dela -. Há outras como você por aqui, ou terei que compartilhá-la com os outros marinheiros?

Dulce se perguntou se Christopher se preocuparia em resgatá-la esta vez, ou se estaria demasiado ocupado na outra sala... Decidiu tratar de raciocinar.

- Monsieur, estou grávida! Sem dúvida você pode vê-lo, não é?

Ele a obrigou a acercar-se, com um sorriso de luxúria em seus lábios.

- O que vejo é muito melhor do que qualquer outra coisa que tenha visto no povoado! Faz muito que não estou com uma mulher branca.

- Deixe-me, monsieur, ou gritarei - disse rapidamente Dulce subindo o tom de voz.

- Bem, espero que não faça isso, porque poderia aborrecer a minha capitã. A ela lhe agrada ver como os demais se divertem, mas creio que agora se está ocupando dela mesma.

Dulce se libertou da mão de homem e pôs-se a correr, mas quando o homem começou a persegui-la Christopher o viu. O homem se lançou sobre Dulce e a tomou por um braço para atraí-la novamente para ele. Ela gritou com voz aguda, mas Christopher já estava ali. Afastou o homem de Dulce, e se interpôs entre os dois.

A loira tinha seguido Christopher, com uma máscara de fúria no rosto. Mas antes que pudesse dizer algo, o enorme punho de Christopher descarregou sobre o rosto do homem, que caiu ao solo com o nariz fraturado. Enquanto o homem levava a mão ao nariz, o sangue emanava entre seus dedos e corria por seu peito nu. Seus olhos estavam cheios de terror ao olhar para Christopher.

- Maldito seja, Christopher! - gritou a mulher chamada Beli -. Não tem direito a tratar assim a um de meus homens! Voltou...?

Interrompeu-se bruscamente ao ver Dulce. A grande casa se encheu de um abominável silêncio enquanto as duas mulheres se olhavam pela primeira vez, e os turbulentos olhos verdes de Dulce se encontraram com os olhos cinza aço da outra mulher.

- Quem é? - perguntou Beli. Christopher riu e disse.

- O nome desta senhora é Dulce. - Beli se pôs furiosa.

- Ao diabo! Não me importa seu nome! Que faz aqui? E se meu homem a deseja por que o detive? - Christopher entrecerrou os olhos.

- Isso poderia ter sido evitado, Beli, se me tivesse dado oportunidade de falar antes. Agora, em mudança, direi a seu homem. - Se voltou para o homem, e seus olhos pareciam de gelo. - Como em sua cara há uma prova de minhas palavras, a mensagem terá mais peso vindo de você. Dulce não é a única mulher branca que há na ilha. Há outras... Sua mãe e sua velha criada... E está proibido de tocá-las. Mas esta, especialmente, está a meu cuidado - disse, apontando Dulce -. Matarei a qualquer que se lhe acerque dela. Transmita minha advertência a todos seus colegas e será melhor que prestem atenção ao que digo!

O homem conseguiu pôr-se de pé e saiu o mais rapidamente que pôde pela porta do fundo.

- Que quer dizer com isso de que está a teu cuidado? - perguntou Beli com o corpo rígido de fúria.

Dulce falou antes que Christopher pudesse responder, com um meio sorriso nos lábios.

- Christopher foi muito amável ao escolher as palavras, mademoiselle. Deveria ter dito que sou sua propriedade.

- Se casou contigo? - perguntou Beli, assombrada.

- Não.

- Então é uma escrava! - riu Beli -. Teria que ter sabido.

- Uma escrava com poucas obrigações, mademoiselle - lhe sorriu Dulce -. Em realidade, só sirvo a Christopher na cama.

Dulce saiu da sala sem voltar a olhar a expressão divertida de Christopher. Tinha ganhado muito pouco com o disse a esta mulher, exceto que agora estava furiosa com Christopher. Mas, quanto tempo duraria isso? Quanto tempo passaria até que ele voltasse a beijá-la?

