Fanfic: A Dívida 1ª e 2ª temporada(Terminada) | Tema: Drama/Romance/Policial

  Eu queria tratar daquele caso com muito cuidado. Preservar a saúde da minha testemunha. Então sugeri ao senhor Adams que marcássemos uma conversa informal na casa dele no dia seguinte. Daria tempo de ele digerir toda aquela novidade e também lembrar-se de coisas que viu e ouviu na época.


    Quando voltei para o escritório, faltavam alguns minutos para meu expediente acabar. Mas fiz questão de pesquisar mais algumas coisas sobre os Adams. Afinal de contas, nem eu mesma estava a fim de voltar cedo pra casa. Não queria ter que lidar com Michael. Ele tinha me machucado. Bastante. Mentir pra mim é uma coisa que ele já tinha feito. Mas me ver tirar a vida do meu filho de uma forma tão violenta... Eu não conseguia perdoa-lo. Chegou a um ponto tão extremo, que agora eu duvidava seriamente do que ele sentia por mim. Porque se ele me amasse de verdade, ele não permitiria que eu fosse tratada do jeito que Dennys me tratou naquele dia, no galpão. Eu não conhecia o Michael. Não sabia mais do que ele era capaz. Não sabia o que ele queria de mim. 

              Nathan: Vai madrugar?
- Ele perguntou, me fazendo aterrissar e afastar Michael dos meus pensamentos. 

             Jennifer: Peguei um caso complicado. – respondi, sem olha-lo.
              Nathan: Bem vinda ao clube. 

    Todos começavam a se despedir. E quanto mais o tempo passava, mais focada no meu caso eu ficava. 
Descobri que Oliver era casado com Gina Adams e tinha duas filhas, Melissa e Kimberly Adams, ambas casadas e com filhos. Sem antecedentes criminais, Oliver levava a vida honestamente. A meu ver, apesar das dificuldades de criar um filho sozinho, Ronie fez esse trabalho muito bem. 


                  Nathan: Quer café?


    A voz dele chegou a me assustar. Já eram quase oito horas da noite e não havia mais ninguém. Eu estava tão concentrada que não notei a presença dele ao meu lado.

                 Jennifer: O que ainda está fazendo aqui?

                 Nathan: O mesmo que você. Trabalhando. Quer café ou não?

     Eu o olhei de cima a baixo, estranhando aquele ataque de bons modos. 

                  Jennifer: Claro, aceito. 


    Ele se levantou e foi buscar. Era bem alto, forte, bem apessoado. Mas era bruto, grosso. O que me fez desconfiar daquela coisa de `cafezinho`.

 Quando ele voltou, entregou o meu café, e sentou-se cuidadosamente com o dele nas mãos. Girou a cadeira em minha direção e ficou me olhando, enquanto assoprava o café. 

                      Nathan: Como ele era?
                     Jennifer: Ele quem? – perguntei, olhando para o meu computador.

                     Nathan: O papai Noel. 
                      Jennifer: Não faço ideia. –desdenhei a piadinha.

                     Nathan: Jake Lewis.
                     Jennifer: O que tem ele?

                    Nathan: Como ele era profissionalmente?

                    Jennifer: O Jake?

                    Nathan: Responde de uma vez. 

                    Jennifer: Pensei que não quisesse minha ajuda.
                     Nathan: É só uma pergunta. 
                    Jennifer: Bom, - respirei fundo, me recostei na cadeira e a girei em direção a ele. – ele era muito competente. 

                     Nathan: Era honesto?
                    Jennifer: Claro que sim. Jake era novo, tinha sua vida voltada para o escritório. 
                    Nathan: Não tinha namorada?

                    Jennifer: Disse que não tinha tempo para romances. Que queria estabilidade financeira antes de assumir alguém. 
                    Nathan: Muito sábio.
                    Jennifer: Jake era um homem e tanto. Muito inteligente. 

                    Nathan: Talvez inteligente demais.
                   Jennifer: O que ta querendo dizer?

                   Nathan: Encontrei algumas pesquisas dele. Ele estava investigando alguns milionários. Não sei o motivo. Mas estava.

Eu gelei. Era impossível. 
                          Jennifer: É mesmo? - fingi desinteresse. 

                          Nathan: Algumas pastas estavam salvas na memoria do computador. Não foi fácil, mas recuperei grande parte. Ele falou disso com você?

                         Jennifer: Sobre essa pesquisa? Falou sim. Disse que achava estranha a morte de alguns deles. 

                         Nathan: Como assim? 

                        Jennifer: Pense bem Felton. Se um milionário morre, quem se beneficia?

                        Nathan: A família. 
                        Jennifer: No caso de alguns milionários, a grana toda sumia. 

                         Nathan: Ou seja...

                        Jennifer: Esses figurões poderiam estar envolvidos com o mundo clandestino. E você sabe muito bem, que se alguém faz negocio com eles, e não tem dinheiro pra pagar...É morte na certa.
                         Nathan: Então, ele estava fazendo uma investigação sobre o mundo clandestino envolvendo milionários?

                       Jennifer: Exatamente. 

                       Nathan: Mas isso não o levaria a lugar nenhum. Se ele foi descoberto, talvez esses próprios bandidos o mataram.
                       Jennifer: É uma hipótese. 


   Qual é, gente? Eu não podia mentir pra ele. O cara era esperto, estratégico. Ou vocês acham que ele veio me oferecer café a toa? Se eu fosse pega mentindo pra ele, mais cedo ou mais tarde a verdade se voltaria contra mim. O que eu podia fazer era distorcer, tirar Michael da reta. Por mais que a vontade de manda-lo para a cadeira estava em alta naquele momento. 

                        Nathan: Donavan?

                       Jennifer: O que?

                      Nathan: Sente falta dele?


   Eu não respondi de imediato. Abaixei a cabeça e senti a culpa invadir meu corpo e alma. Sim, eu sentia uma puta falta dele. E o sentimento de remorso era constante. Eu tinha a chance de mandar o criminoso para a cadeia. Mas eu não queria. 
 
                      Jennifer: Não há um dia em que eu não sinta falta dele. 

                      Nathan: Sinto muito por isso. 


    Eu dei uma ultima golada no café e peguei minha bolsa. Mas antes de sair do escritório, eu olhei fixamente pra ele e disse as palavras que me minariam de uma vez por todas da lista de suspeitos dele:
      
                       Jennifer: Não sinta. Apenas ache quem matou o Jake.