Naquele momento, era como se um quebra-cabeças se embaralhasse na minha mente. Antes de sairmos do Tennessee, Mama May falou algo sobre ser errado ele se envolver comigo, e Kevin sempre foi muito misterioso. Eu era consciente de que eu estava ali porque eu quis, foi eu quem apareceu na casa que agora era alugada por ele, mas de qualquer maneira ver Kevin junto com Simon em uma fotografia era muito estranho.
Kevin: Trabalho. Ruim com ele, pior sem ele. – Bufou, enquanto eu me aproximava lentamente, tentando camuflar minha feição de duvidosa.
Jennifer: Problemas?
Kevin: Não, apenas o de sempre. Vamos dormir?
Jennifer: Hm, acho que não estou com sono.
Kevin: Mesmo, certeza?
Jennifer: Uhum, vou ver televisão um pouco.
Kevin: Bom, eu vou dormir. Boa noite!
Feito. E minhas suspeitas se confirmaram quando ele disse as ultimas palavras em português. Ele disse Boa Noite em português, Meus Deus, que idiota eu fui! Ele não sabia que eu era brasileira, muito menos que falava português uma vez que nas minhas documentações fraudadas pelo próprio Michael, eu constava como uma cidadã americana. Ele não deveria saber que eu falava português a menos realmente soubesse do meu passado.
Jennifer: Eu deveria esperar, não deveria? – Perguntei enquanto acendia a luz do quarto e me posicionava frente à cama, com braços cruzados e controlando ao máximo minha ira. – E o pior é que eu fui tola, imbecil. Mas dessa vez eu realmente não esperava. Eu não esperava porque eu vim pra cá por livre e espontânea vontade, ninguém me manipulou. Eu realmente fui enganada, parabéns Baker, meus parabéns.
Kevin: Je-Jennifer? Apaga essa luz!
Jennifer: Eu vou apagar você, seu cretino! – pulei em cima dele como um animal enfurecido, sedento por carne humana. Obviamente ele era muito bem preparado contra esses tipos de ataques e não demorou meio segundo antes de me imobilizar e gritar para que eu parasse com o ato.
Kevin: O que deu em você sua louca?
Jennifer: Me solta seu imbecil!
Kevin: Então não vem pra cima de mim não, sua esquisita.
Jennifer: Esquisita, eu? – me libertei dele, e comecei a cuspir atrocidades. – Esquisito é você, seu psicótico, problemático.
Kevin: Mas...que porra...?
Jennifer: Não pensava que eu fosse descobrir, não é? MEU DEUS!
Kevin: Do que você ta falando?
Jennifer: Simon, conhece? – puxei a foto do falecido do meu bolso e joguei em cima dele. – Porque mentiu?
Kevin: Perai, Jennifer. – ele gaguejou. – Como assim, eu menti?
Jennifer: Chega, cara! – Berrei. – Para de mentir, eu não aguento mais!
Kevin: Mentir? Mas, mentir sobre o que? Eu não menti. Eu conheci sim o Simon, ele é meu falecido irmão. Mas, - pegou a foto do chão. – eu não entendo sua revolta!
Jennifer: Irmão? Falecido irmão? – Sussurrei. – Meu deus!
Kevin: Eu não...
Jennifer: Simon era seu irmão? – Perguntei incrédula.
Kevin: Era, mas...como você o conhecia?
Jennifer: Ele...eu...Kevin, eu...
Kevin: Simon morreu em uma missão. A homicídios não foi constatada por ele era policial, o próprio departamento dele fez a investigação. Como você o conhece?
Jennifer: Não, não, não ... – comecei a caminhar pelo quarto. – Para com isso!
Kevin: Parar com o que, Jennifer?
Jennifer: Você disse, Boa Noite! BOA NOITE KEVIN!
Kevin: O...mas...o que?
Jennifer: Você mente pra mim, Kevin! Porque mente pra mim?
Kevin: Eu estou mentindo pra você? – ele começou a se alterar e a avançar em cima de mim – Como é que você conheceu ele, Jennifer? Como é que conheceu meu irmão? Um cara humilde, que tinha uma família e um futuro pela frente? Como é que conheceu ele?
Jennifer: Eu...Eu fui no...ele tinha...
Kevin: Ele morreu Jennifer! Você matou meu irmão, matou um homem!
Jennifer: EU NÃO MATEI! – GRITEi.
Kevin: MATOU SIM!
Jennifer: Ele era policial, estava lá porque era o dever dele.
Kevin: Morrer? Esse era o dever dele?
Jennifer: Ele precisava...
Kevin: NÃO. EU NÃO ACEITO! ELE MORREU! – Ele me empurrou contra a parede e completamente vermelho de raiva começou a apontar o dedo no meu rosto. – Você matou ele quando ficou calada, quando não deu queixa e encobriu as palhaçadas que seu marido faz. Você é uma assassina, você não merece o distintivo que carrega no peito, não merece o diploma que possui, não merece ser respeitada por ninguém!
Jennifer: Eu não sou assassina! – O choro veio com potencia.
Kevin: É sim, você matou muita gente quando ficou calada pra proteger o cara que você diz ser seu marido. Eu...Eu estou odiando você agora! – Ele pôs a mão na cabeça e começou a caminhar, nervoso. – Sai dessa casa, sai daqui. Some, vai pra qualquer lugar em que eu não possa prender você nesse exato momento!
Jennifer: Me prender, Kevin? Eu não matei seu irmão, eu não encostei um dedo nele!
Kevin: Não me venha com essas meias verdades, garota. – pausou – Não é porque você salvou minha mãe que eu vou perdoar você, eu tenho nojo da sua espécie, nojo de pessoas como você.
Jennifer: Nojo? Você me beijou seu cretino! Ou era farsa, mentira?
Ele ficou em silencio por um longo tempo, e quando a raiva me consumiu por completo e a vontade de cravar minhas unhas nos olhos dele foi maior, a porta do quarto se abriu e eu quase não acreditei na pessoa em que vi.