Beli era formosa, e suas formas eram esculturais. Agora que Dulce tinha perdido sua figura esbelta, Christopher iria a Beli para satisfazer seus desejos? Dulce lhe tinha dito muitas vezes que procurasse outra. Seguiria agora seu conselho? Lhe diria que saísse de seu quarto para poder compartilhá-lo com essa mulher de cabelos loiros? E por que este pensamento a magoava tanto?

Dulce se voltou para a esquerda ao chegar ao alto da escada em lugar de ir para seu próprio dormitório, deteve-se um momento a olhar com expressão ausente pela janela a pequena selva verde da sacada. Agora se abriam ali as flores do verão, com formas e tamanhos diferentes sobre o fundo verde.

Se perguntava por que Thomas não lhe teria trazido sua fruta esse dia, e por que a casa estava tão vazia quando ela desceu as escadas, mais cedo. Ao menos uma das duas criadas nativas costumavam estar cozinhando nesses momentos, e sempre se viam membros da tripulação de Christopher descansando na cozinha. Onde estavam todos?

De repente Dulce temeu que sua mãe não estivesse também na casa. Percorreu apressadamente a pequena distância até o quarto de Blanca e abriu a porta, sentindo-se aliviada ao ver sua mãe olhando pela janela.

- Ao menos você está aqui - suspirou Dulce.

Blanca se afastou da janela, com gesto preocupado.

- Vi alguns homens que corriam para o povoado.

- Sim, eu também os vi. Parece que temos visitantes - disse secamente Dulce enquanto acercava uma cadeira à de sua mãe -. Mas, onde estão todos? Quando desci faz um momento, encontrei a casa vazia.

- Isso foi obra de Christopher - replicou Blanca com certa irritação -. Quando desci esta manhã, depois da conversa que tive contigo, pediu a mim e a todos os demais que nos fôssemos da casa.

- Por que terá feito isso?

- Disse que queria estar só, mas atuava de forma muito estranha. Não nos ordenou que saíssemos; pediu-o cortesmente. Eu não entendia por que tinha mudado assim - disse Blanca -. Mas, de qualquer jeito, as criadas foram ao povoado com Mayte para visitar a seus pais, e Christian levou Madeleine para mostrar-lhe a casa que está construindo. Eu não tinha vontade de sair, de maneira que vim para meu quarto, quando vi esses homens, tive medo de descer, porque poderia provocar a ira de Christopher.

- Assim teria sido, porque o teria perturbado - replicou Dulce.

- Então lhe disseste a verdade? Agora tudo irá bem?

- Não, mamãe. Não estava atendendo a mim, mas sim à capitã desses homens que você viu.

- Uma mulher manda nesses marinheiros tão rudes? - perguntou Blanca com seus olhos verdes muito abertos.

- Sim, e é muito formosa. Ouvi-a falar com Christopher. Faz muito tempo que a conhece, segundo parece, e foram amantes. Ela só veio para estar com ele - relatou tristemente Dulce.

- Ainda que o que diga seja verdade, esquece que Christopher a deseja - lhe recordou Blanca.

- Já não; vi-o beijá-la, mamãe. Agradava-lhe. E olhe para mim. Acredita que poderia escolher meu corpo sem forma quando tem perto o esbelto corpo dela?

- Pensa em capitular? Admitiu que o deseja. Então, lute por ele!

- Não tenho com que lutar.

- Vai dar-lhe um filho! Diga-lhe a verdade.

- Isso pensava fazer, mas agora é demasiado tarde, porque ela está aqui. Ele pensará que minto... Que tenho ciúmes dela.

- E é assim? - aventurou Blanca com suavidade -. Está com ciúmes dessa mulher?

- Talvez. Enfureceu-me que ele a beijasse. Me senti doente. Mas é só porque faz demasiado tempo que Christopher só está comigo.

- É essa a única razão?