Fanfic: Sleeping

Ele me olhou como se eu fosse uma espectadora. Cheio de dúvida e curiosidade. Eram os olhos de um homem na face de um menino.

Os cabelos negros pareciam fazer parte da noite. A pele alva e de tão bela textura o fazia parecer mais jovem.

-This is bealtiful... - Ele por fim terminou a música enquanto eu certamente o encarava perplexa.

-Olha me desculpa se eu a acordei... Eu realmente não queria ter incomodado-  Ele me olhou de cima abaixo como se verificasse algo.

Foi aí que eu percebi que eu estava de Pantufas e pijama!

-Ah meu deus! – Me desesperei e corri pra porta me trancando na sala, eu só pude perceber o ultimo sorriso dele.

Corri para o meu quarto onde eu deveria gritar e supostamente morrer de vergonha.

-A primeira vez em que eu vejo o príncipe encantado e eu estou assim! Ah! – Falei desesperadamente em frente ao espelho.

Me joguei na cama e enterrei meu rosto no travesseiro esperando que ele estivesse na cidade apenas de passagem.

No meu sonho ele não apareceu. Foi como se das várias vezes que eu havia sonhado com ele, fosse uma recepção. Algo com que eu deveria me acostumar.

Sua presença, no meu sonho não era tão real quanto naquela noite. Os olhos, o cabelo negro e bagunçado, o sorriso...

-Hum... - Resmunguei para o sol ardente em meu rosto.

Pelo visto eu não haveria tido tempo para fechar a cortina.

Levantei-me tentando me concentrar em algo para comer, minha mãe antes de viajar havia deixado a geladeira e os armários abastecidos. Comida rápida e simples.

Peguei uma tigela e a completei com cereais e leite. Um bom café da manhã.

Ao terminar lavei a colher, a tigela e o copo que eu havia bebido água.

Subi novamente para o meu quarto disposta a descobrir que música era aquela.

-Hey get your things is time to go. You make me glad I’m not alone; in silence we hear the tires upon the road - Acho que foi isso o que ele cantou – Eu digitei no google.

-This is beautiful do Tyrone Wells – Hum, boa escolha… a letra é bonita… -

- Isso me parece velho de mais... - Eu estava intrigada demais com aquele intruso.

Ele parecia não se encaixar no meu mundo. Uma borboleta em transição, metamorfose.

Em meu celular haviam 2 mensagens. Era David, o que ele queria dessa vez?

“- P? Você ta viva?”

“-P? Hoje é o dia do campeonato! Você não vem?”

Apressei-me como nunca, eu não poderia perder o campeonato em que meu melhor amigo iria jogar. Era uma obrigação.

David há muito tempo tentara entrar nos jaguares, mas sua altura não era compatível, então ele treinou dias a fio para conseguir chegar ao campeonato escolar de verão.

Eu precisava estar lá por ele, era mais que ir, era apoiar; ele precisava de mim.

Peguei meus patins guardados acima do armário, coloquei rapidamente uma meia, entrelaçando os cabelos em uma trança rápida; era uma corrida contra o tempo.

Peguei um apito e um energético para David, corri até a porta dos fundos verificando se estava trancada e parti até o local do meu interesse.

O ginásio da Windham High Scool; eu podia sentir a pressão dos meus patins sobre a fina camada do asfalto.

O bairro estava praticamente vazio, os jogos eram algo importante na cidade já que a escola foi o palco para tantas atrações.

Cheguei rapidamente ao estagio e fui entrando de patins com ajuda das proteções de rodinha.

Subi na arquibancada já meio lotada, os tambores estavam rufando enquanto eu procurava por um lugar ideal para ver meu melhor amigo jogando.

O caos era etéreo, crianças pulando, bandeiras e enfeites amassados pelo chão enquanto as pessoas procuravam arduamente por uma boa posição na arquibancada.

Sentei-me na terceira, a visão era central e parecia não haver muitas pessoas a minha frente. Comecei a tirar meus patins.

-Ai! Hey cuidado! Olha por onde anda! – Eu gritei marrentinha pro rapaz alto que havia pisado no meu pé ao tentar atravessar pro outro lado.

-Desculpe eu não quis... – Então eu encontrei seu olhar e pude reconhecer o rosto. Era o mesmo rosto, o mesmo cabelo e o mesmo olhar adulto e compassivo.

-Ah, tudo... Bem... É... Esquece... Não doeu. – Fico meio sem graça ao me lembrar da primeira vez que o vi. Eu estava de pantufas.

-Posso me sentar aqui?- Ele perguntou docemente.

-Sim, está vazio mesmo... – Eu me afastei um pouco para ele poder se sentar, terminando de tirar meus patins com vergonha de olhar para cima e encontrar seu olhar novamente.

-O jogo promete não é? – Ele perguntou puxando assunto.

-Ao que parece sim. - Eu disse calçando meu All-star.

-Você é seria. - Ele disse olhando a quadra que estava sendo preparada para receber os jogadores.

-Hum, só um pouco, eu não conheço você. - Eu disse em tom explicativo.

-Desculpe pela falta de educação, Sou Adam, Adam de Palo Morterah. Sei que o nome é difícil... Pode me chamar só de Adam. – Ele falou sorrindo olhando pra entrada do ginásio.

-O meu é Paulie, Paulie Oster Larousse; sinto-me francesa com esse nome. – Disse fazendo uma careta brincalhona.

-Paulie... Hum, eu gostei- Ele sorriu e pegou um pacote de alcaçuz no bolso do casaco.

-Quer um?- Ele me ofereceu educadamente.

-Não obrigada, eu fico ansiosa quando como isso... - Sorri ao admitir minha fraqueza.

-Ah vamos lá, é só um jogo, come um vai. - Ele insistiu e eu acabei me rendendo ao alcaçuz açucarado.

-Eu sabia você não iria resistir. - Ele sorriu brincalhão.

-Era uma aposta?- Eu o perguntei em tom divertido.

-Sim, contra mim mesmo; por um momento achei que você não fosse aceitar, mas meu eu interior e mais experiente me disse que no fundo todas as garotas adoram alcaçuz. - Ele sorriu vitorioso.

Os olhos brilhavam como o de uma criança que ganha um doce após almoçar.