Fanfic: Vizinhos Íntimos-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

Mas ela não respondeu, decidiu ignorá-la. Pegou o vestido amassado e dobrou-o com todo o cuidado. Seu coração se apertou quando Anahí ouviu os passos de Alfonso se afastando. Ele ia embora.

"Bem, o que você queria, Anahí? Que Alfonso ficasse o dia inteiro parado do lado de fora do banheiro, esperando que você lhe desse uma chance para se explicar, para dizer que se expressara mal? Que a amava com a mesma intensidade com que você o ama?"

Sim, era isso o que queria.

A batida da porta indicou-lhe que Alfonso se fora. O homem que despedaçara seu coração. Hesitante, ela abriu a porta e olhou ao seu redor. Ninguém. Foi até o quarto das filhas a tempo de ver que a caminhonete partia, deixando nuvens de poeira para trás.

Não era isso o que queria? Então por que não conseguia parar de chorar? Como um autômato, ela saiu do dormitório das meninas e foi para o seu. Tirando o roupão do armário, vestiu-o e desceu as escadas, indo para a cozinha.

Enquanto preparava o café, percebeu que a luz da secretária eletrônica piscava e lembrou-se do telefone tocando. Pressionou o botão e escutou a mensagem.

- Anahí? - disse a voz. - Aqui quem fala é Christian Chávez. Estamos a algumas semanas do início das aulas e eu estava imaginando se poderíamos nos encontrar para tratar alguns assuntos pendentes, como cuidar do horário, entre outras coisas. Bem, pensei em convidá-la para um jantar no próximo sábado. Há um restaurante novo na cidade e todos têm elogiado bastante. Se você puder, me ligue para confirmar.

Antes que pudesse pensar direito no convite de Christian, a secretária começou passar outra mensagem. Era o reverendo Thompson, parabenizando-a por ter sido escolhida como a futura organista da igreja.

Enxugando as lágrimas, Anahí aceitou as duas ligações como presente dos deuses.

"Está certo, Anahí, você fez papel de palhaça. Não é a primeira vez e com certeza não será a última. Alfonso é o máximo, fazer amor com ele foi demais, mas isso não basta. O que você quer é viver. Com esse homem e suas filhas? Encare a realidade, isso é impossível."

Como não tinha percebido isso desde o começo? Será que por achar que existia uma atração entre ambos conseguiria mudá-lo? Que um pouco de conversa e sexo seriam suficientes para destruir uma vida de isolamento que ele demorara cinco anos para construir? Que seria a grande salvadora de Alfonso, tirando-o da reclusão e trazendo-o de volta ao mundo real? Meneou a cabeça. Como pudera ser tão ingênua?
As pessoas não mudam.

Quando se desviara de seus objetivos? Desde a primeira vez que olhara para Alfonso Herrera.

Depois de ter tomado banho e trocado de roupa, sentiu-se bem melhor. Até tentou se convencer de que tudo não passara de aventura sexual. Ela era humana, portanto podia errar. Sendo assim, perdoaria seus atos. Qualquer sentimento que nutrisse por Alfonso não era suficiente para construir uma vida nova.

Anahí abriu o refrigerador. Não brincara quando dissera que estava morta de fome. Preparou uma omelete e torradas. Satisfeita, tomou mais uma xícara de café e passou a arrumara cozinha.

Decidiu que o melhor a fazer era ficar longe de Alfonso.

Sentira-se atraída desde a primeira vez que olhara para ele e tinha certeza de que, quanto mais o visse, mais difícil seria manter-se firme.

Ignorou a dor no coração. "Acabou. Ele não serve para você."

A buzina a trouxe de volta ao presente. As filhas estavam de volta. Anahí pulou da cadeira e correu para a varanda. E seus pais também. Deliciou-se com a volta de todos, e acenou ao vê-los descendo do carro. Enrique sorria de orelha a orelha. Marichelo, por outro lado, estava com a aparência mais azeda do que nunca.