Fanfic: Vizinhos Íntimos-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

Alfonso a ignorou e virou-se para sair da casa. Anahí sabia que fora longe demais. Acompanhou-o até a porta, desejando saber o que falar para remediar a situação. Segurou a porta para Alfonso.

- Caso você necessite de mais algum conserto, avise-me.

- Está bem. E... muito obrigada.

Anahí o viu partir. Só depois percebeu que ainda tinha a chave de fenda no bolso.
- Espere! - chamou.

Assim que ouviu o chamado, Alfonso se virou e deu de cara com Anahí, que viera correndo ao seu encontro. Com o coração disparado e sabendo estar ridícula no meio do gramado com roupão de banho, ela teve um impulso, irracional, de não deixar Alfonso partir.

Antes que pudesse abrir a boca para falar, ouviu uma voz chamá-la da janela do quarto.
- Mamãe?

Os dois de voltaram para a casa.

- As garotas acordaram - notou Alfonso.

-Sim.

- É melhor você ir vê-las.

-Sim.

No entanto, Anahí continuou imóvel, fitando os olhos de um verde penetrante. O que Alfonso estaria pensando? Queria tanto saber, que apenas o orgulho a impediu de perguntar.

- Vá, Anahí - pediu ele, mas antes lhe ajeitou o roupão.

A simples frase lhe falou muito mais do que qualquer resposta que Alfonso pudesse ter lhe dado. Dizia que talvez ele não fosse tão imune quanto aparentava e quem sabe...

- Mamãe...

- Estou indo, queridas! Alfonso, você esqueceu a chave de fenda.

Ele sorriu ao olhar para a ferramenta. Por algum motivo que não soube explicar, a expressão a incomodou bem mais do que sua aparência desleixada. Era como se Alfonso soubesse que ela usara a chave de fenda como desculpa para encontrá-lo de novo. De repente, Anahí virou-se e correu para casa.

- Obrigado - gritou ele.

O orgulho falou mais alto. Anahí fingiu não ter escutado.

A água gelada chocou-se contra sua pele quente. Alfonso mergulhou na imensidão azul e ficou até não poder mais. Tinha de encontrar uma maneira de apagar aqueles pensamentos.

Surgiu na superfície, arfando, inalado o precioso ar.
Tudo estava quieto, a não ser pelo som da água. Então ficou a boiar, batendo as pernas e indo a lugar nenhum.
A lua cheia parecia brilhar direto sobre ele. Podia sentir os raios do luar entrando em cada poro.

Levantou os braços e mergulhou mais uma vez, nadando rápido em direção à jangada próxima ao centro do lago. Saiu da água e deitou-se em cima da ilha flutuante. Passou as mãos no rosto.
Nu e sozinho, fitou o céu estrelado. Estudou os astros por um longo tempo, como se estivesse observando uma obra de arte em um museu.

A busca por sua alma não era novidade. Já se engajara nesse exercício infinitas vezes, na maioria delas quando se entregava ao lago. Em algumas ocasiões, punha-se a conversar com o céu, as estrelas, o universo. Com Deus. De vez em quando encontrava conforto, outras, um motivo. E essa era uma dessas noites vazias quando não encontrava uma resposta.

Seu corpo se arrepiou com a brisa da noite. Não se importava, aceitava ao calafrio como um pequeno pagamento pela privacidade. Virou-se de costas e começou a remar.
O chalé estava silencioso, tão quieto quanto a noite. As gêmeas dormiam, bem como a mãe.

Anahí...

Uma suave brisa soprava ao norte, acariciando lhe o rosto, sussurrando-lhe o nome no ouvido:

Anahí... Anahí...

Alfonso fechou os olhos e deixou-se levar por um desejo abafado havia muito. Estava apenas adormecido, esperando pela pessoa certa que acenderia a chama.

Anahí...