Fanfic: Um Acordo Irresistível- AYA | Tema: AYA

— Bem, não sei — Anahi respondeu. — Mas se for um casamento de verdade, temos de ter um ministro da igreja e um bolo. E eu precisarei de uma roupa decente para usar. Oh, e convites. Naturalmente gostaria de convidar algumas pessoas…
— Uma semana — Rhonda opinou.
— Uma semana, decidido — Alfonso confirmou.
Uma semana. Isso era depressa. Depressa demais. Porém, quanto mais depressa se casassem, mais depressa Alfonso seria dela para sempre.
Era tudo o que Anahi desejava.
Mais tarde, em casa, ela tirou do bolso o pedaço de papel amassado com o número do telefone da clínica. Alfonso dissera que saber ou não da gravidez não tinha importância, porém ela ainda se preocupava.
— Alfonso? E se eu estiver de fato grávida? Tudo bem com você? Qualquer que seja o resultado do teste?
Alfonso tomou-lhe a mão.
— Se acontecer de nós termos esse pequeno presente de casamento, serei o homem mais feliz da face da terra. E se não for assim, ainda… — Ele levou a mão dela aos lábios e beijou-a. Continuarei sendo o homem mais feliz da face da terra.
— Então, vamos descobrir.
Alfonso sorriu e Anahi pegou o telefone.

Uma semana mais tarde, Anahi e Alfonso estavam na varanda da Casa Grande apreciando as colinas ao longe, lindas mesmo na aridez do inverno. O costumeiro frio de dezembro forçara-os a planejar o casamento no interior da casa, mas para surpresa de todos o sol da tarde brilhou com tanto esplendor que a temperatura subiu a um nível inesperado para o Texas, obrigando-os a transferir a cerimônia para o ar livre.

Alfonso não podia acreditar em como Anahi estava linda. O vestido dela era simples mas elegante. Discreto e sexy ao mesmo tempo.
Exatamente como Anahi .

Alfonso vestia smoking para a ocasião por desejar fazer tudo como se devia, mesmo preferindo usar jeans e botas. Loretta e Darlene também compareceram, como Ruby e quase todos os funcionários do banco.

O pastor McDonald, da Igreja Batista de Coldwater, oficializou a cerimônia, muito mais tradicional do que a que tiveram na Pequena Capela de Amor do Cupido.

Após, ambos fizeram os votos e Alfonso beijou a noiva.
Em seguida, enquanto Anahi conversava com os convidados, Alfonso foi à varanda e olhou para a extensão da área cultivada. Apesar de todos os seus protestos de que odiava o local, sabia agora como iria sofrer quando partisse.
Murphy foi para o lado dele.

— Você é um homem feliz — disse a Alfonso. — Mas sei que não preciso lhe dizer isso.
— Não, Murphy, não precisa.
— Acho que errei sobre algumas coisas.
— Talvez não tenha errado — Alfonso protestou e Murphy fitou-o com surpresa. — Nunca quis magoar minha avó. Mas sei que não voltei para visitá-la quando deveria, e…

— Tudo está terminado agora. Esqueça.
— Eu a amava, Murphy.

— Eu também, Alfonso — Murphy acrescentou. Enquanto Alfonso observava Murphy, foi como se uma nuvem aos poucos se desvanecesse, e ele o visse claramente pela primeira vez. Lembranças surgiram-lhe à mente com Murphy e sua avó, ambos rindo, se abraçando e se beijando quando não sabiam que ele os observava. Lembrava-se de ver o rosto de sua avó se iluminar, cheio de amor, quando via Murphy aparecer de manhã na cozinha. Ele sorria, querendo com isso dizer que a amava também.

Até recentemente Alfonso considerava Murphy como nada mais do que um velho sempre irritado. Então, por que essas recordações apareceram apenas agora? Onde ficaram enterradas todos esses anos?
Percebia agora que Murphy propriamente não o odiava, mas amava Edna tanto que faria guerra contra qualquer pessoa que a fizesse sofrer. A morte dela apenas intensificara essa lealdade. Vira-se forçado a fazer com que fossem cumpridos os dispositivos do testamento para garantir que a mulher que amara nunca fosse magoada por Alfonso ou por qualquer outra pessoa, estando ela neste mundo ou no outro.
Agora, finalmente, por causa de Anahi , Alfonso entendera esse tipo de amor.
Murphy apontou, para Anahi .
— O que o fez enfim agir dessa forma?

— O modo como Anahi olha para mim — disse Alfonso. — Veja, Murphy, muitos homens esperam a vida inteira para uma mulher os olhar assim. Achei melhor não deixar escapar essa chance.
— Rapaz esperto — disse Murphy.
— Isso me faz lembrar o modo como minha avó olhava para você.
— Não se passa um dia sem que eu me lembre dela — Murphy falou, com os olhos embaçados.
— Talvez ambos sejamos homens espertos — comentou Alfonso.
— Talvez.

Naquele momento, Alfonso viu os dez anos que passara cheio de ódio e de ressentimento sumirem, como um sonho ruim à luz do dia.
— Por que não pede a sua mulher que venha aqui um minuto? Alfonso fez o que Murphy lhe disse e chamou Anahi . Ela deixou os convidados e aproximou-se dele, deslizando nos braços do marido tão naturalmente como se tivesse passado uma existência fazendo isso.

Murphy tirou do bolso um envelope e deu-o a Alfonso. Alfonso abriu-o e, quando verificou o conteúdo, mal pôde acreditar.

A escritura da fazenda estava em nome dele e no de Anahi .
— Para nós? — perguntou a Murphy.
— Sim.
Anahi encarou o marido, esperando por uma explicação.
— Anahi ? — ele disse.
— Sim?
— Você quer…
— Eu quero o quê? — A fazenda? —- Como?
— Você gostaria de morar aqui?
— Aqui? Na fazenda?
— É — Alfonso confirmou.
— Podemos ficar com a fazenda? — ela insistia. —- Podemos morar aqui?
— Só se você quiser.
— Oh, eu quero. — Ela abraçou o marido. — Quero, sim!
— Sei que pretende freqüentar uma universidade…

— Mas tenho meu novo emprego agora. Estou aprendendo muito e não pretendo parar no momento. Talvez ingresse na universidade mais tarde, porém por agora… — Ela beijou Alfonso. — É aqui que quero ficar.
Depois dirigiu-se a Murphy, abraçou-o e beijou-o no rosto, em seguida sussurrou qualquer coisa ao ouvido dele. Murphy sorriu, sussurrou também a resposta e retirou-se.
— O que você disse a ele? — Alfonso lhe perguntou.
— Não é de sua conta.

— Claro que é. Somos casados agora de verdade. Tudo que se passa com você é de minha conta.
— Eu disse a ele: "Eu não lhe falei?

Alfonso se deu conta de como Anahi acreditara nele o tempo todo, mesmo quando ele não fizera nada para merecer o crédito.
E por um momento ficou apavorado ao pensar em como estivera perto de perdê-la. Nunca cometeria o mesmo erro de novo.
— E o que Murphy respondeu? — Alfonso quis saber.
— Disse que você era o tipo de homem que sua avó sempre acreditou ser.

Alfonso sentiu a garganta apertada e não conseguiu falar. Ao mesmo tempo uma paz apoderou-se dele, uma sensação de que finalmente voltava ao lar.
Anahi olhou para a fazenda e exclamou:
— É linda, não é?!

— É — Alfonso concordou. — Não posso pensar em lugar melhor para criar nosso filho.
Ele abraçou Anahi pensando em dar a notícia a todos depois. Por enquanto, seria um segredo partilhado só entre eles dois.
Alfonso insistiu com as visitas para ficarem até a noite, sentindo-se entre amigos. E, com a presença de Murphy, em família. Por mais que desejasse ficar sozinho com sua esposa, no momento não tinha pressa.
Afinal de contas, ele e Anahi teriam o resto de suas vidas para estarem juntos.

***FIM***